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1 Pneumonia adquirida na comunidade Definição São doenças inflamatórias agudas de causa infecciosa que acometem os espaços aéreos e são causados por fungos, vírus ou bactérias. Tipos • Pneumonia adquirida na comunidade: doença adquirida fora do ambiente hospitalar. • Pneumonia adquirida no hospital: adquirida após 48 horas de internação ou em certos fatores de risco – internação por 2 ou mais dias nos últimos 90 dias; provenientes de asilo ou de casas de saúde; receberam ATB por via endovenosa, QT (acho que é quimioterapia) ou tratamento de escara (lesão por pressão) nos 30 dias anteriores; em tratamento em clínica de diálise. • Pneumonia associada à ventilação mecânica: surge após 48-72 horas após intubação endotraqueal ou ventilação invasiva. A pneumonia é a principal causa de internação hospitalar, das causas respiratórias. A mortalidade é maior em pacientes com menos de 5 anos e mais de 70 anos. Nos últimos 15 a 20 anos, houve uma redução da mortalidade, considerando a pneumonia. Isso está atribuído à melhora da situação socioeconômica, ao acesso a cuidados de saúde, com a instituição da atenção básica, acesso à ATB e políticas de vacinação. Para se ter um bom manejo, é preciso ter o diagnóstico correto, reconhecer fatores de risco que faz a pneumonia ser vista com um olhar diferente, avaliar gravidade, escolher ATB e decidir local de tratamento. Quando pensar em pneumonia? Pacientes com sintomas de doença aguda do TRI – tosse ou um ou mais sintomas: calafrios, expectoração, dispneia e dor torácica, manifestações sistêmicas (confusão mental, cefaleia, sudorese, mialgia, temperatura superior a 37,8°C) e achados focais do EF do tórax. É preciso haver opacidade nova usualmente vista no raio x de tórax. Achados radiológicos Sempre pedir o raio x em PA e perfil. No perfil, consegue ver as áreas posteriores à área cardíaca e também localizar a imagem com segurança. Na figura a seguir, observar sinal da silhueta, que nos sugere que a pneumonia está localizada no lobo de proximidade ao coração. A tomografia só tem indicação quando se tem suspeita de complicação, como suspeita de derrame ou se quer fazer diagnóstico diferencial de outra doença, como neoplasia. Obs.: Broncograma aéreo é um sinal clássico de pneumonia. O USG de tórax tem uma sensibilidade e acurácia muito boa (maior que do raio x) e os principais achados são: consolidações, padrão intersticial focal, lesões subpleurais e anormalidades na linha pleural. A USG acima mostra, em preto, o derrame pleural. As consolidações são mostradas em branco. Quando o paciente tem pneumonia e derrame pleural, é preciso puncionar, para saber se o liquido é compatível de empiema. Deve-se, assim, avaliar se é exsudato, que é o característico da pneumonia. Abaixo, 2 temos um sinal de convexidade – curva de Damoiseau, que é clássico de derrame pleural. Avaliação da troca gasosa Sempre se deve avaliar a saturação periférica de oxigênio, pois vai ser o marcador de gravidade do paciente. De rotina, avaliar oxigenação. A presença de hipoxemia indica o uso de oxigênio suplementar e indicação de internação. Diagnóstico microbiológico • Hemocultura: é raramente positiva (5-14% dos casos). • Exame direto e cultura de escarro: em geral, o escarro faz quando o paciente tem bronquiectasia para ter validade, ou então faz aspirado, porque quando o paciente tosse e o escarro sai pela boca, ele pode se contaminar. Resumindo, não faz cultura de escarro para pneumonia, mas é validado quando tem bronquiectasia. • Pode fazer pesquisa do antígeno urinário para Legionella pneumophila e Streptococcus pneumoniae. Em caso de paciente com suspeita de infecção fúngica, faz galactomanana. • Testes moleculares têm pouca aplicação atual. Quando pede culturas para paciente com pneumonia? Quando o paciente tem PAC grave ou não responde à terapia empírica inicial e em todos os pacientes da UTI. Como avaliar pneumonia? Critério de gravidade CURB-65 • Confusão • Ureia > 50 mg/dl • Respiração ≥ 30/min • Pressão arterial (sistólica < 90 mmHg e diastólica ≤ 60 mmHg). • Idade > 65 anos Vai avaliar esses parâmetros e somar quantos deles o paciente apresenta. • 0 ou 1: mortalidade baixa (1,5%). Faz atendimento ambulatorial. • 2: mortalidade intermediária (9,2%). Faz internação. • 3 ou mais: mortalidade alta (22%). Interna e maneja como pneumonia grave. Quanto mais se soma parâmetros, pior a mortalidade. Se não tiver ureia do paciente, há uma validação só com critérios clínicos. Através de parâmetros clínicos, pode ter estratificação. • Confusão • Respiração ≥ 30 l/min • Pressão arterial (S < 90 mmHg e D ≤ 60 mmHg). • 65 anos A partir desses critérios, faz a mesma coisa: • 0: mortalidade baixa (1,5%). Atendimento ambulatorial. • 1-2: mortalidade intermediária (9,2%). Internação. • 3 ou mais: mortalidade alta (22%). Internação e manejar como pneumonia grave. Quando eu digo que o paciente tem uma PAC grave? Avaliação com biomarcadores • PCR: Eleva-se em qualquer processo inflamatório infeccioso. 