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Thais Alves Fagundes EXAME FÍSICO DO APARELHO RESPIRATÓRIO Etapas do exame físico: Inspeção; Palpação; Percussão; Ausculta. Divisão das vias aéreas em superior e inferior: • Pulmão direito: o Mais curto o Mais largo (cúpula diafragmática) o 3 lóbulos: superior, médio e inferior. • Pulmão esquerdo: o Mais longo o Mais estreito (pericárdio) o 2 lóbulos: superior e inferior. Pontos anatômicos de referência: • Anterior: o Fúrcula jugular; Clavículas; Esterno. o Ângulo esternal/de Louis: manúbrio se articula com o esterno, coincide com a inserção da segunda costela. Acima do ângulo esternal está o 1º EI e abaixo o 2º EI. o Linhas paraesternais. • Posterior: o Linha mediana (processos espinhosos). o Linhas paraescapulares. • Linhas axilares: anterior; média e posterior. Thais Alves Fagundes EXAME FÍSICO INSPEÇÃO ESTÁTICA TÓRAX • Alterações da parede torácica – Pectuns • Abaulamento, retrações • Presença de cicatrizes, manchas. Parede torácica: • Tórax normal: diâmetro anteroposterior/lateral = 1:2 • Tórax anormal: o Tórax em tonel: ▪ É perdida a proporção 2:1 ▪ Tórax enfisematoso. ❖ Região retroesternal com maior espaço que o habitual. ❖ Diafragma retificado. o Tórax cifótico/escoliótico: ▪ Alterações ortopédicas. ▪ Coluna se dobra em cima da caixa torácica, causando restrição da expansão pulmonar. o Alteração da forma = "Pectum" ▪ "Pectus excavatum" ▪ "Pectus carinatium" ❖ Na maioria das vezes só tem repercussões estéticas. SISTEMA • Baqueteamento digital / Unha hipocrática o Quando o ângulo está maior que 180° o Ocorre na hipóxia crônica: ▪ Bronquiectasia, fibrose cística, câncer broncogênico, cirrose grave. Raramente na DPOC. • Cianose nas extremidades o Pode ocorrer por fenômeno vaso oclusivo, vaso espástico ou por hipóxia central. o Hipóxia: bilateral, simétrico, acompanha cianose labial. o Vaso oclusivo: unilateral. o Fenômeno de Renault: fenômeno vaso espástico que ocorre no frio, por vasoconstrição. Thais Alves Fagundes INSPEÇÃO DINÂMICA • Movimentos respiratórios: o Frequência: 16-20 ipm ▪ Taquipneia: frequência aumentada (> ou =25 irm). ▪ Bradpneia: frequência diminuída (não acompanha a dispneia / < 8 irm). o Sincronia o Amplitude: ▪ Hiperpneia: amplitude aumentada. ▪ Hipopneia: amplitude diminuída. • Ritmo respiratório. o Dispneia, platipnéia, ortopnéia, trepopnéia. • Retrações inspiratórias: o Tiragem costal o Sinal de Hoover (sinal do lenhador): ▪ Respiração paradoxal. ▪ Elevando o tórax e abaixando o abdome, abaixando o tórax e elevando o abdome. • Cornagem costal: retração superior na inspiração. • Uso de musculatura acessória Ritmo respiratório: • Normal: inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração, sucedendo-se os dois movimentos, intercalados por leve pausa. • Cheyne-Strockes: o Doença cérebro-vascular: hipertensão intracraniana, acidentes vasculares cerebrais e traumatismos cranioencefálicos; Insuficiência cardíaca grave. o Fase de apneia seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até atingir um máximo, para depois vir decrescendo até nova pausa. • Respiração de Kussmaul: o Acidose, principalmente a diabética. o Hiperventilação: inspirações e expirações gradativamente mais amplas, alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude. • Respiração de Biot: o Mesmas causas da respiração de CheyneStokes. o Indica grave comprometimento encefálico. o Apneia seguida de movimentos inspiratórios e expiratórios irregulares no ritmo e na amplitude. Thais Alves Fagundes PALPAÇÃO Palpação do tórax: • Traqueia: desvios, massas