Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pó s- gr ad ua çã o em E du ca çã o PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: NATUREZA, SOCIEDADE E MATEMÁTICA Emerson Rolkouski Diretores Diretoria Executiva Luiz Borges da Silveira Filho Diretoria Operacional Marcelo Antonio Aguilar Diretoria Acadêmica Francisco Carlos Sardo Editora Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Projeto Gráfico Evelyn Caroline dos Santos Betim Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. Emerson Rolkouski RESUMO O objetivo deste artigo é a discussão de conteúdos e metodologias das áreas de matemática e natureza e socie- dade para a educação infantil. Para tanto, inicia-se por apresentar o que caracteriza a educação infantil e as características da criança dessa faixa etária. A partir daí são apresentadas separadamente as áreas de educação matemática e natureza e sociedade, elencando seus objetivos e conteúdos, tais como aparecem nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, e, finalmente, apresentando alguns encaminhamentos metodo- lógicos, apontando possibilidades para o trabalho pedagógico com as crianças dessa faixa etária. 1 INTRODUÇÃO Antes de dar início à discussão sobre questões de conteúdo e metodologia a respeito da matemática, natu- reza e sociedade na educação infantil, faz-se necessário caracterizar, ainda que em linhas gerais, o aluno da edu- cação infantil e o perfil da educação infantil como são concebidos atualmente. De acordo com o Art. 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, essa fase da educação tem como objetivo “o desenvolvimento integral das crianças até 6 anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Cabe, portanto, caracterizar a criança dessa faixa etária. Para que seja possível proporcionar às crianças experiências significativas que venham ao encontro de tal objetivo, deve-se levar em conta que essa criança está imersa em um conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis. Um mundo repleto de informações numéricas, formas geométricas e conceitos matemáticos. Trata-se de uma criança curiosa que faz perguntas a todo o momento e procura respostas às suas indagações realizando experiências. As crianças dessa faixa etária interessam-se pelos animais, pela natureza que a cerca, pelas plantas, pelas dife- rentes pessoas com que convive e também por castelos, monstros e fadas criados pelo seu imaginário disparado pelas histórias ouvidas dos adultos. Trazem, portanto, um vasto campo de experiências que devem ser aprovei- tadas e mobilizadas em sala de aula com vistas a problematizar, ampliar e sistematizar os conhecimentos que já possuem, ao mesmo tempo em que se criam novas experiências para a construção de novos conhecimentos. Tal criança encontra-se, de acordo com Piaget, no período pré-operacional, ou seja, a criança está se prepa- rando para atingir o período operacional que se caracteriza pela possibilidade de ação e representação. Entre as características do pensamento intuitivo, que ocorre na maior parte das crianças entre os 4 e 7 anos, podemos citar (LORENZATO, 2008, p. 5-6): 2 a criança gosta de perguntar os “porquês” das coisas (a grande curiosidade das crianças), ainda que façam afirmações sem justificativa, pois seu raciocínio apoia-se em seus próprios desejos, sensações, temores, aparências e não em fatos; Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 4 2 na representação gráfica, a criança dá prefe- rência ao que conhece e não ao que vê. Por exemplo, ela pode estar vendo um avião, mas desenha o corpo dele como se visto de lado e as duas asas como se vistas de cima, abaixo encontramos a vista de cima de uma sala de aula, com as vistas superiores das carteiras corretamente representadas enquanto a vista da porta está desenhada como vista de frente; Fonte: arquivo do autor 2 no domínio espacial, de início, o cen- tro continua sendo o próprio corpo, mas em seguida a criança consegue avançar, tomando como referência um objeto. Assim, o atrás, o em frente, o em cima, o depois, o antes já podem ser utilizados comparando a posição de um objeto com a de outro, mas ainda sem sair do concreto. Seus desenhos ou representações gráficas já manifestam as relações espaciais de fechamento, conti- nente, conteúdo, vizinhança; 2 muitas crianças, apesar de trabalhar corre- tamente com dois atributos separadamente, apresentam dificuldade em considerar dois atributos simultaneamente, a dificuldade também se apresenta quando lidam com conceitos relativos (por exemplo, diante dos desenhos de um elefante, um cachorro e uma formiga muitas crianças podem não perceber que o cachorro é maior e menor ao mesmo tempo); 2 a percepção visual é mais forte que a corres- pondência um a um, por exemplo, quando a criança compara sete bolas grandes com sete bolas pequenas pode concluir que quem tem as bolas grandes tem mais bolas; 2 os conceitos que envolvem tempo se apre- sentam como os mais difíceis à criança; por exemplo, ela confunde o ontem com o ama- nhã e diz que “andou mais quem chegou pri- meiro”, sem relacionar tempo e espaço, por não compreender a questão da velocidade; 2 por meio da manipulação de materiais con- cretos, a criança já consegue adicionar e ini- ciar a contagem com significado. Ainda que em linhas gerais, tendo conhecimento de como é o mundo da criança e suas condições cog- nitivas, é possível passar agora a considerar as especi- ficidades de cada área apresentando um repertório de possibilidades de atividades que objetivam atingir os conteúdos elencados para cada área. 2 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Faz parte de uma determinada concepção de escola, que a criança primeiramente deve ser alfabeti- zada na língua materna, para que depois possa viven- ciar experiências em outras áreas como matemática e natureza e sociedade. No entanto, é fundamental compreender que a alfabetização ocorre em todas as áreas, e que, de fato, uma criança só pode ser con- siderada alfabetizada, quando detiver as capacidades necessárias para uma leitura adequada do mundo em que vive, de acordo com sua faixa etária. Dessa maneira é coerente falar-se em alfabetização matemá- tica e alfabetização científica. Nessa mesma direção, ao se refletir especificamente sobre a educação matemática, é importante levar em conta que a construção de competências matemáticas se dá por meio de atividades diversas e não somente quando se está explicitamente trabalhando com mate- mática. O caminho contrário também é verdadeiro, ou seja, quando se está alfabetizando matematica- mente, também se está alfabetizando nas outras áreas. De acordo com Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), 2 aprender matemática é um processo contínuo de abstração no qual as crianças atribuem sig- nificados e estabelecem relações com base nas observações, experiências e ações que fazem, Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 5Faculdade Educacional da Lapa - FAEL desde cedo, sobre elementos do seu ambiente físico e sociocultural; 2 a construção de competências matemáti- cas pela criança ocorre simultaneamente ao desenvolvimento de inúmeras outras de naturezas diferentes e igualmente importan- tes, tais como comunicar-se oralmente, dese- nhar, ler, escrever, movimentar-se, cantar, etc. (BRASIL, 1998). Antes de fazer referência aos objetivos e conteú- dos da educação matemática para a educação infan- til, serão inseridas as noções elementares iniciais que se deve enfatizar. No entanto, é importante perceber que o desenvolvimento de tais noções não deve impe- dir o trabalho com os outros conteúdos. Não se tra- tam de pré-requisitos obrigatórios, pois os conceitos se ancoram em outros, por vezes até mais complexos que os primeiros. Otrabalho com a matemática é dividido em “três campos aparentemente independentes: o espacial, das formas, que apoiará o estudo da geometria; o numé- rico, das quantidades, que apoiará o estudo da arit- mética; e o das medidas, que desempenhará a função de integrar a geometria com a aritmética” (LOREN- ZATTO, 2008, p. 24). Cada campo sugere um conjunto de noções que devem ser trabalhadas: 2 Campo espacial: deve-se enfatizar as noções de: dentro/fora, aberto/fechado, na frente/ atrás/ao lado, direita/esquerda, para cima/ para baixo. 