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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Psiquiatria TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Definição: A ansiedade é definida como a resposta normal e adaptativa de proteção a diferentes ameaças. A ansiedade representa sinal/sintoma de alerta quanto à presença de perigo iminente, capacitando o indivíduo a enfrentar diferentes ameaças. A ansiedade caracteriza-se por manifestação de sintomas físicos, tais como taquicardia, sudorese, tremores, tensão muscular, dor torácica, aumento da motilidade do trato gastrointestinal (diarreia) e cefaleia, em resposta a ameaça desconhecida. A ansiedade deve ser diferenciada do medo. O medo é definido como a resposta a ameaça conhecida, definida. A ansiedade é definida como a resposta a ameaça desconhecida, vaga, ou a resposta antecipada a ameaça futura. As funções fisiológicas da ansiedade são diminuir a prática de ações impulsivas, aumentar o grau de vigília, aumentar a capacidade de agir em situações de estresse, etc. A ansiedade é uma resposta normal e adaptativa de autoproteção do organismo contra diferentes ameaças, físicas ou psicológicas. Em geral, as reações de ansiedade são naturais e autolimitadas, não necessitando de tratamento. Entretanto, a ansiedade exagerada, que causa prejuízo significativo ao indivíduo, é considerada patológica, necessitando de tratamento adequado. Os indivíduos podem ser classificados quanto ao grau de ansiedade em: - Baixos traços de ansiedade. - Altos traços de ansiedade. - Ansiedade subclínica: não preenche critérios suficientes para confirmar o diagnóstico de transtorno de ansiedade, mas pode haver benefício com o tratamento. - Transtorno de ansiedade: preenche critérios diagnósticos e tem indicação de tratamento. Os transtornos de ansiedade representam o transtorno psiquiátrico mais prevalente no Brasil e no mundo. Os sintomas ansiosos são a principal queixa nos ambulatórios de psiquiatria. Aproximadamente 25% da população preenche critérios diagnósticos para transtorno de ansiedade. A ansiedade é mais comum em mulheres e em indivíduos de menor nível socioeconômico. Os transtornos de ansiedade frequentemente associam-se a comorbidades, como doença cardiovascular, HAS, DM e doença inflamatória intestinal (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa). Classificação: O DSM-5, diferentemente do DSM-4, excluiu o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e os transtornos relacionados ao estresse (transtorno de estresse agudo e transtorno de estresse pós-traumático) do grupo dos transtornos de ansiedade. Os transtornos de ansiedade classificam-se, segundo o DSM-5, em: - Transtorno de ansiedade de separação. - Mutismo seletivo. - Fobia específica. - Transtorno de ansiedade social ou fobia social. - Agorafobia. - Transtorno de pânico. - Transtorno de ansiedade generalizada. - Transtorno de ansiedade induzido por medicamento ou substância. - Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. Transtorno de Ansiedade de Separação: O transtorno de ansiedade de separação apresenta prevalência de aproximadamente 1-2% em adultos e de 4% em crianças nos EUA. A ansiedade de separação representa o transtorno de ansiedade mais comum em crianças < 12 anos de idade, com frequência equivalente em ambos os sexos. Em adultos, o transtorno de ansiedade de separação é mais prevalente em mulheres. 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Os principais diagnósticos diferenciais do transtorno de ansiedade de separação são: - Transtorno de ansiedade generalizada. - Transtorno de pânico. - Transtorno de ansiedade social (fobia social). - Agorafobia. - Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). - Transtorno bipolar e transtorno depressivo. - Transtornos psicóticos. - Transtorno desafiador opositor (TOD). - Transtorno de conduta. - Luto. O tratamento do transtorno de ansiedade de separação baseia-se em farmacoterapia + psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). A farmacoterapia baseia- se em uso de antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) ou de inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Os antidepressivos de primeira escolha, com segurança para uso em crianças e adolescentes, são os ISRS: - Escitalopram. - Fluoxetina. - Fluvoxamina. - Sertralina. Mutismo Seletivo: O mutismo seletivo é um transtorno raro, que manifesta-se mais comumente em crianças do que em adolescentes e adultos, com prevalência < 1% nos EUA. Os principais diagnósticos diferenciais do mutismo seletivo são: - Transtornos da comunicação. - Transtornos do neurodesenvolvimento (autismo, retardo mental). - Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. - Transtorno de ansiedade social (fobia social). 