cervicais, aumento do volume tireoidiano. • Tórax: sentido céfalo-caudal. • Presença de linfonodomegalias e de áreas dolorosas. o Linfonodos axilares e supra e infra claviculares – sentinelas. Palpação do pulmão: • Vibrações percebidas na parede torácica pela mão do examinador quando o paciente emite algum som. • Mais nítido nos ápices e interscapulovertebral direita. FRÊMITO TÓRACO-VOCAL (FTV) • Corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. • Mais intenso no hemitórax direito e nas bases. • Vibração melhor transmitida em meio sólido. • Dependente da permeabilidade das vias aéreas (atelectasia – obstrução – reduz FTV). o Deve-se fazer com que o paciente pronuncie “trinta e três”. o Pesquisá-lo com a mão direita espalmada sobre a superfície do tórax. o Comparando-se a intensidade das vibrações em regiões homólogas. • Aumentado: o Consolidação em uma área pulmonar. o Sólido e a diminuição do ar aumenta a propagação da vibração. o Pneumonias, massas, infarto pulmonar. • Reduzido: o Líquido diminui a propagação da vibração. o Derrame pleural (líquido entre os folhetos visceral e parietal), atelectasia (pulmão colabado e som não se propaga), pneumotórax (ar entre o pulmão e o gradil costal), enfisema pulmonar. EXPANSIBILIDADE • Pesquisada com ambas as mãos espalmadas, visualizando o espaçamento dos polegares com a inspiração. • Identificação dos processos que reduzem a mobilidade da região. Thais Alves Fagundes PERCUSSÃO • Digito-digital. • Força do golpe deve ser a mesma. • Sentido céfalo-caudal, anterior, laterais e posterior. • Considerar que projeção do coração, fígado e baço: submacicez e macicez. SONS DA PERCUSSÃO: Percussão normal: som claro pulmonar • Som timpânico: quando houver ar fora do pulmão (hipersonoridade). o Pneumotórax (ar aprisionado no espaço pleural). o Caverna tuberculosa (ar em uma cavidade intrapulmonar). • Som submaciço: existência de ar em quantidade restrita. o Pode ocorrer quando há órgãos próximos, com som timpânico e maciço (ex: fígado e pulmão). o Pneumonia e infarto pulmonar. • Som maciço: indica inexistência de ar nos alvéolos. o Derrames pleurais. ▪ Macicez hepática: 5º EI D ▪ Macicez cardíaca: 3º EI E AUSCULTA • Paciente assentado, despido, respiração mais profundas, lábios entreabertos. SONS NORMAIS DA RESPIRAÇÃO Ausculta normal: murmúrio vesicular sem ruídos adventícios. • Bronquial → traqueal o Região anterior do pescoço sobre a traqueia e na zona de projeção de brônquios de maior calibre. o Fluxo rápido e turbulento, som mais intenso e rude (insp = exp). • Vesicular → murmúrio vesicular o Ouvido na maior parte do tórax, audível nos bronquíolos respiratórios. Thais Alves Fagundes o Suave, sem pausas entre inspiração e expiração (insp > exp). o Diminuição do murmúrio vesicular: ▪ Presença de ar (pneumotórax). ▪ Presença de líquido (hidrotórax). ▪ Tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural. ▪ Enfisema pulmonar. o Alteração do murmúrio vesicular: exp > insp ▪ Asma brônquica em crise e DPOC avançada (demonstra a dificuldade de saída do ar). • Broncovesicular o Somam-se as características brônquicas do murmúrio vesicular (insp = exp). Ausculta anormal: • Som hipersonoro: o Mais ressonante e mais duradouro. o Decorrente do aumento da relação ar/sólido nos pulmões. o Enfisema. • Som maciço: o Curto e seco. o Decorrente da redução da relação ar/sólido nos pulmões. o Derrames, consolidações, infarto pulmonar, neoplasias. • Som timpânico: o Percussão de vísceras ocas. o Decorrente da ocorrência de ar no espaço pleural. o Pneumotórax. SONS ANORMAIS DA RESPIRAÇÃO – RUÍDOS ADVENTÍCIOS • Estertores secos: o Sons descontínuos. o Ocasionados pela diminuição do calibre da via aérea, que provoca turbilhamento do ar. ▪ Na via aérea gera sibilos. ▪ Na região da traqueia/laringe gera estridor. o Modificam com a tosse. • Estertores úmidos: o Sons contínuos. o Gerados pela abertura dos alvéolos que se acham colapsados ou ocluídos por líquido viscoso, na inspiração forçada. Pela re-expensão da via aérea. ▪ Crepitações o Não modificam com a tosse. ThaisAlves Fagundes Contínuos: • Ruídos de caráter musical. • Duração de ≥ 250 ms. • Podem ser na inspiração ou na expiração. o Mecanismo: ▪ Passagem do ar por vias aéreas muito estreitadas faz vibrar suas paredes. ▪ Seu aparecimento depende apenas da velocidade do ar. • Roncos: o Sons graves. o Nas duas fases: inspiração e expiração (predomina na expiração). o Semelhante ao roncar ou ressonar das pessoas. • Sibilos: o Sons agudos. o Nas duas fases: inspiração e expiração (predomina na expiração). o Semelhante a um assobio ou chiado. Descontínuos: • Ruídos sem caráter musical, explosivos, curtos. • Duração de ≤ 20 ms. • Podem ser na inspiração ou na expiração. o Mecanismo: ▪ Reabertura súbita e sucessiva de pequenas vias aéreas, durante a inspiração. ▪ Com rápida equalização de pressão causando uma serie de ondas sonoras explosivas. ▪ Re-expansão de uma via aérea que estava colabada. • Crepitações finas: o Maior duração. o Uma fase: meio para o final da inspiração. o Agudas e pouco intensas. • Crepitações grossas: o Menor duração. o Duas fases: início da inspiração e durante toda a expiração. o Graves e mais intensas. Atrito pleural: • Camadas lisas e úmidas da pleura normal movimentam-se fácil e silenciosamente uma sobre a outra. • Entretanto, quando a superfície está espessada por depósito de fibrina, por células inflamatórias ou neoplásicas, o deslizamento está impedido pela resistência de fricção. • Atrito de fricção foi comparado ao ranger de um couro velho. o Ruído audível na inspiração ou na expiração o Mecanismo: fricção entre os dois folhetos pleurais inflamados durante o movimento respiratório. AUSCULTA DA VOZ • Ausculta do FTV o Paciente fala 33 o Normal: ausculta de som abafado e palavras não distintas. o Consolidação: som aumentado e/ou distinto. o Obstrução brônquica e barreira: ausculta da voz diminuída. Thais Alves Fagundes EXEMPLO DE EXAME FÍSICO NORMAL Inspeção estática: • Tórax de forma normal • Sem alterações de partes moles e ósseas • Sem abaulamentos e retrações. Inspeção dinâmica: • FR = 16MPM • Ritmo regular e sincrônico com os movimentos abdominais. • Expansibilidade preservada a simétrica. • Ausência de retrações. Palpação: • Sensibilidade conservada. • Ausência de contratura ou atrofia musculares. • Ausência de enfisema subcutâneo e calos ósseos. • Expansibilidade conservada e simétrica. • FTV normodistribuído. • Ausência de frêmitos brônquicos e pleural. Percussão: • Som claro pulmonar (SCP) presente e simétrico. • Submacicez hepática a partir do 5°EICD. • Mobilidade dos limites pulmonares preservada. Ausculta: • Murmúrio vesicular (MV) presente, normodistribuído. • Ausência de ruídos adventícios. • Ausculta da voz normal. Thais Alves Fagundes GRANDES SÍNDROMES PULMONARES DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS HIPERINSUFLAÇÃO • Ocorre nas doenças das vias aéreas: o DPOC o Asma o Bronquiectasia • Rebaixamento do diafragma. • Rarefação do parênquima pulmonar. o Inspeção: ▪ Tórax globoso/em tonel. