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Autora: Profa. Andreia M. Copcinski Colaboradores: Prof. Rodrigo Stoff Prof. Welliton Donizeti Popolim Serviço Sala e Bar Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Professora conteudista: Andréa M. Copcinski Especialista em docência para o Ensino Superior (Senac-SP) e em Confeitaria e Panificação (Universidade Anhembi Morumbi). Graduada em Gastronomia (Faculdade Método de São Paulo). Possui experiência em administração de bar e restaurante, com foco em gestão de estoque, desenvolvimento de cardápios e elaboração de pratos com ênfase em gastronomia brasileira, bem como em montagem de pequenos eventos e em confeitaria artística e doçaria de festa. Participou da Semana de Gastronomia de Tempero do Forte, na Bahia. Possui experiência como chefe de cozinha dos restaurantes Universo Maria e André Bar e Restaurante e como chefe confeiteira na confeitaria Vovó Marta Gastronomia. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C781s Copcinski, Andréa. Serviço Sala e Bar / Andréa Copcinski. – São Paulo: Editora Sol, 2017. 152 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-109/17, ISSN 1517-9230. 1. Serviço de bebidas. 2. Cargos e funções. 3. Eventos. I. Título. CDU 64.024.4 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Amanda Casale Marcilia Brito Rose Castilho Carla Moro Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Sumário Serviço Sala e Bar APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 HISTÓRIA DO RESTAURANTE ...................................................................................................................... 11 1.1 A Grécia e o banquete ........................................................................................................................ 11 1.2 A Era Romana ........................................................................................................................................ 12 1.3 Do século XV ao XIX ............................................................................................................................ 13 1.4 A Revolução Industrial ....................................................................................................................... 14 2 SERVIR E ENCANTAR ...................................................................................................................................... 15 2.1 Ambientação do restaurante ........................................................................................................... 16 2.2 Tipologia de estabelecimentos ........................................................................................................ 21 2.2.1 Tipos de restaurantes ............................................................................................................................ 22 2.2.2 O restaurante e sua identidade ......................................................................................................... 30 2.2.3 O bar e sua tipologia ............................................................................................................................. 30 Unidade II 3 CARGOS E FUNÇÕES ..................................................................................................................................... 38 3.1 Características comportamentais .................................................................................................. 38 3.2 Características físicas ........................................................................................................................ 39 3.3 Cuidados profissionais ........................................................................................................................ 40 3.3.1 Sobre os uniformes ................................................................................................................................ 40 3.4 Comportamento interpessoal ......................................................................................................... 41 3.5 Comportamento com o cliente ...................................................................................................... 41 4 SOBRE CARGOS E FUNÇÕES ....................................................................................................................... 42 4.1 Gestor de alimentos e bebidas ........................................................................................................ 46 4.2 Maître d’hotel ....................................................................................................................................... 48 4.3 Chef de salte ........................................................................................................................................... 49 4.4 Chefe de fila .......................................................................................................................................... 49 4.5 Garçom ou garçonete ......................................................................................................................... 50 4.6 Cumins ...................................................................................................................................................... 50 4.7 Hostess ...................................................................................................................................................... 51 4.8 Sommelier ............................................................................................................................................... 51 4.9 Barista ....................................................................................................................................................... 52 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 4.10 Profissionais do bar ........................................................................................................................... 53 4.10.1 Chefe de bar .......................................................................................................................................... 53 4.10.2 Barman ..................................................................................................................................................... 53 4.10.3 Garçom de bar e room service ........................................................................................................ 54 4.10.4 Cumim de bar ........................................................................................................................................ 54 Unidade III 5 MISE EN PLACE DE SALÃO ........................................................................................................................... 58 5.1 Louças e baixelas .................................................................................................................................. 59 5.1.1 Levar pratos à mesa ............................................................................................................................... 59 5.2 Vidro........................................................................................................................................................... 60 5.3 Talheres de mesa ................................................................................................................................... 