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Termoterapia por adição de calor e por retirada de calor Professor Guilherme Araujo Calor ou Frio ? – Muitos, embora nem todos, os bene7cios clínicos produzidos pelo calor e pelo frio são similares. A seleção, contudo, se baseia em vários fatores que no momento poderão ser empíricos mas que são de grande importância Sheila Kitchen Estágio de inflamação – Geralmente, o frio é preferível durante o estágio agudo da inflamação para aliviar a dor, reduzir o sangramento e possivelmente reduzir a evolução do edema. – O calor, em contraste, pode exacerbar o processo inflamatório inicial. – Contudo, deve-se lembrar que o frio pode retardar o processo básico de regeneração. Sheila Kitchen Edema – O calor tende a aumentá-lo, especialmente nos estágios iniciais de inflamação e lesão. – O frio pode ajudar a limitar o edema Sheila Kitchen Extensibilidade do colágeno – Essa é mais provável de ser afetada de modo benéfico por um aumento na temperatura – O colágeno se torna mais rígido com o frio Sheila Kitchen Dor Dor – Tanto frio como calor podem ser usados para aliviar a dor. – O efeito do frio pode ser mais prolongado mas, em certas ocasiões, pode aumentar a dor. Sheila Kitchen Espasmo – Tanto calor como frio podem diminuir o espasmo muscular associado a lesões musculoesqueléPcas e irritação de raiz nervosa. – Do mesmo modo, ambos reduzem a espasPcidade decorrente de disfunção de neurônio motor superior, embora o calor faça isso por apenas um período curto de tempo; o frio é mais efePvo nessas circunstâncias, já que o retorno às temperaturas normais é mais demorado. Sheila Kitchen Contração muscular – O resfriamento moderado para aproximadamente 27°C leva a um aumento na habilidade do músculo de manter uma contração. – Parece haver um leve aumento na força de contração com o aumento da temperatura Sheila Kitchen Área a ser tratada – Em algumas pessoas, a aplicação de frio nas mãos e pés leva a desconforto considerável e essa pode ser então uma indicação para o uso de calor. Sheila Kitchen Técnicas de adição de calor Condução – A transferência de calor por condução ocorre apenas entre materiais que estiverem em diferentes temperaturas e em contato direto um com o outro Convecção – A transferência de calor por convecção ocorre entre materiais que esPverem em diferentes temperaturas e com a presença de fluidos (ar ou água) transferindo energia calórica. Conversão – A transferência de calor por conversão ocorre quando uma energia (sonora, eletromagnética, etc) se transforma em energia calórica ao passar pelos tecidos corporais. Radiação – A transferência de calor por radiação ocorre entre materiais que esPverem em diferentes temperaturas sem a necessidade de um meio interveniente ou de contato entre eles. Calor superficial – É o tratamento através da ação do agente terapêutico de forma localizada, e alcançando pouca profundidade (poucos milímetros) no segmento corporal, resultando em alteração térmica superficial. EFEITOS FISIOLÓGICOS: • Aumento da temperatura local; • Expansão dos tecidos; • Redução da viscosidade dos fluídos; • Promove a extensibilidade do colágeno; • Aumento do metabolismo ; • Diminuição da aPvidade do fuso muscular; • Aumento da aPvidade das glândulas sudoríparas; • Aumento do consumo de oxigênio; • Aumento da permeabilidade celular. EFEITOS TERAPÊUTICOS • Alívio do quadro de dor; • Relaxamento muscular; • Aumento do fluxo sangüíneo local; • Vasodilatação local – hiperemia; • Reparo dos tecidos; • Redução da rigidez articular - flexibilizante; • Melhora do retorno venoso e linfático; • Diminuição do espasmo muscular; • Favorece a defesa e imunidade. – Acima de 30 °C, os receptores de calor começam a ser estimulados, porém se continuarmos a elevar a temperatura, quando chegar entre 40°C e 45 °C, as fibras de dor começam a ser estimuladas pelo calor. – É provável que ocorram queimaduras acima desse nível Lehmann e de Lateur, 1990 CUIDADOS • Verificar a sensibilidade térmica; • Retirar os objetos metálicos da área a ser tratada; • Verificar a pele antes e depois da aplicação; • Adequar a temperatura e o tempo de aplicação; • Alertar sobre o risco de queimadura e eletrocussão. CONTRA-INDICAÇÕES • Áreas com alteração de sensibilidade térmica; • Traumas e quadros inflamatórios agudos; • Febre; – Áreas hemorrágicas; • Lesões de pele: feridas ou cortes; • Doenças dermatológicas; • Enxertos de pele recente § Implantes siliconizados Calor superficial – Compressas quentes – Bolsas térmicas – Banho de parafina – Infra vermelho