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída ▪ FTV diminuído simetricamente. o Percussão: ▪ Hipersonoridade do som claro pulmonar. o Ausculta: ▪ Diminuição do MV simetricamente. DOENÇAS DO PARÊNQUIMA Alterações à radiografia nas doenças do parênquima: • Consolidação → pneumonia • Atelectasia → asma e DPOC • Fibroatelectasia • Doença pulmonar intersticial Thais Alves Fagundes CONSOLIDAÇÃO • Ocorre na pneumonia. o Inspeção: ▪ Forma normal. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída na base do pulmão acometido. ▪ Aumento do FTV (diminuição do ar) na região acometida. o Percussão: ▪ Macicez na região acometida. o Ausculta: ▪ MV ausente na região acometida ou diminuído. ▪ Presença de crepitações. ▪ Ausculta da voz aumentada na região acometida. ATELECTASIA • Consiste no fechamento de um lóbulo do pulmão ou dele como um todo, obstrução dos brônquios. • "Fumaça" em todo um lóbulo ou no pulmão inteiro. • Traqueia e coração desviados em direção à área acometida. o Inspeção: ▪ Normal ou com retração da estruturas pra região acometida. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída no pulmão acometido. ▪ FTV diminuído na região acometida. o Percussão: ▪ Macicez no local. o Ausculta: ▪ MV ausente no local acometido. ▪ Ausculta da voz na região estará diminuída. Thais Alves Fagundes DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL • Infiltrado difuso no parênquima pulmonar. • Acúmulo de líquido no interstício o Inspeção: ▪ Forma normal. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída simétricamente. ▪ FTV normodistribuído. o Percussão: ▪ Som claro pulmonar o Ausculta: ▪ MV normal ou diminuído. ▪ Presença de crepitações finas (em velcro) geralmente em bases pulmonares. DOENÇAS DA PLEURA DERRAME PLEURAL • Presença de sinal do menisco o Inspeção: ▪ Forma normal. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída no local acometido. ▪ FTV diminuído no local (por ter líquido). o Percussão: ▪ Macicez (por ter líquido). o Ausculta: ▪ MV ausente no local acometido. ▪ Ausculta da voz diminuída no local acometido. Thais Alves Fagundes PNEUMOTÓRAX • Ar aprisionado no espaço pleural. • Não é possível observar parênquima pulmonar do lado esquerdo, que está bem mais escuro. o Inspeção: ▪ Forma normal ou ▪ Desvio contralateral de estruturas – traqueia e coração. o Palpação: ▪ Expansibilidade diminuída no local acometido. ▪ FTV diminuído no local acometido. o Percussão: ▪ Timpanismo no local acometido (há ar fora do pulmão). o Ausculta: ▪ MV ausente no local acometido. ▪ Ausculta da voz diminuída no local. DOENÇAS INSPEÇÃO EXPANSIBILIDADE FRÊMITO PERCUSSÃO AUSCULTA Derrame pleural Hemotórax Taquipneia Reduzida Reduzido ou abolido Macicez MV diminuído - Sibilos Pneumotórax Assimetria Desvio contralateral da traqueia Reduzida Reduzido Timpanismo MV diminuído ou abolido Consolidação - Pneumonia Taquipneia Reduzida Aumentado Macicez / submacicez MV diminuído - Crepitações Atelectasia Taquipneia Assimetria Desvio contralateral da traqueia Reduzida Abolido Macicez no segmento acometido MV abolido Hiperinsuflação - DPOC - Bronquiectasia Taquipneia Dispneia Tórax em tonel M. Acessórios Reduzida Reduzido Claro pulmonar Hipersonaridade MV diminuído simetricamente - Crepitações - Sibilos Doença intersticial Reduzida simetricamente Normal Claro pulmonar MV normal ou diminuído - Crepitações finas Escavação pulmonar Reduzida no local Aumentado (se há secreção) Claro pulmonar Hipersonoridade Som broncovesicular Tumor de parênquima Taquipneia Desvio contralateral da traqueia Reduzida Aumentado Macicez MV diminuído - Roncos Tumor de pleura (mesotelioma) Taquipneia Tórax atípico/normal Dispneia Reduzida Reduzido Macicez MV normal - Atrito pleural