60 5.4 Cristais ...................................................................................................................................................... 60 5.5 Mise en place da mesa ....................................................................................................................... 60 5.5.1 Jogo americano ....................................................................................................................................... 61 5.5.2 Toalhas e guardanapos ......................................................................................................................... 61 5.5.3 Troca de toalhas ...................................................................................................................................... 61 5.5.4 Serviço de salão: regras básicas ........................................................................................................ 62 5.5.5 Guardanapos e suas dobras ................................................................................................................ 64 5.6 Checklist do salão ................................................................................................................................. 66 5.7 Transporte de bandejas ...................................................................................................................... 66 5.8 Mise en place de café da manhã ................................................................................................... 67 5.9 Mise en place de banquete .............................................................................................................. 68 5.9.1 Serviço de queijos ................................................................................................................................... 68 6 EVENTOS ............................................................................................................................................................. 69 6.1 Breve história do banquete .............................................................................................................. 70 6.1.1 O banquete e os egípcios ..................................................................................................................... 70 6.1.2 O banquete e os gregos ........................................................................................................................ 70 6.1.3 O banquete e os romanos ................................................................................................................... 71 6.1.4 O banquete da Idade Média até o século XV............................................................................... 71 6.1.5 O banquete do século XVI ................................................................................................................... 72 6.1.6 O banquete nos séculos XVII e XVIII ................................................................................................ 72 6.1.7 O banquete no século XIX ................................................................................................................... 72 6.1.8 O banquete na atualidade ................................................................................................................... 72 6.2 Organização de evento ...................................................................................................................... 73 6.2.1 Planejamento ........................................................................................................................................... 74 6.2.2 Transevento ............................................................................................................................................... 75 6.2.3 Pós-evento ................................................................................................................................................ 75 6.3 Ordem de serviço .................................................................................................................................. 76 6.4 Cálculo de utensílios de sala e bar ................................................................................................ 77 Unidade IV 7 SABENDO VENDER .......................................................................................................................................... 86 7.1 Produtos ................................................................................................................................................... 87 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 7.2 Clientes ..................................................................................................................................................... 88 7.3 Concorrência .......................................................................................................................................... 88 7.4 Serviço de reservas .............................................................................................................................. 88 7.5 Cardápio como ferramenta de venda .......................................................................................... 90 7.6 Refeições e clientes ............................................................................................................................. 90 7.7 Tipologia de clientes ............................................................................................................................ 91 7.8 Fidelização do cliente ......................................................................................................................... 92 7.9 Serviço diferenciado ............................................................................................................................ 93 7.9.1 Serviço acolhedor, amigável e cortês ............................................................................................. 93 7.9.2 Serviço diferenciado lida com muitas informações ................................................................. 94 7.9.3 Serviço diferenciado eficiente ........................................................................................................... 94 7.9.4 Serviço diferenciado pontual ............................................................................................................. 94 7.9.5 Serviço diferenciado é flexível ........................................................................................................... 95 7.9.6 Serviço diferenciado é consistente .................................................................................................. 95 7.9.7 Serviço diferenciado com comunicação eficiente .................................................................... 95 7.9.8 Serviço diferenciado promove confiança ..................................................................................... 96 7.9.9 Serviço diferenciado excede expectativas .................................................................................... 96 8 SERVIÇO DE BEBIDAS .................................................................................................................................... 96 8.1 Tipos de menu e serviços de mesa ................................................................................................ 97 8.1.1 Menu clássico ........................................................................................................................................... 