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WEBCONFERÊNCIA 1
FUNDAMENTOS DA TEORIA 
LITERÁRIA
PROFA. LUCIANA FERNANDES
Noções Básicas de Literatura e Teoria 
Literária
O que é Literatura?
Debatendo o conceito:
• A literatura é manifestação cultural das mais importantes, já que por
meio dela o homem pode recriar a realidade e, pela imaginação, fazer
existir um mundo de infinitas possibilidades. A produção literária pode
seguir um estilo subjetivo de cada autor – que interpreta a realidade sob
o seu ponto de vista - , ou, então, pode ser determinada pela ótica de
uma sociedade de uma época.
• A literatura é sempre um convite à interpretação: assim como o autor faz
uma interpretação pessoal dos fatos de sua época, essa interpretação
também é permitida ao leitor. À medida que o leitor reconhece na
produção literária um mundo de possibilidades, isto é, diversas maneiras
de interpretar e reintepretar a realidade ao seu redor, a obra literária
ganha outros contornos que a enriquecem.
A Literatura e a 
vida social
• O texto literário está aberto a diferentes interpretações, pois a Literatura
é a arte da palavra, mas a nossa interpretação de uma obra pode estar
relacionada ao lugar que ocupamos social e historicamente.
• Essa possibilidade que temos de ressignificar os textos e nossas próprias
concepções quando lemos é um dos pontos que caracterizam a
literatura.
• A literatura também cria a recria a realidade. Embora possa ser
determinada pela cultura de determinada época, a literatura não precisa
ter um compromisso com a realidade.
A palavra como material artístico
• Literatura é a palavra usada para
se referir a textos escritos com
uma função estética.
• Como matéria-prima, o escritor
usa a palavra. As palavras, por sua
vez, fazem parte de um sistema
ordenado – a língua. A literatura
utiliza-se da língua, muitas vezes
subvertendo algumas de suas
regras e o sentido comum de
certas palavras.
Textos literários e não literários
• “Uma coisa é escrever como poeta, outra coisa como historiador: o
poeta pode contar ou cantar coisas não como, mas como deveriam ter
sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido,
mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que
seja.”
Cervantes
TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO
◼ Não deixa de ser informativo, mas abre
espaço para a ficção e para emoção.
◼ Expressa sentimentos.
◼ É subjetivo.
◼ Tem intenção estética
◼ Usa linguagem pessoal.
◼ Sugere, insinua, evoca e remete a algum
outro lugar, situação, emoção.
◼ Tem característica conotativa.
◼ É predominantemente informativo.
◼ É objetivo.
◼ Tem intenção mais imediata e utilitária.
◼ É uma comunicação fria e direta.
◼ Diz, afirma e declara.
◼ Tem característica denotativa.
Literatura, leitura e sociedade
AUTOR OBRA PÚBLICO
Teoria da Literatura: o que é e onde surgiu?
• A teoria literária nada mais é do quem um saber, um conhecimento que
se construiu a partir da transformação da literatura em um tema de
investigação.
• A contribuição dos gregos para pensar o fazer literário se deu com o
surgimento de duas disciplinas: a retórica e a poética.
• Mimeses é a imitação da realidade.
A mimesis de Platão: a imitação da 
imitação
MESA
A mimesis de Aristóteles
Em Aristóteles, mimesis é a representação artística – no caso, a imitação
propriamente dita. Assim, ao contrário de Platão, Aristóteles valoriza a arte como
representação do mundo. Em função disso, passa a ver o que hoje se chama de
“belas-artes” (literatura, escultura, música, retórica, pintura, etc.) como técnicas,
sendo a obra de arte pensada em conformidade com regras e procedimentos de
fabricação. O artista – aquele que domina uma determinada arte – segue essas
normas para atingir o fim a que a arte se destina.
A verossimilhança
Segundo Aristóteles, a representação deve sempre seguir certos critérios que a tornem
possível. Ou seja, seus efeitos precisam estar de acordo com os efeitos da realidade para
que ela possa, enfim, suscitar exatamente esses efeitos no espectador. Isso não significa
que uma obra deva sempre reproduzir o modo como as pessoas veem a realidade.
Significa, na verdade, que uma obra deve estabelecer com a realidade uma relação de
lógica e necessidade com as referências que ela mesma suscita, de modo que possa
ser entendida justamente a partir dessa relação.
