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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA COORDENAÇÃO DO CURSO DE FARMÁCIA/CCS Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bairro Ininga, Teresina, Brasil. CEP: 64049-550 Contato: 3215 5870 farmaciatheufpi@gmail.com BRUNO DE SANTANA SANTOS PORTFÓLIO CURSO DE FARMÁCIA – UFPI ENZIMOLOGIA NOVEMBRO/2021 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA COORDENAÇÃO DO CURSO DE FARMÁCIA/CCS Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bairro Ininga, Teresina, Brasil. CEP: 64049-550 Contato: 3215 5870 farmaciatheufpi@gmail.com PORTFÓLIO CURSO DE FARMÁCIA – UFPI ENZIMOLOGIA Portfólio de atividades de enzimologia (45 horas) apresentado ao curso de Farmácia como requisito para conclusão da disciplina. Profº(a): Mest.DEYNA FRANCÉLIA ANDRADE PRÓSPERO NOVEMBRO/2021 3 OBJETIVO A disciplina de Enzimologia no período 2020.1 permitiu uma abordagem tecnológica, que tem como objetivo a aplicação de diferentes técnicas na produção alimentícia, fazendo uso de microrganismo com finalidade de obtenção de alimentos de qualidade, que são amplamente consumidos. A abordagem visa elucidar os mecanismos de diferentes técnicas, bem como os requisitos de produção, e parâmetros que caracterizam esses alimentos. 4 1-FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: PRODUÇÃO DE ETANOL À importância econômica dos processos biotecnológicos envolvendo a levedura Saccharomyces, quer na panificação, na produção de cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas, quer, como no caso do Brasil, na produção de um combustível alternativo e renovável, tal organismo pode ser considerado o eucariótico mais estudado e cujo metabolismo é conhecido. A levedura Saccharomyces é um aeróbio facultativo, ou seja, tem a habilidade de se ajustar metabolicamente, tanto em condições de aerobiose como de anaerobiose. Os produtos finais da metabolização do açúcar irão depender das condições ambientais em que a levedura se encontra. Assim, enquanto uma porção do açúcar é transformada em biomassa, CO2 e H2O em anaerobiose, a maior parte é convertida em etanol e CO2 em anaerobiose, processo denominado de fermentação alcoólica. Qualquer produto que contenha açúcar ou carboidrato, constitui-se em matéria-prima para obtenção de etanol. O objetivo primordial da levedura, ao metabolizar anaerobicamente o açúcar, é gerar uma forma de energia (ATP, adenosina trifosfato) que será empregada na realização dos diversos trabalhos fisiológicos ( absorção, excreção e outros) e biossíntese, necessários à manutenção da vida, crescimento e multiplicação, para perpetuar a espécie. O etanol e CO2 resultantes se constituem, tão somente, de produtos de excreção, sem utilidade metabólica para a célula em anaerobiose. Diversos fatores, físicos( temperatura, pressão osmótica), químicos(pH, oxigenação, nutrientes minerais e orgânicos, inibidores) e microbiológicos( espécie, linhagem e concentração da levedura, contaminação bacteriana), afetam o rendimento da fermentação, ou seja, a eficiência da conversão de açúcar em etanol. Geralmente as quedas na eficiência fermentativa decorrem de uma alteração na estequiometria do processo, levando à maior formação de produtos secundários( glicerol e ácidos orgânicos) e biomassa. Com a mistura do inóculo ao monstro, inicia-se o processo de fermentação alcoólica dos açúcares fermentescíveis nele contido. Pode-se distinguir uma fermentação alcoólica uma fase preliminar, uma fase tumultuosa e uma fase final ou complementar. *A fase preliminar, que se denomina fase lag , inicia-se no momento do contato do levedo com o monstro. Caracteriza-se por multiplicação celular intensa, pequena elevação da temperatura e pequeno desprendimento de dióxido de carbono. * A fase tumultuosa caracteriza-se pelo desprendimento volumoso e intenso de dióxido de carbono, consequência da existência de um número suficiente de células para desdobrar os açúcares fermentescíveis do mosto. A temperatura se eleva rapidamente, a densidade do mosto reduz-se e eleva-se a porcentagem de álcool e acidez. *Fase complementar caracteriza-se pela diminuição da intensidade do desprendimento de dióxido de carbono, por menor agitação do líquido e diminuição da temperatura. Nessa fase a concentração de açúcar chega ao fim. Os sistemas de fermentação fermentação se dividem em processos descontínuos e contínuos; os contínuos são relativamente recentes, embora seu uso tenha se iniciado na década de 1940. 