98 8.1.2 Menu moderno ........................................................................................................................................ 99 8.2 Tipologia de serviços de mesa .......................................................................................................100 8.2.1 Serviço à francesa .................................................................................................................................101 8.2.2 Serviço à inglesa indireto ..................................................................................................................101 8.2.3 Serviço à inglesa direto ......................................................................................................................101 8.2.4 Serviço empratado ...............................................................................................................................102 8.2.5 Serviço de buffet ...................................................................................................................................102 8.2.6 Serviço de self-service ........................................................................................................................103 8.2.7 Serviço de room service .....................................................................................................................103 8.2.8 Brunch .......................................................................................................................................................104 8.3 Serviço de vinho .................................................................................................................................104 8.3.1 Breve histórico .......................................................................................................................................105 8.3.2 Especificidades do vinho ....................................................................................................................105 8.4 Serviço de cerveja ..............................................................................................................................123 8.5 Saquê .......................................................................................................................................................126 8.6 Bebidas alcoólicas ..............................................................................................................................127 8.7 Bebidas destiladas ..............................................................................................................................128 8.8 Bebidas por infusão ...........................................................................................................................129 8.9 Coquetéis ...............................................................................................................................................131 8.9.1 Serviço de coquetel ............................................................................................................................. 132 8.9.2 Serviços de bebidas não alcoólicas ............................................................................................... 132 8.10 Mise en place de bar .......................................................................................................................135 8.10.1 Utensílios necessários para serviço de bar .............................................................................. 136 9 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 APRESENTAÇÃO O objetivo da disciplina de Serviço Sala e Bar é apresentar ao aluno um breve histórico de restaurante e bar e então entender quais são os tipos de serviço e qual é a estrutura de um salão e bar. Entenderemos os cargos, as funções e suas principais competências. Aprofundaremos nosso conhecimento em tipologia de restaurantes e tipos de serviço de mesa, bem como nas principais regras desses serviços. Ao aluno também serão apresentadas tipologias de eventos e seus principais checklists, tipologias de clientes e técnicas de venda, principais utensílios utilizados e identificação de serviços de alimentos e bebidas como diferencial estratégico para o empreendimento. INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a)! Nesta disciplina você terá oportunidade de entrar em contato com a gestão de sala e bar e aprofundar seu aprendizado. Entenderá qual é o papel do gestor referente a diversos aspectos que promovem a excelência no trabalho diário. Você perceberá que, para desenvolver esse papel, será necessário entender e ter domínio de assuntos pertinentes, como: quais são as funções de cada cargo, os comportamentos que cada colaborador deve ter em seu ofício e quais são os caminhos para gerir pessoas em suas determinadas funções dentro do salão e bar. Você irá se apropriar de conhecimentos para criar a atmosfera adequada para encantar o cliente e entenderá que ele será o foco principal de seu serviço, por meio de técnicas de venda e observação de tipos de clientes. Serão propostas reflexões sobre as formas de atendimento e os cuidados com o cliente, em como promover encantamento e experiências únicas ao cliente. Afinal, quais atitudes podem encantar o cliente e fazer com que ele se torne um cliente fiel? Quais atitudes são esperadas de nossos colaboradores? Como manter os serviços propostos sempre com qualidade e excelência de trabalho? O que é necessário para que as equipes de salão tenham bom desenvolvimento de trabalho? O que é preciso para um evento dar certo? Ao longo deste livro-texto, refletiremos sobre esses questionamentos e buscaremos respostas eficazes para nossas perguntas. Que nosso aprendizado seja de muito conhecimento e conteúdo. 11 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Unidade I 1 HISTÓRIA DO RESTAURANTE Contextualizar a história e o surgimento do restaurante e os serviços empregados nos dá suporte para entendermos a tipologia e os serviços atualmente oferecidos em um restaurante. Aqui deixamos claro que não havia restaurantes na Antiguidade e que os banquetes foram o marco inicial para que surgisse o restaurante. Desde a Grécia até a atualidade, inúmeras transformações ocorreram e são elas que estudaremos a seguir, apoiados em autores como Pacheco (2010), Davies (1999) e, principalmente, Strong (2004). 1.1 A Grécia e o banquete Na Grécia (Mundo Antigo), o banquete tornou-se padronizado por volta de 400 a.C. Eram praticamente inexistentes lugares públicos para se frequentar, logo, os banquetes eram realizados nas casas particulares, em pequenas salas de jantar, mobiliadas com sofás. Em ocasiões de festa, havia cinco sofás com pequenas mesas em frente a cada um deles; nelas eram colocadas cestas de pães. Também eram trazidos pelos criados grandes pratos, nos quais os convidados escolhiam o que queriam. Os restos, ossos e demais itens, eram jogados na mesa. Como descrito pelo Instituto de Culinária da América (2004), servia-se então a refeição, dividida em três etapas: • Primeiro serviam-se pratos que poderiam conter aves, frutas, frutos do mar e pequenos tira- gostos de carne. • Em seguida, como prato principal, eram servidos frutos do mar e carnes assadas. • Terminado o prato principal, as mesas eram recolhidas (com todos os restos em cima) e novas mesas eram colocadas no lugar. Os criados, então, traziam água quente com óleos para que os convidados pudessem limpar as mãos. • Serviam-se, por fim, as sobremesas, que poderiam ser frutas secas, como amêndoas, frutas frescas, queijos, doces ou outros confeitos. Também eram servidos, junto à sobremesa, vinhos misturados com água, evitando a embriaguez, mas também por ser considerada uma opção mais saudável. O ritual se encerrava com a retirada das mesas para dar início ao simpósio, que se caracterizava por shows de acrobatas, apresentações literárias, entre outros. 