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REBECA KRUSE MED10 DEFINIÇÃO: Síndrome da insuficiência cardíaca Pode ser a via final de qualquer cardiopatia Alterações: − Anatômicas − Funcionais − Biológicas Desordem progressiva do músculo cardíaco Perda da função contrátil Alteração no relaxamento ventricular IC crônica: natureza progressiva e persistente IC aguda: alterações rápidas ou graduais → terapia urgente EPIDEMIOLOGIA: Impacto na morbimortalidade no mundo EAU (2010): 6,6 milhões (2,8%) dos adultos com IC Brasil (2007): 40% das internações por IC Maior prevalência: homens e idosos Aumento da prevalência: envelhecimento da população Principais causas de re-hospitalização: − Má aderência à terapêutica básica para IC − Controle inadequado da HAS, DM − Persistência de doenças negligenciadas: doença reumática e doença de Chagas (DC) CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A FEVE: A fração de ejeção do VE vai ser mensurada através do ecocardiograma*, cintilografia e RNM (também pode fazer) ICFEP: FEVE ≥ 50% Prevalência de 50% BNP e NT-proBNP elevados Mortalidade tardia (1 ano): 6,3% Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica ICFEi: FEVE entre 40% e 49% BNP e NT-proBNP elevados Mortalidade tardia (1 ano): 7,6% Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica ICFER: FEVE < 40% Prevalência 50%, BNP e NT-proBNP elevados Mortalidade tardia (1 ano): 8,8% Alteração estrutural e disfunção sistólica OBS: quanto mais baixa for a fração de ejeção, pior é o prognóstico, principalmente FEVE < 30% que são os pacientes com fração de ejeção muito baixa (vai ser classificado de acordo com a funcionalidade em III ou IV), e mesmo os pacientes com fração de ejeção preservada tem alta mortalidade (é uma condição subdiagnosticada e subtratada, os pacientes podem ser refratários ao tratamento) CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL: Escala subjetiva, data do ano de 1994 feita pela NYHA e descreve a gravidade dos sintomas, estratifica o grau de limitação as atividades do cotidiano; tem valor prognóstico METS = é uma quantidade de gasto energético que vai ser calculado através do teste ergométrico ou da ergoespirometria I. Assintomático: (ausência de sintomas) Doença cardíaca sem limitação (gasto metabólico = 7 METS: suporta corrida leve, caminhada forçada, basquete, carregar objetos pesados 12kg) II. Limitação leve a atividade física ≤ 5METS (paciente suporta limpeza em geral pesada, lavoura, escovar assoalho e não aguenta correr ou subir escadas sem manifestar sintomas). III. Limitação acentuada a atividade física usuais = 2 METS (paciente tem sintomas ao tomar banho, vestir-se, comer, dirigir carro). IV. Sintomas em repouso (paciente tem dispneia, fadiga que não melhoram com o repouso) Os pacientes internados devido IC estão no estágio III ou IV CLASSIFICAÇÃO EM ESTÁGIOS: Baseada na progressão da doença! A. Estágio A: indivíduo não tem alteração estrutural cardíaca, mas está exposto a fatores de risco, como: HAS, DAC, DM, passado de radio ou quimioterapia, HIV, hepatite C ou B → controle dos fatores de risco B. Estágio B (classificação funcional I): doença estrutural cardíaca assintomática, como: IM, HVE, disfunção diastólica do VE → neste estágio vai ser necessário intervenção terapêutica – considerar IECA, BRA, BB e antagonista mineralocorticoides C. Estágio C (classificação funcional I-IV): doença estrutural cardíaca (vai ter alterações no eletro, ECO, RNM) com sintomas atuais ou pregressos, como: dispneia, fadiga, baixa capacidade física → tratamento otimizado + estratificação de risco D. Estágio D (classificação funcional IV): lesão estrutural + sintomas graves → tratamento invasivo? CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM TEMPO E APARECIMENTO: REBECA KRUSE MED10 1. Crônica compensada 2. Crônica descompensada 3. Estável 4. Aguda: Clínico-hemodinâmica: A: quente e seco: bem perfundido, porém tem sintomas B: quente e congesto: bem perfundido, mas ausculta pulmonar já está prejudicada, tem edema L: frio e seco: má perfusão C: frio e congesto (pior prognóstico): paciente encharcado, hipotenso FISIOPATOLOGIA: Via final das cardiopatias Disfunção sistólica progressiva Etiologia variável Mecanismos de compensação Conhecimento da ativação neuro-hormonal e remodelamento cardíaco → sucesso do tratamento A partir do momento que todas as vias decaem na remodelação, disfunção ventricular, arritmia ventricular → pode ocorrer a piora funcional e morte por IC e morte súbita Conduta: bloquear a angiotensina! QUADRO CLÍNICO: Variável Assintomático – choque cardiogênico Sintomático - baixo débito e/ ou congestão sistêmica: Intolerância aos esforços Fadiga Palidez cutânea Distúrbios do sono Dispneia – DPN: pode levar a distúrbios do sono Tosse, sibilos, hemoptoicos Ingurgitamento jugular – ascite e edema MMII Palpitação – síncope (arritmia) Caquexia cardíaca EXAME FÍSICO: Variável: − Geral: sinais de congestão pulmonar e sistêmica e/ou baixo débito cardíaco): edema MMII, ascite, caquexia? − ACV: inspeção (turgência jugular, impulsão de meso, ictus); palpação, pulsos; ausculta (SS, B3), PA − AR: creptantes, sibilos? − AD: hepatomegalia? ICC ESQUERDA: ICC DIREITA: REBECA KRUSE MED10 DIAGNÓSTICO: ANAMNESE: Investigar possível etiologia: HAS, DAC, DM, valvulopatias (FR), cardiomiopatias (chagas, viral, genética, outras), drogas e quimioterápicos, álcool, cardiopatia congênita, situações de alto débito (tireotoxicose, anemia, fístulas arteriovenosas, beribéri) SINAIS E SINTOMAS: Sintomas típicos: falta de ar/ dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna; fadiga/ cansaço e intolerância ao exercício Sintomas específicos: pressão venosa jugular elevada, refluxo hepatojugular, terceira bulha cardíaca e impulso apical desviado para esquerda Sintomas menos típicos: tosse noturna, ganho de peso, dor abdominal, perda de apetite e perda de peso, noctúria e oligúria Sinais menos específicos: crepitações pulmonares, taquicardia, hepatomegalia e ascite, extremidades frias e edema periférico ALGORITMO PARA DIAGNÓSTICO: EXAMES COMPLEMENTARES/ ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO: Laboratoriais: − Hemograma: afastar anemia, infecções − Escórias renais – 1/3 dos pcts com ICC − SU: ITU, proteinúria, glicosúria − Ionograma: Na baixo (prognostico)/ checar K − Glicemia − Perfil lipídico − Função tireoidiana − Sorologias (HIV, hepatites, chagas) − Troponina, BNP e NT pró BNP: diagnóstico diferencial da dispneia, resposta terapêutica e prognostico Eletrocardiograma: Primeiro exame a ser feito Alterações: taquicardia sinusal, bradicardia sinusal, alterações isquêmicas (intra ou supra de ST), ondas Q patológicas, alterações sugestivas de hipertrofia, bloqueios atrioventriculares, baixa voltagem, BRE, BRD + hemibloqueio anterior esquerdo Ritmo sinusal, regular, eixo 0°, QRS alargado em V5 e V6 (=BRE) BRE = sinal de mau prognóstico Rx tórax: Pode ser calculado o índice cardiotorácico (considerado aumentado > 0,5 ou 0,55), visualizada congestão pulmonar com inversão do padrão vascular (cefalização dos vasos), congestão hilar, edema intercisural (linhas B de Kerley), derrame pleural (na IC é mais frequente do lado direito), cardiomegalia, ectasia de aorta e etc Cardiomegalias as custas de VE OBS: ICFEp pode ter um ventrículo pequeno e apenas congestão pulmonar ECO: classe IA de indicação, é um exame essencial onde vai poder ser avaliado: Tamanho, forma do VE/VD, mobilidade das paredes, sincronia de contração, remodelamento do VE, HVE/HVD REBECA KRUSE MED10 Calculo da fração de ejeção do VE e do VD, evidenciando se há a presença de disfunção sistólica e diastólica Operador dependente FE <35% (mau prog) Holter 24h: Pedir em todo paciente com miocardiopatia OBS: taquicardia 1 extrassístole → isolada 2 extrassístoles→ variada 3 extrassístoles → taquicardia ventricular não sustentada 3 extrassístoles > 30s → taquicardia ventricular sustentada Outros exames complementares: Medicina nuclear: Cintilografia miocárdica PET (tomografia por emissão de prótons) Ressonância cardíaca Cateterismo cardíaco Teste cardiopulmonar: teste ergométrico medindo os gases respiratórios → indica tx cardíaco através de um ponto de corte TRATAMENTO: Alívios dos sintomas Qualidade de vida Redução da mortalidade Vacinação → gripe e pneumo NÃO MEDICAMENTOSO: Dieta hipossódica: 5-7g/dia Restrição hídrica: 1000mL/dia Mudança no estilo de vida: − Tabagismo − Etilismo − Atividade física → reabilitação cardiovascular (20- 40min por dia) MEDICAMENTOSO: Bloqueio neuro-hormonal e remodelação ventricular Modificou história natural e melhorou os sintomas