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01/10/2014 1 ANALGÉSICOS OPIÓIDES Dr Ana Letícia de Oliveira F. Alessandri ana.alessandri@ufjf.edu.br PapaverPapaver somniferumsomniferum (opium poppy)(opium poppy) Obtenção do Ópio Sementes do Ópio (poppy seed ) Histórico do Ópio • Obtido da planta denominada Papaver somniferum, por incisão da bolsa de sementes após as pétalas terem caído. O látex branco, torna-se marrom e endurece. Esta goma marrom é o ópio. •Ópio : Grego “opos” ou suco • Utilizado a mais de 6.000 anos, pelos egípcios, gregos e romanos. • Contém cerca de 20 alcalóides, incluindo morfina, codeína, tebaína e papaverina. • Em 1803, Friedrich Wilhelm Adam Sertürner, farmacêutico alemão isolou o principal alcalóide do ópio Morfina • Opiáceos – fármacos obtidos do ópio; podem ser naturais quando não sofrem nenhuma modificação (morfina, codeína) ou semi-sintéticos quando são resultantes de modificações parciais das substâncias naturais (heroína) • Opióides – fármacos naturais, semi-sintéticos ou sintéticos, com propriedades semelhantes a da morfina, incluindo peptídeos endógenos • Narcóticos – antigo termo para opióides, refere- se a habilidade de induzir sono 01/10/2014 2 Opióides Opióides endógenos • β-endorfina • Leu-encefalina • Met-encefalina • Dinorfina • Nociceptina/orfanina FQ Agem no SNC como: - neurotransmissores - modulatores de resposta (usualmente inibitória) Receptores Opióides Analgesia supramedular Analgesia medular Analgesia periférica Depressão respiratória Constrição da pupila Redução da motilidade TGI Euforia Disforia e alucinações Sedação Catatonia Dependência física +++ ++ ++ +++ ++ ++ +++ - ++ - +++ -? ++ - ++ - ++ - - - - - - + ++ - + + - +++ ++ - + antiopiode ++ - - - - - - - ++ - NOPr µ δ κ ORL1 MOPr DOPr KOPr Mecanismos de ação 1) Ações celulares • Os receptores opiódes pertencem à família de receptores acoplados à proteína G • Ativam Gi: Inibem adenilato ciclase (diminuem cAMP) • Abrem canais de potássio (hiperpolarização) • fecham canais de cálcio (diminuem liberação de NT) Mecanismos de ação 2) Efeitos sobre a via nociceptiva • Analgesia supramendular • Analgesia medular • Analgesia periférica Vias Descendentes de controle da dor córtex PAG +/- opióide + hipotálamo +/- tálamo + NRM + NRPG + opióide + Corno dorsal -- encefalina5-HT LC - NA + periferia opióide - - 01/10/2014 3 Efeitos dos Opióides Sistema Nervoso Central •Analgesia - alteração da percepçãopercepção da dor e da reaçãoreação do paciente a esta dor. • Euforia - sensação agradável de “flutuar” e estar livre da ansiedade e do desconforto. • Sedação - sonolência e turvação da consciência • Depressão respiratória - inibição dos mecanismos do tronco cerebral Efeitos dos Opióides Sistema Nervoso Central • Supressão da tosse -mais especificamente a codeína. • Miose - receptores µ e K estimulam nucleo óculo-motor. • Rigidez no tronco - aumento do tônus nos grandes músculos do tronco, interferindo na ventilação • Náuseas e vômitos - ativação da zona desencadeante quimiorreceptora do tronco cerebral. Efeitos dos Opióides Efeitos Periféricos • Trato Gastrointestinal - efeitos constipantes: � da motilidade do estômago e aumento do tônus, � produção de secreção gástrica. - aumento do tônus do intestino delgado e espasmos periódicos. -aumento do tônus do intestino grosso e � das ondas propulsivas � constipação -diminuição da secreção de bile Efeitos dos Opióides Efeitos Periféricos •Hipotensão -Bradicardia -Espasmos de ureteres, bexiga e útero (incomum) -Liberação de histamina (hipotensão e broncoconstrição) - Reação da cauda de Straub Morfina Reação da cauda