12 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Figura 1 – Banquete grego A figura demonstra como eram os baquetes gregos, perceba as mesas colocadas à frente dos comensais. 1.2 A Era Romana A Era Romana (Mundo Antigo) herda dos gregos a cultura culinária, porém mais elaborada. A relação de status também é importante e determina quem sentava em cada lugar. Assim, o chefe de família sempre ocupava o lugar de melhor prestígio. O triclinium, denominação da sala de jantar dos romanos, era disposto de três sofás formando um U, e ali poderiam ficar até três convidados. O cotovelo esquerdo era apoiado no sofá e a mão direita ficava livre para servir-se dos alimentos. O jantar romano também era dividido em três etapas: • Gustum: a primeira parte, parecido com nosso hors d’oeuvre. Servia junto o mulsum (vinho suave misturado com mel). • Mensa primae: semelhante aos gregos. Aqui o vinho já era misturado com água. • Mensa secundae: como era denominado o segundo prato, no qual estava incluída a sobremesa; o vinho com mel voltava a ser servido. Figura 2 - Banquete romano 13 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR A figura ilustra a montagem da mesa descrita no texto. 1.3 Do século XV ao XIX Seguindo a história, evoluímos da Idade Média ao Renascimento. Temos aqui um período de intensa evolução e com grandes acontecimentos referentes à alimentação e aos serviços. Permanecem, no entanto, a hierarquia de status e seu reflexo nos banquetes medievais. Aqui se destacam refeições sendo realizadas em grande escala, sem uma sala exclusiva para refeições. As mesas também eram dispostas em U e o chefe de família e os convidados principais ficavam em plataformas elevadas. Um aspecto que chama a atenção era o uso do saleiro para definir a posição dos convidados à mesa. O sal, na Idade Média, era valorizado, assim, os convidados mais importantes e com status elevado sentavam-se acima de onde estava o sal e convidados menos importantes, abaixo dele. Temos aqui a faca de trinchar como o utensílio mais importante: os convidados traziam suas próprias facas e, muitas vezes, levavam a comida até a boca através das pontas. É no século XV que Platina de Cremona, bibliotecário do Papa Xisto IV e estudante de gastronomia, publica a De Honesta Volutate et Valutudine, obra na qual questiona as boas maneiras, a arrumação da mesa, a etiqueta, entre outros aspectos. É a partir desse momento que os mais abastados refletem sobre suas práticas de etiqueta junto à mesa. Destaca-se, no século XVI, a família dos Médici, de Florença. É Catarina de Médici que, ao se casar com o rei Henrique II, leva à França cozinheiros italianos, criados e especialistas em vinho e introduz jantares finos e serviços apropriados. São herança desse período os atos de lavar as mãos antes das refeições, não assoprar a comida e servir as melhores porções de comida aos próximos da mesa. Já Henrique VIII (início do século XVI) e sua filha Elizabeth I introduzem os jantares suntuosos e a alternância de homens e mulheres sentados à mesa. Esperava-se aqui o uso de boas maneiras, sendo recomendado o uso de garfo para servir e trinchar. A colher chega para ser o primeiro talher de mesa. Destaca-se aqui a colher sendo trazida de casa pelos convidados. No início do século XVIII, com a rainha Anne, destacam-se o uso do guardanapo, o incremento de garfos e o uso de tolhas de mesa. Surgem brigadas complexas, uniformizadas, livros sobre arrumação de mesas e dobras de guardanapo. O serviço à francesa surge com Luís XIV, tendo seu uso do século XVII até o início do século XVIII. Aqui temos a presença de Antonin Carême, com sua cozinha luxuosa, na qual o serviço à francesa servia perfeitamente ao seu luxo e à aristocracia na maneira de apresentar seus pratos. 14 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I É no século XIX, principalmente com a publicação de A Fisiologia do Gosto, de Anthelme Brillant- Savarin, que o foco de um jantar deixa de ser o anfitrião e passa a ser o convidado. Ocorre a introdução do serviço à russa na Europa, com a garantia de que a comida passe a ser melhor servida, dando eficiência. Georges Auguste Escoffier (1847-1935) simplifica o menu complexo com os princípios de Carême e inicia o sistema de brigada, sendo um grande influenciador nas indústrias alimentícias. 1.4 A Revolução Industrial A Revolução Industrial tem três fases marcantes, sendo a primeira entre 1760 e 1860, com o surgimento, mesmo que pequeno, de indústrias de algodão e o aperfeiçoamento de máquinas a vapor. No segundo período, que ocorre entre 1860 e 1960, acontece a industrialização de alguns países, como Inglaterra e Alemanha, e o uso do aço e da energia elétrica de petróleo mudam o perfil econômico mundial. No entanto, é no terceiro período, que para muitos historiadores consiste nos séculos XX e XXI, que ocorrem as maiores mudanças. Esse período muda drasticamente o setor alimentício e é partir de então que o ato de se alimentar se transforma. Fábricas surgem com horários definidos para refeição, havendo a necessidade de servir inúmeras refeições prontas rapidamente. As mulheres começam a trabalhar nas indústrias e a comida feita em casa, com tempo, perde espaço para as refeições rápidas na rua. Surgem máquinas food machines, nas quais, ao colocar uma moeda, alimentos prontos são servidos, sendo esse um passo antes dos fast foods. Surgem restaurantes com garçonetes capacitadas a atendimentos rápidos e coffee shops com alimentação acessível. Com o advento de máquinas a vapor, o transporte de pessoas e o vai e vem de imigrantes é intensificado, ocorrendo a miscigenação de povos e culturas e dando origem a novos pratos. Já no século XX, a indústria alimentícia se aperfeiçoa, criando produtos que facilitam a vida diária da população em geral, e a tecnologia em equipamentos para o setor de cozinha se expande com agilidade. Tal avanço permite criar novas formas de cocção; diversos equipamentos, como fornos combinados e churrasqueiras industriais, são introduzidos ao espaço da cozinha de restaurantes, criando novos conceitos. Mesmo empreendimentos pequenos têm acesso a aparelhos como micro-ondas e fornos elétricos mais potentes, voltados ao setor, permitindo agilizar o modo de preparo e os serviços disponibilizados. O século XXI permite o acesso a uma ampla variedade de alimentos, em suas mais diferentes preparações e cocções. A acessibilidade, tanto espacial como a de produtos alimentícios, tornou-se surpreendentemente eficaz, aliando a esse conceito a qualidade e a exigência de padrões de limpeza e segurança alimentar cada vez mais altos. 