5 2-PRODUÇÃO DE CACHAÇA E OUTRAS BEBIDAS ALCOÓLICAS São denominados de bebidas alcoólicas os líquidos potáveis que contêm de 0,5 a 75% de etanol em volume. O teor de álcool etílico pode ser devido à fermentação, à destilação ou à adição. É possível agrupar as bebidas alcoólicas de acordo com a forma de sua obtenção. *Bebidas fermentadas- São as preparadas por fermentação e operações posteriores de clarificação e acabamento. Entre elas, o vinho, a sidra e os vinhos de outras frutas. *Bebidas destiladas- São obtidas por destilação de vinho de fruto, de fermentação de grãos, tubérculos, raízes, de mel e diversas substâncias açucaradas. *Bebidas alcoólicas por mistura, ou compostos- São obtidos por mistura de bebidas alcoólicas com sucos ou aromatizantes, misturas de mais de uma bebida alcoólica e destilação de bebidas alcoólicas em presença de aromatizantes. As aguardentes são bebidas alcoólicas obtidas da destilação de um líquido que contém álcool em sua composição. O teor de álcool de aguardente varia, mas quase todo ele é separado por destilação. O álcool etílico potável de origem agrícola é o produto com teor alcoólico mínimo de 95% em volume a 20ºC, obtido por destilo-retificação de mostos submetidos a fermentação alcoólica de matéria-prima de origem agrícola, amilácea ou açucarada, ou o produto resultante da retificação de aguardente ou de destilado alcoólico simples. O destilado alcoólico simples é o produto com teor de 54 a 95% de álcool em volume a 20ºC, obtido por destilação simples ou destilo-retificação parcial seletiva de mostos de matéria prima de origem agrícola, açucarada ou amilácea, resultante de fermentação alcoólica; é uma aguardente de elevado teor alcoólico, destinada a elaboração de bebidas alcoólicas. Bebidas fermento destiladas São bebidas fermento-destiladas, o conhaque, a graspa ou bagaceira, o pisco, o arac, as aguardentes de fruta, o uísque, o rum, e tequila, a tiquira,a aguardente de melaço e aguardente de cana ou caninha. Conhaque- Tecnicamente, e pela literatura, brandy, sem outro qualificativo, significa a bebida obtida do destilado alcoólico simples de vinho, devidamente envelhecido. Arac- Pela nova legislação, arac é uma bebida de 36 a 54% de álcool em volume a 20ºC, obtida pela adição de extrato de substâncias aromáticas ao destilado alcoólico simples ou álcool etílico potável. Rum- É uma aguardente proveniente da fermentação alcoólica e da destilação de mostos de melaços ou de xaropes produzidos durante a fabricação de açúcar, ou diretamente de cana-de-açúcar. Aguardente de cana-de-açúcar Também chamada de caninha, ou cachaça, na legislação, é a bebida de graduação alcoólica de 38 a 54ºG, obtida do destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou pela destilação de mosto de cana fermentado, podendo ser adicionada de até 6 g de açúcar por litro. A matéria-prima para a fabricação de aguardente de cana e cana-de-açúcar. 6 Etapas: Extração de caldo de cana- A extração é feita por esmagamento direto nas moendas. Em grande parte, o sucesso da fábrica depende dessa escolha, pois o menor ou o maior rendimento em aguardente está ligado à extração do caldo. Preparo do mosto- Todo líquido suscetível de fermentar é denominado mosto. O caldo de cana obtido nas moendas e coado é um mosto natural. Para que a fermentação apresenta resultados positivos, o mosto precisa satisfazer determinadas condições, tais como baixa concentração inicial de microrganismos, adequada concentração de açúcares fermentescíveis, e adequada correção. Correçãodo mosto- A correção visa diversos fatores, diluição quando o caldo é muito rico em açúcares, é uma operação necessária. Acidez, existe uma correlação entre a acidez dos mostos e o ótimo desenvolvimento da levedura, assim como a decantação, temperatura, adição de sais minerais, desinfetantes, antibióticos, vitaminas. Agentes