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DPOC: Definição, Fatores de Risco e Fisiopatologia

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Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
 
 
 
 Definição 
É uma doença pulmonar obstrutiva crônica, 
de caráter irreversível, causada por uma 
resposta inflamatória crônica, aumentada a 
determinados agentes. 
Paciente vai ter limitação do fluxo aéreo, 
alterações nas vias aéreas e nos alvéolos. 
 Epidemiologia 
A DPOC é a terceira causa mundial de 
morte no mundo. 
 Fatores de risco 
→ Tabagismo – principal fator de risco 
→ Fatores genéticos – deficiência de alfa-
1-antitripsina 
→ Idade avançada 
→ Mulheres 
→ Poluição domiciliar 
→ Prematuridade 
→ Desnutrição 
→ Hiperresponsividade brônquica – asma 
 
 Fisiopatologia 
 
 
 
 
Então vamos lá, o que acontece é que a 
fumaça do cigarro contém diversas 
substâncias tóxicas, e à medida que elas 
entram em contato com nosso trato 
respiratório e o epitélio alveolar, elas vão 
tá causando uma reação inflamatória. Ou 
seja, vão recrutar células inflamatórias ali 
naquele local. Aí, a gente vai ter, 
principalmente o recrutamento de 
neutrófilos, que chega com tudo, vai 
destruindo tudo, através da liberação de 
proteases, que são enzimas que vai 
degradar tudo que tiver pela frente. 
É claro que nosso organismo tem 
mecanismos de proteção, que são os 
inibidores da protease, que vão proteger a 
via respiratória daquela destruição 
causada. Só que, como estamos falando de 
uma exposição crônica a essa fumaça, 
esses inibidores da protease nem sempre 
vão dá conta de conter esse processo 
destrutivo. Aí, o que acontece é que a 
gente vai tendo cronicamente uma 
degradação da matriz extracelular, com 
destruição do tecido pulmonar, e isso vai 
gerar 2 consequências, que são a base da 
fisiopato: 
- Bronquite crônica: acometimento dos 
brônquios. 
 Acontece como já falei uma 
inflamação das VA do trato respiratório. 
Temos então, um brônquio inflamado, que 
sofre duas modificações, uma parede 
espessada, por conta do processo de 
reparo que tenta consertar o mal que os 
neutrófilos fizeram, e isso vai ter de 
consequência fechamento desse brônquio. 
E, além disso essa inflamação provocará 
Doença Obstrutiva Crônica 
Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
uma estimulação de glândulas brônquicas 
e por sua vez, maior secreção de muco. 
- Enfisema: acometimento dos alvéolos 
 Aqui a gente tem uma destruição do 
epitélio alveolar, e claro isso vai ter 
consequências para respiração do 
indivíduo. 
E para que a gente entenda as implicações 
desse enfisema, é bom lembrar um pouco 
a mecânica ventilatória. A gente sabe que 
no processo ventilatório, a gente tem uma 
expansão do alvéolo com consequente 
diminuição da pressão ali dentro, o que 
acaba atraindo o ar para dentro do alvéolo, 
processo esse com gasto de energia. Já o 
processo de expiração, passivo, que com o 
relaxamento do diafragma, nós temos a 
volta do alvéolo para seu formato anterior 
e com isso a expulsão do ar, essa volta para 
seu formato se dá às custas das fibras 
elásticas presentes. Aí, o que acontece no 
enfisema, é que com a destruição do 
parênquima, acontece também destruição 
das fibras elásticas e assim tem maior 
dificuldade para retrair o alvéolo. Aí 
teremos um paciente Hiperinsuflado, 
porque o ar consegue entrar, e devido ao 
seu aumento da resistência das vias aéreas, 
tem dificuldade de saída, levando a 
disfunção diafragmática e como 
consequência: 
Diminuição da força muscular, fadiga, 
diminui a reserva ventilatória, aumenta 
compensatório da ação dos músculos da 
caixa torácica e acessórios da respiração → 
Dispneia. 
 Quadro clínico 
→ Tosse (primeiramente de modo 