Compressas quentes – Material: 1 toalha felpuda de tamanho médio, água quente em torno de 45 à 50°. Preparação do paciente: o local onde será aplicado a compressa deve estar desnudo, sem objetos metálicos como pulseiras, tornozeleiras. – O paciente deve estar confortavelmente posicionado. Técnica de aplicação: mergulhar a toalha em água quente, e logo em seguida rePrá-la. – Deve se fazer uma leve torcedura na toalha afim de rePrar o excesso de água. Se for conveniente, pode-se repePr o processo algumas vezes vezes. – Dobrar a toalha, para que fique num tamanho adequado com a área a ser tratada, e aplicar a compressa diretamente no local a ser tratado por 20 a 25 minutos. Compressas quentes – Considerações: a compressa tende a esfriar-se rapidamente pela troca calórica com o meio, portanto as compressas devem ser substituídas a cada 5 minutos, afim de manter a temperatura local, até o final do tempo estipulado para o tratamento. Bolsas térmicas Bolsas térmicas – São artefatos industriais encontradas em casas especializadas. – A bolsa de termogel é composta de uma substância capaz de absorver a energia calórica e de mantê-la por certo tempo (ex.: silicone), armazenada em uma bolsa plásPca resistente e lacrada. – A bolsa de água quente é um artefato feito de borracha, resistente, com um bocal em uma das extremidades, por onde é introduzida a água quente. – Ocorre elevação máxima da temperatura da pele e tecidos mais superficiais dentro de 6-8 minutos – O músculo subjacente responderá muito menos e mais lentamente e, a temperaturas toleráveis – Pode-se esperar que a temperatura muscular aumente cerca de 1°C a uma profundidade de 3 cm Técnica de aplicação – Bolsa de termogel: colocar a bolsa de termogel em um recipiente contendo água quente e deixá- lo até que a substância conPda no seu interior absorva a energia calórica. A bolsa de termogel é rePrada e o fisioterapeuta verifica se a temperatura esta adequada para a aplicação. Aplica-se a bolsa diretamente no local a ser tratado por 20 a 25 minutos. – Bolsa de água quente: disponibilizar água quente e colocar dentro da bolsa. Feche-a e aplique na área a ser tratada por 20 a 25 minutos. Hidroterapia Hidroterapia – Uso de água quente para aquecer o tecido é um modo efetivo de aumentar a temperatura, e tanto o turbilhão quanto a imersão em água parada podem ser usados para tratamento local – As temperaturas ficam geralmente entre 35 e 40°C TURBILHÃO – Aplicação de calor e frio EFEITOS: - Massageador - Sedação, analgesia e da circulação. Quente: relaxamento muscular - Trabalho térmico e táPl TURBILHÃO – Tempo de aplicação: Inicio: 5 a 10 minutos Progressão: 20 a 30 minutos – Frequência: 2 x ao dia – Temperatura: 35 º à 40º para áreas pequenas e 40 a 45ºC para áreas maiores. TURBILHÃO CUIDADOS: - Elevação ou diminuição da temperatura x área que esta sendo tratada ® hipotermia ou hipertermia. - A área tratada deve estar toda imersa. - Ferida aberta - Limpeza TURBILHÃO Indicações: - de ADM - Doenças reumáticas Fases Subagudas e crônicas. - Lesões de nervos periféricos TURBILHÃO – Contra-indicações: - Quadros agudos - Febre - Pacientes que necessitem de suporte postural. Calor profundo – Diatermia por ondas curtas – Diatermiapor ultra som Ondas curtas Ondas curtas – A diatermia por ondas curtas é a radiação não-ionizante da porção de frequência de rádio do espectro eletromagnético. – É usada por fisioterapeutas para enviar calor e energia para os tecidos situados profundamente. – As ondas curtas e também o micro-ondas tem preferência por tecidos ricos em íons. Ondas curtas – Os tecidos de maior condutividade são aqueles que possuem íons livres no caso músculos e sangue, portanto qualquer tecido bem vascularizado é um bom condutor, sendo o tecido adiposo o de menor condutividade causando isolamento. Ondas curtas – Ondas curtas é basicamente um transmissor de radio – A federal communications transmission(FCC) apontou 3 frequências para as unidades de diatermia por ondas curtas – 27,12 MHZ comprimento de ondas:11m – 13,56 MHZ comprimento de ondas:22m – 40,68MHZ comprimento de ondas: 7,5m (raramente utilizado) Ondas curtas – Energia eletromagnética de alta frequência (maior que 10MHZ), absorvida pelos tecidos – Uma unidade de diatermia por ondas curtas que gera corrente elétrica de alta frequência produz um campo elétrico e um campo magnético nos tecidos – A fricção causada pelo movimento dos ions (entre os ions e os tecidos ao redor) produz o efeito do aquecimento – Os ions livres dentro do campo de tratamento são atraídos para o pólo com