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Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Introdução · Doença do refluxo gastroesofágico: aumento na frequência e duração dos sintomas de refluxo do conteúdo gástrico, que começam a ocorrer no período noturno. · Esofagopatia mais comum do ocidente, acomete ambos os sexos de forma igual em todas as faixas etárias. · Sintomas intensos: obesos e gestantes. Fatores de risco 1. Hernia hiatal. 2. Hipotonia do esfíncter esofagiano inferior. 3. Relaxamento do esfíncter esofagiano inferior não associado a deglutição (mais comum). fatores protetores · Bicarbonato salivar e peristalse esofágica eficaz. · Pacientes com distúrbios na produção de saliva ou distúrbios motores esofágicos podem ter maior gravidade da DRGE. · Em alguns casos, a relação DRGE X H. pylori pode ser um fator protetivo para o início dos sintomas. Manifestações clínicas · A pirose e a regurgitação são os sintomas “típicos” ou “esofágicos”. · Pirose: queimação retroesternal. · Regurgitação: percepção do resíduo gástrico na boca. · Os sintomas “extraesofagianos” ou “atípicos” estão associados aos típicos e refletem uma grande incapacidade do esfíncter esofagiano superior em conter o refluxo gastroesofágico. · Dor torácica não cardíaca: faz com que a DRGE seja diagnóstico diferencial para paciente sem riscos coronarianos e com distúrbios com ansiedade. · Esofagite grave: pode levar a inflamação intensa, gerando perda sanguínea e levando a um quadro de anemia ferropriva. diagnóstico · Feito com base nos sintomas típicos + melhora clínica pós início do tratamento empírico. · Exames complementares em casos de pacientes com sintomas atípicos, refratariedade ao tratamento inicial e sinais de alarme: · Disfagia ou odinofagia. · Pneumonia recorrente. · Hemorragia digestiva. · Náuseas ou vômitos frequentes. · Emagrecimento. · Anemia. · Exames: pHmetria (convencional ou impedanciometria), endoscopia digestiva alta (EDA) e manometria esofágica. endoscopia digestiva alta · Realizada no caso de indicações. · Complicações identificadas: esôfago de Barrett, estenose péptica e malignidades. · Diagnósticos diferenciais: esofagite eosinofílica, esofagite infecciosa. · Classificação de Los Angeles: estadiamento da esofagite erosiva. · Graus C e D: diagnóstico de DRGE. · Ulceras esofágicas + esofagite erosiva: pensar em diagnósticos diferenciais. · Úlceras infecciosas (CMV, herpes). · Síndrome de Zollinger-Ellison (ulceras gástricas e duodenais). · Úlceras induzidas por medicamentos (geralmente na carina e na transição esofagogástrica). Phmetria · pHmetria convencional: identifica a presença de refluxo gastroesofágico. · De Meester: índice diagnóstico da pHmetria convencional. · pHmetria impedanciometria: identifica todos os outros tipos de refluxo (não ácidos), sendo atualmente o padrão ouro. · Condições para realizar o exame: paciente 3 dias sem bloqueador H2 e 2 semanas sem inibidor da bomba de H+. · Pode ser feita pHmetria em uso de inibidor da bomba de prótons em casos de paciente em refratariedade e em busca de diagnóstico diferencial. Mariane Piva Sanchez – Medicina UFR Mariane Piva Sanchez – Medicina UFR Manometria esofágica · Complementar na pesquisa de distúrbios motores esofágicos concomitantes, alocação dos sensores da pHmetria (topografa o esfíncter esofágico interno). · Pré requisito na programação da cirurgia antirrefluxo. Complicações estenose péptica · Pode ocorrer retração cicatricial que causa diminuição do calibre nas áreas mais acometidas pelo refluxo (terço distal) em pacientes com esofagite erosiva. · A estenose é uma barreira natural para o refluxo e muitos pacientes referem melhora clínica. · A zona estenótica dificulta a passagem do alimento, levando a disfagia insidiosa. · Perda ponderal discreta. · Fator de risco para adenocarcinoma esofágico. · Progressão rápida de sintomas: degeneração neoplásica. · Tratamento: endoscópico (dilatação com balão) ou cirúrgico (esofagectomia). · Cirurgia antirrefluxo realizada se a dilatação com balão for satisfatória. Esôfago de Barrett · Substituição da mucosa esofágica das áreas de erosão por epitélio colunar. · Homens brancos, obesos e de meia-idade (45-60 anos). · A degeneração em áreas displásicas pode evoluir para adenocarcinoma. · Diagnóstico: visualização em endoscopia de projeções vermelho-salmão próximas a transição esofagogástrica. · Histologicamente: metaplasia intestinal (substituição do epitélio esofágico por epitélio colunar + células caliciformes). · Tratamento: uso de inibidores da bomba de H+. · Displasia: terapia endoscópica (radioablação) ou cirurgia (esofagectomia). tratamento drge · Depende da gravidade dos sintomas e presença de complicações. · Medidas comportamentais + terapia antissecretora/antiácida. · Procinéticos que antes era usados supostamente para melhora do tônus do esfíncter esofágico interno não são mais usados pois não tem comprovação de benefício. Medidas comportamentais · Principais medidas: perda de peso (sobrepeso), elevação da cabeceira, redução de alimentos desencadeadores de sintomas e evitar medicações que reduzem o tônus do esfíncter esofágico interno. Inibidores da bomba da prótons · Ligação irreversível às bombas de prótons (H+/K+ ATPase) das células parietais. · As bombas são renovadas diariamente e se acumulam no jejum. · Tomar os inibidores da bomba de prótons cerca de 30 minutos antes do desjejum. · Exceto no uso de dexlansoprazol (liberação diferente). · Usadas em pacientes com sintomas intensos, frequentes ou com complicações. · A duração do efeito do IBP depende das complicações e a dose de manutenção deve ser a menor possível para manter o paciente sem sintomas. · Pacientes com Barrett precisam de terapia continua (sintomas muito recorrentes). · Sem complicações: após 8-12 semanas de uso do IBP já é o suficiente para o início do desmame. · Complicações: início da terapia em dose dobrada para otimizar a secreção de ácidos. · Barrett, estenose péptica, etc... · Efeitos colaterais: cefaleia, diarreia e dor abdominal, que melhoram com a troca de IBP. · Uso crônico: risco aumentado de colite pseudomembranosa, pneumonias e deficiências nutricionais, surgimentos de pólipos gástricos. · Pacientes que referem não melhorar: 1. Má adesão terapêutica. 2. Distúrbio funcional associado. 3. Metabolismo rápido de alguns IBPs. 4. Escape ácido noturno. Bloqueadores de H2 · Bloqueio dos receptores H2 histaminérgicos das células parietais. · Uma das 3 vias de secreção ácida. · Pacientes com sintomas leves e esporádicos, com escape noturno e previsões de “recaídas” (consumo de alimentos desencadeadores). · Profilático: 30 min antes de refeições. Antiácidos · Forma local e de curta duração, neutralizando o ácido e/ou formando uma barreira na mucosa. · Uso sob demanda, não sendo usado em monoterapia a longo prazo. · Sais de alumínio e magnésio e compostos com alginato. · Nefropatas devem evitar o uso de sais de magnésio. flashcards
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