2 Campo numérico: o trabalho deve se dar com a finalidade primeira de desenvolver as noções de: mais/menos, muito/pouco, igual/diferente, primeiro/último/entre, ganhar/perder. 2 Campo das medidas, tem-se as noções de: antes/agora/depois, começo/meio/fim, deva- gar/depressa, cedo/tarde, dia/noite, ontem/ hoje/amanhã, vazio/cheio, grande/pequeno, maior/menor, grosso/fino, curto/comprido, alto/baixo, largo/estreito, perto/longe, leve/ pesado, aumentar/diminuir. De acordo com Lorenzatto (2008, p. 25), seja, qual for a noção e o campo matemático (espaço, número, medida) que estiver sendo traba- lhado, haverá sempre uma relação direta com um dos conceitos físico- -matemáticos seguintes: 2 tamanho, lugar, distância, forma; 2 quantidade, número, capacidade, tempo; 2 posição, medição, operação, direção; 2 volume, comprimento, massa. Considerando as noções elementares e também os conceitos físico-matemáticos já relacionados, resta ainda à professora a compreensão de alguns processos mentais para a aprendizagem matemática: correspon- dência, comparação, classificação, sequenciação, seria- ção, inclusão e conservação. Se a professora não trabalhar com as crianças esses processos, elas terão grandes dificuldades para aprender número e contagem. Sem o domí- nio desses processos, as crianças poderão até dar respostas corretas, segundo a expectativa e a lógica dos adultos, mas, certamente, sem sig- nificado ou compreensão para elas. (LORENZATTO, 2008, p. 25). Serão considerados separadamente cada um des- ses processos: 2 Corresponder – é o ato de estabelecer a relação “um a um”. Esse processo é exi- gido em diversas situações da vida diária, por exemplo, para cada pé um sapato, para cada criança uma carteira, para cada pessoa um prato, e assim por diante. Na escola, ele também é exigido em situações mais com- plexas, por exemplo, para cada quantidade um número (cardinal), para cada posição um número (ordinal). 2 Comparar – é o ato de estabelecer diferenças ou semelhanças. Na vida, comparações são realizadas a todo o momento, ganho mais ou menos que meu colega, esta casa é maior ou menor que aquela, esta camisa é preta, enquanto aquela é branca. Na escola, todas essas situações cotidianas podem ser explo- radas e também as situações escolares, como, por exemplo, um quadrado possui mais lados que um triângulo. 2 Classificar – é o ato de separar em catego- rias de acordo com semelhanças e diferen- ças. Por exemplo, em uma loja de CD, há uma classificação de acordo com o gênero musical, em uma loja de roupas, geralmente Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 6 se separam os produtos em masculinos e femininos. Na escola, parte-se de situações como estas e ainda são exploradas separa- ções em pares e ímpares, em figuras triangu- lares e quadrangulares. 2 Sequenciar – é o ato de fazer suceder a cada elemento um outro sem considerar a ordem entre eles. Um exemplo típico é o sorteio de números em um bingo, são retirados um a um, mas não há uma ordem entre eles. 2 Seriar – é o ato de ordenar uma sequência segundo um critério. Há várias situações na vida que sugerem seriações. Por exemplo, os dias da semana são dispostos de um em um, no entanto, considerando as segundas-feiras, se verá que estão dispostas de sete em sete, a disposição das palavras nos dicionários. Na escola esse processo é trabalhado em diver- sas situações, por exemplo, dispondo os alu- nos do maior para o menor, os números em ordem crescente ou decrescente. 2 Incluir – é o ato de fazer abranger um con- junto por outro. Trata-se de um processo fun- damental em nossa vida, a todo o momento, as mulheres e homens são incluídos no con- junto de seres humanos, bananas e peras em frutas, feijão e arroz no conjunto de cereais. Na escola, um exemplo clássico de inclusão é observar que losangos, paralelogramos, qua- drados, retângulos e trapézios estão todos no conjunto dos quadriláteros. 2 Conservar – é o ato de perceber que a quan- tidade não depende da disposição, da forma, ou posição. Diariamente, apresentam-se situ- ações em que as novas formas das embalagens levam o indivíduo a questionar se continuam com a mesma quantidade de produto que as antigas, para sanar dúvidas como essa, exis- tem as medidas presentes nas embalagens. Na escola, a criança deve perceber que, ao tomar um litro de um determinado líquido, essa quantidade não se altera se a forma do recipiente for alterada; que uma determinada quantidade de bolinhas não se altera se estas forem dispostas de outra maneira. De acordo com os RCNEI, os objetivos e conte- údos da educação matemática são separados em duas faixas etárias: 0 a 3 anos e 4 a 6 anos. Para as crianças de 0 a 3 anos, o objetivo é pro- porcionar oportunidades para que as crianças desen- volvam a capacidade de: 2 Estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais, etc. Quanto aos conteúdos para se atingir esse obje- tivo destacam-se: 2 Utilização da contagem oral, de noções de quantidade, de tempo e de espaço em jogos, brincadeiras e músicas junto com a professora e nos diversos contextos nos quais as crianças reconheçam essa utiliza- ção como necessária; 2 Manipulação e exploração de objetos e brin- quedos, em situações organizadas de forma a existirem quantidades individuais suficien- tes para que cada criança possa descobrir as características e propriedades principais e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar, encaixar, etc. Para as crianças de 4 a 6 anos, os objetivos ampliam-se e são assim descritos: 2 Reconhecer e valorizar os números, as ope- rações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessá- rias no seu cotidiano; 2 Comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações-problema relativas a quantida- des, espaço físico e medida, utilizando a lin- guagem oral e a linguagem matemática; 2 Ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conheci- mentos prévios. Os conteúdos para este nível são divididos em três blocos: números e sistema de numeração; geometria e medidas; espaço e forma. A seguir serão descritos cada um dos blocos tal como se encontram nas RCNEI. 3 NÚMEROS E SISTEMA DE NUMERAÇÃO Esse bloco de conteúdos envolve contagem, nota- ção e escrita numérica e as operações matemáticas. Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 7Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 2 Utilização da contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais as crianças reconhe- çam sua necessidade. 2 Utilização de noções simples de cálculo men- tal como ferramenta para resolver problemas. 2 Comunicação de quantidades, utilizando a linguagem oral, a notação numérica e/ou registros não convencionais. 2 Identificação da posição de um objeto ou número numa série, explicitando a noção de sucessor e antecessor. 2 Identificação de números nos diferentes con- textos em que se encontram. 