A verossimilhança, portanto, é uma lei que opera tanto interna quanto externamente: ela
atua no interior da obra, costurando as relações entre os elementos que a compõem – as
relações entre enredo, personagens, tempo, espaço, narração, etc. –, ao mesmo tempo em
que opera com os fatos e as coisas do mundo a que necessariamente faz referência.
Uma obra verossímil é a que utiliza a realidade como pano de fundo, ainda que a obra não
adote as mesmas regras do mundo factual. Esse pano de fundo é necessário para que o
espectador consiga estabelecer o que você pode chamar de pacto ficcional.
As diversas linhas teóricas
Já sabemos que o principal objeto de estudo da teoria literária é a obra literária em
si, mas que ela também pode investigar a literatura em conexão com outros
elementos, como a condição do escritor e o leitor, as formas de recepção pelo
público, o ambiente cultural da obra que a envolve no momento de sua criação,
exercendo influência sobre ela, e a história literária à qual a obra pertence.
OBRIGADA!
NOME DO 
APRESENTADOR CONTATOSCARGO
FUNDAMENTOS DAS TEORIA LITERÁRIA
Webconferência II
Profa. Luciana Fernandes
O que vamos estudar hoje?
• Unidade 2 – Os gêneros literários 
Os gêneros literários e um pouco mais de 
teoria
❑ Ode – trata-se de uma composição em estrofes simétricas, um poema
destinado a ser cantado, podendo apresentar um canto alegre ou triste.
ODE AO AMOR (Augusto dos Anjos)
Enches o peito de cada homem, medras
N'alma de cada virgem, e toda a alma
Enches de beijos de infinita calma...
E o aroma dos teus beijos infinitos
Entra na terra, bate nos granitos
E quebra as rochas e arrebenta as pedras!
(...)
❑ Sátira – caracteriza-se por zombar de alguém ou de alguma situação. É
uma composição poética rica em sarcasmos e ironias, cujo objetivo é
apontar e ridicularizar os defeitos de uma sociedade, incindindo em um
tema em particular.
Epigrama
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
❑ Hino – textos que louvam ou engrandecem algo, como uma nação ou
divindade.
Hino Nacional do Brasil
(...)
Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!
(...)
❑ Haicai – forma tradicional da literatura japonesa, composto por três
versos com dezessete sílabas poéticas.
Arco-íris (Helena Kolody)
Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
Que há pouco chorou.
❑ Soneto – trata-se de um tipo de texto composto em conformidade com a métrica. É um
poema com catorze versos, sendo dois quartetos e dois tercetos
Amor é um fogo
que arde sem se ver;
é ferida que doi e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealmente.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Segundo Yves Stalloni, os elementos que são mais frequentes na Lírica 
são:
• O verso; 
• A imagem; 
• A prosódia; 
• A intransitividade.Tipos de Romance
• Romance de formação
• Romance policial
• Romance psicológico
• Romance histórico
◼ Fábula – os personagens são geralmente animais com
características humanas. O objetivo é transmitir mensagens morais
por meio da história com linguagem simples.
◼ Conto – narrativa linear e curta. A linguagem é simples e direta.
Envolve poucos personagens, os quais torno de uma única ação. As
ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático
e só conflito.
◼ Novela – é um texto narrativo em prosa, cuja extensão é menor que
a de romance e menor que de um conto.
◼ Crônica – faz um relato de um ou mais acontecimentos em um
determinado tempo. Traduz fato do cotidiano com uma linguagem
informal e sucinta.
◼ Ensaio – gênero reflexivo por excelência, no qual se desenvolve uma
opinião ou apreciação de um tema.
Epopeia – forma literária na qual se incluem
narrativas longas com uma coletânea de façanhas e
eventos histórico de uma ou diversas pessoas,
reais, fabulares ou míticas.
Estrutura da Epopeia
•Proposição (ou exórdio): introdução da obra com apresentação do herói e 
do tema.
•Invocação: parte da epopeia em que o herói pede auxílio e inspiração as 
divindades.
•Dedicatória: a epopeia sempre é dedicada a alguém.
•Narração: narração dos feitos heroicos.
•Epílogo: encerramento da obra.
Três Unidades do Teatro Grego
1. Unidade de Tempo - A história de uma peça deveria ocorrer num curto
espaço de tempo, não podendo ultrapassar 24 horas. Sendo assim, uma
peça era sempre um recorte temporal bastante rápido. A história
contada só poderia acontecer no máximo ao longo de um dia.