intermitente e a seguir passa a acontecer 
durante todo o dia) e expectoração. 
→ Dispneia progressiva – inicialmente aos 
grandes esforços, posteriormente aos 
médios e pequenos esforços. 
→ Sibilos 
 Diagnóstico Diferencial 
− Asma brônquica: é a doença com maior 
confusão diagnóstica. 
 o Início na infância; 
o Sintomas variáveis dia a dia, com 
predomínio noturno. 
o Podem estar presentes doenças alérgicas 
(eczema, rinite etc.). 
o Obstrução reversível de vias aéreas. 
o A boa resposta clínica ao uso de 
corticóide inalatório nestes pacientes 
confirma o diagnóstico de asma. 
o A inflamação das vias aéreas encontrada 
na bronquite obstrutiva crônica difere 
daquela observada na asma: enquanto na 
asma a inflamação é dependente de 
linfócitos T CD4, eosinófilos, basófilos e 
mastócitos, havendo pouca ou nenhuma 
fibrose; na bronquite a inflamação é 
dependente de linfócitos T CD8 
citotóxicos, macrófagos e neutrófilos, 
estimulando a fibrose das vias aéreas. 
Alguns casos de asma, contudo, podem 
evoluir com o fenômeno do 
remodelamento das vias aéreas, levando à 
obstrução crônica progressiva por 
mecanismo fibrogênico. Estes pacientes 
apresentam um quadro fisiopatológico 
muito semelhante ao da DPOC. 
 − Bronquiolites: os sintomas de tosse e 
dispnéia podem ser confundidos com os da 
DPOC. Pontos importantes para o 
diagnóstico: 
Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
o não-tabagista, dispneia de progressão 
mais acelerada do que na DPOC, encontro 
de padrão de mosaico (áreas hipodensas – 
áreas de aprisionamento aéreo) na 
tomografia de tórax de alta resolução, 
baixa prevalência, história previa de artrite 
reumatóide ou exposição ao tabaco. 
− Bronquiectasias: 
o Tosse, dispnéia, secreção 
abundante/purulento (infecção bacteriana) 
e cursar nas fases avançadas com 
hipoxemia e cor pulmonale. 
o Presença de baqueteamento digital 
o Crepitações grosseiras à ausculta 
pulmonar 
o Podem em alguns casos coexistir com a 
DPOC. 
 − Tuberculose: Achados sistêmicos: febre, 
perda de peso, adinamia. A pesquisa de 
BAAR no escarro e a radiografia de tórax 
(achados de opacidades centrolobulares 
com predomínio em campo superior) 
confirmam o diagnóstico. 
 − Insuficiência cardíaca congestiva: o 
exame físico com encontro de estertores 
finos em bases, aumento da área cardíaca 
e edema pulmonar no radiograma de 
tórax, exames complementares 
cardiológicos (eletro e ecocardiograma) e a 
espirometria (mostra ausência de 
obstrução) permitem o diagnóstico 
diferencial. 
 Diagnóstico 
A suspeita clínica da DPOC fundamenta-se na 
presença de sintomas respiratórios crônicos, 
principalmente a tosse seca ou produtiva e a 
dispneia, geralmente progressiva e aos esforços 
físicos, em indivíduo com idade igual ou 
superior a 40 anos e exposição a fatores de 
risco (tabagismo, fumaça de fogão à lenha e/ou 
outras partículas e fumaças tóxicas às vias 
aéreas). A espirometria (um elemento dentre 
as provas de função pulmonar) demonstrando 
obstrução ao fluxo aéreo, determinada por 
relação VEF1/CVF (volume expiratório forçado 
no primeiro segundo/capacidade vital forçada) 
pós-broncodilatador menor ou igual 0,7, não 
totalmente reversível e associada à 
sintomatologia compatível, confirma o 
diagnóstico da DPOC. Além de essencial ao 
diagnóstico a espirometria determina a 
gravidade da obstrução e é necessária para 
estadiamento da doença nos grupos de risco. 
Avaliação do Paciente 
→ Chegar gravidade do distúrbio 
obstrutivo 
→ Sintomas que apresenta 
→ Checar a frequência de exacerbações 
→ Presença de comorbidades 
 Classificação de Gravidade 
Existem agora duas etapas para o diagnóstico e 
tratamento da DPOC: 
Etapa 1: Espirometria – Utiliza-se o VEF1 como 
marcador de gravidade de obstrução. 
 
