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1 Anamnese • Ana = Trazer de volta • Mnesis = Memória • Significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença do paciente. • É um conjunto de informações essenciais obtidas pelo médico por meio de uma “entrevista” esquematizada. • É preciso promover o relacionamento médico-paciente → Buscar sempre uma boa relação. • “Conversar com o paciente” 1. Deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo. 2. Anamnese dirigida → O médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente. 3. O médico deixa, inicialmente, o paciente falar de maneira espontânea suas queixas e depois conduz a entrevista de forma mais objetiva. • Chamar paciente pelo nome, cumprimentar → Evitar termos muito pessoas como “vozinho/vozinha”. • Conhecer condições culturais → Saber como falar com o paciente → Pedir para descrever o que sente. • Não sugestionar pacientes com as perguntas → “Como era a dor?” ao invés de “a dor era forte?” – Perguntar de forma neutra. • Tempo e exames laboratoriais → Buscar fazer uma anamnese bem feita com tempo suficiente → Não jogar tudo para exames complementares. Quanto mais tempo de anamnese menor a quantidade de exames solicitados. • “Só se acha o que se procura e só se procura o que se conhece” → O médico só vai saber se conversar corretamente com o paciente. • Erro diagnóstico → História mal colhida. • O paciente não é obrigado a saber como relatar suas queixas, o médico que deve saber como obtê-las. • Extem algumas técnicas para ajudar o paciente a relatar suas queixas: • Apoio: Isso desperta segurança ao paciente. o Ex. Dizer “eu compreendo” em momentos de dúvida vai encorajá-lo e dar confiança. • Facilitação: O médico deve facilitar a comunicação com o paciente através de palavras e ações que o encorajem e sinta que está sendo entendido. • Reflexão: Repetir palavras que o médico considere mais significativa durante o relato do paciente. • Esclarecimento: Pedir para o paciente esclarecer de maneira mais clara o que o paciente está sentido. o Ex. Paciente relata tonturas → Por ter vários significados o médico deve pedir ao paciente para esclarecer melhor essas tonturas (vertigens, sensação desagradável na cabeça). • Confrontação: Mesmo que o paciente diga que “está tudo bem” o médico deve identificar através de suas ações e confronta-lo: “se está tudo bem porque você está com lágrimas nos olhos?”. • Interpretação: Fazer observações de acordo com suas ações e comportamento do paciente. • Resposta empática: Mostrar empatia ao paciente através de gestos e palavras demonstrando que o compreende e entende seu sofrimento → É preciso saber dosar as ações e palavras para não gerar uma reação contrária no paciente. • Silêncio: Pode ser o mais adequado em situações de emoções e choro do paciente, porém é preciso saber o tempo de duração. → Identificação → Queixa principal → História da doença atual (HDA) → Interrogatório semiotécnico (IS) → Antecedentes pessoais e familiares → Hábitos de vida → Condições socioeconômicas e culturais 2 • Nome → Chamar sempre pelo nome do paciente. • Idade → Cada faixa etária apresenta doenças próprias e isso irá ajudar a conduzir melhor o diagnóstico clínico. • Sexo/Gênero → Há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo. • Cor – etnia (branco, pardo, preto, indígena, asiático) • Estado civil • Profissão • Local de trabalho → A doença pode ter relação direta com o trabalho e local. • Naturalidade → De onde é, onde nasceu. • Procedência → De onde veio, refere-se a última residência do paciente, último lugar visitado (viagens). • Residência → Local atual onde mora, endereço do paciente. • Nome da mãe • Nome do responsável/ Cuidador/ Acompanhante • Religião → Importante em algumas condutas médicas como hemotransfusão envolvendo testemunhas e jeová ou consumo de carne pela igreja adventista. • Filiação e órgãos / Instituição previdenciárias e Planos de saúde. Obs.: A data da consulta é sempre importante e deve ser acrescentada ao prontuário, em hospitais a hora também é importante. • Motivo da consulta → Identificar o que mais incomoda o paciente. • Afirmação breve e espontânea → Tradução em linguagem corriqueira daquilo que se sente. • Usar as palavras exatas do paciente entre aspas • Evitar rótulos diagnósticos → Se o paciente sugerir um diagnóstico (ex. “estou com pressão alta”) o médico deve orienta- lo a descrever suas queixas. Exemplo: “Dor de ouvido”; “dor no peito a 2 dias”, “ardência ao fazer xixi”. • É a parte principal da anamnese para se chegar ao diagnóstico. • É o registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica → Do início ao o fim. • Sintoma-guia → Sintoma ou sinal que permite recompor a HDA. o Não existe um único e constante sintoma-guia para cada enfermidade o É recomendado escolher como sintoma-guia aquele de maior duração, o mais enfatizado pelo paciente ou aquele da queixa principal, mas sem desprezar os outros sintomas. • Início → Determinar a época em que teve início o sintoma. o “Quando o senhor começou a sentir isso?” o Em afecções de longa duração e início insidioso é mais difícil do paciente determinar a época que começou então o médico pode utilizar de eventos marcantes (casamentos, gravidez, mudanças) para conseguir um período próximo ao início. • Evolução do sintoma → Investigar a maneira como o sintoma evoluiu para obter uma história clínica. Estabelecer também correlações com outras queixas. • Características dos sintomas; • Fatores; Obs.: O estudante deve construir uma história clínica que tem como espinha dorsal o sintoma-guia e articular as outras queixas para formar uma história lógica. • Início