2. Unidade de Lugar - A história de uma peça deveria estar ligada a apenas
um lugar. Uma peça deveria se passar em apenas um cenário para não
confundir o espectador.
3. Unidade de Ação - Uma peça deveria ter uma trama central e ela
deveria ser claramente dividida em começo, meio e fim. Deveria haver
claramente uma causa e um efeito.
FUNDAMENTOS DA TEORIA LITERÁRIA
Webconferência III
Professor(a): Luciana de Santana Fernandes
O QUE VAMOS APRENDER?
• Os elementos da narrativa
• Leitor, autor, narrador
• O personagem de ficção
• A organização espacial e temporal 
• Teorias narrativas: Narratologia e Teoria do romance
AUTOR X NARRADOR
• Autor: aquele que produz um texto, escrito
ou oral, ou a quem se deve uma obra
científica ou artística.
• Narrador: aquele que narra, conta ou relata.
Armadilhas do texto de Machado
Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio
é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém
menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado.
Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na
composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso,
mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A
obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te
não agradar, pago-te com um piparote, e adeus. - Brás Cubas FONTE: ASSIS,
Machado.
Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Abril, 2010.
O narrador é, na verdade, uma entidade inventada. Falamos “entidade” para
podermos generalizar um pouquinho essa definição. Isso porque um
narrador não precisa ser, necessariamente, uma pessoa. Claro! Se o narrador
é inventado e se há verossimilhança dentro da narrativa, ele pode ser um
bicho, uma planta, um extraterrestre, enfim, ele pode ser qualquer coisa que
um autor de literatura queira que ele seja e que a lógica da narrativa
permita. No caso de Machado de Assis, ele quis que o narrador de seu livro
fosse um cadáver.
FOCO NARRATIVO
• É o ponto de vista a partir do qual uma história é narrada.
• Pode ser em 1ª ou 3ª pessoa.
TIPOS DE NARRADORES, SEGUNDO GENETTE
• AUTODIEGÉTICO – narra as próprias experiência (1ª pessoa).
• HETERODIEGÉTICO – aquele que não participa da história.
• HOMODIEGÉTICO – aquele que também é personagem, mas não o principal
(1ª ou 3ª pessoa).
NARRATÁRIO
• O narratário é uma espécie de leitor imaginado. 
“Era fixa a minha ideia, fixa como... Não me ocorre nada que seja assaz fixo
nesse mundo: talvez a Lua, talvez as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta
germânica. Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não
esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte
narrativa destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à
reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem.”
(ASSIS, 2010, p. 28-29)
O PERSONAGEM DA FICÇÃO
• Figura fictícia de peça teatral, romance, conto, filme, etc. É quem realiza a
ação.
• Tipos de personagem: protagonistas, antagonistas, coadjuvantes.
• Para Foster, existem basicamente dois tipos de personagem: os planos e os
redondos. A distinção é bem simples.
- Personagens planos: aqueles que apresentam características superficiais,
comuns, sem profundidade;
- Personagens redondos: aqueles que têm como características principais a
complexidade e a multiplicidade.
A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL
• Um romance ou um conto costuma trabalhar com duas das principais
técnicas do texto em prosa: a narração e a descrição. Vamos nos deter um
pouquinho sobre essas duas formas, já que elas refletem um pouco da
maneira como se articulam espaço e tempo no interior de uma narrativa.
• Narrar: expor, oralmente ou por escrito, as particularidades de um fato, um
evento ou uma sequência de ações; relatar algo.
• Descrever: fazer a descrição de algo; contar pormenorizadamente; traçar
características que fazem parte de determinado objeto.
O TEMPO
• É importante distinguirmos o tempo interno do tempo externo. O tempo
externo é aquele que temos conhecimento, com medidas organizadas e
convencionadas em minutos, horas, dias, semanas, meses etc. Esse é o que
podemos chamar de tempo cronológico. Porém, o tempo interno é um
tempo psicológico, um tempo transmitido de acordo com a necessidade do
enredo, que pode ser às vezes acelerado e às vezes muito lento.