2 Comparação de escritas numéricas, identifi- cando algumas regularidades. 4 GRANDEZAS E MEDIDAS 2 Exploração de diferentes procedimentos para comparar grandezas. 2 Introdução às noções de medida de com- primento, peso, volume e tempo, pela uti- lização de unidades convencionais e não convencionais. 2 Marcação do tempopor meio de calendários. 2 Experiências com dinheiro em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças. 5 ESPAÇO E FORMA 2 Explicitação e/ou representação da posição de pessoas e objetos, utilizando vocabulário pertinente nos jogos, nas brincadeiras e nas diversas situações nas quais as crianças consi- derarem necessário essa ação. 2 Exploração e identificação de proprieda- des geométricas de objetos e figuras, como formas, tipos de contornos, bidimensiona- lidade, tridimensionalidade, faces planas, lados retos, etc. 2 Representações bidimensionais e tridimen- sionais de objetos. 2 Identificação de pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço. 2 Descrição e representação de pequenos percur- sos e trajetos, observando pontos de referência. Da mesma maneira que as áreas, os blocos de conteúdos não são trabalhados de forma disjunta neste nível de ensino. De fato, não deveriam ser trabalha- dos separadamente em nenhum nível de ensino, no entanto, tendo em vista a figura da professora poliva- lente, isto se torna mais fácil de ser efetivado nos anos iniciais da escolarização. Serão apresentadas algumas atividades discutindo os conteúdos que ali estão sendo desenvolvidos. 5.1 Orientações didáticas da educação matemática De maneira geral o que deve ser enfatizado no que diz respeito às orientações didáticas para a educa- ção infantil é o respeito pelo universo infantil. Deve- -se sempre ter em mente que se está trabalhando com crianças que possuem um mundo próprio bastante diferente do mundo do adulto. Por outro lado, é sempre importante lembrar que essas crianças trazem saberes que devem ser resgatados, valorizados, sistematizados e problematizados com vistas a possibilitar sua ampliação. Serão tratados alguns recursos que podem ser utilizados para os diferentes conteúdos matemáticos. Independentemente da atividade escolar se caracteri- zar intencionalmente como uma brincadeira, a criança na maior parte das vezes tratará de tomá-la como uma brincadeira. É importante aproveitar essa espontanei- dade para explorar ao máximo a potencialidade de cada recurso. 6 O RECURSO AOS JOGOS O recurso às brincadeiras e aos jogos infantis será enfatizado com vistas a ampliarmos esse conhecimento lúdico da criança. Inicialmente é imprescindível salientar que não será apenas no ato de jogar e brincar que a criança desenvolverá habilidades, é necessário que a professora assuma conscientemente a tarefa de criar situações que possibilitem às crianças ampliar seus conhecimentos. Os benefícios que estão associados ao uso dos jogos e brincadeiras na educação infantil podem ser divididos em dois blocos: atitudinal e pedagógico. Do ponto de vista atitudinal, é importante salien- tar que o uso de jogos favorece o desenvolvimento pes- soal, social e cultural, promove a saúde mental, facilita Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 8 os processos de interação, expressão, comunicação, desenvolve a autoestima, auxilia no aprendizado do respeito a regras, dentre outras (ANASTÁCIO, 2003). Do ponto de vista pedagógico, o trabalho com jogos apresenta-se como um potencial disparador de interessantes situações-problemas, podendo ir muito além do conteúdo específico que trabalha, além disso, trata-se de um elemento contextualizador de trabalhos pedagógicos que, de outra maneira, acabariam se tor- nando enfadonhos exercícios mecânicos. Além desses aspectos, a utilização de jogos e brin- cadeiras permite, desde cedo, desmistificar a imagem da matemática como uma disciplina difícil e desagradável. Nas situações em que lida com jogos em sala de aula, a professora se depara, certamente, com a com- petição como uma característica marcante nos mesmos, mas, nes- sas atividades, a professora pode enfatizar o aspecto de construção do conhecimento, em lugar de enfatizar a rivalidade. A professora pode observar a forma como cada aluno lida com a situação e atuar de maneira a propor atividades que impliquem em diferentes aproxi- mações, umas mais competitivas, outras menos, alternadamente. Os jogos competitivos podem ser asso- ciados a atividades que envolvam a cooperação (construção de um jogo por todos os alunos da sala, uma brincadeira). Mas, é impor- tante não ignorar o vencer e o per- der propostos pelo jogo, desde que se tenha cautela para não reforçá- -los, pois tal atitude pode resultar numa baixa autoestima ou numa superestimação (ANASTÁCIO, 2003, [s. p]). Com a finalidade de explorar ao máximo as potencialidades do uso de jogos e brincadeiras, pode- -se iniciar pela discussão das regras pelos alunos. Esta já é uma tarefa pedagógica que desenvolve a oralidade das crianças, amplia o seu poder de entendimento do mundo que a cerca e desenvolve a capacidade de argu- mentação, já que, muitas vezes o entendimento das regras não é o mesmo para todos. Após esse primeiro momento, pode-se iniciar o jogo em duplas ou mesmo com toda a classe garan- tindo assim o entendimento das regras por todos os alunos. A partir desse momento, pode-se estabelecer um determinado tempo para o jogo ou uma quan- tidade fixa de partidas. Depois do jogo, a profes- sora pode socializar o que foi vivenciado oralmente e, finalmente, construir um texto coletivo com as crianças a fim de registrar o que foi aprendido durante esse momento. Dentro dessa perspectiva é imprescindível ter em mente que o jogo não é utilizado como um pas- satempo ou como um dispositivo que a professora lança mão quando sobram alguns minutos da aula. O jogo, dentro de uma perspectiva pedagógica, é uma dentre outras atividades que compõem a rotina de sala de aula, tendo, portanto, o mesmo tratamento. Nesse sentido concorda-se com Anastácio (2003, [s. p]): Ao dispor-se a trabalhar com jogos nessa abordagem que assumimos, é necessário que a professora conheça o jogo, o vivencie, discuta de forma crítica a possibilidade de utilizá-lo em suas aulas, conheça os objeti- vos aos quais se dirige. Além de se apresentar como espaço para con- templar o raciocínio e a construção de conhecimento pelos alunos, o jogo pode ser, para a professora, um espaço privilegiado de observa- ção de seus alunos. Além disso, para se aproveitar ao máximo as potencialidades pedagógicas dos jogos, deve-se constantemente avaliar o aprendizado dos alunos após o seu uso, com a finalidade de verificar o que, de fato, foi assimilado e o que precisa ser reforçado e sistematizado. De modo geral, os jogos e as brincadeiras podem ser usados para exercitar um conteúdo previamente estudado e também para introduzir um conteúdo. Na próxima seção será dada continuidade ao artigo apresentando alguns usos de jogos na educação matemática em que o leitor poderá perceber essas duas potencialidades. 