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BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL MARCIO FERREIRA GOMES AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DA PENITENCIARIA DE VENÂNCIO AIRES E PROPOSTA DE NOVAS ALTERNATIVAS Porto Alegre 2018 MARCIO FERREIRA GOMES AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DA PENITENCIARIA DE VENÂNCIO AIRES E PROPOSTA DE NOVAS ALTERNATIVAS Projeto de Pesquisa do Trabalho de Diplomação a ser apresentado ao Departamento de Engenharia Civil do Centro Universitário Ritter dos Reis, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Profa. Dra. Nathalia Krumennauer Haro Porto Alegre 2018 DEDICATORIA Dedico esta dissertação a minha mãe Maria de Nazaré, que apesar de todas as dificuldades sempre me ensinou o valor da persistência e nunca mediu esforços em favor dos meus estudos, e a memória do meu pai Volmir que me incentivou a ser quem eu sou, mas infelizmente não pode estar presente em razão de seu falecimento antes de eu cursar a faculdade. AGRADECIMENTOS A minha Mãe Maria de Nazaré por todo amor, carinho, compreensão e apoio a mim prestado ao longo deste trabalho. A minha orientadora Profa. Dra. Nathalia Haro pela orientação, dedicação e apoio ao longo desta pesquisa, além de paciência comigo devido aos percalços durante a realização deste trabalho. À faculdade Centro Universitário Ritter dos Reis pela oportunidade de realização do curso de graduação em engenharia. À professora e doutora Ursula que apesar de poucos semestres juntos me incentivou muito a ser uma pessoa melhor. À SUSEPE, principalmente aos Engenheiros e o arquiteto Alexandre Micol que disponibilizaram os documentos e informações para o projeto deste trabalho de conclusão de curso, ao estágios e trabalhos que passei que me ensinaram, ao professor Flavio Gama que inicialmente seria meu orientador, contudo por razões pessoais não pode continuar como meu orientador. Ao professor Gladimir Grigoletti Agradeço também aos Engenheiros Gilberto Lima e Marcelo Lima que enquanto trabalhava para eles sempre me apoiaram nos meus, estudos inclusive a empresa BRASERV que também me proporcionou ajuda aos meus estudos e conhecimento enquanto eu era funcionário. Aos meus colegas e amigos, mas principalmente à Caroline Kauss, Danielle Barros Lilian Madeira Natália Bertoni e Natasha Morais. Muito obrigada a todos! RESUMO Este trabalho tem por finalidade analisar algumas causas dos problemas relacionados ao tratamento de esgoto da Penitenciária estadual de Venâncio Aires (PEVA). Para isso, foi verificado o funcionamento da estação de tratamento (ETE) e seus projetos para melhor entendimento e avaliação. Para verificar os padrões de lançamento do esgoto tratado pela ETE, a PEVA realizou análises de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), nitrogênio amoniacal, sólidos suspensos e sedimentáveis, óleos e graxas, fósforo total, coliformes termotolerantes, alcalinidade, temperatura e pH. Através das análises foi possível verificar que os parâmetros DBO, DQO, sólidos sedimentáveis, nitrogênio amoniacal e fósforo total estavam acima do limite permitido por lei e, consequentemente, a PEVA fazia o lançamento de seus efluentes sem o tratamento adequado em um corpo hídrico próximo. As análises de demanda bioquímica e química de oxigênio apresentaram valores máximos de 320 e 478 mgO2/L, respectivamente. Já os parâmetros sólidos sedimentáveis, nitrogênio amoniacal e fósforo total apresentaram valores máximos de 1,7 mL/L, 48,5 mg/L e 19 mg/L, respectivamente. Após a análise dos parâmetros constatou-se que uma das principais causas do mau funcionamento e consequente lançamento do efluente sem tratamento adequado estava relacionada a falta de uma correta gestão dos resíduos sólidos. Estes resíduos foram encontrados no interior da ETE e dificultaram o tratamento ou até mesmo danificaram o sistema. Após ser constatado os problemas que ocasionaram o mau funcionamento da ETE percebeu-se que é necessário a adequação do projeto já existente, de acordo com as normas e leis vigentes, para que os níveis de tratamento bem como os parâmetros fiquem dentro dos padrões exigidos pelos órgãos ambientais. Palavras-chave: Esgoto. Estação de tratamento de esgoto. ETE. DBO. DQO 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 9 1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................................... 10 1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................................... 10 2 REVISÃO DE BIBLIOGRAFICA .................................................................................................................... 11 2.1 ESGOTO ................................................................................................................................................... 11 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESGOTO ............................................................................................................... 13 2.2.1 Temperatura .....................................................................................................................................13 2.2.2 Cor ....................................................................................................................................................14 2.2.3 Odor ..................................................................................................................................................14 2.2.4 Turbidez ............................................................................................................................................14 2.2.5 Sólidos totais: fixos; dissolvidos e voláteis e sedimentáveis ..............................................................15 2.2.6 Matéria orgânica ...............................................................................................................................16 2.2.7 Nitrogênio total .................................................................................................................................17 2.2.8 Fósforo ..............................................................................................................................................17 2.2.9 Potencial hidrogeniônico (pH) ...........................................................................................................18 2.2.10 Cloretos .............................................................................................................................................18 2.2.11 Óleos e Graxas ...................................................................................................................................19 2.3 TRATAMENTO DE ESGOTO ...................................................................................................................... 19 2.4 TRATAMENTO SECUNDÁRIO ................................................................................................................... 24 2.4.1 Lagoas de estabilização .....................................................................................................................24 2.4.2 Lodos ativados ..................................................................................................................................28 2.4.3 Filtros biológicos ...............................................................................................................................292.4.4 Tanques sépticos ...............................................................................................................................30 2.4.5 Escolha do sistema de tratamento a ser utilizado ..............................................................................31 2.4.6 Tratamento do lodo gerado ...............................................................................................................32 2.5 RESIDUOS SÓLIDOS ............................................................................................................................33 3 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................................... 35 3.1 CIDADE DE VENÂNCIO AIRES ................................................................................................................... 35 4 METODOLOGIA ........................................................................................................................................ 35 5 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................................... 36 5.1 CIDADE DE VENÂNCIO AIRES e PEVA....................................................................................................... 36 5.2 ESGOTO E PROJETO DA ETE DA PEVA...................................................................................................... 37 5.3 FUNCIONAMENTO DA ETE ...................................................................................................................... 38 5.4 Análises realizadas no efluente e no Arroio das Mulas ........................................................................... 40 5.5 ANÁLISE DA PROBLEMÁTICA DA ETE ....................................................................................................... 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 53 7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 55 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema de tratamento de esgoto ............................................................ 22 Figura 2: Esquema de lagoa facultativa .................................................................... 