DIMINUEM MORTALIDADE: → iECA e BRA → Betabloqueadores → Antagonistas dos mineralocorticoides → Inibidores da neprisilina e dos receptores da angiotensina → Hidralazina + nitrato SINTOMÁTICOS: → Diuréticos → Digitálicos → Outros Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (iECA): Diminui angiotensina II e aumenta bradicinina Diminui sintomas → melhora qualidade de vida Diminui progressão da disfunção ventricular Diminui mortalidade Mais utilizados: Captopril 100-150mg/dia Enalapril 20-40mg/dia Efeitos colaterais: tosse e edema angioneurótico Bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA): Efeitos semelhantes aos IECA Indicados para os que não toleram iECA (sempre tentar iECA antes) Mais utilizado: Losartana 100-150MG/DIA Betabloqueadores adrenérgicos: Antagonizam a ação adrenérgica → efeitos antiarrítmicos e anti-isquêmicos Diminuem sintomas, melhora qualidade de vida Diminui progressão da disfunção ventricular Diminui mortalidade por IC e morte súbita Modificam sobrevida: Carvedilol 50-100mg/dia Succinato de Metoprolol 200-300mg/dia Bisoprolol 10mg/dia Efeitos colaterais: Piora da IC inicialmente Hipotensão e bradicardia Asma Disfunção erétil REBECA KRUSE MED10 Bloqueadores dos mineralocorticoides: Bloqueio dos receptores da aldosterona Uso a partir da CFII Diminui fibrose ventricular e mortalidade total Drogas: Espirolactona 25-50mg/dia Esplerenona Efeitos colaterais: Ginecomastia Hiperpotassemia Inibidores da neprilisina e dos receptores da angiotensina: Atua simultaneamente no sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA) e na endopeptidase neutra (inibidor da neprisilina e do receptor da angiotensina - INRA) Droga: Entresto: sacubitril/valsartana (24mg/26mg a 97mg/103mg 12/12h) Menos efeitos colaterais Redução da mortalidade Pré-dispõe depósito de amiloide → não usa em pacientes com insuficiência cardíaca por amiloidose Hidralazina + nitrato: Intolerantes aos iECA ou BRA Afrodescendentes sintomáticos: pouca renina circulante → pouca ação Hipertensos após otimização terapêutica Diuréticos: *sintomático Controle dos fenômenos congestivos Aumenta excreção de Na e água Drogas: Furosemina (agem na alça de Henle): 40 a 320mg/dia → Início de ação rápido e meia vida curta Hidroclorotiazida ou clortalidona (tiazídicos - agem no túbulo distal) - 12,5 a 50mg/dia → menos potentes; podem ser associados ao de alça para dar um efeito sinérgico Digitálicos: *sintomático Inotrópico positivo Diminui FC → indicados em FA com FC elevada Droga: Digoxina 0,125 - 0,5 mg/dia Efeitos colaterais: efeitos gastrintestinais e arritmias Ivabradina: Age como inibidor nó sinusal → reduz a FC Usa quando não baixou a FC com digitálico Associar ao betabloq, iECA ou BRA se FC > 70 CF II-IV Reduz morte cardiovascular Anticoagulante oral: Tromboembolismo prévio Trombo e/ou aneurisma VE FA Drogas: Varfarina ou novos anticoagulantes TRATAMENTO INVASIVO: Usa em pacientes com alto risco para morte súbita Cardiodesfibrilador implantável (CDI): − Prevenção de morte súbita − Secundária − Primária − FE < 35% em CF II-III (causa não reversível) Ressincronização ventricular: − Marcapasso → eletrodo no miocárdi − QRS > 150ms → BRE em ritmo sinusal − CF III − Refratário com tratamento otimizado − QRS alargado − FE < 35% Tratamento cirúrgico: − Depende da causa − RVM − Lesões valvares − Transplante cardíaco : Mais comum: idoso, mulheres e hipertensos Cardiomiopatia hipertrófica Miocardiopatias infiltrativas (amiloidose) Pericardite constrictiva Diagnóstico: Sinais e sintomas de IC FE ≥ 50% VE não dilatado Pressão de enchimento do VE elevada → VE não relaxa e o sangue volta pro átrio Fisiopatologia: Mecanismo incompreendido porque afeta a sistólica e não a diastólica Múltiplos fatores: − Alteração estrutural VE − Alteração função VE REBECA KRUSE MED10 − Alterações dos cardiomiócitos − Alterações na matriz extracelular − Alterações extracardíacas Quadro clínico: Dispneia Pressão venosa jugular elevada Estertores pulmonares Edema MMII BNP ou NT-pro-BNP elevados (dx diferencial com pericardite) Tratamento: Estudos pequenos Direcionado aos sintomas e comorbidades → não existe nada comprovado que altere mortalidade iECA em populações predispostas Novas drogas Prognóstico reservado → depende da causa
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