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 O tratamento do mutismo seletivo baseia-se em farmacoterapia (ISRS ou IRSN) + psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). Fobia Específica: A fobia específica é definida como o medo excessivo, persistente e recorrente de determinado objeto ou situação, que desencadeia forte reação de ansiedade, associada à ausência de causa para desencadear reação tão exagerada a determinado objeto ou situação. A pessoa que apresenta fobia específica não tem história de ameaça ou trauma associado à exposição a determinado objeto ou situação, diferentemente do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). A prevalência da fobia específica é de aproximadamente 5-10% nos EUA, com maior frequência em adolescentes e adultos jovens e menor frequência em idosos. A fobia específica manifesta-se mais comumente em mulheres (2:1). A fobia específica comumente manifesta-se em associação a outros transtornos de ansiedade, a transtornos de humor (bipolaridade e depressão) e a transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. Os principais tipos de fobias específicas são: - Acrofobia: medo de altura. - Agorafobia: medo de espaços abertos. - Hidrofobia: medo de água. - Claustrofobia: medo de espaços fechados. - Cinofobia: medo de cães. - Ailurofobia: medo de gatos. - Misofobia: medo de germes e de sujeira. 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Pirofobia: medo de fogo. - Xenofobia: medo de estranhos. - Zoofobia: medo de animais. A idade média de início da fobia específica é de 10 anos. As fobias de ambiente natural, de animais e de sangue, injeção e ferimentos apresentam maior incidência na infância, enquanto as fobias situacionais apresentam maior incidência na vida adulta. O curso da doença é desconhecido, pois os pacientes raramente procuram atendimento médico. Entretanto, diferentemente dos outros transtornos de ansiedade, a fobia específica apresenta gravidade constante ao longo do tempo. Os principais diagnósticos diferenciais da fobia específica são: - Agorafobia. - Transtorno de ansiedade social (fobia social). - Transtorno de ansiedade de separação. - Transtorno de pânico. - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). - Transtorno de estresse agudo. - Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). - Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. O tratamento de primeira linha da fobia específica baseia-se em psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental). A farmacoterapia representa apenas tratamento adjuvante à psicoterapia. As principais alternativas de tratamento farmacológico da fobia específica são: - Tratamento Agudo: β-bloqueadores (propranolol) e benzodiazepínicos. - Tratamento Crônico: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e antidepressivos tricíclicos (ADT). Agorafobia: Antigamente, a agorafobia era definida como o medo de estar em espaços abertos ou em meio a multidão. Entretanto,atualmente, a agorafobia é definida como o transtorno caracterizado por ansiedade em relação a espaços nos quais a fuga é difícil, compreendendo tanto espaços abertos quanto espaços fechados, como cinema, 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 teatro, avião, ônibus, trem, etc. A agorafobia também caracteriza-se por ansiedade ou medo de sair de casa e/ou de estar em espaços com muitas pessoas, como filas, shows, etc. A agorafobia, em geral, associa- se a maior incapacidade que as outras fobias e quase sempre desenvolve-se como complicação do transtorno de pânico, apresentando prevalência de aproximadamente 2-6% na população, com pico de incidência entre o final da adolescência e o início da idade adulta. A agorafobia geralmente é secundária ao transtorno de pânico, apresentando curso crônico e persistente, sem remissão dos sintomas, exceto em casos de tratamento. A doença associa-se a incapacidade significativa, pois a maioria dos pacientes permanecem isolados em casa e sem condições de estudar/trabalhar devido aos sintomas de ansiedade. Além do transtorno de pânico, a agorafobia também pode manifestar-se em associação a outros transtornos psiquiátricos, como transtorno de ansiedade social (fobia social), fobias específicas, TEPT, transtornos depressivos e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. Os principais diagnósticos diferenciais da agorafobia são: - Transtorno de pânico. - Transtorno de ansiedade de separação. - Transtorno de ansiedade social (fobia social). - Fobia específica. - Transtorno de estresse agudo e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). - Transtornos depressivos. O tratamento da agorafobia baseia-se em farmacoterapia (benzodiazepínicos, ISRS ou IRSN) + psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). Transtorno de Ansiedade Social: O transtorno de ansiedade social, também denominado fobia social, caracteriza-se por ansiedade ou medo excessivo associados a situações sociais em que o indivíduo é possivelmente avaliado por outras pessoas. O indivíduo tem medo de demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente por outras pessoas, evitando situações sociais, tais como falar em público, conversar com pessoas que não são amigos ou familiares próximos, etc. 