25 Figura 3: Modelo de lagoa aerada ............................................................................. 26 Figura 4:Esquema de lagoa anaeróbia ..................................................................... 27 Figura 5: Esquema de ETE de lodos ativados ......................................................... 29 Figura 6: Esquema de ETE de filtro biológico ........................................................... 30 Figura 7: Modelo esquemático de um tanque séptico ............................................... 31 Figura 8: Córrego das Mulas contaminado pelo esgoto da PEVA............................. 37 Figura 9: Esquema da ETE PEVA ............................................................................. 40 Figura 10: ETE PEVA ................................................................................................ 40 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Parâmetros de qualidade para lançamento do efluente ............................ 20 Tabela 2: Referência de valores usados pela SUSEPE ............................................ 38 Tabela 3: Parâmetros do esgoto bruto e tratado ....................................................... 41 Tabela 4: Parâmetros do Arroio da Mula ................................................................... 41 Tabela 8: Valores de remoção de DBO e DQO......................................................... 43 Tabela 6: índice de biodegradabilidade ..................................................................... 46 Tabela 7: eficiência ETE e redução de termotolerantes do arroio das Mulas ........... 48 Tabela 8: Média de sólidos sedimentáveis presentes no esgoto tratado .................. 49 Tabela 9: máximos e mínimos de sólidos sedimentáveis .......................................... 49 Tabela 10: valores de remoção de SST .................................................................... 50 Tabela 11: Critérios normativos e situação ............................................................... 57 8 LISTA DE ANEXOS Anexo A: Tabela de monitoramento do esgoto da ETE ............................................ 59 Anexo B: Tabela de monitoramento do Arroio das Mulas ......................................... 60 Anexo C: Parâmetro de pH ....................................................................................... 61 Anexo D:Parâmetro de Vazão ................................................................................... 62 Anexo E: Parâmetro de temperatura ......................................................................... 63 Anexo F: Parâmetro de sólidos sedimentáveis ......................................................... 64 Anexo G: licença de operação .................................................................................. 65 ANEXO H: relatório visita técnica .............................................................................. 69 ANEXO I: informação 249/2017 ................................................................................ 77 Anexo J: Notificação SOP/SUSEPE .......................................................................... 79 ANEXO K: documento 413/2016 ............................................................................... 80 ANEXO L: informação 288/2017 ............................................................................... 83 ANEXO M: multa FEPAM/SUSEPE .......................................................................... 84 ANEXO N: resposta empresa .................................................................................... 85 9 1 INTRODUÇÃO As tecnologias de tratamento de esgoto são projetadas para evitar problemas de contaminação de corpos hídricos, mas, no Brasil o lançamento de efluentes sem tratamento tornou-se uma alternativa comum. Através de métodos que aplicam o controle de poluentes, pesquisas e leis na área sanitária e de estações de tratamento de esgoto foram difundidas cada vez mais (LOURDINHA, BASTOS e AISSE, 2006). O esgoto doméstico urbano, principal responsável pela diminuição de oxigênio em rios, gera problemas ao meio ambiente principalmente nos corpos hídricos (PESSOA, 2011). A falta de saneamento básico no Brasil é antiga (BURSZTEJN, 2015-2016), cerca de 80% do esgoto brasileiro é lançado em rios, mares e mananciais e 20% tem o tratamento efetuado (OLIVEIRA, FONSECA, et al., 2017). A razão pelo descaso com investimentos em estações de tratamento de esgoto pode ser atribuído ao auto desempenho de um corpo receptor de autodepurar-se das impurezas, uma ideia equivocada em quase sua totalidade (SOUZA, 2011). O programa de pesquisas em saneamento básico (PROSAB, em suas pesquisas para remoção de matéria orgânica, fósforo e outras substâncias que possam interferir na vida ambiental, enfatiza na importância do desenvolvimento de tecnologias para o tratamento de esgoto, através de medidas que elevem a eficiência do trato cloacal (GONÇALVES, 2003). Segundo Nuvolari (2011) as técnicas de tratamento de esgoto pelo mundo são bem diversificadas, e, que ao se misturar formas de tratamentos já existentes, ou mesmo criar novos modelos de ETEs aumentam a eficiência no tratamento. Ao se pensar em tratamento de esgotoautomaticamente deve-se ter em mente que a caracterização do efluente através de parâmetros quantitativos, como a demanda química do oxigênio e bioquímica do oxigênio, permitem avaliar a eficiência do esgoto tratado (PEIXOTO, LIMA, et al., 2012) Este trabalho de conclusão de curso objetiva detalhar o efluente gerado pela penitenciária de Venâncio Aires (PEVA), Rio Grande do Sul, avaliar os problemas existentes na estação bem como verificar a possibilidade da resolução desses problemas. 10 1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Considerando o objetivo geral, destacam-se os seguintes objetivos específicos, como modo de aprofundar o tema em questão: Verificar as etapas do tratamento de esgoto; Detalhamento do esgoto gerado na penitenciária; Avaliar o tratamento da estação de tratamento de esgoto atual; Aplicar métodos mais eficazes para o tratamento do esgoto gerado na penitenciária. 1.2 JUSTIFICATIVA O tratamento de esgoto da penitenciaria estadual de Venâncio Aires, presídio situado fora da área urbana, é realizado pela própria instituição uma vez que esta se localiza em uma área que não é atendida por serviço de captação de esgoto público. Para isso, foi construída uma estação de tratamento de esgoto particular da PEVA. Contudo, ela apresenta alguns problemas de qualidade do esgoto lançado no arroio das Mulas. Este arroio, por ser de pequeno porte e atender a população deve ter seus afluentes com mínimo de carga poluente A ETE da PEVA tornou-se um problema para o estado devido ao lançamento de esgoto sem tratamento adequado desrespeitando leis e normas ambientais. Em virtude disto, multas foram encaminhadas a SUSEPE com intuito de penalizar o crime ambiental e para resolver o problema de emissão do resíduo liquido não tratado. Assim, torna-se necessário a adequação da operação do tratamento de esgoto da Penitenciaria de Venâncio Aires uma vez que as multas geradas oneram os cofres públicos e geram gastos com repasse para o contribuinte O maior problema, segundo a SUSEPE, são os próprios presidiários da PEVA, pois, ao jogarem resíduos em locais inapropriados, estes chegam na estação de tratamento de esgoto da penitenciária que resultam na falha do tratamento. Com o intuito de sanar o problema, a SUSEPE está em processo de implantação de 11 ações preventivas e corretivas na ETE em função de manutenções e adequações. A SUSEPE, também através da conscientização da população carcerária, tenta evitar o descarte de sólidos grosseiros que podem parar na rede de esgoto, bem como controlar o desperdício de água, os quais atingem diretamente o funcionamento da ETE. Outra exigência para resolver o problema de esgoto da penitenciária é de sanar a falta de gestão operativa da estação de tratamento de esgoto. Em razão do término do contrato de operação, a ETE não possui mais uma empresa especializada para avaliar dados e acompanhar o tratamento. Assim, este trabalho é feito pelos presidiários que fazem o acompanhamento da estação sem nenhum suporte de engenharia no local. 2 REVISÃO DE BIBLIOGRAFICA Neste capítulo, são apresentados a fundamentação teórica relevante para o entendimento e para o desenvolvimento deste trabalho. 