de Straub Uso dos opióides • O tratamento da dor é essencial para a prática médica • Há inúmeras situações em que é necessário proporcionar analgesia antes do diagnóstico definitivo. AINE 01/10/2014 4 Uso dos opióides • Analgesia - a dor intensa e constante é aliviada com uso de opóides. - a dor associada ao câncer e outras doenças terminais - a administração do opióide a intervalos fixos é mais eficaz no alívio da dor do que a quando solicitada. -utilização em obstetrícia - atenção - os opióides atravessam a BHE do feto, podendo provocar depressão respiratória. Para tratamento de dor leve a moderada •Codeína •Diidrocodeína •Dextropropoxifeno •Pentazocina •Tramadol Para tratamento de dor intensa •Morfina •Heroína (Reino Unido) •Fentanila •Alfentanil •Sufentanil •Oxicodona •Metadona •Buprenorfina •Meperidina (Petidina) Analgesia Uso dos opióides • Tosse - atualmente seu uso está bastante � pelo desenvolvimento de antitussígenos sintéticos que não causam dependência. Codeína, dextrometorfano, levopropoxifeno • Diarréia - papaverína, loperamida, difenoxilato Uso dos opióides • Anestesia - Preparação pré anestésica - propriedades sedativas, ansiolíticas e analgésicas - podem ser usados como drogas anestésicas primárias (fentanil, sufentanil, anfetanil) FENTANYL • 80 vezes mais potente que a morfina na analgesia • Ações semelhantes à morfina • Utilização principal é em anestesia, • usado em conjunto com droperidol Durogesic ® (Fentanyl): TTS/72 h •Potência 1000-3000 vezes da morfina. •É usado combinação com acepromazina para imobilizar grandes animais Etorfina 01/10/2014 5 ANTAGONISTAS COMPETITIVOS DE RECEPTORES DE OPIOIDES Naloxona (μ, κ and δ-antagonista) Naltrexona (μ, κ and δ-antagonista) Nalorfina (μ-antagonista/κ-agonista) Targin ® (oxicodona & naloxona) Indicação: analgesia Efeitos tóxicos dos analgésicos opióides • Depressão respiratória •Comportamento agitado, tremor, reações disfóricas •Hipotensão •Hipotermia •Cianose •Miose •Náuses e vômitos •Constipação • Retenção urinária Tratamento � ventilação � naloxona, naltrexona Interações medicamentosas dos opióides • Depressores do SNC (ansiolíticos, álcool,): maior depressão do SNC, particularmente depressão respiratória. • Antipsicóticos: sedação maior; efeitos variáveis sobre a depressão respiratória; acentuação dos efeitos cardiovasculares (ações muscarínicas e alfa- bloqueadoras). • Inibidores da MAO: contra-indicação relativa a todos os analgésicos opióides pela elevada incidência de coma hiperpirético e hipotensão. Tolerância x Dependência • Tolerância: aumento da dose necessária para produzir um dado efeito farmacológico –desenvolvimento rápido effect c 10-8 10-7 10-6 10-5 10-410-10 10-9 100% 50% • Detectável dentro de 12-24 horas após a administração da morfina • Ex: o vício – 50 vezes a dose analgésica com relativamente pouca depressão respiratória, mas com constipação e constrição pupilar marcantes Dependência : -física: associada à síndrome de retirada fisiológica (síndrome de abstinência) -psicológica: compulsão pelo fármaco (craving) Tolerância x Dependência 01/10/2014 6 A tolerância não é mostrado igualmente em todos os efeitos. Tolerância estende para: analgesia euforia depressão respiratória Para muito menor grau em: constipação constrição da pupila É por isso que a constipação pode ser uma grande problemas devido ao uso de opióides. Efeito de opióides: Grau de desenvolvimento de tolerância Alto Intermediário Limitado/Nenhum analgesia bradicardia miose euforia, disforia constipação Supressão da tosse convulões sedação Ações antagônicas Depressão respiratória Antidiurese náusea/vômito