TEORIAS DA NARRATIVA: NARRATOLOGIA E
TEORIA DO ROMANCE
• A narratologia surgiu mais ou menos entre 1920 e 1930, na chamada Escola
Formalista Russa, com a intenção de estudar as narrativas de ficção e não-
ficção, procurando encontrar elementos e estruturas comuns dentro delas.
Um dos primeiros nomes de destaque da narratologia foi Vladimir Propp.
Ele fez um estudo de narrativas do folclore russo e identificou situações que
estavam presentes em todas as histórias. A chamada “Morfologia do
Conto” apresentava diversas etapas que, com uma variação ou outra,
faziam parte de tudo aquilo o que se contava oralmente.
A JORNADA DO HERÓI DE CAMPBELL
A TEORIA DO ROMANCE
• Da mesma escola russa em que surgiram os primeiros estudos de
narratologia, com Vladimir Propp, surgiu também um dos principais
teóricos que pensou e escreveu sobre o principal gênero narrativo: o
romance. Esse teórico era Mikhail Bakhtin.
• Bakhtin refletiu e escreveu sobre diversos aspectos do romance, traçando
como suas principais características: a contínua transformação de
coordenadas temporais, o caráter inacabado de sua trama e o
plurilinguismo.
• Em primeiro lugar, pensemos no que Bakhtin chama de caráter inacabado.
Para ele, o romance é um tipo de texto que ainda está por se constituir, se
formar e se consolidar. A epopeia, ao contrário, nasceu com uma forma
determinada e nunca se transformou, ou seja, sempre teve as mesmas
características. O mesmo não ocorreu com o romance, já que os primeiros
romancistas não puderam, e ainda hoje não se pode, prever todas as
possibilidades plásticas que esse gênero é capaz de adotar. Além disso, para
Bakhtin, o caráter inacabado do romance também está ligado com o
presente que costuma ser retratado por ele. Ao contrário da epopeia que
narrava fatos do passado, o romance costuma ser escrito com um olhar do
presente, ainda que relate acontecimentos históricos.
• Em relação ao segundo elemento que destacamos a respeito do que
Bakhtin pensasobre o romance, a temporalidade, podemos novamente
traçar um comparativo do romance com a epopeia. Na epopeia grega os
personagens viviam um tempo imanente, ou seja, que não se transformava.
Assim, não havia mudança, transformação ou evolução de um personagem.
Se ele começava a história sendo uma pessoa gananciosa, por exemplo, ele
necessariamente seria assim até o final da história, mesmo que se
passassem muitos anos e ele tivesse tido algumas lições. Na contramão
dessa ideia, o romance procura retratar o homem moderno que está em
constante transformação e aperfeiçoamento, ele muda de ideias, muda de
atitudes, mudas de convicções etc. Sendo assim, Bakhtin aponta a continua
mudança de coordenadas temporais como uma das características próprias
do romance.
• Por último, a ideia de plurilinguismo foi a principal ideia de Bakhtin acerca
do romance. Essa concepção diz respeito à multiplicidade de vozes que um
romance é capaz de apresentar. Segundo Bakhtin, o processo de
entrecruzamento de discursos diversos é algo inerente à sociedade. Quer
dizer, para ele, a “voz” de cada indivíduo é permeada de referências de
outras vozes, de outros contextos sociais, ou filosóficos e assim por diante.
Quando damos nossa opinião sobre alguma coisa, por exemplo, não
estamos dizendo algo que necessariamente surgiu de nossa cabeça de
maneira autônoma. Normalmente, estamos mesclando discursos de
determinados ambientes que frequentamos.
FUNDAMENTOS DA TEORIA LITERÁRIA
Webconferência IV
Professor(a): Luciana de Santana Fernandes
O QUE VAMOS APRENDER?
Formalismo
Estruturalismo
New Criticism
A morte do autor e a obra aberta
Estudos culturais
Crítica feminista
FERDINAND SAUSSURE
• Saussure foi o criador do mais importante
campo científico ligado à área das letras: a
Linguística. Ele escreveu um livro chamado
Curso de Linguística Geral e essa obra
causou muito impacto quando foi
publicada pela primeira vez em 1916. No
texto, Saussure sistematiza as
possibilidades de estudo da língua e da
linguagem, fazendo distinções importantes
que até hoje são utilizadas.