15 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Atualmente, com a globalização, pode-se decidir onde comer e o tempo gasto para isso com simples cliques ou rápido acesso a aplicativos. Restaurantes deixaram de ser um espaço apenas de refeição e passaram a ser vistos como locais de cultura e de encontros demorados entre amigos. Como coloca Campos (2009), consumidores passaram a ser mais exigentes com prestadores de serviços, obviamente, incluindo os serviços de alimentação, o que torna o cliente o foco do mercado. Essa exigência fez com que o mercado desenvolvesse políticas e aspectos que atraiam e conquistem esses consumidores, tornando-os fidelizados. 2 SERVIR E ENCANTAR Já se foi o tempo em que o serviço de atendimento não era valorizado e que as falhas eram perdoadas porque não havia a devida qualificação e valorização. Com o passar dos anos, principalmente nas últimas duas décadas, com o advento da internet e o acesso rápido à informação, o olhar voltado à qualidade e ao encantamento do cliente se aprimoram cada vez mais, deixando de ser um aspecto exclusivo de grandes empreendimentos. Segundo a pesquisa ZagatSurvey (1990 apud INSTITUTO DE CULINÁRIA DA AMÉRICA, 2004), 62% das pessoas entrevistadas (5.000 pessoas do estado de Nova York) reclamaram do serviço prestado em todo o país, sendo que as reclamações mais frequentes foram sobre a velocidade do serviço e a falta de atenção dos atendentes. Mesmo a pesquisa sendo em outro país e datada de 1990, ela já evidenciava a preocupação em melhorar e aperfeiçoar esse setor de atendimento. Tal pesquisa serviu e ainda serve de apoio para corroborar o fenômeno mundial de melhoria de qualidade e para ver o cliente como foco de um empreendimento e não mais o produto. Com o avanço da tecnologia e a troca rápida de informações mundiais, a gestão em qualidade de atendimento e a cobrança para melhorá-lo foram elevando potencialmente, fazendo com que o gestor procurasse caminhos para atingir os objetivos de excelência em atendimento prestado ao cliente. É evidente que o atendimento nos dias atuais é o foco de um empreendimento que visa ao sucesso, pois é sabido que clientes satisfeitos retornam ao local pelo menos uma vez ao mês, podendo dobrar a receita alcançada (INSTITUTO DE CULINÁRIA DA AMÉRICA, 2004). Esses clientes são a principal ferramenta de propaganda de um restaurante. É notório que pessoas procuram referências de restaurantes ou locais semelhantes nas redes sociais e outros meios de informação e que certifiquem a qualidade através das avaliações de clientes que foram ao local procurado. As pessoas vão a restaurantes esperando um serviço qualificado a partir da entrega do carro ao manobrista até o pagamento da conta. Espera-se desses empreendimentos um serviço profissional, cortês e de qualidade. Assim, quanto melhor e mais qualificado for o serviço, maior será o encantamento do cliente. 16 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Mas quais aspectos de um serviço auxiliam os profissionais para encantarem seus clientes? Como podemos fazer com que o cliente se sinta especial e único em um restaurante? Segundo os princípios básicos de serviços, sugeridos pelo Instituto de Culinária da América (2004), o serviço diferenciado, composto de nove características, é proposto para atingir a qualificação máxima no atendimento e encantamento do cliente. Além do serviço diferenciado, ao projetar um restaurante, todos os aspectos envolvidos nesse projeto devem ser levados em consideração; desde o projeto arquitetônico até as finalizações, cada item deve fazer parte de um conjunto de ações que chancele a qualidade do empreendimento. 2.1 Ambientação do restaurante Tão importante quanto o serviço é a ambientação de um restaurante. Criar uma atmosfera acolhedora e que cause uma sensação agradável ao cliente é um dos fatores que auxiliam no sucesso do empreendimento. Mobiliário Adequar o mobiliário à proposta do restaurante proporciona ao cliente a primeira sensação de acolhimento e de bem-estar. Freund (2017) coloca que alguns critérios devem ser levados em consideração ao escolher o mobiliário: • Adequação: em ambientes temáticos, o mobiliário deve compor, junto com a decoração, a sensação de bem-estar naquela proposta. Assim, restaurantes japoneses devem ter, em sua mobília, a atmosfera da cultura japonesa, e a mesma adequação deve ocorrer com estabelecimentos que apresentem outras temáticas. • Durabilidade: o mobiliário deve ser escolhido pensando nas interferências que ele sofrerá. Se forem expostos ao ambiente externo, sofrerão a ação do tempo, sendo necessários produtos mais resistentes. Deve-se levar em conta o custo do investimento e a reposição periódica. • Conforto: oferecer conforto ao cliente é essencial. Mobiliários duros causam desconforto durante uma refeição e podem interferir negativamente em todos os outros serviços. Sempre optar por produtos com um design que deixe o cliente à vontade para as horas que permanecer ali. • Padronização: mesas e cadeiras devem ter alturas proporcionais e confortáveis ao cliente e também ao bom andamento do serviço. Mesas extensas têm como proposta refeições longas e com um número maior de pessoas, enquanto mesas menores já servem para empreendimentos casuais ou com propostas de lanches e bebidas rápidas. É importante, nesse aspecto, levar em consideração o tamanho do salão e o serviço de cozinha a ser utilizado. 17 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Figura 3 - Ambientação de restaurante Decoração Junto ao mobiliário, a decoração é outro aspecto de extrema importância para um restaurante. Elementos de decoração, como obras de arte, objetos de antiguidade e objetos típicos, impressionam o serviço. Zanella e Cândido (2002) indicam que a decoração deve passar uma imagem simpática e acolhedora ao cliente. Aliados a esses fatores, o uso de toalhas ou não, os talheres, copos e flores compõem um ambiente agradável e acolhedor. Vale lembrar que até mesmo a cor das paredes causa uma impressão. Paredes com cores mais vibrantes tendem a agradar públicos jovens e são mais adequados para ambientes descontraídos, enquanto cores sóbrias combinam com restaurantes clássicos. O uso de plantas e ambientes com projetos arquitetônicos que valorizem a luz natural passam frescor e tranquilidade ao cliente. Usar de bom senso e estilo próprio cria cenários que agradam aos olhos, causam ótimo impacto visual e uma sensação de acolhimento. Figura 4 - Decoração de restaurante 18 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Observação Com a tecnologia e o aumento massivo de fotos instantâneas, as pessoas gostam de registrar onde estão, o que estão comendo e todos os aspectos que chamam a sua atenção. Esteja atento aos itens que compõem o espaço. Mobiliário e decoração chamam a atenção. Organização e limpeza também. Iluminação Deixada para segundo plano até algum tempo atrás, atualmente, a iluminação vem ganhando cada vez mais espaço nos restaurantes. Ela influencia a apresentação de pratos e também dá estilo ao espaço, fazendo parte da decoração e influenciando diretamente no ânimo e disposição das pessoas (ZANELLA; CÂNDIDO, 2002). Deve-se dar atenção especial a ambientes escuros durante o dia, pois gera a impressão de abandono e um desconforto visual. Opte por luzes que direcionem o olhar do cliente a pontos focais atraentes, como flores, vasos, obras de arte, jardins de inverno. Velas são elegantes, decorativas e harmonizam o ambiente, além de dar um toque acolhedor e íntimo. A iluminação utilizada deve ser funcional, econômica e direcionar o público para sensações de conforto e bem-estar, não podem dificultar a visualização de cardápios e, em ambientes como toaletes, devem ser sempre mais claras. É importante que a iluminação esteja adequada ao