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Resumo Completo Princípios Básicos da Cirurgia Oncológica

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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
Cirurgia Oncológica 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CIRURGIA 
ONCOLÓGICA 
Introdução: 
Todo câncer é genético. Entretanto, nem 
todo câncer é hereditário. Aproximadamente 
90% dos casos de câncer são esporádicos, 
ou seja, não estão associados a mutações 
genéticas herdadas (história familiar 
negativa). O principal fator de risco para o 
desenvolvimento de câncer esporádico é a 
idade. Aproximadamente 10% dos casos de 
câncer são hereditários, ou seja, estão 
associados a mutações genéticas herdadas 
(história familiar positiva) e geralmente 
acometem indivíduos mais jovens. 
Os principais fatores de risco ambientais 
associados ao desenvolvimento de câncer 
são: 
- Tabagismo. 
- Fatores dietéticos. 
- Fatores infecciosos (HPV e câncer de colo 
de útero, hepatite B e hepatocarcinoma). 
Atualmente, o câncer representa a segunda 
maior causa de morte no mundo. Acredita-se 
que, em breve, o câncer será a principal 
causa de morte no mundo, ultrapassando as 
taxas de mortalidade associadas às doenças 
cardiovasculares. 
Os tipos de câncer mais prevalentes em 
homens, segundo estimativas de 2020 do 
Instituto Nacional de Câncer (INCA), são: 
1 - Próstata 
2 - Cólon e reto 
3 - Pulmão 
4 - Estômago 
Os tipos de câncer mais prevalentes em 
mulheres, segundo estimativas de 2020 do 
Instituto Nacional de Câncer (INCA), são: 
1 - Mama 
2 - Cólon e reto 
3 - Colo de útero 
4 - Pulmão 
Os tipos de câncer associados à maior 
mortalidade em homens, segundo 
estimativas de 2020 do Instituto Nacional de 
Câncer (INCA), são: 
1 - Pulmão 
2 - Próstata 
3 - Cólon e reto 
4 - Estômago 
Os tipos de câncer associados à maior 
mortalidade em mulheres, segundo 
estimativas de 2020 do Instituto Nacional de 
Câncer (INCA), são: 
1 - Mama 
2 - Pulmão 
3 - Cólon e reto 
4 - Colo de útero 
Cirurgia Oncológica: 
Aproximadamente 90% dos pacientes com 
câncer necessitam de cirurgia em algum 
momento. A cirurgia oncológica apresenta 
papel no diagnóstico de tumores (biópsia e 
estudo anatomopatológico), no tratamento 
de tumores (ressecção cirúrgica) e no 
tratamento de complicações associadas ao 
câncer. Os objetivos da cirurgia no 
tratamento do câncer são: 
- Cura. 
- Aumento de sobrevida. 
- Melhora de qualidade de vida. 
 
Os principais fatores que influenciam o 
prognóstico do câncer são: 
- Estadiamento ao diagnóstico. 
- Características biológicas do tumor. 
 