No Curso de Linguística Geral Saussure apresenta uma série de conceitos
dicotômicos, ou seja, conceitos que são apresentados em duas versões
opostas. As principais dicotomias saussurianas dizem respeito: às diferenças
entre língua e fala (langue, parole); à visão diacrônica versus a visão
sincrônica dos estudos da linguagem; às noções de sintagma em contraste
com as noções de paradigma; e à ideia de significante em oposição à ideia de
significado.
FORMALISMO
• Em 1914, dois anos antes do lançamento do Curso de Linguística Geral, havia sido
fundado o Círculo Linguístico de Moscou, na Rússia. Esse “círculo” era formado por um
grupo de pensadores e de pesquisadores, em geral ligados à Universidade, que
procuravam pesquisar e escrever sobre temas relacionados às letras. Fizeram parte
desse grupo, nomes muito importantes até os dias de hoje. Dentre esses nomes,
podemos citar três dos mais importantes, sendo que todos eles você já conheceu nesta
disciplina: Mikhail Bakhtin, Vladimir Propp e Roman Jakobson.
• A teoria das Funções da Linguagem, que vimos na primeira Unidade, é considerada uma
das expressões centrais do pensamento dos Formalistas. Como você deve se lembrar,
essa concepção estabelecia padrões relativos à intencionalidade da comunicação de
maneira que a função poética era isolada, demonstrando assim como a linguagem
literária era capaz de se diferenciar das outras linguagens usadas socialmente.
As seis Funções da Linguagem elaboradas por Roman Jakobson:
Função referencial – tem a intenção de passar alguma informação de
maneira objetiva; está presente em textos científicos e jornalísticos, por
exemplo.
Função emotiva – expressa algum tipo de emoção por parte do emissor da
mensagem; costuma ser expressada em primeira pessoa.
Função conativa – serve para impor, persuadir ou dar um comando; está
centrada no receptor da mensagem.
Função fática – tem o simples objetivo de iniciar uma conversa, testando o
canal.
Função metalinguística – refere-se à própria linguagem, por isso é
encontrada nos dicionários.
Função poética – atribuída à expressão literária.
• Assim, o método Formalista, como o próprio nome já sugere, consistia em
estudar a forma do texto literário. Isso quer dizer que os formalistas se
preocupavam com aquilo que era intrínseco ao texto, como por exemplo:
as palavras, a pontuação, a ordem, a sonoridade etc. Sendo assim, os
Formalistas rejeitavam concepções que procuravam estudar a literatura a
partir de elementos extrínsecos ao texto, como por exemplo o autor, o
leitor, a representação do mundo etc. A partir principalmente dos estudos
de Roman Jakobson, criou-se o termo literariedade, um dos mais
importantes e conhecidos conceitos dos Formalistas. A literariedade nada
mais é do que aquilo que define a função poética, ou seja, o que faz da
literatura ser reconhecida como literatura e não como outra forma de
expressão e comunicação.
ESTRUTURALISMO
• O Estruturalismo tem como objetivo observar as partes estruturais que se
organizam formando uma totalidade. Como o próprio termo já diz, a
estrutura é o que deve ser encontrada e observada depois de se fazer a
retirada das camadas mais superficiais do objeto de estudo.
• Em relação à literatura e à teoria literária, como você já deve ter percebido,
essa ideia de “estrutura comum” já estava de certa forma no pensamento
dos Formalistas. No conceitode literariedade de Jakobson essa ideia já
estava, de certa maneira, presente. Também no conceito de estranhamento
do texto, elaborada por Chklovski, a mesma ideia de estrutura comum
estava mais ou menos presente. Essa aproximação não é aleatória, uma vez
que, como já lembramos, tanto o Formalismo como o Estruturalismo
partiram da linguística de Saussure.
NEW CRITICISM
• O New Criticism foi um movimento que surgiu em um ambiente acadêmico
nos Estados Unidos. Como você deve se lembrar, o Formalismo havia
surgido na Rússia e o Estruturalismo na França. Pois bem, como você pode
notar ainda, no período de ebulição da Teoria Literária, uma série de
grupos de intelectuais se formaram em países diferentes e, com isso,
elaboraram teses e teorias que tinham suas diferenças, embora muita
houvesse também muita proximidade possível de ser identificada. O New
Criticism é o único desses nomes que muitas vezes não é traduzido, ou seja,
você encontrará esse mesmo nome, em inglês, em diversos livros. Os
autores que optam por traduzir o nome desse movimento, usam ou o
termo “Nova Crítica” ou “Neocrítica”.