2.1 ESGOTO O esgoto são despejos líquidos constituídos de esgotos domésticos e industriais lançados nas redes públicas e águas de infiltração (BRAGA, HESPANHOL, et al., 2005). A resolução 430/2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente caracteriza o esgoto como despejos líquidos provenientes de residências, do comercio, da infiltração de água na rede coletora e uma parte proveniente do efluente industrial. Os elementos mais comumente encontrados nos esgotos são materiais orgânicos, nitrogênio, fosforo, sólidos suspensos e organismos patogênicos (VERSILIND e MORGAM, 2011). Para Mota (2010) a constituição é dividida em 99,9% do efluente descrito anteriormente como água e 0,1% são sólidos orgânicos e inorgânicos. Santos (2009) ainda afirma que, dependendo da origem do esgoto, este ainda pode conter agentes químicos, elementos tóxicos e outros que possam interferir na saúde humana. A NBR 9648 é um pouco mais criteriosa quanto a composição do esgoto brasileiro. Esta norma informa que, quando há resíduos industriais, o efluente é 12 composto por 99,87% de água; 0,04% de sólidos sedimentáveis; 0,02% de sólidos não sedimentáveis e 0,07% de substâncias dissolvidas (NBR 9648, 1986). A importância de caracterizar o esgoto quantitativamente e qualitativamente segue em inúmeras bibliografias como Nuvolari (2011) e Mota (2010) entre outros autores da área ambiental. O quantitativo do efluente permite conhecer uma população pelos hábitos e condições socioeconômicos, a existência de furtos ou perdas de água, o custo e qualidade desta e avaliar a conservação dos aparelhos sanitários (BRAGA, HESPANHOL, et al., 2005). Braga, Hespanhol el al (2005) também indagam a importância de realizar a estimativa da qualidade do esgoto, em razão do liquido despejado comportar materiais orgânicos e inorgânicos além de servir como meio de transporte para patógenos e microrganismos eliminados pelo ser humano. O conhecimento qualitativo tem como foco definir qual o tipo de tratamento mais adequado para esta água residuária. Assim, de acordo com as suas características e composição, os esgotos podem ser classificados em domésticos e industriais. Segundo a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) esgoto doméstico é defino como “descarga liquida decorrente da água utilizada em residências e escritórios para atividades de lavagem de louças e roupas, banho, descarga de vasos sanitários e outros”. No esgoto doméstico bruto (sem tratamento) os compostos mais encontrados são o nitrogênio orgânico a amônia (BASTOS, 2009). A presença de outros componentes como potássio, vermes e vírus irá depender das propriedades físicas, químicas e biológicas do efluente além de infiltrações que podem ocorrer durante o percurso do esgoto até a estação de tratamento de esgoto (METCALF, EDDY, 2016). O esgoto doméstico é dimensionado pela quantidade de consumo de água por pessoa, geralmente calculado com uma vazão de 200 L/h.dia (NUVOLARI, 2011). Para obter essa vazão do esgoto, são necessários dados estatísticos de volume de água consumida pela população e uso de alguns coeficientes, uma vez que o despejo de esgoto pelas residências muda conforme a hora do dia, clima, jornada de trabalho e hábitos da população (NUVOLARI, 2011). Já os esgotos industriais, extremamente diversos, provêm de qualquer utilização de água para fins industriais. Estas águas irão adquirir características 13 próprias em função do processo industrial empregado. Assim, cada indústria terá um efluente com determinada característica (METCALF, EDDY, 2016). De uma maneira mais geral, CALIJURI (2013) separa os esgotos industrias em dois tipos: àquele que tem a presença de material biodegradável, ou seja, alta carga orgânica e àquele que em sua composição apresenta elementos não biodegradáveis, geralmente metais pesados que são prejudiciais à saúde animal. Dessa forma, o efluente industrial, antes de ir para etapa de tratamento, deve passar obrigatoriamente por um tanque de decantação para a retirada de metais pesados e nobres evitando assim a contaminação de áreas (PIAIA, BUENO e CAVALHERO, 2017). Quando o esgoto bruto não passa por tratamento adequado e acumula-se em pontos de coleta ou descarte ele se torna séptico. No estágio de putrefação, a matéria orgânica começa a decompor-se e, como resultado, transforma o efluente em um produto desagradável de cor escura que gera gases a base de sulfeto de hidrogênio. A produção do gás ocorre através da decomposição da matéria orgânica realizada organismos anaeróbios que reduzem os sulfatos em sulfetos (METCALF, EDDY, 2016). O esgoto fresco,por sua vez, apresenta cor acinzentada e odor semelhante a querosene (MACKENZIE, 2010). 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESGOTO Segundo Sperling (1996) o esgoto pode ser caracterizado através de alguns parâmetros como temperatura, cor, odor, turbidez, pH e quanto a presença de sólidos, matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, cloretos, óleos e graxas. 2.2.1 Temperatura Para análises e conhecimentos aprofundados a medição da temperatura é um parâmetro importante, pois, ela afeta a concentração de agente oxidante no meio, alterando as taxas biológicas para do tratamento (PESSOA, 2011). METCALF e EDDY (2016) definem que as temperaturas do esgoto são geralmente maiores que a temperatura ambiente devido a mistura de água aquecida 14 em residências e indústrias, e, dependendo da estação do ano, pode chegar aos 35 °C. 2.2.2 Cor Todos os esgotos apresentam cor e o seu método de determinação é realizado por testes calorímetros. Os tubos de Nessler são responsáveis pela identificação da cor do esgoto que é recebido pela estação de tratamento de esgoto (PESSOA, 2011). Segundo MACKENZIE e MASTEN (2016) o esgoto que possui coloração escura pode ser descrito como esgoto séptico. Os autores acima ainda comentam que, o esgoto apresenta coloração escura devido a reações de metais com os constituintes de Enxofre (S) presentes no esgoto. 2.2.3 Odor O odor do esgoto possui uma caracterização única, onde o cheiro é resultado da decomposição da matéria que o constitui o efluente (FUNASA, 2009). Segundo Sperling (2007) o esgoto fresco apresenta um odor oleoso e ligeiramente desagradável enquanto que o esgoto séptico apresenta odor fétido devido a presença de gás sulfídrico e outros produtos da decomposição da matéria orgânica. 2.2.4 Turbidez A turbidez é a medida de reflexão da luz de uma solução com partículas suspensas e coloidais (METCALF, EDDY, 2016). Segundo Cavalcanti (2009) e Nuvolari (2011), a turbidez causa problemas estéticos-visuais na água além de impedir a penetração de luz solar em rios e lagos o que interfere diretamente na fotossíntese das algas. Nuvolari (2011) ainda comenta que, quanto menor o nível de penetração de luz desejada, maior será a quantidade de produtos químicos usados para limpeza do rejeito. O fator túrbido do esgoto é alterado pela variação de sólidos suspensos presentes. Essa variação ocorre quando o efluente está em seu ponto mais fresco ou mais concentrado (SPERLING, 2007). Quando a turbidez é alterada em um corpo 15 hídrico, pode ocasionar impactos na vida de peixes e outros ramos da biota aquática, podendo causar o processo de eutrofização do corpo d’água (TCHOBANOGLOUS, HAND, et al., 2016). 2.2.5 Sólidos totais: fixos; dissolvidos e voláteis e sedimentáveis Cada um metro cubico de resíduo líquido apresenta, aproximadamente, 500 g de sólido (MACKENZIE e MASTEN, 2016). Este parâmetro é um fator importante para o tratamento de efluentes devido à volatilidade que pode gerar no esgoto e, também, para o estudo de identificação de classe de tratamento que deverá ser utilizado para determinado efluente (NUNES, 2012) Os sólidos totais é um teste baseado na quantidade de sólidos presentes em uma amostra de água ou esgoto. Eles elevam a turbidez no líquido, influenciando diretamente na entrada de (NUVOLARI, 2011). Podem ser orgânicos, inorgânicos, suspensos, dissolvidos e sedimentáveis (SPERLING, 2007). A divisão dos sólidos também pode ser realizada em 2 grandes grupos com características voláteis e os em suspensão fixos (SANT'ANNA JR., 2013). Para Sperling (2007) e METCALF, EDDY (2016) os sólidos voláteis são compostos orgânicos que se oxidam na presença de calor, em temperaturas de 50° a 500 °C. Os sólidos sedimentáveis são sólidos em suspensão que são capazes de sedimentar durante o tratamento e são removidos no sistema primário (CALIJURI, 2013), eles (SANT'ANNA JR., 2013). Já os sólidos em suspensão são representados por substâncias inorgânicas e minerais, não são oxidáveis com temperaturas altas ou inertes. Dependendo das suas características físicas, os dois grupos podem ser elementos suspensos ou dissolvidos no esgoto (SPERLING, 2007). Os elementos dissolvidos são os mais perigosos pela presença de nitratos e fosfatos além de metais tóxicos. O tratamento deste tipo de sólido geralmente acontece no sistema terciário (STANLEY, 2013). Segundo Stanley (2013), os sólidos suspensos são os grandes responsáveis pela demanda biológica do oxigênio residual no tratamento secundário. 16 2.2.6 Matéria orgânica A matéria orgânica presente nos esgotos pode ser dividida em matéria orgânica inerte (passam pelo tratamento sem mudar sua estrutura) e matéria orgânica biodegradável (sofre decomposição por microrganismos). Segundo Von Sperling (1996), a presença de matéria orgânica biodegradável nos esgotos é a principal causa de poluição das águas, uma vez que os microrganismos necessitam de um alto consumo do oxigênio dissolvido nas águas para desestabilizar a matéria orgânica. Para determinar a presença de matéria orgânica nos esgotos, são utilizados alguns métodos indiretos, como DBO5, DBOúltima e DQO, e métodos diretos como a medição do carbônico orgânico total (COT) A DBO (demanda bioquímica de oxigênio) é o teste mais utilizado para verificar o grau de poluição de águas e efluentes e se baseia na concentração de oxigênio na água, durante a oxidação da matéria orgânica (METCALF, EDDY, 2016). Segundo Mackenzie e Masten (2016) a DBO pode ser simplificada por ser o oxigênio consumido por bactérias quando a matéria orgânica é dissolvida por elas. O teste proporciona, indiretamente, a quantidade de resíduos orgânicos presente na amostra de esgoto uma vez que o procedimento mensura a variação de oxigênio presente no líquido. Este parâmetro pode ser divido em DBO5 e DBOúltima. A DBO5 ocorre para uma amostra em um período de 5 dias com uma temperatura de 20°C. Já a demanda bioquímica de oxigênio última está associada ao pico da oxidação da matéria em vários dias (geralmente 20 dias), exatamente quando a matéria orgânica estabiliza-se bioquimicamente pelos microrganismos através de reações oxidativas (NUVOLARI, 2011) (SPERLING, 2007). Segundo Zuccari (2005), a demanda química do oxigênio (DQO) é um parâmetro que avalia a quantidade de oxigênio consumido para a oxidação de materiais orgânicos e inorgânicos, ou seja, tanto as substâncias biodegradáveis quanto as não-biodegradáveis são quimicamente oxidadas neste teste. Sant’Anna Jr. (2013) simplifica ao dizer que DQO é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente os poluentes presentes nas amostras em condições estabelecidas. Devido os testes de DQO serem mais rápidos, muitas vezes a demanda química de oxigênio (DQO) é utilizada, ao invés da demanda bioquímica 17 de oxigênio, para caracterizar a presença de matéria orgânica nos esgotos (SABESP, 1997). Outro método muito utilizado para determinar a presença de matéria orgânica em esgotos é a medição de carbono orgânico total (COT). Segundo Sperling (2013), a determinação do teor orgânico de carbono ocorre pela liberação do carbono (C) ligado a um composto orgânico em forma de dióxido de carbono (CO2) devido a oxidação da matéria orgânica. Devido a rapidez com que estes testes são realizados, em torno de 5 minutos a 10 minutos, eles tem sido muito utilizados para determinar a presença de matéria orgânica em esgotos (METCALF, EDDY, 2016). 