carga oposta e repelidos do pólo com carga igual – A medida que o campo elétrico é criado nos tecidos biológicos, o tecido que oferece maior resistência ao fluxo de corrente tende a desenvolver maior calor – Tecidos com alto conteúdo de gordura tendem a isolar a passagem de um campo elétrico e também resistir a ele – Em razão da área relativamente grande afetada pela diatermia por ondas curtas, os efeitos desta forma da aquecimento profundo são mais duradouros que os originados pelo ultra som Ondas curtas – A diatermia pode ser liberada por: – Técnica de capacitância: Cria um campo elétrico mais forte do que o campo magnético e coloca o paciente dentro do circuito real de energia da máquina – Técnica de indução: Cria um campo magnético mais forte que o campo elétrico e não coloca o paciente diretamente no circuito da unidade Eletrodos – Durante a aplicação da diatermia por ondas curtas com a técnica de capacitância, os eletrodos podem ser dispostos de forma: – Longitudinal – Coplanar – Contraplanar Longitudinal – Os eletrodos são colocados nas extremidades dos membros, de forma que os tecidos estão na mesma linha de força, ou seja estão em paralelo. O ponto positivo desta técnica é a penetração mais efetiva do eletromagnetismo nos tecidos, pois a resistência oferecida pelos tecidos diminui. Coplanar – Ambos os eletrodos são dispostos na mesma face anatômica. Está técnica é considerada a mais superficial. Como inicialmente os tecidos são colocados em série, a resistência oferecida pelo tecido adiposo é muito grande produzindo um calor superficial. – O campo eletromagnético acompanha o caminho de menor resistência, através dos vasos sanguíneos que contém uma grande parte de íons. Se os eletrodos forem posicionados muito próximos entre si, o campo transitará diretamente entre os eletrodos, e não irá ocorrer o tratamento dos tecidos. Contraplanar – Nesta técnica os tecidos são colocados em série, pois os eletrodos estão em faces anatômicas opostas, porém na mesma direção. Estudos de Kebbel e Krause comprovaram que durante a aplicação transversal a produção de calor entre o tecido muscular e o tecido adiposo é de 1:10, também sendo comprovada uma elevada produção de calor entre a pele e o tecido adiposo subcutâneo. Aplicação – Continuo ou pulsado – Tempo de 10 a 30 minutos – Intensidade: calor suave Efeitos fisiológicos – Térmicos: – Aumento do metabolismo – Transpiração aumentada – Vasodilatação (hiperemia) – Relaxamento muscular – Aumento da permeabilidade celular – Aumento da extensibilidade dos tecidos Efeitos fisiológicos – Não Térmicos – Repolarização das células danificadas – Reativação da bomba de sódio e potássio, permitindo que a célula readquira o equilíbrio iônico normal Precauções – Equipamentos eletrônicos ou magnéticos devem ser removidos do campo (aparelhos auditivos, relógios, celular ...) – Nunca permitir que a pele entre em contato com a unidade de aquecimento (espaço de dois centímetros) – Sensação dolorosa profunda pode ser sintoma de superaquecimento – Terapeuta deve se afastar 1 metro da fonte de energia Indicações – Processos inflamatórios agudos (neste caso utilizar o modo pulsado) – Condições de lesão tecidual sub agudas ou crônicas – Áreas grandes e profundas que não podem ser aquecidas com eficácia por outros métodos Contra indicações – Áreas isquêmicas – Doença vascular periférica – Implantes de metal – Hemorragia – Tumor – Febre Contra indicações – Perda sensorial – Marca-passos cardíacos – Infecções – Placa epifisária de osso em crescimento – Gônadas – Olhos e rosto – Abdômen com dispositivo intra-uterino – Útero gravídico Crioterapia – A crioterapia é a aplicação de qualquer substância para remover o calor do corpo, resultando em diminuição da temperatura tecidual, para atingir objetivos preventivos ou terapêuticos . A EFICÁCIA DO RESFRIAMENTO E, CONSEQUENTEMENTE DOS SEUS EFEITOS FISIOLOGICOS DEPENDEM: – Do método e tempo de aplicação – Da temperatura inicial do gelo – Da profundidade da gordura subcutânea Efeitos fisiológicos – Efeitos analgésicos – Efeitos sobre o metabolismo e a circulação sanguínea – Efeitos sobre a velocidade de condução nervosa – Efeitos sobre o controle motor – Efeitos sobre a flexibilidade – Efeitos sobre a rigidez e a amplitude de movimento articular Efeitos analgésicos – A exposição ao frio pode aumentar a tolerância a dor por diminuir a velocidade de condução nervosa – É necessário resfriamento da pele para menos de 14,5 graus C – Temperatura entre 10 e 15 graus é a mais adequada para analgesia via crioimersão – A