• Para os New Critics , os elementos extrínsecos não deveriam ser admitidos
de maneira alguma na análise de uma obra literária. Era o próprio texto, em
especial o poema, que deveria conter absolutamente todas as ferramentas
necessárias para que ele fosse pensado e desvendado.
• Os integrantes do grupo New Criticism ficaram conhecidos pela postura
bastante clara em relação à não acepção de elementos extrínsecos à obra
como forma de análise. Tanto é que eles acabaram sendo os principais
representantes contra a ideia de intencionalidade do autor, que era o
método mais frequente de refletir sobre uma obra. Para eles, a biografia e
o pensamento pessoal do autor de uma obra eram elementos
completamente isolados do texto, estavam fora dele, e por isso não
deveriam ser adotados como critérios de análise.
A MORTE DO AUTOR E A OBRA ABERTA
• O texto de Barthes se chamava A morte do autor e era justamente uma
provocação às antigas ideias, especialmente às ideias dos críticos
românticos alemães, que buscavam analisar uma obra literária a partir da
pretensa descoberta da intenção de seu autor. Para Barthes a intenção de
quem escreveu um texto não deve ter importância alguma, especialmente
no contexto da Modernidade já avançada no século XX. Além disso,
segundo ele, um texto não precisa ser desvendado ou compreendido. Isso
porque um texto pode ser lido de inúmeras maneiras, ele é uma máquina
repleta de significados e referências.
• Assim se revelao ser total da escrita: um texto é feito de escritas múltiplas,
saídas de várias culturas e que entram umas com as outras em diálogo, em
paródia, em contestação; mas há um lugar em que essa multiplicidade se
reúne, e esse lugar não é o autor, como se tem dito até aqui, é o leitor: o
leitor é o espaço exato em que se inscrevem, sem que nenhuma se perca,
todas as citações de que uma escrita é feita; a unidade de um texto não
está na sua origem, mas no seu destino, mas este destino já não pode ser
pessoal: o leitor é um homem sem história, sem biografia, sem psicologia; é
apenas esse alguém que tem reunidos num mesmo campo todos os traços
que constituem o escrito. (BARTHES, 2004)
ESTUDOS CULTURAIS
• Os Estudos Culturais surgiram na década de 1960.
• Esses estudos tiveram um impacto direto na Teoria Literária da segunda
metade do século XX e até mesmo do início do século XXI. A partir desses
Estudos Culturais que a Teoria Literária abriu definitivamente o seu campo
de observação, passando a refletir sobre problemas da vida social que
estavam transpostos em textos literários, por exemplo.
• Para compreender os Estudos Culturais, é importante pensar numa noção
que também surgiu na segunda metade do século XX: a noção de
multiculturalismo.
CRÍTICA FEMINISTA
• Estamos falando dos fins do século XX. Você deve saber que essa não é
precisamente a data de nascimento do movimento Feminista no mundo. O
Feminismo surgiu, na verdade, no século XIX. Entretanto, as teorias criadas
a partir dessa vertente tiveram grande impacto na década de 1990,
influenciando outros movimentos sociais e alcançando o pensamento
acadêmico e científico. Esse período, na verdade, representa o que
chamamos de “Terceira Onda do Feminismo”, e teve como uma das
principais representantes a historiadora estadunidense Joan Scott. Scott
escreveu um artigo chamado Gênero: uma categoria útil de análise
histórica, que em pouco tempo se tornou a grande referência desse campo
de estudos.
• No texto, Scott coloca em pauta a distinção entre os verbetes gênero e
sexo, defendendo a ideia de que há uma diferença biológica entre homens
e mulheres, mas acima disso há também uma diferença construída e
marcada socialmente. Como sabemos, essa distinção construída
socialmente é utilizada para hierarquizar e para oprimir. Nesse contexto, a
sociedade é a responsável por criar a ideia de que homens são seres
superiores às mulheres.
• Em meio a todas essas discussões relativas ao Feminismo, a Teoria Literária
foi fortemente impactada. Surgiu, então, de maneira mais delimitada a
Crítica Feminista. Este campo estava disposto a atuar em basicamente duas
frentes: 1. O resgate de obras perdidas no tempo que tinham sido
produzidas por mulheres; 2. A análise da figura da mulher em obras
literárias já publicadas, reconhecidas e com grande circulação.

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