2.2.7 Nitrogênio total O nitrogênio tem sua formação através da matéria orgânica decomposta no efluente. Quando as bactérias realizam processos de degradação aeróbios, elas oxidam a matéria orgânica quebrando suas cadeias mais complexas em elementos mais simples, formando nitratos (GARCEZ, 1976). A remoção dos compostos nitrogenados no tratamento deesgoto é necessária uma vez que, se o efluente ser lançado ao corpo receptor com altos índices deste parâmetro, ele pode propiciar a eutrofização e anormalidades na água resultando em problemas ao meio ambiente (CALIJURI, 2013). As principais fontes de nitrogênio nos esgotos são atribuídas a agricultura através do uso de fertilizantes que percolam com a água da chuva (BITTENCOURT e PAULA, 2014). 2.2.8 Fósforo A origem do fósforo nos esgotos, de acordo com Bitencourt e Paula (2014), provém de compostos presentes no solo, despejos domésticos e industriais, detergentes, excrementos de animais e fertilizantes (BITTENCOURT e PAULA, 2014). Os esgotos podem possuir duas fontes de fósforo, as pontuais e as não pontuais. As fontes pontuais são locais específicos de atuação humana. São as que estão próximas de fábricas, aterros e estações de tratamento de esgoto. Já as não 18 pontuais são fontes de locais próximos a grandes espaços de terras como fazendas e florestas em virtude da extração da madeira, tanques sépticos, gramados de golfe e domésticos. (BAIRD e CANN, 2011) e (MILLER, SCOTT e SPOOLMAN, 2016) (AZEVEDO, 2015). É importante quantificar os elementos fosfóricos em razão do crescimento bacteriano e a relação carbono/nitrogênio/fosforo deve ser mantida nos padrões de 100:5:1, respectivamente. Esta indicação envolvendo os três elementos faz com que o lodo da ETE possa ser bem tratado (NUVOLARI, 2011). 2.2.9 Potencial hidrogeniônico (pH) A caracterização do pH do esgoto irá depender da concentração de íons de hidrogênio (H+) em solução. Quando há uma concentração extrema H+ (pH baixo), o esgoto é ácido e seu tratamento é mais complicado quando comparado a sua forma alcalina (pH acima de 8) (METCALF, EDDY, 2016). O órgão ambiental CONAMA impõe que as taxas limites de pH devem estar na faixa de 5 a 9 no Brasil, no que diz respeito a qualquer efluente lançado diretamente na natureza (CONAMA, 2011). Na ETE, para que o esgoto possa ser tratado efetivamente, o seu pH deve estar entre 6,5 e 7,5 (CALIJURI, 2013). O potencial hidrogeniônico é um parâmetro importante para a digestão anaeróbia e os processos oxidativos, a velocidade da nitrificação nos lodos ativados também depende dele. Além disso, um pH baixo resulta em manifestações patológicas como a corrosão e, quando elevado, facilita a incrustação nas peças das tubulações (LINS, 2010, apud SPERLING, 2005). De acordo com Angel o teste de pH pode ser realizado por equipamentos como pHmetros ou por papeis absorventes com misturas que fornece indicação de acidez do líquido com uma variação de 0 a 14 (ANGEL e NOWACKI, 2014). (LINS, 2010) 2.2.10 Cloretos Para D’Almeida (2011) e Salles e Pelegrini; Pelegrini (2006) os íons cloretos são consequentes da solubilização de minerais como o cloreto de sódio. Eles ainda afirmam que altos níveis de tais elementos podem interferir no reuso da água. Para 19 SPERLING (2007) os cloretos provem de boa parte da água potável e de águas residuárias advindas da indústria. (D'ALMEIDA, 2011) 2.2.11 Óleos e Graxas A norma técnica brasileira, NBR 14063, define óleos e graxas como um conjunto de elementos que se originam de fonte mineral, gorduras, graxas de variadas formas, ácidos, óleos minerais (ABNT, 1998). Segundo Sant’Anna (2013), a análise de óleos e graxas é um parâmetro importante que tem como objetivo quantificar poluentes hidrofóbicos que podem ser tóxicos e problemáticos para a saúde animal. Na água os óleos e graxas formam uma película superficial que não permite a troca de oxigênio, deste modo pode afetar a vida aquática como a de peixes e algas (BERTI, DUSMAN, et al., 2009). 2.3 TRATAMENTO DE ESGOTO De acordo com Nuvolari (2011), quando ocorre o lançamento de esgoto in natura diretamente em um corpo receptor sem que faça nenhuma espécie de tratamento, ocorrem prejuízos à qualidade de água, afetando a vida biológica (NUVOLARI, 2011). A lei federal brasileira impõe que o esgoto sanitário deve ter fins adequados nos serviços de saneamento assim como, quando não houver rede coletora, deverá ter métodos alternativos para o tratamento e destinação final seguindo regras estabelecidas por órgãos competentes (BRASIL, 2007). Segundo resolução CONSEMA 355/2017 o limite para lançamento de elementos que podem ser encontrados nos efluentes tratados estão apresentados na Tabela 2 (RIO GRANDE DO SUL, 2017). 20 Tabela 1: Parâmetros de qualidade para lançamento do efluente Parâmetros Nível de emissão Odor, Materiais flutuantes, espuma, Cor ausente Mercúrio total 0,01 mg/L Selênio total 0,05 mg/L Arsênio total, Cromo Hexavalente, Fenóis total, Prata total, Cádmio total 0,1 mg/L Chumbo total, Cianeto total, sulfetos 0,2 mg/L Cobalto total, Cobre total, Molibdênio total, Cromo total 0,5 mg/L Níquel total, Manganês total, Vanádio total 1,0 mg/L Sólidos sedimentáveis Menor que 1,0 mL/L Zinco total 2,0 mg/L Substância reagentes ao metileno 2,0 mg Estanho total 4,0 mg/L Bário total, Boro total, 5,0 mg/L pH 6,0 a 9,0 Óleos e graxas Menor ou igual a 10 mg/L Alumínio total, Ferro total, Fluoreto total, Lítio total, 10,0 mg/L Óleos e graxas: vegetal e animal Menor ou igual a 30 mg/L Fonte: Adaptado da COSEMA. (RIO GRANDE DO SUL, 2017) Segundo Nuvolari, o não comprimento dos limites que estão apresentados na Tabela 2 pode trazer prejuízos. Os elementos tóxicos como o chumbo podem interferir na saúde humana, animal e vegetal; quando o efluente altera a cor e turbidez do corpo receptor a fotossíntese realizada pelas algas será prejudicada; os nutrientes como o fósforo aumentam a eutrofização dos lagos; os materiais refratários, como o ABS alquil-benzeno-sulforado), podem gerar a escuma que são difíceis de remove-los nos tratamento convencional, materiais em suspensão podem 21 alterar o odor pela geração de gases sulfídricos; e a temperatura pode acarretar o esgotamento do O2 (NUVOLARI, 2011). Assim, para que o efluente possa ser lançado num curso d’água sem causar prejuízos ambientais, ele deve estar dentro de padrões de qualidade exigidos por lei. (BITTENCOURT e PAULA, 2014). Se o esgoto não estiver dentro dos padrões de descarte exigidos ele terá que passar por um tratamento antes de ser lançado no corpo receptor. Devido as características tóxicas que os esgotos possuem, é necessário que eles passem por sistema de tratamento antes de serem despejados nos recursos hídricos. Com essa necessidade de tratamento, pesquisadores das áreas de engenharia e das ciências em geral buscam identificar e avaliar um sistema de esgoto. O sistema de tratamento de esgoto sanitário é uma união de equipamentos que tem como principal critério a remoção de poluentes presentes nesse tipo de água residuária, através de operações de separação dos produtos contidos nele (CALIJURI, 2013). Este tratamento ocorre em locais determinados chamados de estação de tratamento de esgoto (ETE). A figura 1 mostra um esquema geral de tratamento que ocorres nas ETEs. . 