Etapa 2: Determinar a classificação GOLD “A-D” 
e subsequente tratamento farmacológico, 
através da avaliação dos sintomas e histórico 
de exacerbações (incluindo hospitalizações): 
 
 
 
Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
Explicando essa figura: 
- Paciente que tá no quadradinho A ou C é o 
sujeito que tem poucos sintomas. 
-Paciente que tá no quadradinho B ou D é o 
sujeito que cansa mais. 
- E pra saber quemtá na prateleira de baixo ou 
de cima: pelo número de exarcebações 
 * Quem teve 1 exacerbação, sem internação, 
é A ou B 
 * Quem teve 2 ou mais exacerbações, grave, 
que precisou está internado, é C ou D 
Após a classificação de gravidade, estratifica-
se a DPOC pela avaliação da dispneia 
 
mMRC 0: dispneia quando realizo exercícios 
físicos. 
mMRC 1: dispneia quando apresso o passo ou 
sobe ladeira. 
mMRC 2: preciso parar quando ando no meu 
passo, ando mais devagar que outras pessoas 
da minha idade 
mMRC 3:preciso parar muitas vezes devido a 
falta de ar quando ando perto de 100m 
mMRC 4: dispneia quando saio de casa ou 
preciso de ajudar pra me vestir, tomar banho. 
Exames complementares 
→ Radiografia e TC de tórax não tem finalidade 
de diagnóstico na DPOC – objetivam excluir 
outras doenças. 
→ A gasometria arterial é indicada em 
pacientes com DPOC que necessitam de 
internação, especialmente quando a saturação 
de oxigênio é menor que 90%. 
 - PaO2 < 60 mmHg e/ou PCO2 > 50 
mmHg: indicam insuficiência respiratória. 
 - PaO2 < 50 mmHg, PCO2> 70 mmHg e 
pH < 7,3 indicam episódio muito grave e 
ameaçador à vida. 
 → Níveis séricos de alfa1-AT: indicados em 
pacientes com DPOC com menos de cinquenta 
anos de idade, forte história familiar de DPOC, 
doença predominantemente em bases 
pulmonares e ausência de tabagismo (ativo e 
passivo). 
→ Outros exames complementares: indicados 
em situações especificas e podem mostrar 
alterações adicionais, como policitemia 
(hemograma), distúrbios eletroliticos 
(hiponatremia, hipocalemia) ou hiperglicemia. 
Podem também ajudar nos diagnósticos 
diferenciais, como troponinas (infarto), D-
dimero/duplex e TC helicoidal (embolia 
pulmonar). Um estudo recente sugere que 
embolia pulmonar possa estar presente em até 
20% dos casos. A procalcitonina pode auxiliar o 
diagnóstico de exacerbação 
 Plano Terapêutico 
→ Não farmacológico: Cessar tabagismo; 
Atividade física; Reabilitação pulmonar; 
Vacinação para influenza (anual) e pneumococo 
(5 anos); Oxigenoterapia domiciliar prolongada 
indicada em paciente com hipoxemia crônica e 
gasometria arterial: PaO2 <= 55mmHg em 
Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
repouso ou SatO2 <= 88%; PaO2 estiver entre 
56-59 mmHg com evidências de cor pulmonale 
ou policitemia. O período mínimo de uso diário 
é de 15h 
→Farmacológico: ver em lpi 
 DPOC Exacerbada 
se caracteriza pelo aumento dos sintomas 
respiratórios além da variação diária habitual, 
por mais de dois dias, com necessidade de 
medicações adicionais ao seu tratamento. Isso 
geralmente inclui uma mudança aguda em um 
ou mais dos seguintes sintomas cardinais. 
 