2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
- Planejamento terapêutico. 
- Estado geral do paciente. 
Aproximadamente 90% dos tumores 
poderiam ser curados com diagnóstico 
precoce e tratamento correto. 
As principais causas de diagnóstico tardio 
do câncer são: 
- Ausência de sintomas em lesões precoces. 
- Ausência de informações sobre a doença. 
- Dificuldade de acesso ao sistema de saúde. 
- Despreparo dos profissionais de saúde. 
As principais consequências do 
diagnóstico tardio do câncer são: 
- Menores taxas de cura e de sobrevida. 
- Maiores taxas de morbimortalidade. 
- Aumento dos gastos com diagnóstico, 
estadiamento e, principalmente, tratamento. 
Diagnóstico e Estadiamento: 
As vias de disseminação do câncer são: 
- Continuidade: disseminação do câncer ao 
longo do mesmo órgão ou sistema (câncer 
gástrico que dissemina-se para esôfago 
distal). 
- Contiguidade: disseminação do câncer 
para estruturas e/ou órgãos adjacentes 
(câncer de reto que dissemina-se para 
bexiga urinária, útero e vagina). 
- Linfática: disseminação de células 
tumorais por meio da circulação linfática 
(metástases linfonodais). 
- Hematogênica: disseminação de células 
tumorais por meio da circulação sanguínea 
(metástases à distância). 
- Implantes: disseminação do câncer para 
estruturas e/ou órgãos distantes do tumor 
primário (metástases à distância). 
O diagnóstico definitivo do câncer depende 
da realização de biópsia e estudo 
anatomopatológico da neoplasia maligna. Os 
principais tipos de biópsia são: 
- Excisional: remoção cirúrgica completa do 
tumor; não deve comprometer o 
planejamento da cirurgia definitiva; no 
melanoma maligno, a biópsia deve ser 
sempre excisional, pois há necessidade de 
avaliar a profundidade da lesão. 
- Incisional: remoção cirúrgica de fragmento 
do tumor. 
- Biópsia por agulha grossa (core biopsy): 
remoção ambulatorial de fragmento do 
tumor; possibilita o diagnóstico 
anatomopatológico; o diagnóstico do câncer 
de mama pode ser realizado por meio de 
biópsia por agulha grossa (core biopsy) 
guiada por ecografia/ultrassonografia 
mamária. 
- Punção aspirativa por agulha fina 
(PAAF): possibilita o diagnóstico 
citopatológico; o rastreamento de neoplasias 
malignas de tireoide (nódulos de tireoide) é 
realizado por meio de punção aspirativa por 
agulha fina (PAAF) guiada por 
ecografia/ultrassonografia de tireoide. 
- Biópsia por congelação: remoção 
cirúrgica do tumor com congelação e biópsia 
transoperatória para avaliar presença ou 
ausência de margens livres. 
O que o patologista espera do cirurgião 
oncológico? 
- Informação clínica. 
- Amostra/material representativo. 
- Evitar áreas de hemorragia e/ou necrose 
tecidual. 
- Fixação adequada. 
- Material congelado. 
- Referência às margens. 
- Identificação dos linfonodos acometidos. 
O que o cirurgião oncológico espera do 
patologista? 
- Tamanho e extensão local do tumor. 
- Situação das margens de ressecção. 
- Tipo histológico. 
- Grau de malignidade. 
- Embolização vascular: vasos sanguíneos e 
vasos linfáticos. 
- Infiltração de nervos. 
- Situação de ploidia. 
- Imuno-histoquímica. 
O estadiamento do câncer depende da 
história natural da doença, do exame físico, 
dos exames complementares e do grau de 
 
3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
malignidade histológica do tumor. Os 
objetivos do estadiamento do câncer são 
auxiliar no planejamento terapêutico, indicar 
o prognóstico, auxiliar na avaliação dos 
resultados terapêuticos, facilitar o 
intercâmbio entre os centros de tratamento 
(oncologia clínica e oncologia cirúrgica) e 
auxiliar na pesquisa sobre câncer. 
O estadiamento do câncer baseia-se no 
sistema TNM. T refere-se ao tamanho do 
tumor primário, N refere-se à presença de 
acometimento linfonodal e M refere-se à 
presença de metástases à distância. Os 
estágios do câncer sempre variam de I-IV. O 
estadiamento do câncer classifica-se em: 
- Estadiamento clínico (cTNM): realizado 
por meio de exames de imagem (TC, RM, 
PET-TC) e de exames laboratoriais 
(marcadores tumorais). 
- Estadiamento cirúrgico (sTNM): realizado 
por meio de cirurgia de ressecção tumoral; 
classifica-se, quanto às margens de 
ressecção, em: 
→ R0: ressecção de todo o tumor primário; 
margens livres. 
→ R1: margens microscópicas. 
→ R2: margens macroscópicas. 
- Estadiamento patológico (pTNM): 
realizado por meio de exame 
anatomopatológico da amostra removida 
cirurgicamente. 
- Estadiamento após tratamento 
neoadjuvante (yTNM): estadiamento 
clínico, realizado por meio de exames de 
imagem e de exames laboratoriais. 
Cirurgia Oncológica: 
O objetivo da cirurgia oncológica curativa é a 
remoção do tumor primário com margens 
adequadas e, na maioria das vezes, com o 
máximo de drenagem linfática local e 
regional. 
Atualmente, 60% dos pacientes oncológicos 
são tratados cirurgicamente e a cirurgia 
oncológica é utilizada em 90% dos pacientes 
para o diagnóstico e para o estadiamento do 
câncer. 
Os principais cuidados de assepsia, 
importantes na cirurgia oncológica, são: 
- Proteção das bordas da ferida operatória. 
- Fixação de gazes, quando houver 
comprometimento da camada serosa. 
- Inventário centrípeto da cavidade 
peritoneal. 
- Oclusão da luz do órgão proximal e distal 
ao tumor. 
- Ligadura precoce dos pedículos vasculares. 
- Prevenção de compressão e de ruptura do 
tumor. 
- Obediência aos níveis clássicos de 
ressecção cirúrgica do tumor. 
- Lavagem do leito operatório após a 
ressecção cirúrgica do tumor. 
- Troca de luvas para o fechamento da feridaoperatória. 
- Evitar misturar materiais durante a cirurgia 
com o objetivo de prevenir a disseminação 
de células neoplásicas de um local para 
outro. 
Na cirurgia oncológica, também é importante 
compreender as diferenças entre 
operabilidade e ressecabilidade. A 
operabilidade do tumor depende das 
condições clínicas do paciente. A 
ressecabilidade do tumor depende da 
extensão local da lesão. 
A cirurgia oncológica classifica-se, quanto 
à finalidade, em: 
- Cirurgia para diagnóstico (biópsia). 
- Cirurgia para estadiamento. 
A cirurgia oncológica classifica-se, quanto 
à intenção, em: 
- Cirurgia curativa ou radical. 
- Cirurgia paliativa. 
- Cirurgia preventiva (realizada em pacientes 
portadores de mutação genética que 
aumenta o risco de desenvolvimento de 
câncer ao longo da vida). 
A cirurgia curativa ou radical caracteriza-
se por ressecção cirúrgica completa do 
tumor com margens adequadas associada à 
remoção da área de drenagem linfática local 
e regional, quando indicada. A cirurgia 
radical ampliada caracteriza-se por 
ressecção cirúrgica em monobloco de parte 
ou da totalidade de 1 ou mais órgãos e/ou 
estruturas macroscopicamente 
 