22 Figura 1: Esquema de tratamento de esgoto Fonte: MACKENZIE e MASTEN, 2016 Segundo Nuvolari (2011), um tratamento de esgoto completo é composto pelas seguintes etapas: pré-tratamento (ou tratamento preliminar), tratamento primário e secundário, conforme mostra figura 1. A etapa de pré-tratamento consiste na remoção de sólidos grosseiros através de grades e de caixas de areia. O tratamento primário baseia-se nos procedimentos físico-químicos, como a coagulação seguida de decantação, para a remoção de metais e de sólidos sedimentáveis e em suspensão. Na etapa de coagulação ocorre a união das partículas em suspensão através do uso de agentes químicos, como o sulfato de alumínio (ROCHA, CARDOSO e ALVES, 2009; TCHOBANOGLOUS, HAND, et al., 2016). Segundo NUNES(2012), após a união das partículas, se obtém a formação de flocos grandes, com tamanho suficiente para passar por um processo de decantação e sua remoção do efluente tratado. Na etapa do tratamento primário, deve ser possível remover 60% dos sólidos, entre 30% a 35% da DBO5 da água e 23 20% do fósforo presente nos esgotos (MACKENZIE e MASTEN, 2016; ROCHA, CARDOSO e ALVES, 2009; VERSILIND e MORGAM, 2011). Após o tratamento primário, o esgoto segue para uma segunda etapa denominada de tratamento secundário, também chamado de tratamento biológico. Nesta etapa a matéria orgânica (DBO) presente nos efluentes é removida pela ação microrganismos que a transforma em compostos mais simples e não prejudiciais como, por exemplo, o gás carbônico (CO2) (BAIRD e CANN, 2011) (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2012) . De acordo com Santos (2017) este tratamento visa também a remoção de nutrientes a base de fósforo e nitrogênio também através da ação biológica de bactérias. Devido à importância desta etapa no tratamento de esgotos, os tipos de processos utilizados no tratamento secundário serão abordados no próximo item (item 3.4). A etapa de tratamento terciário de remoção de poluentes, também chamada de tratamento avançado, é utilizada quando o efluente, mesmo após o tratamento primário e secundário, ainda não alcançou padrões necessários para ser despejados nos corpos hídricos (MACKENZIE e MASTEN, 2016). O terceiro tratamento é uma etapa de polimento final do esgoto. Nesta etapa são utilizados alguns processos como filtração, adsorção em carvão ativado, remoção química e biológica do fósforo, nitrificação-desnitrificação, remoção de amônia por arraste, cloração e radiação ultravioleta (MACKENZIE e MASTEN, 2016) (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2012) (PESSOA, 2011). Versilind e Morgam (2011) resumem os procedimentos de tratamento de águas residuárias em: Tratamento preliminar – remoção de sólidos grandes para evitar danos para o restante das operações da unidade; Tratamento primário – remoção de sólidos suspensos por sedimentação; Tratamento secundário – remoção da demanda de oxigênio; Tratamento terciário (ou avançado) – nome aplicado a qualquer série de processos de polimento ou limpeza, um dos quais é a remoção de nutrientes como os fósforo. 24 2.4 TRATAMENTO SECUNDÁRIO Como comentado no item anterior (vide item 3.3), o tratamento secundário é utilizado para remover a matéria orgânica presente nos esgotos através da ação de microrganismos. Devido à grande quantidade de matéria orgânica presente nos esgotos, o tratamento biológico torna-se uma etapa fundamental para o seu tratamento. Nesta etapa, podem ser utilizados diferentes tipos de tratamento como as lagoas de estabilização, lodos ativados, filtros biológicos e tanques sépticos. O que difere um tratamento do outro é o tipo de método utilizado para promover o contato entre os microrganismos e a matéria orgânica (VERSILIND e MORGAM, 2011) 2.4.1 Lagoas de estabilização As lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento esgotos e tem como objetivo a remoção da matéria orgânica presente neste tipo de efluente através da ação de microrganismos (SPERLING, 2007). Segundo SPERLING (2013) este tipo de tratamento apresenta facilidade no manuseio e na manutenção devido à pouca necessidade de equipamentos e sua operação ser relativamente simples. Contudo, o autor salienta que o tratamento por lagoas de estabilização é indicado para regiões de clima quente ou países em desenvolvimento devido à necessidade de grandes áreas para a instalação deste sistema (SPERLING, 2013). Este processo apresenta algumas variantes com diferentes níveis de complexidade operacional e requisitos de área. Segundo NUVOLARI (2011) e Santos (2017) as lagoas de estabilização podem ser divididas em: lagoas facultativas, aeróbias e anaeróbias. O sistema de lagoas facultativas é a variante mais simples dos sistemas de lagoas. É um processo autodepurativo, estritamente natural como mostra a figura 2. Após os tratamentos preliminar e primário, o esgoto é lançado em uma lagoa onde processos aeróbios ocorrem na superfície e anaeróbios ocorrem no fundo da lagoa para mineralizar e reter o lodo formado (BITTENCOURT e PAULA, 2014). Entre as duas zonas (aeróbias e aneróbias) possui o zoneamento facultativo. Neste acontece 25 o processo de desnitrificação reduzindo os nitratos em gases de nitrogênio (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2017). Este tipo de tratamento não funciona bem clima frio em razão da redução da atividade biológica (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2012). A fração da matéria dissolvida e a orgânica em suspensão espalham-se pelo efluente sendo degradada pelos microrganismos. As algas, através da penetração da luz, conseguem realizar a fotossíntese produzindo o oxigênio necessário para a degradação aeróbia que ocorre na lagoa (BITTENCOURT e PAULA, 2014) (NUVOLARI, 2011; SANTOS, 2017). As lagoas facultativas não são completamente aeróbias, a razão fica por conta da sedimentação da matéria orgânica no fundo da lagoa, este material sedimentado é consumido anaeróbicamente por falta de grande quantidade de oxigênio, em consequência desta condição é formado gases compostos de 30 a 40 % de CO2 e de 60 a 70% de CH4 (NUVOLARI, 2011). As lagoas facultativas têm profundidade de 1 a 2,5 m e a taxa de DBO não pode ser maior de 22 kg/hectare dia, para evitar que a lagoa torna-se anaeróbia. O tempo de detenção hidráulica de permanência do esgoto neste tipo de lagoa é mais longo (usualmente superior a 20 dias) devido ao processo de degradação ser estritamente natural (MACKENZIE e MASTEN, 2016). Figura 2: Esquema de lagoa facultativa Fonte: Escaneado do livro. BITTENCOURT e PAULA, 2014 As lagoas aeradas tem um princípio de funcionamento semelhante ao das lagoas facultativas. A principal diferença está no suprimento de oxigênio que, neste 26 caso, é fornecido por aeradores mecânicos como mostra a figura 3, (BITTENCOURT e PAULA, 2014) (SPERLING, 2013). Devido à introdução de mecanização, as lagoas aeradas são menos simples em termos de manutenção e operação quando comparadas as lagoas facultativas (SPERLING, 2007) Este sistema opera sem recirculação da biomassa, o que resulta em uma baixa remoção de DBO, na faixa de 50 a 300 mg/L. Segundo Pessoa (2011) o tempo de detenção hidráulica do esgoto nesta lagoa é da ordem de 2 a 10 dias para lagoas com profundidades de 3 a 4 m, ele ainda desmonstra que o nivel de remoção de DBO deste tratamento pode chegar a 70% sem um tanque de sedimentação e 95% na presença do tanque. Segundo VERSILIND e MORGAM (2011) este tipo de lagoa é muito utilizado em refinarias de petróleo e outros modelos de industrias devido ao menor gasto de energia quando comparadas com o sistema de lodos ativados (VERSILIND e MORGAM, 2011). Figura 3: Modelo de lagoa aerada Fonte: BITTENCOURT e PAULA, 2014 As lagoas anaeróbias consistem em processos estritamente anaeróbios (sem presença de oxigênio) e tem como principal objetivo a remoção da DBO e dos sólidos suspensos totais (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2017) (PESSOA, 2011). Este tipo de lagoa de estabilização é empregada, principalmente, para o tratamento de 27 esgoto doméstico e despejos industriais predominantemente orgânicos. A figura 4 mostra o esquema das lagoas anaeróbias (SANT'ANNA JUNIOR, 2013). São utilizadas como forma de tratamento inicial para redução da matéria organica e turbidez sem a utilização de equipamentos o que reduz os custos de operação (BITTENCOURT e PAULA, 2014). De acordo com MACKENZIE, MASTEN (2016) e CAVALCANTI (2009) as lagoas devem se projetadas para garantir as condições de fermentação do metano pelas bactérias com resultado de formação de ácidos organicos e CO2 (MACKENZIE e MASTEN, 2016) (CAVALCANTI,2009). A oxidação anaeróbia da matéria orgânica mostra-se eficiente até certo nível de carga poluente. Este processo apresenta uma eficiência de remoção de DBO em torno de 50 a 60% (ROSA e FRACETO, 2012). Assim, como a DBO efluente tratado é ainda elevada, existe a necessidade de uma outra unidade de tratamento. As unidades mais utilizadas são as lagoas facultativas, compondo o sistema lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (SPERLING, 2007) As lagoas anaeróbias devem possuir no mínimo 3 m de altura para conseguir uma eficiência de DBO entre 300 a 600 kg DBO/ha.dia como mostra a figura 5, além de um tempo de detenção hidráulico de 20 a 50 dias de acordo com o clima (CAVALCANTI, 2009). Segundo ROSA e FRACETO (2012) a altura deve estar entre 3 a 4,5 para que não ocorra a dissolução do oxigênio na lagoa. O lodo formado após a digestão anaeróbia da matéria orgâniva ficará depositado no fundo da lagoa e formará bolhas de gás como resultado da fermentação bacteriana e microbiológica. Figura 4:Esquema de lagoa anaeróbia Fonte: Escaneado do livro. SANTOS, 2017 28 2.4.2 Lodos ativados O sistema de lodos ativados é amplamente utilizado para o tratamento de despejos domésticos e industriais (Sperling, 2007). O efluente, após ter passado pelo tratamento primário, segue para um tanque de aeração, também chamado de reator. Neste tanque, ocorrem as reações de remoção de matéria orgânica. O esquema do tratamento por lodos ativado é mostrado na figura 5. Após a degradação da matéria orgânica no reator, o efluente passa para um decantador secundário onde irá ocorrer a sedimentação dos sólidos. Nesta etapa há a formação de um lodo de fundo, rico em bactérias. Com a finalidade de aumentar a remoção de DBO, este lodo é recirculado para o reator e aumenta consideralvente a concentração de bactérias no tanque de aeração (VERSILIND e MORGAM, 2011). O sistema de lodos ativados é formado por variantes de tratamento, que se diferenciam pela forma de sedimentação do lodo. Pode-se destacar três processos por lodos ativados: lodos ativados convencionais, lodos ativados por aeração prolongada e lodos ativados por batelada (SANT'ANNA JR., 2013). No sistema de lodos ativados convencionais possui uma aeração de forma uniforme em todo o efluente e o tempo de detenção do lodo no interior do reator é baixo, em torno de 6 a 8 horas. No sistema de lodos ativados por aeração prolongada ou fluxo continuo o tempo de permanência do lodo no reator faixa é mais alto, na ordem de 18 a 30 dias, e um TDH de 1 dia. Esta variante tem um gasto de energia maior devido ao seu sistema de aeração prolongada , mas, possui uma remoção de DBO superior que o método comum. O sistema de lodos ativados por batelada, por sua vez, se difere pela não recirculação do lodo retido no reator. Neste sistema, todo o processo de degradação da matéria orgânica (decantação primária, oxidação biológica e decantação secundária) ocorre em único reator que serve tanto como reator biológico (quando houver aeração) quanto de tanque de decantação (sem aeração) (VON SPERLING, 2007). 