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 O transtorno de ansiedade social apresenta prevalência de aproximadamente 2-12% e geralmente inicia-se durante a adolescência (8-15 anos de idade), sendo mais comum no sexo masculino. Os adolescentes que desenvolvem fobia social geralmente apresentam história de inibição social e timidez durante a infância. O transtorno de ansiedade social associa-se a importante incapacidade, com diminuição da produtividade na escola, na faculdade ou no trabalho, e a importante prejuízo social, sendo comum em indivíduos solteiros. As principais comorbidades associadas ao transtorno de ansiedade social são outros transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, como alcoolismo. Os principais diagnósticos diferenciais do transtorno de ansiedade social são: - Timidez normal. - Agorafobia e fobia específica. - Transtorno de pânico. - Transtorno de ansiedade generalizada. - Mutismo seletivo. - Transtorno depressivo maior. - Transtorno dismórfico corporal. - Transtorno do espectro autista. 7 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 O tratamento do transtorno de ansiedade social baseia-se em farmacoterapia (benzodiazepínicos, ISRS ou IRSN) + psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). Transtorno de Pânico: O transtorno de pânico caracteriza-se por recorrência de crises de ansiedade abruptas, intensas e inesperadas com duração de aproximadamente 10 minutos caracterizadas por taquicardia, sudorese, tontura, dor ou desconforto torácico, náuseas, dor ou desconforto abdominal, sensação de falta de ar ou sufocamento, sensação de morte ou de perda de controle, etc. Os ataques de pânico geralmente manifestam-se na ausência de qualquer situação que causa ameaça real ao indivíduo. O transtorno de pânico apresenta prevalência de 1-4% na população, sendo mais comum em mulheres do que em homens. O transtorno de pânico geralmente inicia-se em adultos jovens (20-24 anos de idade). A maioria dos pacientes com transtorno de pânico apresentam outros transtornos psiquiátricos concomitantes, como outros transtornos de ansiedade, transtorno depressivo e transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, resultando em significativa incapacidade. Acredita-se que o transtorno de pânico seja causado por regulação anormal das vias noradrenérgica e serotoninérgica no SNC, hiperestimulação do sistema nervoso autônomo simpático (tônus simpático), hipersensibilidade de receptores serotoninérgicos (5-HT) em neurônios pós- sinápticos, diminuição da resposta ao neurotransmissor inibitório GABA, etc. O ataque de pânico deve ser diferenciado do transtorno de pânico. O ataque de pânico caracteriza-se por período abrupto de sintomas agudos de ansiedade com duração de minutos até horas, diferentemente do transtorno de pânico, que caracteriza-se por ataques de pânico recorrentes e/ou por período de sintomas ansiosos menos intensos que manifestam-se entre os ataques. O transtorno de pânico geralmente apresenta curso crônico e variável, com períodos com ataques de pânico e sintomas intensos alternados por períodos com sintomas leves ou até mesmo assintomáticos. Os principais diagnósticos diferenciais do ataque de pânico e do transtorno de pânico são: - Outros transtornos de ansiedade: → Transtorno de ansiedade induzido por medicamento ou substância. → Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. - Transtornos psicóticos. - Síndrome de abstinência de substâncias psicoativas (ex. álcool). - Intoxicação por drogas ou substâncias psicoativas (ex. anfetaminas, cocaína, β2- agonistas). - Doenças cardiovasculares: arritmias cardíacas, angina estável, síndrome coronariana aguda, emergência ou urgência hipertensiva, insuficiência cardíaca descompensada, prolapso de valva mitral. - Anemia. - Doenças pulmonares: asma, DPOC descompensada, embolia pulmonar. - Doenças neurológicas: AVC, AIT, epilepsia, migrânea, meningite, encefalite, neoplasia. - Doenças endócrinas: hipertireoidismo, feocromocitoma, hiperglicemia, hipoglicemia, síndrome de Cushing, síndrome pré-menstrual. - Anafilaxia. - Infecções sistêmicas. - Distúrbios hidroeletrolíticos. - LES. - Amonemia ou uremia. - Intoxicação por metais pesados. O tratamento do transtorno de pânico baseia- se em farmacoterapia + psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental). As principais alternativas de tratamento farmacológico do transtorno de pânico são: - Tratamento Agudo: benzodiazepínicos. - Tratamento Crônico: ISRS ou IRSN. 8 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Transtorno de Ansiedade Generalizada: O transtorno de ansiedade generalizada é definido como a ansiedade ou a preocupação excessiva com diferentes atividades e situações do cotidiano. A ansiedade deve estar presente na maior parte do dia e na maioria dos dias por, no mínimo, 6 meses. O transtorno de ansiedade generalizada