4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
comprometidos pelo tumor. A cirurgia 
citorredutora caracteriza-se por redução do 
volume do tumor primário ou dos tumores 
secundários (metástases), com o objetivo de 
aumentar a resposta à quimioterapia e/ou à 
radioterapia adjuvante. A cirurgia 
citorredutora é empregada como tratamento 
paliativo ou, às vezes, curativo em casos 
selecionados de carcinomatose peritoneal, 
que é definida como a presença de múltiplos 
focos tumorais disseminados ao longo de 
todo o peritônio parietal e/ou visceral, sendo 
comum em casos de tumor de ovário 
metastático. A citorredução baseia-se em 
ressecção do tumor primário, de vísceras e 
de superfícies peritoneais comprometidas 
por câncer. 
A cirurgia citorredutora pode ser associada à 
quimioterapia intraperitoneal 
hipertérmica (HIPEC) para o tratamento da 
carcinomatose peritoneal, pois a 
quimioterapia é administrada em altas 
concentrações, possibilitando a erradicação 
de células malignas livres no interior da 
cavidade peritoneal e de células mesoteliais 
e submesoteliais, já a hipertermia causa 
citotoxicidade e aumenta a permeabilidade 
intraperitoneal do agente quimioterápico. 
A cirurgia paliativa é indicada em casos de 
tumor primário irresecável, de ressecção 
incompleta do tumor primário e de doença 
metastática/tumor secundário irresecável. A 
cirurgia paliativa previne o desenvolvimento 
de complicações associadas à evolução da 
doença, viabiliza alternativas de tratamento, 
melhora a função e a qualidade de vida do 
paciente. O tratamento cirúrgico das 
metástases classifica-se em curativo e 
paliativo. O tratamento curativo, indicado 
quando o tumor primário está controlado, 
baseia-se em ressecção cirúrgica completa 
das metástases (tratamento cirúrgico 
curativo de metástase hepática de câncer 
colorretal), já o tratamento paliativo baseia-
se apenas em alívio dos sintomas 
associados à doença metastática e em 
melhora da qualidade de vida do paciente. 
A cirurgia de urgência previne a piora 
clínica e a morte associada a complicações 
do tumor primário ou de seu tratamento, tais 
como hemorragia, obstrução, perfuração e 
infecção. Outros tipos de cirurgia 
associadas ao tratamento oncológico são 
reconstrução, implante de cateteres para 
administração de drogas, cirurgia à laser, 
criocirurgia, cirurgia com radiofrequência, 
etc. 
Tratamento Multidisciplinar: 
Os objetivos do tratamento multidisciplinar 
(cirurgia + quimioterapia e/ou radioterapia) 
são: 
- Transformar tumores irressecáveis em 
tumores ressecáveis (quimioterapia e/ou 
radioterapia neoadjuvante). 
- Diminuir o risco de recorrência local e à 
distância. 
- Erradicar células neoplásicas circulantes, 
micrometástases e macrometástases. 
- Aumentar a taxa de cura e a sobrevida. 
- Melhorar a qualidade de vida. 
Avanços em Cirurgia Oncológica: 
- Evolução técnica. 
- Abordagem multidisciplinar (quimioterapia 
e radioterapia). 
- Imunoterapia. 
- Preservação de órgãos. 
- Melhores resultados estéticos e funcionais. 
- Aumento de sobrevida e de qualidade de 
vida.

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