29 Figura 5: Esquema de ETE de lodos ativados Fonte: BOTKIN e KELLER, 2018 2.4.3 Filtros biológicos No processo de filtros biológicos, a biomassa cresse aderida em um suporte denominado filtro (normalmente materiais leves como o plástico). O esgoto é então lançado sobre o filtro, onde percola rapidamente, e a película de bactérias aderidas absorve uma quantidade de matéria orgânica e faz sua decomposição. A figura 7 mostra um esquema de ETE que utiliza filtros biólogicos (CALIJURI, 2013). Apesar ser um sistema simples e apresentar bons resultados, o filtro biológico é bem limitado quando a carga orgânica aplicada. O seu dimensionamento deve ser realizado com intuído de tratar o efluente para uma carga orgânica de 250 a 500 g DBO m³/dia (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2012). Quando os filtros recebem uma carga de DBO mais elevada, ela pode bloquear os vazios que permitem a percolação do efluente e, consequentemente, haverá uma redução na eficiência do tratamento como mostra a figura 6 (MACKENZIE e MASTEN, 2016). 30 Figura 6: Esquema de ETE de filtro biológico Fonte: Escaneado do livro. MACKENZIE e MASTEN, 2016) 2.4.4 Tanques sépticos O sistema séptico, empregado em locais com ausência de tratamento de esgoto público, torna-se uma alternativa de tratamento de efluentes. Considerado um dispositivo para receber efluentes, é definido como câmara convencional para reter esgotos sanitários por um período de 12 a 24 horas (PESSOA, 2011). A figura 7 mostra um modelo esquemático de tanques sépticos. Segundo SANTOS (2017) o sistema de tratamento de esgoto por tanques sépticos é um dos modelos mais econômicos. No seu tratamento ocorre decantação, flotação, desagregação e digestão dos sólidos, dos óleos e graxas. O autor também atesta que, dentre todos os processos que compõe os tanques sépticos, o mais importante fica por conta da decantação, onde ocorre a digestão da matéria orgânica por bactérias anaeróbias gerando um lodo já estabilizado (SANTOS, 2017). Pessoa (2011) também define os procedimentos realizados neste tratamento. Após o recebimento do esgoto ocorre a sedimentação de sólidos em suspensão que pode chegar a 70%, com isto, ocorre a geração do lodo. Os outros materiais como óleos, graxas e gorduras, ou seja, os não sedimentáveis começam a denominar-se de escuma. O lodo, a escuma e os organismos patogênicos são então degradados por bactérias anaeróbias (PESSOA, 2011). Estima-se que este sistema consiga remover de 30% a 50% da DBO presente no esgoto (SANTOS, 2017) 31 Muito utilizado em zonas rurais ou pequenas comunidades, o sistema de tanque séptico pode ser utilizado quando não há instalações centrais de tratamento de efluentes. Geralmente são construídos de concreto no subterrâneo de residências e ou fazendas e, muitas vezes, recebem o esgoto de apenas uma casa (BAIRD e CANN, 2011). BAIRD e CANN (2011) também explicam que, após as bactérias degradarem toda a carga orgânica, os óleos e graxas presente no rejeito liquido começam a subir e são removidos manualmente para que não ocorra o extravasamento do tanque (BAIRD e CANN, 2011). Figura 7: Modelo esquemático de um tanque séptico Fonte: (SANTOS, 2017) 2.4.5 Escolha do sistema de tratamento a ser utilizado De acordo com Mota (2010) o tipo de tratamento a ser utilizado deve escolhido de acordo com as características do esgoto e do corpo receptor, além de outros fatores como clima, área onde a ETE será instalada e recursos para a sua execução (MOTA , 2010). De maneira geral, a escolha do tratamento pode ser baseada nas características abaixo (PLÍNIO, 2011,apud HOLLISTER, 2005): Gerenciamento do efluente a ser tratado; Quantidade do esgoto a ser tratado; Confiança quanto ao sistema escolhido; Espaço e estética do local a ser implantado a estação de tratamento de efluentes; Local de disposição do lodo e resíduos retirados do processo; 32 Problemas dos odores devem ser avaliados, e o custo de implantação; Facilidade de aprovação quanto aos recursos disponíveis; Nunes (2012) recomenda que, ao fazer o projeto de uma ETE, deve-se começar com uma comparação de 2 ou 4 tipos de tratamento, avaliando o volume dos reatores, os custos de instalação e operação, a qualidade do efluente, se é necessário aquecimento ou isolamento, a segurança e a produção dos lodos. O custo de tratamento de esgoto varia de acordo com o sistema utilizado. Segundo PLÍNIO (2011) o custo de um tratamento por lodos ativados pode chegar a R$ 144,03 reais por habitante 2.4.6 Tratamento do lodo gerado Independente do sistema a ser usado no tratamento do esgoto, haverá a produção de um subproduto chamado de lodo. Quanto maioro grau do tratamento do esgoto, maior será a produção desse resíduo podendo aproximar-se de 2% em massa do total do efluente tratado (MACKENZIE e MASTEN, 2016). Segundo MACKENZIE E MASTEN (2016) o lodo remanescente do tratamento primário é composto por 3% a 8% de sólidos e 70% de matéria carbônica. Já o lodo do tratamento secundário contém, basicamente, microrganismos, materiais inertes e matéria orgânica podendo representar 90% do lodo total produzido. De acordo com MIHELCIC e ZIMMERMAN (2012), o lodo tratado do esgoto possui três características principais: odor forte e desagradável (devido as substâncias que o compõem), baixo nível de segurança (devido à presença de patógenos que podem infectar seres vivos) e elevada quantidade de água. Em consequência destes fatores torna-se necessário o seu tratamento antes da sua disposição final (MIHELCIC e ZIMMERMAN, 2012). Conforme VERSILIND e MORGAM (2011) o tratamento do lodo é composto basicamente das seguintes etapas: adensamento do lodo, estabilização, remoção da umidade e eliminação final. A etapa de adensamento do lodo consiste na retirada da água para diminuir o seu volume. As unidades de adensamento são conhecidas como adensadoras que podem ser por gravidade (espécie de tanque geralmente circular com braços rotativos mecânicos para separar a água e o lodo) ou por flotação (utiliza um sistema de separação do liquido do sólido por ar difuso através do uso de bolhas de gás) (PESSOA, 2011). 33 Após a etapa de adensamento ocorre a estabilização do lodo. Nesta etapa, os microrganismos patógenos presentes no lodo são removidos através de processos de digestão anaeróbios e aeróbios (VERSILIND e MORGAM, 2011). Após a esta etapa o lodo é ainda desidratado, para a completa remoção de sua umidade. Após o seu tratamento, o lodo, por ser rico em matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e nutrientes, pode ser reutilizado na agricultura como fertilizante. Segundo a resolução CONAMA 375 (Conama, 2006) para o lodo ser reutilizado com este fim, ele não pode ser de origem hospitalar ou aeroportuária, não pode ser resíduo de retenção gradil e desareado e não pode ser material lipídico resultante das fases de tratamento. Caso o lodo não possa ser utilizado como fertilizante, sua disposição final deve ser feita em aterros sanitários (Von Sperling, 1996) 2.5 RESIDUOS SÓLIDOS Os resíduos sólidos podem ser caracterizados, de acordo com a Plano Nacional de resíduos sólidos (2011), como materiais, substâncias, objetos descartados resultante de atividades humanas em sociedade, estruturados em sólidos ou semissólido, gases contidos em recipientes e líquidos os quais não podem ser lançados em corpos d’águas, esgotos ou via pública. De acordo com a NBR 10.004:2004 os resíduos podem ser classificados quanto ao grau de periculosidade em: resíduos classe I (resíduos perigosos) e resíduos classe II (resíduos não perigosos). Os resíduos classificados como classe II ainda podem ser divididos em: classe II A – resíduos não inertes e classe II B – resíduos inertes. A Política Nacional de Resíduos Sólidos também classifica os resíduos quanto à sua origem em: Resíduos domiciliares: originados de residências; Resíduos de limpeza urbana: originados da varrição, limpeza de ruas e vias públicas; Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; Resíduos industriais: originados de processos produtivos industriais; Resíduos de serviços de saúde; 34 Resíduos da construção civil: gerados nas construções, reformas e demolições de obras; Resíduos agrossilvopastoris: originados das atividades silviculturais e agropecuárias; Resíduos de serviços de transportes: originados de aeroportos, portos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários; Resíduos de mineração: os gerados na