tipo de restaurante ou bar, à clientela a que se destina e à ambientação formatada. Bares voltados ao público jovem, com som de músicas do tipo rock, por exemplo, pedem uma iluminação mais baixa, mais escura. Restaurantes que têm por objetivo atender um público familiar precisam de uma iluminação mais clara. O conceito é sempre adequar a proposta da iluminação ao empreendimento que foi projetado, formando um ambiente harmônico e que dê a sensação de conforto. Figura 5 - Iluminação de salão de restaurante 19 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Som e temperatura Restaurantes usam a música com o objetivo de acalmar os sentidos e deixar o cliente relaxado para a refeição; ou agitar o público e aumentar o consumo de bebidas, por exemplo. No entanto, o som nunca deve atrapalhar um almoço de negócios, por exemplo. A música de fundo deve criar um ambiente acolhedor e, junto com toda a ambientação do restaurante, proporcionar ao cliente horas de prazer. A temperatura deve girar em torno dos 23 °C, mas os colaboradores devem estar atentos aos pedidos dos clientes. Em ambientes frios ou dias de temperaturas mais frias, fazer uso de aquecedores de ambiente promove ao cliente a sensação de bem-estar e garante sua permanência por um tempo maior no local. O mesmo vale para dias quentes ou lugares abafados. Usar de artifícios que deixem a temperatura amena e agradável também fará com que a estadia do cliente aumente. Aroma Preocupar-se com o aroma em um restaurante é essencial. Cheiros que podem incomodar e interferir em uma refeição devem ser evitados, como desinfetantes, flores velhas, entre outros. É necessário um cuidado especial com os aromas provenientes da cozinha, que podem abrir o apetite ou podem impregnar a roupa dos clientes, como a gordura. Criar atmosfera A atmosfera do local incide diretamente nos serviços que serão desenvolvidos ali. Ter um ambiente limpo, com boas acomodações e com conforto deixa o cliente aberto e receptivo para todos os colaboradores que dele se aproximarem. Criar um ambiente no qual todos os aspectos se completam faz o cliente sentir que tudo foi pensado para ele, para que ele se sinta especial. A higiene deve ser ponto crucial em um empreendimento. Mesas, cadeiras, lavabos, setores visíveis ou não devem estar em perfeita higiene. O salão deve ser limpo diariamente, vidros e janelas devem estar sempre limpos e sem marcas. A limpeza e higiene devem ser sempre o ponto extremo de um restaurante. Para tanto, é importante conhecer a legislação e quais são as normas que referendam as práticas de controle e vigilância sanitária, a fim de proteger a saúde da população. Silveira e Silva (2014) indicam que serviços de alimentação, principalmente em larga escala, podem se tornar perigosos sem as boas práticas implantadas. 20 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão de âmbito federal, sancionou a lei RDC nº 216, que dispõe regulamentos técnicos que visam às boas práticas para serviços de alimentação, incluindo manipulação, preparação, armazenamento, transporte, distribuição, exposição e todos os demais aspectos que envolvam as práticas de serviço alimentar. Assim, ao implantar o Manual de Boas Práticas e, consequentemente, os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs), garante-se a segurança e a qualidade dos serviços alimentares prestados. O estado de São Paulo e o município de São Paulo têm legislações específicas para a segurança alimentar. A lei estadual CVS-05/13, em um de seus dispositivos, apresenta, por exemplo, normas que evitem a transmissão de doenças dos funcionários para os consumidores. Já a lei municipal, a Portaria 2619/11, também trata dos aspectos ligados à segurança alimentar. Deve ficar claro aqui que são as leis citadas acima que garantem serviços de qualidade à população, e todos que trabalham ou empreendem nesta área devem respeitar e cumprir tais leis. Saiba mais Para saber mais consulte o portal da Anvisa, no qual há descrição detalhada de normas para as boas práticas na manipulação de alimentos: ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA). Boas práticas de fabricação: regulamentos gerais e específicos. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/boas-praticas-regulamentos- gerais-e-especificos>. Acesso em: 4 dez. 2017. Consulte também a legislação estadual: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013. Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de inspeção, anexo. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www. cvs.saude.sp.gov.br/up/PORTARIA%20CVS-5_090413.pdf>. Acesso em: 4 dez. 2017. 21 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Observação De acordo com Freund (2017), na fabricação, preparação, empacotamento, armazenamento, manipulação, distribuição ou na venda de alimentos e bebidas, o APPCC, que é reconhecida pela Organização Mundial de Comercio (OMC) e pelo Mercosul, é a mais eficiente e atualizada ferramenta à disposição de quem quer garantir bons ventos nos negócios que envolvem A&B. O importante é ter a união desses aspectos mencionados anteriormente, promovendo a ambientação perfeita. Ao chegar a um restaurante, o cliente terá seu primeiro impacto, a primeira impressão, que deve ser positiva. Figura 6 - Salão de restaurante 2.2 Tipologia de estabelecimentos Compreende-se que tipologia é o estudo de um empreendimento através de suas características, classe e formato apresentados. A partir dessas características, concluem-se as competências inerentes a esse estabelecimento, como os tipos de serviços que serão utilizados, as estratégias de marketing, os serviços operacionais e o organograma de cargos e funções, que veremos adiante. Através da tipologia ainda é possível verificar quais os tipos de clientela, de produtos e de cardápio. Há variadas formas para classificação de um restaurante, como por tipicidade culinária, nacionalidade ou regionalidade, valores ou localização geográfica. Atualmente, há uma variedade de restaurantes no mercado e sua classificação se modifica com o tempo. De acordo com Pacheco (2010), há a seguinte classificação em tipos de restaurante: tradicional, típico, internacional, autoestrada, de especialidade, fast food, gastronômico, bistrô, comercial, de coletividade, outside catering e food trucks. 22 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I 2.2.1 Tipos de restaurantes Restaurante tradicional Restaurante que tem por objetivo atender a um público diversificado, contendo boa oferta de produtos, com variadas formas de cocção. Possui um cardápio fixo em opções, que são variadas, mantendo a tradição do local e dos pratos oferecidos. Não há sofisticação no enxoval ou nas louças e sua decoração é simples. Figura 7 - Restaurante tradicional Restaurante típico Reconhecidos por trabalharem com cozinhas regionais ou de um determinado país. Nota-se uma decoração típica, muitas vezes com colaboradores vestidos a caráter, incluindo danças ou folclores da região representada. Bons exemplos são restaurantes japoneses, restaurantes típicos mineiros, cantinas italianas, entre outros. Figura 8 - Ambientação de restaurante mexicano 23 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Lembrete Adequar mobiliário, decoração, iluminação e demais fatores assegura que a casa ganhe tipicidade. O cliente sempre sentirá conforto e satisfação ao entrar em um restaurante e perceber que a escolha condiz com a decoração. Porém, deve-se sempre estar atento à higiene dos objetos que compõem a decoração do local. Restaurante internacional Apresenta ambientes, enxoval, utensílios e serviços mais qualificados e refinados. Com ambientes clássicos, muitas vezes esses restaurantes encontram-se localizados em hotéis estrelados, em regiões mais caras. A cozinha é à base de pratos internacionais e também pratos brasileiros mais conhecidos no mercado. Figura 9 - Restaurante internacional Restaurante de autoestrada Empreendimento em expansão devido à melhoria das estradas, dos transportes e do crescente número de viajantes. Muitos grupos já investem nesse mercado e transformam esses empreendimentos em verdadeiras ilhas de serviços, oferecendo serviços de alimentação com características de comida e lanches rápidos. Muitos ainda oferecem restaurantes típicos e/ou temáticos. Dentro dos serviços oferecidos ainda pode-se encontrar postos de abastecimento, lojas de conveniência, hospedarias, entre outros. 