Por que a tolerância acontece?? Razões potenciais: -Aumento do metabolismo da droga -Diminuição da densidade de receptores - Diminuição da afinidade para receptores O desenvolvimento da tolerância depende do fármaco, da dose, da frequência e da via de administração. Com uso venoso e espinhal, a tolerância ocorre mais rapidamente que na oral Dependência física Síndrome de abstinência • dilatação pupilar • náusea • diarreia • insônia. • irritabilidade • febre • perda de peso • calafrios • sudorese • piloereção - 2-3 dias: pico dos sinais sintomas - 8-10 dias: desaparecimento dos sinais e sintoma •Substituição:•metadona •buprenorfina & naloxona (Suboxone® ) METADONA Ações similares a morfina Maior duração da ação (t1/2 >24 h) morfina t1/2 3-6 h Síndrome de abstinência menos grave - Desejo pela droga (craving) - Desejo de experimentar o "rush" - positivo - Evitar o efeito da retirada - negativo - Alguns opióides (codeína e pentazocina) são muito menos propensos a causar dependência Dependência psicológica 01/10/2014 7 Heroína (diacetilmorfina ou diamorfina) • 1874: sintetizada pelo químico inglês Charles Romley Alder Wright • 1898 a 1910: usada para tratamento de dependentes em morfina e como sedativo da tosse em crianças • Século XX: proibida nos países ocidentais • Ação semelhante a morfina • Mais ativa do que a morfina (orgasmo intestinal) • Mais lipossoluvel (BHE) • Menor tempo de ação que a morfina Krokodil (desomorfina) •Substituto da heroína (heroína custa 150 dólares cada dose e o krokodil pode ser obtido por menos de 10 dólares) •A desomorfina é de 8 a 10 vezes mais potente do que a morfina •efeitos da heroína pode durar de quatro a oito horas, os efeitos do Krokodil geralmente não estende a uma hora •A codeína pode ser transformado em desomorfina •(gasolina como solvente, fósforo vermelho, iodo e acido clorídrico) Farmacocinética • Principais locais de absorçãoabsorção: via subcutânea, transdérmica, intramuscular, mucosa do nariz, boca e TGI. • A biodisponibilidade dos opióides utilizados por via oral sofre redução devido ao metabolismo de primeira passagem. • Ajuste da dose administrada por via oral>via parenteral. • Os comprimidos de opióides possuem duas formas de apresentação Liberação imediata Liberação lenta Liberação Imediata • absorção rápida • picos plasmáticos elevados • riscos de toxicidade • maior incidência de efeitos adversos Liberação lenta • conc. equilíbrio 24 h • dupla matriz • conc analgésicas eficazes por mais tempo (8 -12 h) • sem picos plasmáticos de toxicidade Distribuição • Ligação a proteínas plasmáticas ⇒ albumina e alfa-1 glicoproteína ácida. • Distribuição em tecidos altamente vascularizados ⇒ pulmões, fígado, baço e rim • A conc é menor no tecido muscular, mas este consiste no principal reservatório, devido ao seu volume. • A conc no SNC é relativamente baixa em relação a outros órgãos, devido à barreira hematoencefálica. • Compostos como a heroína e codeína atravessam mais facilmente a barreira hematoencefálica • Esta barreira não está presente em neonatos. 01/10/2014 8 Metabolismo • Conjugação com ácido glicurônico (morfina) • Os ésteres (meperidina e heroína) são hidrolizados por esterases hepáticas. Excreção • Podem ser excretados em forma inalterada ou em compostos polares pela urina. • Os glicuronídeos são excretados na bile. Vias de administração • Via retal (supositórios) • Via epidural (anestesia) • Via transdérmica (efeitos sistêmicos) � cataplasma de fentanil • Via intranasal • Analgesia controlada pelo paciente (CAME) - geralmente injeções endovenosas.
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