extração ou beneficiamento de minérios bem como de atividades de pesquisa. De acordo com BARBOSA e IBRAHIN (2014), os de serviço de saúde são rejeitos com teores tóxicos, perfurantes ou infectantes originados de hospitais, clínicas e necrotérios (BARBOSA e IBRAHIN, 2014). Os resíduos residenciais são compostos de restos de alimentos, papel, papelão, plástico, tecidos, couro, material vegetal, vidros, latas, metais, cinzas a resíduos domésticos perigosos como pilhas, tintas e óleos lubrificantes. Segundo BARBOSA e IBRAHIN (2014), estes resíduos podem ser subdivididos em secos (embalagens plásticas, papéis, metais, vidros, etc.) e em úmidos (restos de alimentos, folhas). Os resíduos domésticos possuem uma massa especifica de 115 kg/m³ quando solto e de 600 kg/m³ a 750 kg/m³ quando compactado (MACKENZIE e MASTEN, 2016). No Brasil, no ano de 2008, foram encaminhados 188.815,00 t/d, em torno de 1,2 kg/hab.dia, de resíduos domésticos gerados para aterros sanitários, aterros controlados, vazadouros, unidades de compostagem, incineração. Na região sul do país estes valores ficam em torno de 21.929,30 t/d e 0,9 kg/hab.dia (IPEA, 2012). O recolhimento do resíduo doméstico gerado é de responsabilidade do município e a sua coleta deve ser realizada em cada imóvel em dias e horários fixos. A lei 12.305/2010 complementa ao informar que o gerador de resíduos tem como responsabilidade o gerenciamento de seu materiais descartados (BRASIL, 2010). A Lei Municipal n. 10.629, 20 de fevereiro de 2009, estabelece, no município de Porto Alegre, o programa de gestão de resíduos sólidos e orgânicos. Este programa é destinado aos estabelecimentos que necessitem de licenciamento ambiental para o seu funcionamento. Ela indica, em seu artigo 3°, os deveres 35 destes estabelecimentos quanto aos resíduos por eles gerados (PORTO ALEGRE, 2009). 3 ESTUDO DE CASO Este trabalho tem embasamento no tratamento de esgoto da Penitenciária estadual de Venâncio Aires, localizada na mesma cidade, será realizado uma análise do tratamento em dados obtidos e avalição da ETE. 3.1 CIDADE DE VENÂNCIO AIRES O município de Venâncio Aires tem uma área de 773,2 k2, com altitudes médias de 210 metros em relação ao mar está situada a 130 km de Porto alegre. Dividido em 9 distritos possui uma população de 70.481 habitantes em 2017, o PIB per capita é de 40.605,91/habitante. Sua renda baseia-se no tabaco e com crescimento nas lavouras de grão-de-seja, erva-mate e outros. O nível socioeconômico da cidade está no índice geral de 0,730. 4 METODOLOGIA Para este trabalho foi realizado a coleta de dados do departamento de Engenharia (DENGE), o qual está vinculado à Superintendência dos Serviços Penitenciários. Os dados coletados foram embasados nas análises da estação de tratamento de esgoto da penitenciária estadual de Venâncio Aires através de documentos oficiais disponibilizados pelo DENGE. As análises do efluente disponibilizadas pela SUSEPE foram realizadas por uma empresa terceirizada. Por questões de sigilo, o nome desta empresa não será revelado. Os gráficos construídos através das análises foram desenvolvidos no programa Excel da Microsoft, com cálculos matemáticos de médias conforme a equação 1. Eles foram moldados e detalhados com os valores obtidos das análises e contextualizados com os valores de normas brasileiras e rio-grandenses. 36 Equação 1: Valor médio Onde: ∑Vn = somatório dos valores dos itens; n = número de itens; O percentual de remoção dos parâmetros analisados foram calculados através da equação 2. Equação 2: Taxa de remoção Onde: Tx de remoção = valor da diferença do critério a ser analisado; EB = esgoto bruto; ET = esgoto tratado; 5 ESTUDO DE CASO Este trabalho tem embasamento no tratamento de esgoto da Penitenciária estadual de Venâncio Aires, localizada na mesmacidade. Neste estudo foi realizada uma análise e avaliação da ETE através de dados cedidos pela SUSEPE. 5.1 CIDADE DE VENÂNCIO AIRES e PEVA O município de Venâncio Aires tem uma área de 773,2 km2, com altitudes médias de 210 metros em relação ao nível do mar. Localizado a 130 km de Porto alegre é dividido em 9 distritos, possui uma população de 70.481 habitantes em 2017 e seu PIB per capita é de 40.605,91/habitante. Sua renda baseia-se no tabaco e no crescimento das lavouras de grão-de-soja, erva-mate e outros. O nível socioeconômico da cidade no índice geral é de 0,730 (VENÂNCIO AIRES, 2018). 37 De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 85,6% da cidade possui acesso ao esgoto (IBGE, 2010). A penitenciaria Estadual de Venâncio Aires (PEVA), localizada na RS 287 km 69, possui uma estrutura com 6.493 m² e, atualmente, conta com um 591 presos. Contudo, sua capacidade de máximo da lotação carcerária construída é de 529 detentos, ou seja, apresenta uma superlotação aproximada de 11,7%. (SUSEPE, 2018) (SOP, 2013). 5.2 ESGOTO E PROJETO DA ETE DA PEVA O esgoto da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires é considerado como doméstico. A água residuária constitui-se, basicamente, de mistura de dejetos e higiene humana da população total atendida (detentos, agentes penitenciários e visitantes) (NUVOLARI, 2011) (SUSEPE, 2017). Segundo o portal de notícias G1, o esgoto da penitenciária era lançado sem tratamento adequado, causando a contaminação do córrego das Mulas, conforme mostra a Figura 8. O lançamento incorreto do esgoto, causava mau cheiro e gerava riscos de doenças a população local, não podendo ser usado para os fins comuns desta população (G1, 2017). Devido a esse despejo do esgoto a SUSEPE foi notificada por órgãos e representantes da Vigilância Sanitária e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (RIO GRANDE DO SUL, 2017). Figura 8: Córrego das Mulas contaminado pelo esgoto da PEVA Fonte: sitio G1, 2017 (G1, 2017) 38 No relatório realizado em 2017 pela SUSEPE (anexo l), o engenheiro responsável relatou que a estação de tratamento de esgoto não estava em pleno funcionamento em razão da falta de manutenção e pela falta de um funcionário para acompanhar o dia-a-dia da estação. Outro problema relatado pelo engenheiro foi que o esgoto extravasou pelo sistema da rede de gordura, além de estar recebendo esgoto pluvial o que também sobrecarregava a ETE (SUSEPE, 2017). Para o desenvolvimento e o bom desempenho da ETE deste local, alguns dados foram seguidos baseados na norma 12209/2011 e na norma da SABESP (2012). Estes dados estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2: Referência de valores usados pela SUSEPE Dados valores Apenados 529 hab Agentes penitenciários 75 hab Visitantes 300 hab Coeficiente de vazão (K) 0,8 Consumo per capita apenado 300 L/dia Consumo per capita agentes 50 L/dia Consumo per capita visitantes 50 L/dia Vazão de projeto 183 m³/dia Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 A ETE foi projeta para uma vazão de liberação 183 m³/dia de efluente baseada no total da população. Para o cálculo da vazão diária, foi utilizado um consumo de 300 L/dia para cada apenado (529 detentos) e um consumo de 50 L/dia para os agentes penitenciários (75 agentes) e visitante (projeção de 300 visitantes por dia). O coeficiente de variação de vazão no projeto de dimensionamento hidráulico foi de 0,8. Este coeficiente corresponde aos citados na literatura (Nuvolari, 2011; Plínio, 2011), Entretanto, a licença de número 6906/2014-DL (anexo 8) liberou para lançamento apenas 140,4 m³/dia de efluente tratado. 5.3 FUNCIONAMENTO DA ETE A ETE do presidio é concebida com uma estação compacta de tratamento de esgotos, do tipo tanques modulada, ou seja, com etapas de tratamento bem definidas. A vazão dela é de 1,6 L/s, e é composta de tratamento preliminar, primário, secundário por lodos ativados de fluxo contínuo e um terceiro tratamento 39 de esgoto através de um tanque de desinfecção (SUSEPE, 2013). O tratamento preliminar compreende no gradeamento (para retenção de sólidos grosseiros) e duas bombas submersas de 0,5 HP em uma elevatória para levar o esgoto até o decantador primário e é nesta elevatória que se processa a remoção de sólidos (SUSEPE, 2013). De acordo com a SUSEPE, o primeiro tratamento possui um decantador primário do tipo tanque com volume de 20 m³ em fibra de vidro. Este decantador tem com função decantar os sólidos suspensos a fim de remover a matéria orgânica. Há também uma parte posterior ao tanque de decantação primário o qual a SUSEPE (2013) denomina de divisor de vazões. Este equipamento, em forma de Y, contribui para dividir a água residuária igualmente para a etapa posterior (dois tanques do tratamento biológico). A segunda etapa do tratamento utiliza um reator aeróbio para digerir a carga orgânica não removida da fase primária. Este reator é divido em dois tanques de fibra de vidro de dimensões de 6 e 8 mm com capacidade total de 40 m³ de esgoto. O interior de cada tanque possui um dreno no fundo (para a remoção do lodo e sujeiras) e um aerador de potência de 5,0 HP. O aerador permite a passagem de ar para o tratamento secundário misturando, em forma radial, o liquido e o gás o que permite o arraste do material depositado no fundo do reator.. Logo em seguida, o esgoto da PEVA passa para um decantador secundário com volume de 20 m³. Fabricado também em fibra de vidro, ele proporciona a recirculação do lodo no reator através de duas bombas centrifugas de 0,5 HP. Esta recirculação tem a função de melhorar a remoção de matéria orgânica do esgoto e, consequentemente, uma melhor clarificação do efluente final. A ETE possui um tratamento terciário denominado de tanque de desinfecção em estrutura de fibra de vidro com espessura de 6 e 8 mm e capacidade volumétrica de 5 m³. O sistema terciário porta em seu interior um misturador com potência de 2,5 HP com o objetivo de homogeneizar o líquido e o Hipoclorito de Sódio (NaClO-) utilizado para a desinfecção do esgoto. Esta unidade deve diminuir os organismos patogênicos presentes e não removidos nas outras fases do tratamento. A estação de tratamento possui uma calha Parshall em fibra de vidro acompanhada de uma régua de leitura manual indicando a vazão em m³ por hora (SUSEPE, 2013). O esquema e a ETE PEVA estão ilustrados nas Figuras 9 e 10. 