7 OS JOGOS DE PERCURSO Os jogos de percurso são bastante flexíveis e podem trabalhar diferentes conteúdos. São várias as possibilidades que se apresentam, bastando criativi- dade para elaborá-los. De forma geral, um jogo de percurso consiste em uma trilha com casa que podem ser numeradas, colo- ridas, preenchidas com formas geométricas, ou outro conceito que se deseje trabalhar da área da matemática Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 9Faculdade Educacional da Lapa - FAEL ou não. Joga-se um dado com as faces preenchidas da mesma maneira que as casas do tabuleiro. Por exem- plo, se as casas forem coloridas, as faces do dado devem ter a mesma cor, conforme se pode observar a seguir: Saída Chegada Fonte: arquivo do autor. O desenvolvimento do jogo é bastante simples, a criança joga um dado e avança até a próxima cor do tabuleiro correspondente à face do dado sorteada. Ainda que se trate de uma atividade voltada especificamente ao reconhecimento de cores, pode-se explorar outros conteúdos. A seguir algumas situações que vão além da especificidade do jogo. Ao se contar as casas, as crianças tomam contato com os números em dois usos distintos. Por exemplo, a professorapode se referir à primeira, segunda, terceira casa e assim por diante, enfatizando a característica ordinal do número. Quando a criança está contando quantas casas conseguiu avançar, está trabalhando com o número quando de seu uso como cardinal, ou seja, a quantidade de casas. Ao se solicitar à criança como ela continuaria as casas do jogo, ela estará percebendo regularidades e cons- truindo uma série. Enfim, pode-se observar que se trata de uma forma de jogo que traz várias possibilidades, tanto para introduzir um conteúdo como para exercitá-lo. 8 O RECURSO AO TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO Ao contrário do que ocorre em documentos ofi- ciais de outros níveis de ensino, o bloco tratamento da informação não se encontra explicitamente nas RCNEI, no entanto, acredita-se que o uso de gráficos e tabelas é uma possibilidade bastante rica de introdu- ção de diversos conteúdos. Propõe-se uma atividade bastante simples e, em seguida, uma reflexão sobre as possibilidades que essa atividade traz para o trabalho pedagógico com a criança. Trata-se da construção de um gráfico de colunas dos meses dos aniversários das crianças. É feita a descrição da atividade de forma a explorá-la ao máximo. No entanto, cabe à professora a decisão de qual etapa realizar e qual deve suprimir de acordo com a faixa etária com que se trabalha. Primeira etapa: construindo um quadrado a par- tir de um retângulo. Junto com os alunos a professora poderá cons- truir um quadrado de papel a partir de um retân- gulo. É importante que a cada etapa da dobradura se enfatize qual a figura geométrica formada. Tomando a folha retangular nas mãos, enfatiza-se que se trata de um retângulo. A partir daí se faz a primeira dobradura, enfati- zando que se trata de um trapézio. Pode-se perguntar em que outros lugares já ouvi- ram o nome trapézio, ou colocar uma figura de um trapézio de circo para que se discutam quais as seme- lhanças e diferenças entre eles. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 10 Trapézio de circo. REPRODUÇÃO: Gustavo Ferrari. Retira-se uma parte retangular e se obtém um tri- ângulo. Abrindo o triângulo obtém-se um quadrado. A todo o momento, deve-se mostrar as figuras em posições diferentes, pois as crianças e também mui- tos adultos cristalizam uma ideia de figura geométrica de acordo com sua posição e não suas características como é o correto. Finalmente, com cada criança de posse de um quadrado elas devem escrever o seu nome nesse quadrado. Nesse momento a professora poderá perceber o nível de escrita de cada criança. Com uma fita crepe ou cola, cada criança vai até o gráfico e cola seu qua- drado no mês correspondente ao seu aniversário. Fonte: arquivo do autor. De acordo com o nível das crianças, pode-se soli- citar que copiem o gráfico no caderno quadriculado. Fonte: arquivo do autor. A partir do gráfico pronto, pode-se realizar várias perguntas, como, por exemplo: 2 Quantas crianças têm no total? 2 É a mesma quantidade de crianças que há na sala? 2 É a mesma quantidade de crianças que há na nossa turma (eventualmente pode ter faltado algum colega)? 2 Qual mês possui mais aniversários? 2 Qual mês possui menos aniversários? Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 11Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 2 Nos meses de março e abril quantas crianças fazem aniversário? 2 Qual a diferença do número de aniversários de janeiro e fevereiro? Como já foi comentado, trata-se de uma atividade bastante simples, mas que possibilita o trabalho com diversos conceitos. Observe que nas situações acima foram abordados: nomenclatura de algumas figuras geométricas, correspondência um a um, comparação, noções de adição e comparação, contagem, além da própria construção e leitura de um gráfico de colunas. Esta é uma atividade bastante versátil que pode ser adaptada para vários outros contextos, como, por exemplo, para ilustrar: quem gostou ou não gostou da merenda; a quantidade de meninas e de meninos da sala; aqueles que moram em sobrados, casas ou apar- tamentos, as crianças de 5 e de 6 anos, quem tem ani- mais em casa e quem não tem. Enfim, pode-se abusar da criatividade de acordo com o interesse das crianças. Comumente tem-se encontrado nas salas de aula da educação infantil uma única referência à mate- mática que, com diferentes adaptações, se restringe a seguinte figura: Um trabalho como o apresentado cumpre os mes- mos objetivos de uma maneira muito mais significativa e ainda possui a vantagem de disparar trabalhos com muitos outros conceitos. É curioso observar que, em salas de aula em que são observados gráficos e tabelas, não são encontrados o “1, uma bolinha, 2, duas boli- nhas, etc.” isso porque, de fato, ele não é necessário, está completamente descontextualizado e restringe a utilização do número a contagens. Na mesma direção dessa atividade, pode-se solici- tar aos alunos que tirem suas medidas com barbantes e os cortem para compor um gráfico de alturas como se sugere a seguir: Fonte: arquivo do autor. É importante que cada barbante seja colocado encostado no chão e que sobre cada linha seja colocado um nome. Na sequência da atividade muitas vivências podem ser proporcionadas de acordo com o que se pretende e com a faixa etária com que se está trabalhando. Inicialmente a professora pode solicitar às crian- ças que reestruturem o gráfico em ordem crescente e em ordem decrescente. A partir daí pode-se realizar uma série de perguntas como as que seguem: 2 Quem é a criança mais alta? 2 Quem é a criança mais baixa? 2 Carlos é maior que João, João é maior que Joana, Carlos é maior ou menos que Joana? Por quê? 2 Qual criança é segunda mais alta? 2 Qual criança é a segunda mais baixa? Finalmente, pode-se aproveitar a oportunidade para solicitar às crianças que se meçam com seus pal- mos e registrem suas descobertas. A professora pode instigar as crianças a comparar as medidas obtidas com o objetivo de auxiliá-los a perceber que não é possível comparar, tendo em vista que os palmos não são todos do mesmo tamanho, e discutir com eles como podem fazer para resolver esse problema. A intenção é que concluam que é necessário estabelecer uma unidade padrão, como, por exemplo, o palmo de uma criança ou da professora, ou mesmo um pedaço de madeira. Com essa atividade foram trabalhados vários conteúdos, como, por exemplo, as noções de maior e menor, unidades de medidas, contagens, compara- ção, ordenação. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 12 Certamente que não é possível esgotar as possibi- lidades metodológicas da educação matemática para a educação infantil. Por outro lado, espera-se que esses dois exemplos possam dar suporte ao entendimento dos princípios que regem uma aprendizagem matemá- tica com significado. Na próxima seção, segue-se nessa mesma direção, ao considerar os princípios que nor- teiam uma aprendizagem significativa dos conceitos de natureza e sociedade na educação infantil. 