apresenta prevalência de aproximadamente 10% nos EUA, representando o tipo mais comum de transtorno de ansiedade. Para o diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada, antes deve-se excluir o diagnóstico de outros transtornos de ansiedade, como fobia social e transtorno de pânico. O transtorno de ansiedade generalizada é mais frequente em mulheres do que em homens e geralmente inicia-se em adultos jovens (30 anos de idade), mas também pode manifestar-se mais cedo, ainda durante a adolescência. O tema das preocupaçõesvaria quanto à faixa etária do paciente. Em adolescentes, há maior ansiedade em relação ao desempenho em atividades escolares e/ou esportivas. Em adultos, há maior ansiedade em relação ao desempenho no trabalho e ao bem-estar da família. O transtorno de ansiedade generalizada apresenta curso crônico, com períodos de ansiedade/preocupação mais intensa alternados por períodos assintomáticos. O transtorno de ansiedade generalizada geralmente prejudica a capacidade do indivíduo de realizar suas atividades de forma rápida e eficiente, seja em casa, na escola/faculdade ou no trabalho, resultando em prejuízo funcional importante do paciente. As principais comorbidades associadas ao transtorno de ansiedade generalizada são transtorno depressivo e outros transtornos de ansiedade. Os principais diagnósticos diferenciais do transtorno de ansiedade generalizada são: - Transtorno de ansiedade induzido por medicamento ou substância. - Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica. - Transtorno de ansiedade social (fobia social). 9 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). - Transtorno depressivo. - Transtorno afetivo bipolar. O tratamento do transtorno de ansiedade generalizada baseia-se em farmacoterapia (ISRS ou IRSN) + psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental). Transtorno de ansiedade induzido por medicamento ou substância: As principais substâncias responsáveis por causar sintomas de ansiedade são: - Álcool. - Cafeína. - Cannabis (maconha). - Alucinógenos. - Anfetaminas. - Sedativos/Hipnóticos. - Cocaína. - Opioides. Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica: As principais doenças responsáveis por causar sintomas de ansiedade são: - Hipertireoidismo. - Feocromocitoma. - Hipoglicemia. - Síndrome de Cushing. - Embolia pulmonar. - Insuficiência cardíaca descompensada. - Arritmias cardíacas. - Asma. - DPOC descompensada. 10 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Tratamento: O tratamento dos transtornos de ansiedade baseia-se em associação de farmacoterapia + psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). O tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade baseia-se em: - Tratamento Agudo: benzodiazepínicos de ação rápida (alprazolam e lorazepam) e eventualmente benzodiazepínicos de ação longa (clonazepam e diazepam); os benzodiazepínicos, em geral, devem ser utilizados por, no máximo, 4 semanas, não sendo recomendados para o tratamento crônico dos transtornos de ansiedade, devido ao risco de dependência. - Tratamento Crônico: → Primeira Escolha: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina e sertralina. → Segunda Escolha: inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), como venlafaxina e desvenlafaxina. → Terceira Escolha: antidepressivos tricíclicos (ADT), como clomipramina e imipramina. Recomenda-se iniciar o antidepressivo em doses baixas, com aumento gradual da dose até alcançar a dose terapêutica, pois, nos primeiros 14-21 dias de tratamento, pode haver piora dos sintomas de ansiedade até que ocorra a infrarregulação dos receptores serotoninérgicos e noradrenérgicos no SNC para o início do efeito ansiolítico. Por exemplo, quando prescreve-se o uso de sertralina, deve-se iniciar com dose de 12,5- 25 mg/dia por 4-8 dias e, posteriormente, aumentando para 50 mg/dia (dose máxima de 200 mg/dia). A buspirona (Ansitec), ansiolítico não benzodiazepínico, apesar de ser muito prescrita por médicos clínicos, não apresenta eficácia significativa para o tratamento da ansiedade. O tratamento farmacológico dos transtornos de ansiedade geralmente é recomendado por período de 1-2 anos, podendo ser realizado diminuição gradual da dose até suspensão do antidepressivo em pacientes assintomáticos. Recomenda-se que os sintomas residuais sejam tratados por meio de psicoterapia (terapia cognitivo- comportamental). Os pacientes com transtorno de ansiedade associado à presença de transtorno afetivo bipolar têm contraindicação ao uso de antidepressivos (ISRS, IRSN e ADT), devido ao risco de virada maníaca. Nestes casos, recomenda-se o uso de drogas alternativas, tais como gabapentina, pregabalina ou quetiapina. Os pacientes com transtorno de ansiedade associado à presença de dor crônica têm benefício com o uso de IRSN, tais como duloxetina e venlafaxina, e de anticonvulsivantes, tais como gabapentina e pregabalina.
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