24 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Não é raro encontrar restaurantes que estão estrategicamente localizados às margens da rodovia e que, com serviço diferenciado, viraram ponto turístico, atraindo clientes específicos para lá. Figura 10 - Restaurante de autoestrada Restaurante de especialidade São restaurantes caracterizados por serem específicos em um tipo de produto, tipos de preparações, tipos de cocção ou outra proposta específica. Enquadram-se nesta categoria restaurantes vegetarianos, restaurantes macrobióticos, creperias, pizzarias, entre outros. A churrascaria brasileira também está nessa categoria e aqui é importante destacá-la. Não há empreendimento similar a ela no mundo e muitas empresas já abriram filiais ou franquias em outros países. Figura 11 - Churrascaria 25 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Fast foods Restaurantes que se caracterizam por comida rápida, com cardápio enxuto e atendimento rápido. Os métodos de produção são ágeis, com utilização de matéria-prima pré-pronta. São encontrados facilmente em praças de alimentação de shoppings ou locais com grande aglomeração de pessoas. Dentro desta categoria podemos incluir os coffee shops, que têm por objetivo também oferecer uma variedade ilimitada de cafés e similares, com acompanhamento de alimentação pronta rapidamente. Figura 12 - Restaurante fast-food Restaurante gastronômico São restaurantes muito bem-conceituados, com foco em uma clientela de poder aquisitivo mais elevado. Sempre bem localizados em regiões nas quais predominam comércios que também focam em clientes com poder aquisitivo elevado. São pratos assinados por chefes, ditos autorais, em que não há preocupação com o tempo que o cliente permanecerá lá. Tem como predominância a cozinha clássica, porém com vertentes contemporâneas. Esses restaurantes caracterizam-se por um serviço impecável, tanto no salão como nos serviços operacionais. Seus cardápios podem ser em forma de menu degustação, com pequenas porções de pratos que a casa oferece em seu menu convencional. Geralmente esse menu é harmonizado com vinhos e a presença do sommelier se faz constante. São exemplos de restaurantes gastronômicos o restaurante D.O.M, de Alex Atala, e o Maní, de Helena Rizzo. 26 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Saiba mais Para visualizar os restaurantes D.O.M e Maní, de Alex Atala e Helena Rizzo, respectivamente, acesse os links a seguir. Neles você poderá acessar o interior dos restaurantes, vendo toda a ambientação e preparos. Vale a pena o tour virtual! <http://domrestaurante.com.br/pt-br/home.html>. <http://manimanioca.com.br/>. Bistrô Caracterizados por serem lugares aconchegantes, pequenos, com menu enxuto, mas com acolhimento impecável. Muitas vezes não possuem cardápio fixo, tendo sugestões do dia ou cardápios que mudam com frequência. A proposta original desse tipo de empreendimento é ter boa comida a preços justos. No Brasil, no entanto, muitas vezes encontram-se com sugestões caras e com características de restaurantes gastrônomos. Figura 13 - Bistrô Restaurante comercial É o restaurante cuja proposta é atender clientes que trabalhem nas regiões próximas. Sua decoração é simples e os preços acessíveis. Tem o sistema self service ou por quilo (outra característica típica brasileira). Seu foco é a rotatividade de clientes e a venda de um maior volume de produtos. 27 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Restaurantes de coletividade Também conhecidos como Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), têm como característica principal a produção para um número elevado de pessoas, contando sempre com a presença imprescindível de nutricionistas. Estão localizados sempre em complexos industriais, empresas de grande porte, setores hospitalares ou grandes cozinhas. Também fazem parte desta tipologia: • Catering: voltado para abastecer a alimentação de meios de transporte, como trens e ônibus. Sua estrutura é extremamente bem-montada, com altíssimos padrões de higiene e qualidade. A presença de nutricionistas e chefes de cozinha é primordial para gerenciamento de produção. • Buffet: tem por objetivo oferecer alimentação para eventos específicos, com local próprio ou indicado pelo cliente. Serviço encontrado facilmente em formaturas, banquetes, festas, eventos de empresas, entre outros. Outside catering Alguns hotéis oferecem serviços gastronômicos fora de seus locais de origem. É um serviço de custo elevado e com logística complexa. É levado ao local onde o cliente indicou toda a produção para jantares, almoços, coquetéis, entre outros, mas com todo know-how do hotel. Todo o serviço de alimentação é feito na própria cozinha do hotel e transportado até o local, assim como toda a mobília e todos os aspectos que devem ser considerados para a logística perfeita. Food trucks Uma nova tendência no mercado gastronômico são os food trucks, que são comidas vendidas em carros ou minicaminhões estruturados para isso. Comida de rua é uma das profissões mais conhecidas no mercado, como os carrinhos de cachorro- quente ou de pipoca. Inspirados nos food trucks americanos, houve no Brasil, na última década, uma evolução desse segmento, que se deu por alguns aspectos, como: um grande avanço da tecnologia, uma crise econômica, o crescente número de pessoas que procuraram se estabelecer no mercado e os próprios donos de carrinhos mais antigos, que precisaram se modernizar. Com a crescente procura por esse tipo de comida, os food trucks passaram a ter chefes de cozinha assinando o cardápio ou mesmo gerindo o empreendimento. 28 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Sua mobilidade permite que possam estar em qualquer lugar e a qualquer hora. Assim, nascem espaços próprios para esse tipo de comércio e eventos com a reunião de diversos food trucks e variada oferta de comida. Com essa oferta, foram então criadas leis e organizações que determinaram regras para que um food truck possa funcionar. Este deve obedecer às legislações de vigilância sanitária e estar em lugares que tenham banheiros públicos e condições de higiene. O mesmo vale para as leis trabalhistas. O importante nesse tipo de empreendimento é estar atento às normas estabelecidas pelo governo e entender que, mesmo sendo um serviço de comida rápida, requer padronização de serviço operacional, de cozinha e de atendimento. No município de São Paulo, o Decreto nº 55.085 trata das normas específicas para a implantação e a manutenção desse tipo de empreendimento referente a assegurar a saúde da população ao utilizar este tipo de serviço Figura 14 Outros empreendimentos gastronômicos Com a evolução da vida moderna e da indústria alimentícia, outras formas de empreendimentos gastronômicos começaram a surgir. Assim, rotisseries e sistemas delivery, por exemplo, fazem parte do cotidiano e da facilidade em adquirir alimentos rápidos, já prontos para consumo. Mesmo as grandes redes de supermercados já contam hoje com serviços de alimentação pronta e, muitas vezes, com a presença de chefes de cozinha e sommeliers para ter excelência em atendimento. Aqui também cabem os empreendimentos de eventos para festas, como os buffets. Nesse tipo de empreendimento, a cozinha pode ir até a casa do cliente ou o cliente escolher o local. 