temperatura superficial da pele deve ser controlada Efeitos sobre o metabolismo e a circulação sanguínea – Tratamento de lesões agudas – Diminuição do metabolismo em até 50% com temperatura tecidual entre 11 e 15 graus – Vasoconstrição – Diminuição da permeabilidade dos vasos sanguíneos e linfáticos – Controle da formação de edema – Controle de formação de hematomas Efeitos sobre o metabolismo e a circulação sanguínea – Efeitos sistêmicos – Diminuição do debito cardíaco – Aumento da pressão arterial – Aumento da resistência periférica Efeitos sobre a velocidade de condução nervosa – Após 20 minutos de aplicação de gelo, redução de 30% da velocidade de condução nervosa, efeitos perduram por 30 minutos após retirada – Diminuição da dor – Diminuição de espasmo muscular – Massagem com gelo e aplicação de gelo superficial menos eficazes que a crioimersão Efeitos sobre o controle motor – Diminuição da força isométrica – Diminuição da velocidade de contração – Diminuição do recrutamento de fibras rápidas – Diminuição da resposta proprioceptiva Efeitos sobre a flexibilidade – Efeitos agudos são favorecidos com o uso da crioterapia previamente ao alongamento muscular estático – Efeitos crônicos não são favorecidos pelo uso de crioterapia previamente ao alongamento muscular Efeitos sobre a rigidez e a amplitude de movimento articular – Aumento da rigidez articular – Diminuição da extensibilidade do colágeno Métodos de aplicação da crioterapia – Compressas geladas, por meio de recipientes toalhas ou saco plástico com gelo picado – Compressas de gel – Compressas químicas – Imersão em agua e gelo – Massagem com gelo – Resfriamento termoelétrico – Spray químico Pacote de gelo – Utiliza-se gelo moído ou em escamas dentro de saco plástico aplicado sobre a pele – Após 20 minutos de aplicação de pacotede gelo o resfriamento se concentra na pele e até 3 cm abaixo da pele o que pode estar associado à diminuição de percepção da dor – Indicado para – alivio dor – Diminuição de espasmo – Contenção de edema Swenson e col. PRICE – Protection (proteção) – Rest (repouso) – Ice (gelo) – Compression (compressão) – Elevation (elevação) Crioimersão – A imersão em agua fria desencadeia a diminuição da temperatura da pele e dos tecidos superficiais após 5 minutos de utilização, onde a água apresenta temperatura de +5/+1 grau C, sendo o tempo médio de terapia de 10 a 15 minutos. – Muito utilizada para resfriamento de extremidades como mão tornozelo, pé ... no entanto é crescente o uso da imersão corporal para prevenção de dor muscular tardia Efeitos da crioimersão – Diminuição da hipertermia – Melhora da percepção subjetiva de recuperação pós- exercício – Analgesia – Redução da resposta inflamatória Armstrong e col. Massagem com gelo – Como procedimento o “ pilcolé de gelo” deve ser aplicado diretamente na pele, com movimentos de deslizamentos circulares ou longitudinais, que devem se sobrepor ao anterior. – Procedimento dura entre 7 e 10 minutos – Apresenta redução significativa dos scores de dor pós-exercício – Gulick e col. Bolsa de gel – O uso de bolsas de gel resfriadas ou congeladas é frequente pela sua fácil aplicação, principalmente entre leigos. – Observa-se que, após 5 minutos a temperatura da pele começa a diminuir no entanto os efeitos mais profundos são pouco evidenciados. – O principal problema da técnica é a sensação de queimação durante o uso. – Estudos demonstram significativa diferença na redução de temperatura da pele quando comparada à aplicação de pacote de gelo e a crioimersão Criospray – Modalidade de resfriamento local, que pode ser composto por fluormetano ou por cloreto de etila liquido – O cloreto de etila foi utilizado por muito tempo, no entanto por ser volátil e inflamável pode causar queda excessiva da temperatura da pele e causar efeito anestésico se inalado – O fluormetano passou a ser mais utilizado por não ser inflamável, no entanto sua produção é pouco estimulada por produzir danos à camada de ozônio Efeitos do criospray – Analgesia – Redução de espasmo muscular Aplicação de criospray – Distancia de 10 cm da pele – Inclinação de 30graus do spray – Aplicação por 3 segundos em cada região a ser tratada Cuidados – Não aplicar sobre ramo de nervo superficial – Nervo fíbular – Nervo ulnar – Lesões abertas – Hipertensos – Indivíduos com baixa sensibilidade ou baixa capacidade mental Contra-indicações – Doença de Raynaud e outros distúrbios vaso espásticos – Diabetes – Alterações ou doença do sistema imunológico – Doença reumatoide – Hipersensibilidade ao frio – Regiões anestesiadas