e duração • Característica do sintoma • Fatores de melhora ou piora • Relação com outras queixas • Evolução • Situação atual 3 • Relatar em ordem cronológica. • Relatar sintomas que se relacionam com a queixa principal. • Perguntar outras coisas que incomodam. • Usar palavras técnicas na HDA → Quando não tiver segurança na tradução, pode usar os termos do paciente entre aspas. • Quando tiver certeza de que uma informação de antes da consulta se relaciona à queixa, pode colocar. • Revisão dos sistemas • Complemento da HDA • Normalmente, o interrogatório é feito no sentido crânio-caudal. • O IS documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. • Permite ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. o Ex.: O relato do paciente indica diagnóstico de úlcera péptica e no IS foi relatado edema de MMII, o que pode indicar uma nova hipótese diagnóstica para cirrose. • No IS deve-se também avaliar práticas de promoção à saúde → Orientar o paciente sobre condutas para prevenir doenças. • Sintomas gerais • Pele e fâneros • Cabeça e pescoço • Tórax • Abdome • Sistema geniturinário • Sistema hemolinfopoético • Sistema endócrino • Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades • Músculos • Artérias, veias, linfáticos e microcirculação • Sistema nervoso • Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. → Febre: sensação de aumento da temperatura corporal, acompanhada ou não de outros sintomas (cefaléias, calafrios, sede etc.) → Calafrios: sensação momentânea de frio com ereção de pelos e arrepiamento da pele. Relação com febre. → Sudorese: eliminação abundante; especificar se generalizada ou predominante em mãos/pés. → Câimbras: contrações involuntárias de um músculo ou grupo muscular. → Modificações do peso: especificar se perda ou ganho, quantosquilos, intervalo de tempo e motivos (pode ter sido dieta, estresse etc.). → Aumento ou diminuição no apetite. → Falta de disposição ou fraqueza generalizada (astenia – sensação de fraqueza). → Alterações do sono. 1. Fisiológicos • Gestação e nascimento → Condições de parto e nascimento, uso de medicamentos ou radiação, viroses, número de irmãos. • Desenvolvimento psicomotor e neural → dentição, engatinhar e andar, fala, desenvolvimento físico, controle dos esfíncteres, aproveitamento escolar. • Desenvolvimento vacinal → Atualização do cartão de vacinas. • Desenvolvimento sexual → Puberdade, menarca, sexarca (primeira relação sexual), menopausa, orientação sexual (usar siglas – HSM; HSH; HSMH; MSH; MSHM) 2. Patológicos • Doenças sofridas pelo paciente → Doenças da infância, doenças da vida adulta, doenças no passado ou atuais (diabetes, neoplasias, HAS). 4 • Alergias → Se apresenta ou já apresentou algum tipo de alergia. Alergia a medicamentos. • Cirurgias e intervenções → Registrar os motivos e se possível o tipo de cirurgia, a data, diagnóstico que justificou a intervenção. • Traumatismo → Acidentes sofridos, principalmente se ocorreu em ambiente de trabalho. • Transfusões sanguíneas → Quando ocorreu e quantas foram feitas. • Medicamentos em uso • História obstétrica → Anotar número de gestações (G), partos (P), abortos (A) e cesárias (C). o Ex.: Mulher com 2 filhos, 1 natimorto, 2 por cesárea = G3P3A0C2. o Gêmeos conta como 1 parto, 1 cesárea. o Aborto conta se for até 22 semanas, após é considerado natimorto. • Estado de saúde dos pais, filhos, cônjuge, tios, avôs, primos e outros familiares. • Em casa de falecimento buscar a causa do óbito e idade. • Doenças adquiridas • Doenças hereditárias • Alimentação (padrão dietético): discriminar a alimentação habitual, mencionando quantidades. Ver o que predomina entre carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, água e demais bebidas. • Ocupação atual e anteriores: na identificação, foi feito o registro puro e simples da ocupação; aqui, obtém-se informações sobre natureza, substâncias que entra em contato, meio ambiente etc. • Atividade física: tanto dizem respeito ao trabalho como à prática de esportes. Questionar qual o tipo de exercício físico, a frequência, duração e tempo que pratica. • Hábitos: alguns são ocultados pelos pacientes e até pelos familiares, então precisa ter habilidade e discrição. Mas são importantes, e tem que colocar que “nega” mesmo se achar que mentiu. o Tabagismo: Tipo, quantidade, frequência. o Consumo de bebidas alcoólicas: Tipo, quantidade, frequência. o Uso de anabolizantes e anfetaminas o Consumo de drogas ilícitas: tipo, quantidade, frequência, duração do vício e abstinência. • Avaliar situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa, condições de moradia, escolaridade. • Condições de habitação: tipo de moradia (alvenaria, barro, saneamento básico...), quantidade de pessoas por lar, quantidade de cômodos, quantas pessoas trabalham, condições sanitárias (coleta de lixo), animais domésticos, poluição do ar/sonora/visual. • Condições socioeconômicas: se houver necessidade, pergunta-se sobre rendimento mensal, situação profissional, se há dependência econômica junto a parentes ou instituição. Importante para o médico conhecer as condições do paciente para comprar medicamento (conhecer a lista de medicamentos disponibilizados gratuitamente!). • Condições culturais: abrangem o grau de escolaridade, a religiosidade, tradições, crenças, mitos, medicina popular e comportamentos e hábitos alimentares. Devem ser respeitadas; a escolaridade influencia na capacidade de compreender o processo saúde-doença. • Vida conjugal e relacionamento familiar: investigar o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre cônjuges. 5 6 7 8 9
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