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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Nefrologia DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO Introdução: A concentração sérica de potássio é medida em mEq/L. A concentração sérica normal de potássio varia entre 3,5 e 5,0 mEq/L. Aproximadamente 98% do potássio está localizado no meio intracelular. Em relação à sua distribuição corporal, o potássio está presente em maiores concentrações nos músculos. A sua concentração no líquido intracelular varia entre 100 e 120 mEq/L e no líquido extracelular é de aproximadamente 4 mEq/L. O aumento da concentração sérica de potássio (hipercalemia) pode causar efeitos na excitabilidade das membranas celulares. Por isso, a bomba Na+/K+ ATPase é tão importante para manter o equilíbrio na concentração dos íons nos meios intracelular e extracelular constante. Assim, desequilíbrios na concentração intracelular e extracelular de potássio podem causar efeitos na transmissão neuromuscular, resultando em fraqueza muscular e arritmias cardíacas. Regulação da Homeostasia do Potássio: - Captação de potássio pelas células: insulina e epinefrina. - Excreção urinária de potássio no túbulo coletor do rim: aldosterona. - A aldosterona promove aumento da secreção de potássio pelas células principais do túbulo coletor para o lúmen do túbulo coletor, resultando em sua eliminação na urina. Além disso, a aldosterona também é capaz de promover a secreção de íons H+ no túbulo coletor, diminuindo o pH da urina. - Para secretar potássio no túbulo coletor, a aldosterona reabsorve sódio e, consequentemente, água por osmose. Hipercalemia: A hipercalemia é caracterizada por concentração sérica de potássio > 5 mEq/L. A hipercalemia é considerada grave/severa quando a concentração sérica de potássio for > 6,5 mEq/L ou quando houver alteração eletrocardiográfica independentemente de sua concentração no plasma sanguíneo. A hipercalemia grave/severa é considerada uma emergência médica. A hipercalemia é um distúrbio eletrolítico comum, estando presente em 1 a 10% dos pacientes hospitalizados, que é importante causa de mortalidade. A hipercalemia é responsável por aproximadamente 24% dos casos de emergência dialítica. As principais causas de hipercalemia são: - Ingestão excessiva. - Redução da excreção renal: IRA, IRC, uso de diuréticos poupadores de potássio, como espironolactona e amilorida, uso de IECA/BRA, uso de sulfametoxazol- trimetoprim (Bactrim), ciclosporina ou tacrolimus. - Redistribuição: acidose metabólica ou acidose respiratória, uso de β-bloqueadores. - Lise celular: necrose tecidual, síndrome da lise tumoral, hemólise, rabdomiólise, etc. - Hipoaldosteronismo primário (insuficiência da glândula adrenal/suprarrenal) ou secundário (lesões glomerulares que resultam em diminuição da produção de renina e da ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona). O quadro clínico da hipercalemia caracteriza- se por fraqueza muscular, paralisia muscular e arritmias cardíacas, com alto risco de morte. As principais alterações no ECG que ocorrem na hipercalemia são: - Onda T apiculada. - Aumento do intervalo PR. - Onda P achatada. - Alargamento do complexo QRS. - Fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso. O tratamento da hipercalemia baseia-se em: - Estabilização de membrana e efeito cardioprotetor: gluconato de cálcio. - Excreção renal de potássio: furosemida. - Excreção gastrointestinal de potássio: poliestirenossulfonato de cálcio (Sorcal). 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Glicose + insulina: promove entrada de potássio para o meio intracelular. OBS.: Pacientes com DM não necessitam do uso de glicose associada à insulina. - β2-agonista (salbutamol): promove entrada de potássio para o meio intracelular. - Bicarbonato de sódio, se houver acidose metabólica associada e pH < 7,15. - Diálise, se houver refratariedade do tratamento com furosemida ou se o paciente já for dialítico. Hipocalemia: A hipocalemia é caracterizada por concentração sérica de potássio < 3,5 mEq/L. A hipocalemia pode ser classificada em: - Leve: 3,0 – 3,5 mEq/L. - Moderada: 2,5 – 3,0 mEq/L. - Grave/Severa: < 2,5 mEq/L. As principais causas de hipocalemia são: - Ingestão reduzida. - Aumento da excreção renal: uso de diuréticos, hiperaldosteronismo primário ou secundário, hipomagnesemia, uso de drogas, como aminoglicosídeos e anfotericina B, Síndrome de Cushing e uso de corticoides, acidose tubular renal, etc. - Aumento da excreção extrarrenal: diarreia, sudorese, etc. - Proliferação celular aumentada: neoplasias. - Redistribuição: alcalose metabólica ou alcalose respiratória, uso de bicarbonato de sódio, insulina e β2-agonista. O quadro clínico da hipocalemia caracteriza- se por fraqueza ou paralisia muscular, íleo paralítico, poliúria e arritmias cardíacas. As principais alterações no ECG que ocorrem na hipocalemia são: - Alterações na repolarização ventricular: onda T achatada e onda U. - Fibrilação ventricular. O tratamento da hipocalemia baseia-se em: - Hipocalemia leve: reposição oral de potássio por meio da alimentação ou do KCl (comprimidos). - Hipocalemia moderada a grave: reposição EV de potássio por meio de KCl 19,1%. → Acesso venoso periférico: 1 ampola de KCl em 500 mL de soro fisiológico 0,9% em bomba infusora durante 1 hora. → Acesso venoso central: 2 ampolas de KCl em 500 mL de soro fisiológico 0,9% em bomba infusora durante 2 horas. OBS.: A administração de KCl deve ser lenta e gradual para prevenir o desenvolvimento de arritmias cardíacas. - Reposição de magnésio, se houver hipomagnesemia.
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