3 • Procalcitonina: mais específica do que o PCR para infecção bacteriana, porém não se eleva na viral. Usa muito em paciente com COVID. Proteína C reativa Também marca prognóstico, então se estiver abaixo de 100 mg/dl na admissão, ela está associada à: • Redução na mortalidade até 30 dias. • Redução da necessidade da ventilação mecânica e/ou uso de suporte inotrópico. • Menor risco de pneumonia complicada. • Maior valor preditivo positivo em comparação com CURB-65 e PIS. Em paciente internado com pneumonia, começa a tratar e no quarto dia o PCR não cai, mas aumenta (falha de queda da PCR em 50% no quarto dia), isso está associado a: • Aumento do risco de mortalidade em até 30 dias. • Aumento da necessidade de ventilação mecânica e/ou uso de suporte inotrópico. • Maior risco de pneumonia complicada. Etapas para avaliação do local de tratamento Avaliar bem as etapas acima. Paciente com vômito, por exemplo, não consegue usar ATB oral. Diagnóstico microbiológico Em geral, não se consegue determinar a etiologia bacteriana, então deve-se escolher ATB baseado nos microrganismos mais prováveis que existem. A etiologia bacteriana não é determinada em 60% dos estudos clínicos e na maioria dos casos na prática clínica. Microrganismos mais frequentes da PAC: • Streptococcus pneumoniae • Haemophilus influenzae • Germes atípicos: Legionella, Mycoplasma e Chlamydia pneumoniae. • Vírus Lembrar que PAC pode ter associação de causas. Tratamento Escolhe baseado no patógeno mais provável, fatores de risco individuais, presença de doenças associadas, viagens recentes, alergias, relação custo e eficácia. 4 Relembrando: beta lactâmicos são antibióticos que possuem um núcleo de anel β-lactâmico. A ligação com outros anéis confere suas propriedades e diferentes classes. Precisa saber qual beta-lactâmico vai ser usado dependendo da complexidade do caso. Se for leve, dá amoxicilina, se for grave, com fator de risco para pseudomonas, dá carbapenêmico. Fatores de risco para patógenos específicos • Pseudomonas aeruginosa: doença pulmonar estrutural, corticoides (prednisona > 10 mg/dl), ATB de largo espectro usado por mais de 7 dias nos últimos 30 dias e desnutrição. • Bacilos gram-negativos entéricos: residentes em asilos, ATB endovenoso, QT ou tratamento de escara nos últimos 30 dias, IRC dialítica. Tempo de administração do ATB Quanto mais precoce o tratamento, melhor, pois a mortalidade é menor. A primeira dose tem que ser já no setor de admissão. Fracasso terapêutico na PAC Trocar para terapia oral quando: • Houver melhora clínica: temperatura menor que 37,8°C, FC menor que 100/min, FR menor que24/min, PA maior que 90 mmHg e saturação O2 maior que 90%. • Está há 48-72 horas afebril. • Capaz de ingerir medicação. • Trato gastrointestinal funcionante. Prevenção vacinal da PAC • Vacina pneumocócica o Adultos com idade superior a 60 anos o Idade 19 a 59 anos, nas seguintes condições: na presença de comorbidades de alto risco, que os tornem vulneráveis às infecções pneumocócicas invasivas e suas complicações (DPOC, ICC etc) e de condição imunossupressora. o Idosos residentes em asilos. • Vacina anti-influenza o Adultos com idade igual ou superior a 60 anos o Pacientes com enfermidades crônicas pulmonares, cardiovasculares (exceto HAS), renais, hepáticas, hematológicas e metabólicas. o Adultos em estado de imunossupressão. o Indivíduos com distúrbios neuromusculares, comprometimento funcional pulmonar e dificuldade para remover secreções. o Gestantes e mulheres que planejam engravidar e mulheres em estado de amamentação. o Residentes em lares de idosos. o Profissionais de saúde. o População indígena e população privada de liberdade. Caso clínico 5 ACL, 24 anos, masculino, branco, comerciário. Há 30 horas, febre e sensação de cansaço. Relata febre, adinamia, corpo dolorido, percebida por sensação de frio e eventuais calafrios e cansaço nas tarefas que demandam maior atividade. Início simultâneo de tosse, com catarro, não sabendo informar o aspecto do mesmo. Dor em base de HTD, em pontada, piorando com tosse e respiração profunda, sem irradiação. Não fumante. Etilista social nos finais de semana. Ao exame, taquipneico (FR 32 ipm), orientado, RC2T 130 bpm sem sopros, PA 80/60 mmHg, SO2 85%. MV reduzido em base direita, com crepitações em bases, macicez e FTV aumentado nessa mesma área. Raio X mostra consolidação bilateral em bases pulmonares. Como não se pode definir os seios costofrênicos, não tem como garantir se tem ou não derrame. • Tem fatores de risco? Não. • Qual gravidade da pneumonia? Pneumonia grave (saturação, FR, pressão e infiltrado multilobular). • Qual ATB? • Qual local de tratamento? UTI
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