9 NATUREZA E SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Os RCNEI dividem os objetivos da área de natu- reza e sociedade para a educação infantil em duas eta- pas: para as crianças de zero a três anos e para as crian- ças de quatro a seis anos. O objetivo para as crianças de 0 a 3 anos é: 2 Explorar o ambiente, para que possa se rela- cionar com pessoas, estabelecer contato com pequenos animais, com plantas e com objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse. Para se atingir esses objetivos, os conteúdos a serem trabalhados são: 2 Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos; 2 Exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito. 2 Contato com pequenos animais e plantas. 2 Conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas. Já para as crianças de 4 a 6 anos, destaca-seque os objetivos para a faixa etária de 0 a 3 anos devem ser aprofundados e ampliados, oportunizando às crianças situações para que sejam capazes de: 2 Interessar-se e demonstrar curiosidade pelo mundo social e natural, formulando pergun- tas, imaginando soluções para compreendê- -lo, manifestando opiniões próprias sobre os acontecimentos, buscando informações e confrontando ideias. 2 Estabelecer algumas relações entre o modo de vida característico de seu grupo social e de outros grupos. 2 Estabelecer algumas relações entre o meio ambiente e as formas de vida que ali se esta- belecem, valorizando sua importância para a preservação das espécies e para a qualidade da vida humana. Ao contrário do que ocorre para a faixa etária de zero a três anos, nessa faixa os conteúdos são dividi- dos em cinco blocos: “Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar”; “Os lugares e suas pai- sagens”; “Objetos e processos de transformação”; “Os seres vivos” e “Fenômenos da natureza”. O documento enfatiza que há uma série de pro- cedimentos metodológicos que são pertinentes a todos os blocos, são eles: 2 Formulação de perguntas. 2 Participação ativa na resolução de problemas. 2 Estabelecimento de algumas relações simples na comparação de dados. 2 Confronto entre suas ideias e as de outras crianças. 2 Formulação coletiva e individual de conclu- sões e explicações sobre o tema em questão. 2 Utilização, com ajuda da professora, de dife- rentes fontes para buscar informações, como objetos, fotografias, documentários, relatos de pessoas, livros, mapas, etc. 2 Utilização da observação direta e com uso de instrumentos, como binóculos, lupas, microscópios, etc., para obtenção de dados e informações. 2 Conhecimento de locais que guardam infor- mações, como bibliotecas, museus, etc. 2 Leitura e interpretação de registros, como desenhos, fotografias e maquetes. 2 Registro das informações, utilizando diferen- tes formas: desenhos, textos orais ditados à professora, comunicação oral registrada em gravador, etc. A seguir serão listados os conteúdos referentes a cada bloco. Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 13Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 9.1 Bloco 1: organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar Conteúdos: 2 Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outras. 2 Conhecimento de modos de ser, viver e tra- balhar de alguns grupos sociais do presente e do passado. 2 Identificação de alguns papéis sociais existen- tes em seus grupos de convívio, dentro e fora da instituição. 2 Valorização do patrimônio cultural do seu grupo social e interesse por conhecer diferen- tes formas de expressão cultural. 9.2 Bloco 2: os lugares e suas paisagens Conteúdos: 2 Observação da paisagem local (rios, vegeta- ção, construções, florestas, campos, dunas, açudes, mar, montanhas, etc.). 2 Utilização, com ajuda dos adultos, de fotos, relatos e outros registros para a observação de mudanças ocorridas nas paisagens ao longo do tempo. 2 Valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente. 9.3 Bloco 3: objetos e processos de transformação Conteúdos: 2 Participação em atividades que envolvam processos de confecção de objetos; 2 Reconhecimento de algumas características de objetos produzidos em diferentes épocas e por diferentes grupos sociais; 2 Conhecimento de algumas propriedades dos objetos: refletir, ampliar ou inverter as ima- gens, produzir, transmitir ou ampliar sons, propriedades ferromagnéticas, etc.; 2 Cuidados no uso dos objetos do cotidiano, relacionados à segurança e prevenção de aci- dentes, e à sua conservação. 9.4 Bloco 4: os seres vivos Conteúdos: 2 Estabelecimento de algumas relações entre diferentes espécies de seres vivos, suas carac- terísticas e suas necessidades vitais. 2 Conhecimento dos cuidados básicos de pequenos animais e vegetais por meio da sua criação e cultivo. 2 Conhecimento de algumas espécies da fauna e da flora brasileira e mundial. 2 Percepção dos cuidados necessários à preser- vação da vida e do ambiente. 2 Valorização da vida nas situações que impli- quem cuidados prestados a animais e plantas. 2 Percepção dos cuidados com o corpo, à pre- venção de acidentes e à saúde de forma geral. 2 Valorização de atitudes relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo. 9.5 Bloco 5: os fenômenos da natureza Conteúdos: 2 estabelecimento de relações entre os fenôme- nos da natureza de diferentes regiões (relevo, rios, chuvas, secas, etc.) e as formas de vida dos grupos sociais que ali vivem; 2 participação em diferentes atividades envol- vendo a observação e a pesquisa sobre a ação de luz, calor, som, força e movimento. 10 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O TRABALHO EDUCATIVO DE NATUREZA E SOCIEDADE Da mesma maneira como apontado no trabalho com a matemática, é no respeito ao saber prévio e o mundo da criança que se encontra o maior princípio pedagógico para essa faixa etária. É a observação e exploração do ambiente em que se vive o maior disparador para o trabalho com Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 14 a natureza e sociedade. De acordo com os RCNEI (BRASIL, 1998, p. 178): É dessa forma que poderão, gra- dualmente, construir as primei- ras noções a respeito das pessoas, do seu grupo social e das relações humanas. A interação com adultos e crianças de diferentes idades, as brincadeiras nas suas mais diferen- tes formas, a exploração do espaço, o contato com a natureza, se cons- tituem em experiências necessárias para o desenvolvimento e aprendi- zagem infantis. Serão apresentadas algumas atividades com o sen- tido de ilustrar o trabalho educativo com esse bloco para essa faixa etária. 