de fermentação- Inoculação de leveduras previamente multiplicadas por técnica própria, em mosto de crescimento. Fermento na forma líquida adicionado aos mostos na proporção de 10 a 20% do volume total. Prática da fermentação do caldo de cana- A fermentação do caldo de cana para a produção de aguardente é uma fermentação primordialmente alcoólica, que inicia no momento em que o inóculo entra em contato com o mosto conveniente preparado 7 3-FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: CERVEJA A legislação brasileira define a cerveja como sendo a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo de malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo. O malte de cevada e o lúpulo usados na elaboração de cerveja poderão ser substituídos por seus respectivos extratos. Parte do malte de cevada poderá ser substituída por cereais maltados ou não, e por carboidratos de origem vegetal transformados ou não. Classificação da cerveja: I-Quanto ao extrato primitivo: Cerveja leve, cerveja comum, cerveja extra, cerveja forte. II- Quanto à cor: Cerveja clara, cerveja escura. III- Quanto ao teor alcoólico: Cerveja com álcool, cerveja com álcool. IV- Quanto à proporção de malte de cevada: Cerveja puro malte ( cem por cento de malte de cevada em peso), Cerveja, (aquela que possuir proporção de malte de cevada maior ou igual a cinquenta por cento) e Cerveja com o nome de vegetal predominante( aquele que possuir proporção de malte de cevada maior do que vinte e menor do que cinquenta por cento). V- Quanto à fermentação: de baixa fermentação e de alta fermentação. A cevada é uma gramínea da espécie Hordeum vulgare L., o grão de cevada é constituído basicamente por uma casca externa, endosperma amiláceo e germe. A casca constitui uma proteção externa para o grão, é constituído de material celulósico. O endosperma amiláceo é o tecido de reserva, que se acumula na forma de grânulos no interior de suas células. O malte é o produto da germinação controlada das sementes de cevada para emprego industrial, utilizado na fabricação de cerveja, uísques, farináceos e outros produtos alimentícios. A finalidade fundamental da maltagem é elevar o conteúdo enzimático dos grãos de cevada, através da síntese de amilases, proteases, glucanases, essas enzimas, catalisarão as reações de quebra das macromoléculas. O lúpulo (Humulos lupulus) é uma planta dióica, isto é, apresenta flores masculina e feminina em indivíduos diferentes. O interesse industrial recai sobre a planta feminina, mais precisamente sobre as flores na forma de cone e os frutos delas resultantes. O lúpulo, além de conferir aroma e amargor, apresenta ação antisséptica, pois os ácidos isoalfa são bacteriostáticos; contribui, também, para a estabilidade do sabor e da espuma de cerveja. As leveduras são fungos, apresentam-se normalmente sob a forma unicelular, e reproduzem-se por brotamento. As leveduras utilizadas na produção de cerveja pertencem à espécie Saccharomyces cerevisae. A seleção da levedura compreende basicamente as seguintes características: A levedura deve produzir cerveja de sabor e odor agradáveis. Mas, essa questão não é tão simples, pois sabor e odor são conferidos não só pela atividade da levedura, mas pela matéria- prima e pelas técnicas de processamento; Segundo, espera-se que o fermento aumente de massa de 3 a 5 vezes a fermentação. Crescimento menor causa problemas operacionais na condução do processo fermentativo, enquanto que a taxa maior de multiplicação indica que carboidrato do mosto, que deveria ser transformado em álcool, está sendo usado na produção de biomassa; Terceiro, a habilidade da 8 levedura flocular ou não, e se os flocos formados sobem ao topo ou decantam na base do fermentador, determina o tipo de de fermentação. Quanto ao cultivo temos: O cultivo puro e misto O cultivo puro de raças é conseguido mediante o isolamento de uma única célula de levedura, que é propagada vegetativamente até alcançar a quantidade necessária para a inoculação do mosto em nível industrial(usado na produção de cerveja “lager” de forma quase universal). Os cultivos mistos da fermentação alta são menos sujeitos à infecção , e tendem a permanecer mais uniformes de uma geração para outra, em relação aos puros. Leveduras selvagens São as leveduras não cervejeiras encontradas nas cervejarias. As leveduras podem causar defeitos, como a formação de película na superfície da cerveja, produção de turbidez, desenvolvimento de odor e sabor estranhos e fermentação com desvio de atenuação. O gênero Saccharomyces é o mais importante. Cerca de 80% das leveduras selvagens pertencem a este gênero. Essas leveduras selvagens podem ser detectadas por exame microscópico, por provas de resistência térmica, esporulação, fermentação de açúcares, sorológicas, etc. Bactérias contaminantes As bactérias contaminantes da cerveja infeccionam tanto o mosto quanto a cerveja. Tal como as leveduras selvagens, as bactérias contaminantes frequentemente causam turbidez e anormalidade no sabor e odor da cerveja. As bactérias láticas, são as principais causadoras de deterioração de cerveja. Dois gêneros são particularmente importantes em cervejarias: Lactobacillus, cujas células apresentam forma de bastonete; Pediococcus, que apresentam células esféricas. Essas bactérias ao infeccionar a cerveja, produzem metabólitos indesejáveis, tais como o precursor da molécula de diacetil, substância cetona que causa um desagradável odor manteigoso na bebida. Processamento O processamento industrial da cerveja pode ser dividido em três fases: *Produção de mosto: envolve a moagem do malte, mosturação, filtração, fervura e clarificação. Nas cervejarias onde há silos, o malte antes de ser moído passa por uma peneira, associada a um sistema de exaustão, que promove a separação de pedras, sementes estas, pó, etc; e por fim, o malte é pesado em balanças, e enviado a moagem. *Processo fermentativo: subdividido em fermentação e maturação. As leveduras cervejeiras podem catabolizar açúcares, sob condições de anaerobiose elas fermentam uma molécula simples de açúcar, glicose por exemplo, produzindo duas moléculas de etanol, duas de gás carbônico e energia. * Acabamento ou pós-tratamento da cerveja: envolve operação de filtração, carbonatação, modificação de aroma e sabor, estandardização de cor, pasteurização, etc. 9 4-FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: VINHO É uma bebida proveniente exclusivamente da fermentação alcoólica de uva madura e fresca ou suco de uva fresca ou suco de uva fresca. Vinhos elaborados com outras frutas devem obrigatoriamente, pela legislação serem rotulados com denominação vinho, acompanhado do nome da fruta que lhe deu origem. O vinho é um produto de transformação de matéria vegetal viva pelos microrganismos vivos. Dessa forma a sua composição, bem como sua evolução, estão diretamente ligados aos fenômenos bioquímicos. O vinho apresenta extrema complexidade química que define o valor alimentar do vinho: provinda de células vivas contém, em quantidade diluída, elementos necessários à vida. Composição do vinho As principais substâncias que constituem o vinho são: açúcares, álcoois, ácidos orgânicos, sais de ácidos minerais e orgânicos, compostos fenólitos, substâncias nitrogenadas, pectinas, gomas e mucilagens, compostos voláteis e aromáticos, vitaminas e anidrido sulfuroso. O teor de açúcar da uva varia de 15 a 30% em função de vários fatores, tais como: o estágio de maturação, o clima, o solo e a variedade de uva. Os açúcares da uva são constitídos quase que exclusivamente de d-glicose e d-frutose, em proporções sensivelmente iguais no momento de plena maturação. Na fermentação sempre há um pouco mais de frutose do que a glicose: a relaçãode glicose/ frutose é ao redor de 0,95. *O álcool etílico é o constituinte mais importante do vinho, após a água, que representa cerca de 85 a 90% .O grau alcoólico de vinhos varia entre 9 a 15º GL, o álcool etílico representa de 72 a120g / L. *O glicerol é, após o álcool etílico, o constituinte do vinho mais importante, em proporção de 5 a 10 g/L. A glicerina é um álcool com três funções álcoois. Seu sabor adocicado, quase que igual ao de glicose, contribui para a maciez do vinho, mas não constitui o fator principal. *Os ácidos orgânicos de vinhos são: os provenientes da