40 Figura 9: Esquema da ETE PEVA Fonte: SUSEPE, 2017 Figura 10: ETE PEVA Fonte: SUSEPE 2017 5.4 Análises realizadas no efluente e no Arroio das Mulas A fim de se verificar a eficiência de operação da ETE PEVA e a possível contaminação do Arroio das Mulas, foram realizadas análises dos parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais (FEPAN, CONSEMA E CONAMA). Estas análises foram realizadas no esgoto bruto da penitenciária, no esgoto tratado e no Arroio das Mulas. Os resultados destas análises estão apresentados no anexos A,B,C, D, e E deste trabalho. Com a análise de dados coletada entre janeiro a junho de 2017 mostrados no anexo A deste trabalho, foi avaliado os valores médios de parâmetros quantitativos do esgoto, solicitados por órgãos estaduais e normas brasileiras para a proteção ambiental embasada em lei. Na tabela 3 estão apresentados os dados médios dos 41 parâmetros solicitados pela FEPAM e pela resolução CONAMA. Esses dados foram coletados por uma empresa terceirizada contratada pela SUSEPE que gerenciava o trato cloacal e as análises do córrego. Já da tabela 4 estão apresentados os dados, recolhidos pela mesma empresa, da água à montante e à jusante do arroio das mulas onde a água residuária é descartada. Os dados da Tabela 4 foram embasados nos dados que constam no anexo B (SUSEPE, 2017). Tabela 3: Parâmetros do esgoto bruto e tratado Parâmetroesgoto bruto esgoto tratado DBO mg O2/L 2092,0 231,2 DQO mg O2/L 3847,2 350,3 Nitrogênio amoniacal mg/L 123,4 29,0 Nitratos mg/L 0,5 Fosfatos mg/L 3,6 SST mL/L 2030,3 133,7 Óleos e graxas totais mg/L 3697,8 13,0 Fósforo total mg/L 38,5 9,5 Coliformes termotolerantes 167643333,3 42159,0 Alcalinidade 159,2 94,5 Sólidos sedimentáveis 138,57 1,4 Temperatura ºC 21 pH 7,6 Vazão (L/s) 2,2 Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 Tabela 4: Parâmetros do Arroio da Mula Parâmetro Montante Jusante DBO mg O2/L 22,8 36,5 DQO mg O2/L 10,3 32,8 Nitrogênio amoniacal mg/L 1,1 2,5 SST mL/L 10,5 27,0 Óleos e graxas totais mg/L <10 <10 Fósforo total mg/L 1,6 2,2 Coliformes termotolerantes 1346,7 998,3 Alcalinidade 34,7 37,7 Fonte: Adaptado de (SUSEPE, 2017) Nos testes mostrados na tabela 6 verifica-se a falta das avaliações de nitratos e fosfatos no esgoto. A licença de operação dada pela FEPAM não solicita tais parâmetros, contudo, para ter um entendimento melhor da eficiência de remoção de tais parâmetros da ETE, devem ser recolhidos as taxas de nitratos e fosfatos no 42 esgoto bruto conforme a Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater recomenda. Pode-se avaliar na tabela 3 que o valor médio de DBO do esgoto tratado fica em torno de 231,16 mg/L residual, valor acima do estabelecido por órgãos fiscalizadores como FEPAM e CONSEMA RS (40 mg/L de DBO). A resolução CONSEMA 355/2017 caracteriza como valor máximo de DBO 110 mg/L devido sua vazão compreender na segunda faixa de demanda, que compreende uma vazão entre 200 a 500 m³/dia. Já a FEPAM, na licença de operação de número 6906/2014- DL dada a ETE da penitenciária de Venâncio Aires (conforme anexo M), define valor menor que 30 mg/l para ser despejado. Esta quantidade de DBO residuária caracteriza uma eficiência baixa do tratamento o que resulta em uma alta contaminação do arroio. No gráfico 1 pode ser visualizado os valores da DBO do esgoto tratado da PEVA, durante o primeiro semestre do ano 2017 e na tabela 8 estão apresentados os valores de remoção de DBO e DQO calculados conforme a equação 2. É possível verificar no gráfico 1 que a demanda bioquímica de oxigênio ficou acima do estipulado por órgãos ambientais em todos os meses analisados, levando a contaminação do arroio. Gráfico 1: Níveis de DBO do efluente tratado e seu limite estabelecido por órgãos ambientais. Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 224 112 265 320 211 255 100 100 100 100 100 100 0 50 100 150 200 250 300 350 janeiro fevereiro março abril maio junho D B O m g O 2 /L MESES Monitoramento esgoto tratado: DBO DBO fepam/consema 43 Tabela 5: Valores de remoção de DBO e DQO Parâmetro\Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho valores de remoção de DBO 90% 91% 92% 84% 92% 81% valores de remoção de DQO 92% 94% 91% 89% 91% 88% Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 Segundo Nuvolari (2011) se esse esgoto interferir no oxigênio dissolvido do arroio, pode ocasionar uma concentração de oxigênio menor que 4,0 mg/l. Em consequência deste fato pode haver a morte de animais e da flora devido à falta de oxigênio. De acordo com o gráfico 1, é possível verificar que o menor valor de DBO do esgoto foi atingido em fevereiro (112 mg/L) o que correspondeu a uma remoção de 81 % como mostra a tabela 8. Entretanto, a melhor remoção não ocorreu neste mês e sim no mês de março. Em março, o valor da DBO do efluente bruto foi de 3140 mg/L e do efluente tratado foi de 265 mg/L correspondendo a uma remoção de aproximadamente 92 %. Neste mesmo mês verificou-se a menor taxa de demanda bioquímica de oxigênio no córrego da Mulas. Os valores obtidos foram de 19 mg/L a montante e 12 mg/L a jusante o que corresponde a uma diminuição de 37 % da DBO presente no arroio (vide anexo B). O mesmo relatório de análise dito anteriormente informa que o arroio das Mulas obteve maior nível de DBO no mês de maio com valor de 17 mg/L a montante e 42 mg/L a jusante como mostra o gráfico 2, ou seja, uma elevação de DBO de 25 mg/L. As análises do efluente indicavam uma vazão média de 2,3 L/s do esgoto da ETE, equivalente a 195,7 m3/dia. Gráfico 2: Níveis de DBO do arroio das Mulas 44 Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 Em relação ao parâmetro DQO, os níveis obtidos nas análises e seu limite estipulado por lei encontram-se no gráfico 3. 42 55 25 42 19 12 10 23 17 42 23 45 0 10 20 30 40 50 60 m o n ta n te ju sa n te m o n ta n te ju sa n te m o n ta n te ju sa n te m o n ta n te ju sa n te m o n ta n te ju sa n te m o n ta n te ju sa n te 12/01/2017 08/02/2017 09/03/2017 10/04/2017 15/05/2017 06/06/2017 D B O m g O 2 /L MESES DBO: Arroio das Mulas 45 Gráfico 3: Níveis de DQO do efluente tratado e seu limite estabelecido por órgãos ambientais. Fonte: Adaptado de (SUSEPE, 2017) Os parâmetros de demanda química do oxigênio (DQO) em geral tiveram uma remoção entre 88 e 94% demonstrados na tabela 8. Entretanto, conforme mostra o gráfico 2, mesmo apresentando uma elevada remoção, os valores de DQO do esgoto tratado nos meses de março a junho ficaram acima do limite estipulado pelos órgãos FEPAM e CONSEMA (SUSEPE, 2017). Contudo, os valores da DQO no arroio das Mulas apresentou valores maiores nos meses de fevereiro e maio, com valores de montante e jusante de 46 e 43 mg/L respectivamente como mostra o anexo B. As menores DQOs foram obtidas nos meses de janeiro e março com valores de 3 e 6 mg/L, respectivamente. Em uma análise, a DQO do esgoto tratado deve ser sempre maior que a sua DBO devido ao fato deste último teste apenas estimar a fração de orgânicos enquanto que a DQO estima tanto a fração de orgânicos como a de inorgânicos. Desta forma, a relação da razão DQO/DBO para efluentes predominantemente biodegradáveis é da ordem de 1,5 a 2,5 e, para efluentes com alta carga de elementos esta relação é acima de 5,0 (SANT'ANNA JR., 2013). Os valores desta 316 215 478 360 377 356 300 300 300 300 300 300 0 100 200 300 400 500 600 janeiro fevereiro março abril maio junho D Q O m g O 2 /L MESES Monitoramento esgoto tratado: DQO DQO fepam/consema 46 relação obtidos na análise do esgoto da penitenciária encontram-se na tabela 9. Através da análise da tabela 6 verifica-se que, tanto o efluente tratado como o esgoto bruto são predominantemente constituídos de matéria biodegradável. Tabela 6: índice de biodegradabilidade Fonte: Adaptado de SUSEPE, 2017 Os dados de nitrogênio amoniacal coletados no esgoto tratado mostraram valores máximo de 48,5 mg/L no mês de abril, como mostra o anexo A. Contudo, a resolução 430 do CONAMA (2011) e a resolução 355/2017 da CONSEMA estabelece valor máximo de 20 mg/L. Como este valor está acima do limite estipulado pelos órgãos ambientais ele deve ser reduzido para não ocorrer problemas de nitrificação do esgoto. No caso da presença nitratos no efluente, o CONAMA (2005) estabelece como limite padrão de descarte a concentração de 10 mg/L. De acordo com o anexo A, é possível verificar que a concentração de nitrato no efluente tratado apresentou valores abaixo do limite estipulado pelos órgãos governamentais em todos os meses analisados. O maior índice deste parâmetro foi obtido em junho e apresentou, aproximadamente, concentração de 1,2 mg/L de NO3 no efluente tratado. Fosfatos, substâncias a base de fósforo, garantem o crescimento bacteriano na estação de tratamento, e quando lançado em grande quantidade em corpos lacustres pode ocasionar desestabilização da vida local. Estas substâncias podem ser encontradas em dejetos
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