10.1 Construindo um terrário Pode-se afirmar que um terrário é uma espécie de réplica do ambiente natural externo em pequena escala. De posse de garrafas de plástico transparentes, pode-se construir um terrário em sala de aula. Para povoá-lo pode-se solicitar às crianças que tragam inse- tos e outros pequenos animais que habitam seus jar- dins, além de pequenas plantas. Fonte: Jardinsecia-lifeassis (2009). A coleta dos animais e plantas é uma excelente oportunidade para se falar sobre os cuidados que se deve ter com a higiene quando é feita a manipulação destes, além dos cuidados com os animais venosos como, por exemplo, algumas aranhas, escorpiões e algumas espécies de lagartas. A observação do dia a dia dos animais e plantas ali presentes pode ser um disparador para vários traba- lhos. Ao perguntar as semelhanças e diferenças entre os animais coletados deve-se ter a mão, também, um repertório de fotografias para que as crianças observem características como: número de patas, possuir ou não alguma forma de esqueleto, viver sobre ou embaixo da terra, ser ou não venenoso e assim por diante. Tal discussão pode ser ampliada para outros animais de acordo com os objetivos. Algo que sempre desperta a atenção das crianças é a direção que as plantas acabam tomando dado que sempre buscam a luz. Essa é uma excelente oportuni- dade para discutir fotossíntese e questões relacionadas à poluição e cuidados com o meio ambiente. A medição do tamanho das plantas pode gerar discussões sobre como os seres vivos se desenvolvem e também geram possibilidades para um trabalho inter- disciplinar com a matemática, já que os dados coleta- dos podem se transformar em um gráfico. Realizar a escrita de um texto coletivo ao final de cada semana é outra oportunidade interdisciplinar que insere a criança no universo da leitura e escrita, além de desenvolver a oralidade. Finalmente, a observação do nascimento e morte de animais e plantas dispara discussões sobre o ciclo da vida. 10.2 Conhecendo outras brincadeiras Inicialmente é solicitado às crianças que pergun- tem aos adultos de sua casasobre as brincadeiras que costumavam fazer quando estes eram pequenos. A professora pode elaborar um gráfico para mostrar as brincadeiras mais comuns. A partir daí pode-se promover uma discussão sobre que brincadeiras permaneceram e quais foram abandonadas. Essa discussão pode ser ampliada para procurar responder ao questionamento: O que existia antigamente e que hoje já não existe mais? O que não existia antigamente e que hoje é comum? Era melhor, pior, em que sentido? Tal atividade, além de desenvolver a oralidade, auxilia a criança a perceber a transformação da socie- dade em que está inserida, partindo do seu mundo. A professora pode então coletar vídeos na inter- net para mostrar às crianças a brincadeira de pessoas de outras regiões do país e do mundo. Sendo assim a criança terá contato com brincadeiras de índios, afrodescendentes, entre outras. No YouTube, existem Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 15Faculdade Educacional da Lapa - FAEL vídeos que mostram brincadeiras e jogos de vários povos, por exemplo, no site <http://www.youtube. com/watch?v=TciJU4Acw3E>, pode-se observar as brincadeiras dos índios manchineri, já no <http:// www.youtube.com/watch?v=8Vc3svFAwbM> pode- -se conferir o uso do aware, jogo africano, em uma sala de aula de um colégio estadual de Salvador. Na medida do possível, com o auxílio da profes- sora de educação física, a professora poderá criar ofici- nas de brincadeiras. Finalmente, de posse de um globo terrestre e de um mapa do Brasil, a professora poderá localizar os países e regiões de onde as brincadeiras vieram. Novamente, o trabalho pode ser ampliado para discutir os costumes de maneira geral. Trabalhos como este se bem conduzidos acabam se mostrando muito mais significativos que as práticas comumente empre- gadas de se comemorar datas especiais colorindo folhas mimeografadas. Tais atividades acabam trazendo este- reótipos para a criança que, muitas vezes, acabam cons- truindo imagens errôneas de pessoas de outras culturas. De acordo com os RCNEI (BRASIL, 1998, p. 179): O trabalho com as brincadeiras, músicas, histórias, jogos e danças tradicionais da comunidade favo- rece a ampliação e a valorização da cultura de seu grupo pelas crianças. O professor deve propiciar o acesso das crianças a esses conteúdos, inserindo-os nas atividades e no cotidiano da instituição. Fazer um levantamento das músicas, jogos e brincadeiras do tempo que seus pais e avós eram crianças pode ser uma atividade interessante que favorece a ampliação do repertório histórico e cultural das crianças. A construção de um texto coletivo registrando as descobertas gera uma boa oportunidade de inter- disciplinaridade. Um trabalho como esse tem como objetivo auxi- liar a criança a compreender o contexto social em que vive, suas semelhanças e diferenças com relação a outras culturas; a compreender o tempo em que vive observando o que se alterou e o que permaneceu no decorrer do tempo. 10.3 Coletando e fazendo receitas Novamente inicia-se o trabalho solicitando às crianças que pesquisem junto aos adultos de casa recei- tas fáceis de fazer. De posse de algumas receitas que podem ser selecionadas pela professora, pode-se copiar a receita no quadro discutindo as partes que compõem uma receita, bem como classificando os ingredientes, as medidas utilizadas e a quantidade de cada uma delas. Após essa etapa, pode-se realizar uma dessas recei- tas no intuito de observar as transformações que ocor- rem quando os ingredientes são misturados. A partir daí pode-se discutir outras transforma- ções que ocorrem com as substâncias, por exemplo, gelo em água, água em vapor e sua relação com a formação das chuvas. Além disso, a criança pode observar outras formas de obtenção de substâncias, como, por exemplo, a obtenção da cor verde, a partir de tintas de cores de cor azul e amarela, a fabricação de tintas naturais, a obtenção de cerâmica a partir da argila, entre outras. O objetivo principal dessa atividade é observar transformações de diferentes substâncias. 10.4 Conhecendo fenômenos da natureza De acordo com os RCNEI (BRASIL, 1998, p. 191), A seca, as chuvas e as tempestades, as estrelas e os planetas, os vulcões, os furacões, etc. são assuntos que despertam um grande interesse nas crianças. Alguns são fenôme- nos presenciados e vividos pelas crianças, outros são conhecidos por serem comumente veiculados pelos meios de comunicação e outros por estarem presentes no imaginário das pessoas e nos mitos, nas lendas e nos contos. Algumas perguntas, como “Por que as sombras dos objetos mudam de lugar ao longo do dia?”, “As estrelas são fixas no céu ou será que elas se movimen- tam?”, “Como fica a cidade depois de uma pancada forte de chuva?”, ou “O que acontece quando fica muito tempo sem chover?”, podem desencadear um trabalho intencio- nal, favorecendo a percepção sobre a complexidade e diversidade dos fenômenos da natureza e o desen- volvimento de capacidades impor- tantes relacionadas à curiosidade, à dúvida diante do evidente, à elabo- ração de perguntas, ao respeito ao ambiente, etc. A compreensão de que há uma relação entre os fenômenos natu- Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 16 rais e a vida humana é um impor- tante aprendizado para a criança. A partir de questionamentos sobre tais fenômenos, as crianças pode- rão refletir sobre o funcionamento da natureza, seus ciclos e ritmos de tempo e sobre a relação que o homem estabelece com ela, o que lhes possibilitará, entre outras coi- sas, ampliar seus conhecimentos, rever e reformular as explicações que possuem sobre eles. Considerando as afirmações presentes no referido documento, será sugerido um encaminhamento meto- dológico que possibilita um trabalho bastante rico envol- vendo as áreas de natureza e sociedade e matemática. Trata-se da elaboração de um calendário do tempo. Esse trabalho deve ser feito desde o primeiro dia de aula e pode se estender durante o período de férias escolares. Primeiramente, a professora deve tomar uma folha de papel sulfite (tamanho seja A3, de preferência) e dividi-la em cinco partes com desenhos que represen- tem um céu nublado, chuva, sol, sol com nuvens, sol com nuvens e chuva, como a seguir: Fonte: arquivo do autor. Além disso, poderá fazer um calendário do tempo, como apresentado a seguir: Fonte: arquivo do autor. A partir daí, os alunos devem, diariamente, colar um quadradinho na coluna correspondente. Nesse momento podem surgir dúvidas quando o tempo muda. A professora pode deixar para as crianças discu- tirem como devem resolver esse problema. Poderá ser o tempo logo na entrada, ou o que ocorreu na maior parte do período de aula. O gráfico pronto ficará da seguinte forma: Fonte: arquivo do autor. Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 17Faculdade Educacional da Lapa - FAEL É importante transpor esse gráfico para a folha de papel quadriculado, como abaixo: Fonte: arquivo do autor. Essa atividade de transposição exigirá dos alunos a contagem dos quadradinhos. Além disso, não deve se perder a oportunidade de realizar outras perguntas, como, por exemplo: 2 Neste mês fez mais dias de sol, ou mais dias de chuva? 2 Quantos dias a mais fez de sol do que de chuva? As perguntas acima são pertinentes à área da matemática, no entanto, as outras áreas também serão abordadas com perguntas adequadas: 2 O que muda na cidade ou no campo quando chove? 2 Por que é importante que chova? 2 Há outros fenômenos que não estão registra- dos no gráfico? (geada, granizo, etc.) 2 Como fica a cidade ou o campo depois que chove? Finalmente, ao final do ano letivo, a professora poderá colocar todos os gráficos lado a lado, com a finalidade de ampliar a discussão: 2 Quais os meses em que mais chove? 2 Isto ocorre em todas as regiões? Em todos os países? 2 Neste ano, houve período de seca? Quando? Por quê? 2 Como você se sente quando fica muitotempo sem chover? Que cuidados se deve ter? 2 Houve época de enchente? Quando? Por quê? Sempre que possível, deve-se finalizar um traba- lho como esse com a escrita de um texto coletivo. Se bem realizada, uma atividade como essa per- mite encaminhar o trabalho com uma série de con- ceitos pertinentes a várias áreas do conhecimento. A criança terá a oportunidade de conhecer melhor o seu meio ambiente e observar as diferenças entre a região em que mora e outras regiões, entre o meio urbano e o meio rural. Além disso, está fazendo uso de diferen- tes representações gráficas para a compreensão de uma mesma situação, o que é altamente recomendável. Finalmente, desenvolve sua oralidade e seu poder de argumentação, tendo em vista as discussões que irão ser realizadas. 11 CONSIDERAÇÕES O objetivo deste artigo foi a discussão de conteú- dos e metodologias das áreas de matemática e natureza e sociedade para a educação infantil. Para cumprir tal objetivo, foram caracterizadas a educação infantil e as características da criança dessa faixa etária. A partir daí foram apresentadas separada- mente as áreas de educação matemática e natureza e sociedade, elencando seus objetivos e conteúdos, tais como aparecem nos Referenciais Curriculares Nacio- nais para a Educação Infantil, e, finalmente foram des- critos alguns encaminhamentos metodológicos, apon- tando possibilidades para o trabalho pedagógico com as crianças dessa faixa etária. As discussões aqui presentes foram pensadas com o objetivo de apontar para a necessidade de se repensar determinadas práticas pedagógicas que, mesmo se mostrando ineficientes, ainda permeiam a rotina escolar. Acredita-se que os encaminhamentos metodoló- gicos aqui presentes, exemplificam o que entendemos por princípios fundamentais do trabalho pedagógico com crianças dessa faixa etária, quais sejam, o respeito ao saber prévio da criança, o estabelecimento de um diálogo constante com o seu mundo particular de fan- tasias e seu universo sociocultural com vistas a ampliar a sua leitura de mundo e compreender as práticas Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 18 sociais que a envolvem, a sociedade, o tempo e o meio ambiente em que vive. Trata-se, portanto, de fazer da rotina escolar, algo vivo, em constante movimento e aliado às expectativas de cada criança, bem como às expectativas da socie- dade sobre elas. REFERÊNCIAS ANASTÁCIO, M. Q. A. Jogo e matemática: uma associação possível. Duc in Altum (Muriaé), Muriaé, v. único, p. 233-243, 2003. BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998. LORENZATO, S. Educação infantil e percepção matemática. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associa- dos, 2008. v. 1. 210 p. Material Complementar Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 20 AFIRMAÇÕES 2 O uso de jogos na educação infantil Nas situações em que lida com jogos em sala de aula, a professora se depara, certamente, com a competição como uma característica marcante nos mesmos, mas, nessas atividades, a professora pode enfatizar o aspecto de construção do conhecimento, em lugar de enfatizar a rivalidade. A professora pode observar a forma como cada aluno lida com a situação e atuar de maneira a propor atividades que impliquem em diferentes aproximações, umas mais competitivas, outras menos, alternadamente. Os jogos competitivos podem ser associados a atividades que envolvam a cooperação (construção de um jogo por todos os alunos da sala, uma brincadeira). Mas, é importante não ignorar o vencer e o perder propostos pelo jogo, desde que se tenha cautela para não reforçá-los, pois tal atitude pode resultar numa baixa autoestima ou numa superestimação. (ANASTÁCIO, 2003, [s. p.]). ANASTÁCIO, M. Q. A. Jogo e matemática: uma associação possível. Duc in Altum, Muriaé, v. único, p. 233-243, 2003. 2 Conhecendo fenômenos da natureza A seca, as chuvas e as tempestades, as estrelas e os planetas, os vulcões, os furacões etc. são assuntos que despertam um grande interesse nas crianças. Alguns são fenômenos presenciados e vividos pelas crianças, outros são conhecidos por serem comumente veiculados pelos meios de comunica- ção e outros por estarem presentes no imaginário das pessoas e nos mitos, nas lendas e nos contos. Algumas perguntas, como “Por que as sombras dos objetos mudam de lugar ao longo do dia?”, “As estrelas são fixas no céu ou será que elas se movimentam?”, “Como fica a cidade depois de uma pancada forte de chuva?”, ou “O que acontece quando fica muito tempo sem chover?”, podem desencadear um trabalho intencional, favorecendo a percepção sobre a complexidade e diversi- dade dos fenômenos da natureza e o desenvolvimento de capacidades importantes relacionadas à curiosidade, à dúvida diante do evidente, à elaboração de perguntas, ao respeito ao ambiente, etc. (BRASIL, 1998, p. 191). BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998. 2 Possibilidades do trabalho com músicas, brincadeiras, histórias, jogos e danças tradicionais O trabalho com as brincadeiras, músicas, histórias, jogos e danças tradicionais da comunidade favo- rece a ampliação e a valorização da cultura de seu grupo pelas crianças. O professor deve propiciar o acesso das crianças a esses conteúdos, inserindo-os nas atividades e no cotidiano da instituição. Fazer um levantamento das músicas, jogos e brincadeiras do tempo que seus pais e avós eram crianças pode ser uma atividade interessante que favorece a ampliação do repertório histórico e cultural das crianças. (BRASIL, 1998, p. 179) BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998. ESTUDOS DE CASOS 1) Baseado nas suas leituras e experiências proponha alternativas didáticas para a construção do número pela criança, que superem as práticas tradicionais, como colagem de bolinhas de papel em folhas mimeografadas, contorno de algarismos e contagem de bolinhas. Argumente sobre a necessidade de se alterar essas práticas. 2) Baseado nas suas leituras e experiências proponha alternativas didáticas para a exploração do corpo humano na educação infantil. Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 21Faculdade Educacional da Lapa - FAEL CASOS DE REFORÇO 1) João Pedro possui 5 anos e apesar de conseguir identificar os números está com dificuldades para com- preensão de seu significado e seus usos. Descreva algumas atividades possíveis de serem trabalhadas com essa criança com o objetivo de auxiliá-la a superar essa dificuldade: Pedro Henrique possui um problema com o nome das figuras geométricas. Para ele, os nomes depen- dem da posição em que a figura se encontra. Para ele, esta figura é um trapézio: Mas, quando ela é rotacionada, ele afirma ser um triângulo: Procure encontrar os motivos que o levam a pensar dessa forma e encaminhamentos didáticos para que Pedro Henrique supere sua dificuldade. TEMAS TRANSVERSAIS Os Temas Transversais são importantes para ampliar e qualificar os conhecimentos adquiridos na disciplina, porque permitem interagir com outras temáticas. Para acessar os sites a seguir, basta posicionar a seta sobre o link e clicar. 2 Sexualidade Na atualidade, tratar de sexualidade já com as crianças pequenas exige do professor se despir de pre- conceitos e de maneira geral abandonar os métodos e conteúdos aos quais fomos expostos enquanto alunos da pré-escola. Para isso é preciso estar em constante estudo para formarmos crianças saudáveis fisicamente, mentalmente e socialmente. O artigo abaixo nos auxilia a refletir sobre a temática. MELO, S. M. M.; FERREIRA, A.; ROSA, S. B. Refletindo sobre a sexualidade na educação infantil. In: Linhas (UDESC), Florianópolis/SC, v. 4, n. 1, p. 105-113, 2003. Disponível em: <http://www. periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1205/1020>. Acesso em: 23 abr. 2018. Faculdade Educacionalda Lapa - FAEL 22 TEMAS EMERGENTES Os Temas Emergentes indicam temas atuais que enriquecem os conhecimentos da disciplina, pois permi- tem identificar conceitos e fatos em evidência na sociedade. Para acessar os sites a seguir, basta posicionar a seta sobre o link e clicar. 2 Educando para a sustentabilidade em um sistema não sustentável A palavra sustentabilidade conquistou um lugar de destaque na mídia. De modo geral, podemos afir- mar que sustentabilidade é a habilidade de utilizarmos os recursos naturais de que dispomos sem com- prometer a satisfação das necessidades das gerações futuras, um dos conceitos da educação ambiental. O artigo “O ambiente da escola – o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-natureza em educação infantil”, de Elali Gleice Azambuja, tem como objetivo mostrar a importância da educa- ção ambiental na educação infantil. ELALI, G. A. O ambiente da escola – o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-na- tureza em educação infantil. Estud. Psicol., Natal, v. 8, n. 2, aug. 2003. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/epsic/v8n2/19047.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018. 2 O trabalho com a geometria na educação infantil Durante muito tempo o trabalho com a matemática de modo geral foi reduzido aos blocos de números e operações. Dentro desse quadro, gerações de professores foram formadas. Dessa maneira, ainda que os docu- mentos oficiais e os currículos enfatizem a necessidade do trabalho com outras áreas da matemática, como a geometria, muito pouco tem sido realizado nas salas de aula. O artigo “Quebra-cabeças: um recurso para ensi- nar e aprender geometria na educação infantil”, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, além de algumas reflexões teóricas, traz o quebra-cabeça como um interessante recurso para abordar conceitos de geometria com as crianças. LEITURAS COMPLEMENTARES Os textos a seguir selecionados para leitura e desenvolvimento acadêmico retratam as produções de pes- quisadores da área. A leitura e a análise desses textos contribuem para o seu conhecimento, além de subsidiar a realização das avaliações, já que as questões são elaboradas também a partir deles. Para acessar os sites a seguir, basta posicionar a seta sobre o link e clicar. LAMONATO, M.; PASSOS, C. L. B. Tarefas exploratório-investigativas de geometria na formação contínua do professor da Educação Infantil. In: Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste, 8, 2007, Vitória. Anais... Vitória: Eduforum-Anped, 2007. p. 01-07. Disponível em: <www.sbem.com.br/files/ix_enem/Comu- nicacao_Cientifica/Trabalhos/CC15272255852T.doc>. Acesso em: 23 abr. 2018. NUNES, Deise Gonçalves. Educação infantil e mundo político. In: Rev. katálysis, Florianópo- lis, v. 12, n. 1, jun. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1414-49802009000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 abr. 2018. VASCONCELOS, Tânia. Crianças em trilhas na natureza: jogos de percurso e reencantamento. In: Revista do Departamento de Psicologia – UFF, v. 18, n. 2, p. 143-162, jul./dez., 2006. Disponível em: <http://www. portaleducacao.com.br/arquivos/arquivos_sala/media/objeto_de_aprendizagem_criancas_trilhas_natureza. pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018. VÍDEOS Os vídeos selecionados retratam de forma audiovisual os conceitos abordados nesta disciplina. Para acessar os sites a seguir, basta posicionar a seta sobre o link e clicar. Práticas Pedagógicas: natureza, sociedade e matemática 23Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 1. Matemática em toda parte. Produção Aiupa Brasil. Direção: Roberto Machado Junior. Conteúdo e apresentação: Professor Antonio José Lopes Bigode. Série de programas que apresentam a matemática presente em nosso cotidiano, desde as feiras livre, passando pelos mercados até a zona rural. Disponível em: <http://matematicaemtodaparte.blogspot.com/>. Acesso em: 23 abr. 2018. 2. Vida Maria. Direção de Márcio Ramos, 2006. Trata-se de uma animação curta metragem que mostra a vida de Maria dos 5 aos 45 anos, proporcionando refle- xões sobre as mazelas da falta de alfabetização. Apresentação disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=gfRJaSZMm-I>. Acesso em: 23 abr. 2018. 3. Campanha da Animal Planet: os animais salvam o planeta. Uma série de vídeos que mostram animais em situações de conflito com questões ambientais. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=KElRziFUBTo>. Acesso em: 23 abr. 2018. 4. A história das coisas Trata-se de um vídeo que tem como objetivo explicar o ciclo de produção, o uso e o descarte dos objetos no sistema capitalista de produção. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k>. Acesso em: 23 abr. 2018. 5. Ilha das flores. Direção de Jorge Furtado, 1989. Curta metragem que trata sobre a a plantação de um tomate até o seu destino final, trazendo uma crítica sobre a sociedade de consumo. Pode servir de disparador para interessantes discussões acerca da sociedade em que vivemos, bem como sobre o desperdício dos alimentos e a hierarquia social. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28>. Acesso em: 23 abr. 2018. 6. Matemática é D+. Produção: Revista Nova Escola. Série de vídeos que apresentam situações reais de salas de aula quando as crianças estão envolvidas em tarefas matemáticas. Ressalta a importância do saber ouvir o aluno em diversas situações didáticas. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Wx1GIcdfkqE>. Acesso em: 23 abr. 2018. 7. Donald no país da matemática. Produção: Walt Disney. Animação que apresenta o pato Donald em diversas situações em que necessita utilizar a matemática. Além disso, apresenta diversas aplicações da matemática em outros campos do conhecimento. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Nc1vulpH31E>. Acesso em: 23 abr. 2018.
Compartilhar