 Fisiopatologia 
A exacerbação é um evento complexo, 
geralmente associado ao aumento da 
inflamação nas vias aéreas, aumento da 
produção de muco e um marcado 
aprisionamento aéreo. Estas alterações 
contribuem para a piora da dispneia, que é o 
sintoma central durante a exacerbação. 
 Etiologia 
O primeiro passo durante a exacerbação é 
identificar a causa envolvida para, então, tratá-
la. As causas mais frequentes de exacerbação 
são infecções respiratórias, mudanças 
climáticas, exposições às fumaças e não 
aderência ao tratamento. 
As exacerbações infecciosas têm como agente 
viral mais comum o rinovírus, porém também 
ocorrem devido à influenza, parainfluenza, 
adenovírus, coronavírus e vírus sincicial 
respiratório. Exacerbações de causas virais 
tendem a ser sazonais (prevalente no inverno) 
e mais graves. 
As exacerbações bacterianas são mais 
comumente relacionadas a Streptococcus 
pneumoniae, Haemophilus influenzae e 
Moraxela catarrhalis. Pseudomonas aeruginosa 
é frequente em pacientes mais graves (VEF1 ≤ 
50%) ou com uso recente de antibióticos. 
Outros microrganismos também podem estar 
envolvidos como Chlamydia pneumoniae e 
Mycoplasma pneumoniae. As exacerbações 
bacterianas apresentam maior volume de 
expectoração e purulência do escarro. 
Na DPOC exacerbada, os sintomas duram em 
média de sete a dez dias, porém cerca de 20% 
dos pacientes podem não retornar aos seus 
sintomas basais após a oitava semana do início 
do tratamento. Assim, é bem estabelecido que 
uma exacerbação pode contribuir para 
progressão da doença, bem como, aumentar a 
susceptibilidade do paciente para um novo 
evento. 
Outros fatores associados com a elevação do 
risco de exacerbações agudas ou graves são: 
exacerbação prévia (principal fator de risco), 
doença do refluxo gastroesofágico, idade 
avançada, função pulmonar comprometida, 
aumento da razão entre o diâmetro da artéria 
pulmonar e a aorta (razão > 1), grande 
porcentagem de enfisema ou espessamento 
das vias aéreas mensurados pela TC de tórax e 
presença de bronquite crônica. 
Situações que podem mimetizar uma 
exacerbação aguda são: pneumonia, 
tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, 
isquemia cardíaca, arritmia e descompensação 
da insuficiência cardíaca. Para essas situações, 
deve-se tratar a doença associada para melhora 
clínica. 
Abordagem ao paciente com DPOC 
exacerbada 
→ Identificar causa da exacerbação - avaliar 
pródomos e fazer história clinica detalhada → 
Definir comorbidades potencialmente graves e 
descompensadas → Solicitar laboratório 
conforme a suspeita → RX de tórax para avaliar 
Anne Caroline Maltez – Mód Dispneia 
 
estigmas de DPOC ou doenças 
parenquimatosas 
OBS: EXPECTORAÇÃO: 
* Mucoide ou esbranquiçada - etiologia viral 
* Purulento/amarelada/esverdeada - etiologia 
bacteriana 
Definição do local de tratamento 
Os pacientes com exacerbação podem ser 
tratados em nível ambulatorial, hospitalar ou 
em terapia intensiva. 
→TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
-- OXIGENOTERAPIA: Titular a oferta de 
oxigênio com meta de saturação periférica de 
oxigênio entre 88 e 92%. 
-- VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA (VNI): Deve ser 
tentada antes da ventilação invasiva em 
paciente com insuficiência respiratória aguda 
devido a exacerbação da DPOC, desde que não 
apresente contraindicações. Sua taxa de 
sucesso é de cerca de 80%. A VNI melhora a 
oxigenação e a acidose respiratória, reduzindo 
o trabalho respiratório e a chance de 
intubação, diminuindo o tempo de internação e 
com impacto em melhora da sobrevida. 
-- VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA (VM): Em 
pacientes que falham na ventilação não 
invasiva como terapia inicial e recebem 
ventilação invasiva como terapia de resgate 
subsequente, o tempo de permanência 
hospitalar e a mortalidade são maiores. Os 
principais riscos envolvidos são o risco de 
pneumonia adquirida pelo ventilador 
(especialmente quando organismos 
multirresistentes são prevalentes), barotrauma 
e volutrauma. 
-- FISIOTERAPIA: para reabilitação deve ser 
indicada para todos os pacientes internados 
por exacerbação. 
→TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
As três classes de medicamentos mais 
comumente usadas nas exacerbações da DPOC 
são broncodilatadores, corticosteroides e 
antibióticos.

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