uva( d-tartárico, l-málico e l-cítrico); 2-metil-1-buranol; 3- metil-1- butanol; 1-pentanol e 1-hexanol. A acidez fixa no vinho é basicamente formada dos seguintes ácidos: tartárico, málico, lático, succínico e cítrico. As variedades de uva para elaboração de vinho podem ser divididas em categorias: Uvas para vinhos finos( Vitis vinfera) e uvas para vinhos comuns( Vitis vinifera, Vitis labrusca, Vitis bourquina e híbridos). As variedades de uvas da espécie Vitis vinifera produzem vinho fino de categoria superior, as uvas de variedade Vitis labrusca sendo mais rústica, são ciltivadas em escala comercial em todas as regiões vitícolas do Brasil. Os vinhos produzidos com essas uvasapresentam cheiro ou aroma pronunciado, o qual na enologia clássica denomina-se de “fosse” e é considerado um grande defeito no vinho. Variedades cultivadas no Brasil: Vitis vinifera- Tintas( Cabernet, Merlot, Cabernet Franc, Pinot Noir, Bonarda); Brancas( Riesling Renano, Riesling itálico Chardonnay, itálico). Vitis labrusca- Tintas( isabel, concord, tercy); Branca( niagra). 10 Vitis bourquina- Tintas( Hebermont e Jaques) Correções do mosto Essas correções possibilitam a obtenção de vinhos mais bem constituídos, mas jamais permitem compensar completamente as insuficiências de uma maturação. Quando a uva, por motivos climáticos, não atinge a maturação completa, efetua-se a correção do mosto com adição de açúcar(sacarose) ou com o mosto concentrado, ou ainda diminui-se a acidez por desacidificação. Por outro lado, quando a uva acusa acidez insuficiente, efetua-se acidificação com ácido tártarico. Na correção com o mosto concentrado, a mistura de mosto concentrado com mosto a corrigir deve ser a mais homogênea possível. A operação requer atenção, visto que se trata de dois líquidos de densidades diferentes. Na prática recomenda-se colocar o mosto concentrado na parte superior do mosto a corrigir, em fermentação e, em seguida, efetuar a remontagem de homogeneização com auxílio de uma bomba. Microbiologia do vinho Existe um grande número de espécies de leveduras que se diferenciam pelo seu aspecto, suas propriedades, sua forma de reprodução e também pela maneira de transformar açúcar. Sabe-se que existem cerca de doze gêneros de leveduras de vinho, cada um dividido em espécies. As leveduras apiculadas, como Kloeckera apiculata ou Hanseniaspora uvarum, são responsáveis pelo início e primeira fase de fermentação alcoólica até aproximadamente 4º a 5º GL. Os Saccharomyces invadem o meio muito rapidamente e nesse momento as leveduras iniciais desaparecem. Entre os Saccharomyces o poder alcoolgênico varia de 8º a 18º GL. Na fase final de uma fermentação alcoólica, as espécies dominantes são S. ellipsoideus e S. bayanus, sendo essa última a mais alcoógênica. Fermentação No processo de fermentação alcoólica de açúcares, os principais produtos, álcool e gás carbônico são produzidos em proporções equimolares. O mosto de uva apresenta proporções iguais de glicose e frutose, mas durante o processo de fermentação alcoólica com a espécie de levedura comumente empregada, Saccharomyces ellipsoideus, a glicose é fermentada mais rapidamente e a relação glicose/frutose decresce durante a fermentação. Clarificação de vinho Para o vinho apresentar limpidez, ele deve sofrer uma filtração, geralmente precedida de uma colagem. A colagem consiste na adição ao vinho de produtos clarificantes, capazes de coagular e formar flocos. Os flocos, ao sedimentar, arrastam as partículas da turbidez e clarificam o vinho. A filtração é uma técnica de clarificação do vinho, que consiste em passar o mesmo através de uma camada ou meio filtrante, com porosidade reduzida. Existem vários tipos de filtros para vinhos, todos eles baseados em adsorção ou tamisação. 11 REFERÊNCIA: SCHMIDELL, W. LIMA, U. A. AQUARONE, E. BORZANI, W. Biotecnologia industrial: volume 3:Processos fermentativos e enzimáticos. Editora Edgard Blücher LTDA. São Paulo-SP, 2001. SCHMIDELL, W. LIMA, U. A. AQUARONE, E. BORZANI, W. Biotecnologia industrial: volume 4: biotecnologia na produção de alimentos. Editora Edgard Blücher LTDA. São Paulo-SP, 2001.
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