29 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Como veremos mais à frente, ao abordar os eventos, há para esse tipo de empreendimento todo um cerimonial e regras que devem ser cumpridas para que o evento se realize perfeitamente. Vale destacar o surgimento, mesmo que ainda tímido, da gastronomia sustentável. Ela surge da preocupação com o desperdício de alimentos, mas também como forma de economizar e movimentar pequenos produtores da região em que está o restaurante. Como afirmam Silveira e Silva (2014), a sustentabilidade se baseia em três fatores: ambiental, social e econômico. Cada um desses aspectos impacta diretamente nos serviços de alimentação. As práticas sustentáveis incluem gestão, logística, fornecedores coerentes com a sustentabilidade e formas de descarte de resíduos gerados. Há ainda a preocupação com a água, a energia elétrica utilizada e o uso de matérias-primas da estação. Saiba mais Para saber mais sobre sustentabilidade, leia a reportagem: MEDEIROS, C. Nova tendência: gastronomia sustentável começa a ganhar o mercado brasileiro e modifica a conduta e o cardápio de bares e restaurantes. Revista Bares e Restaurantes, São Paulo, ano 16, n. 92, p. 38- 41, jun./jul. 2013. Disponível em: <http://www.ce.abrasel.com.br/index.php/ noticias/166--gastronomia-sustentavel-comeca-a-ganhar-o-mercado- brasileiro-e-modifica-a-conduta-e-o-cardapio-de-bares-e-restaurantes>. Acesso em: 4 dez. 2017. O Sebrae disponibiliza conteúdo sobre empresas sustentáveis e que amplia nosso entendimento sobre o tema. Acesse a página e encontre diversos conteúdos sobre o assunto: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae>. É um caminho que envolve gestores, colaboradores, fornecedores e até mesmo a comunidade. Nesse aspecto, temos a Gastromotiva, uma organização não governamental criada em 2006 pelo chefe de cozinha David Hertz, que tem por objetivo ensinar jovens carentes a cozinhar, em cursos regulares. A Gastromotiva promove a educação, empregabilidade e geração de renda. O chefe ainda trabalha com aproveitamento de matérias-primas e sustentabilidade. A organização está presente em São Paulo, Rio de janeiro, Salvador, Curitiba e Cidade do México. Vale salientar que todo trabalho é voluntário. 30 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I 2.2.2 O restaurante e sua identidade Após entender a tipologia de restaurantes, o passo seguinte é estabelecer quais são os aspectos que dão identidade ao restaurante, como o público-alvo, local e o que oferecer a esse público. Ao definir os produtos que serão oferecidos ao cliente, ocorrerá então o cruzamento de dados entre o público ao qual se quer atingir, a localização do projeto e a mão de obra qualificada. O estabelecimento de produtos ainda permite delinear a concorrência que será enfrentada, a busca por fornecedores adequados ao produto, bem como a identidade visual do empreendimento. Essa identidade permite criar o diferencial através das análises exatas sobre: • Cardápio: o esboço do cardápio permite saber quais são os produtos que serão ofertados a determinado público. Permite ainda estabelecer valores e possibilidades que poderão abrir novas frentes. O cardápio também permite visualizar qual é o tipo de cozinha que será realizado: cozinha típica, gastronômica, contemporânea etc. • Público-alvo: são as pessoas/clientes que consumirão os produtos definidos no esboço do cardápio. • Localização: definidos o cardápio e o público-alvo, é importante estudar se a localização está de acordo com as definições realizadas. A escolha da localização deve ser feita sobre um estudo de mercado, das necessidades da região e ainda do ticket médio que será cobrado. Lembrete A identidade do restaurante também se apoia nos pilares da ambientação. Mobiliário, decoração, iluminação e som dão as características que definirão o perfil do restaurante e do público que ali frequentará. 2.2.3 O bar e sua tipologia Considerando a evolução humana, percebe-se a existência do bar ou de seus serviços em antigas civilizações, como a egípcia ou a romana. Não distante, percebemos as tabernas como os bares da época, locais com presença quase que exclusivamente masculinas ou de viajantes de passagem pela região. Para aprofundarmos nossa aprendizagem, Pacheco (2002) nos servirá de apoio histórico e tipológico. Segundo o autor, acredita-se que a palavra bar teve origem na França. Dois jovens californianos que estudavam em Paris tinham por costume frequentar tabernas e, entre elas, algumas possuíam, além de seus balcões, extensões de barras (bar, em inglês). Essas barras tinham por objetivo dar apoio a clientes já alcoolizados e ainda evitar que clientes encostassem demais nos balcões. 31 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Ao regressarem para sua terra natal, os dois jovens montaram um estabelecimento inspirado nos moldes franceses e deram a ele o nome de bar. Logo o estabelecimento se tornou moda e seu sucesso deu origem ao American Bar. Sua evolução se deu principalmente após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com soldados presentes na Europa, assim como executivos americanos que para lá viajavam e divulgavam esse tipo de empreendimento. A novidade, então, se espalha pelo mundo. Com tal procura, os hotéis mais tradicionais do mundo e da Europa perceberam a necessidade de terem bares próprios, agregando comodidade e hospitalidade ao hóspede. Percebe-se uma evolução nesse segmento nas últimas décadas, movida pelas mudanças socioculturais e também pela rapidez da informação. Bares hoje não são mais apenas lugares para venda de cervejas, com alguns tipos de bebidas aliados a algum tipo de petisco ou salgadinhos simples e com presença predominantemente masculina. Atualmente bares também apresentam serviços gastronômicos, são conhecidos como gastropubs, porém há uma infinidade de bares, com serviços diferenciados e que contam com equipes de salão extremamente bem-treinadas para atender o cliente em seus mais variados pedidos. Já não há predominância masculina, sendo um espaço frequentado por uma clientela bem diversa. A característica física padrão é composta de um balcão que delimita as prateleiras de tamanhos variados para exposição de bebidas e o antebalcão, onde se encontra o barman. Há ainda a presença de utensílios para serem utilizados pelo barman, bem como a presença de equipamentos como máquinas de fazer gelo, chopeiras, geladeiras, entre outros itens, que dão apoio a esse tipo de serviço. Por ser um serviço desenvolvido na frente do cliente, é importantíssimo que o barman e seus auxiliares tenham ótima apresentação pessoal, com serviço de altíssima qualidade e com local sempre muito bem higienizado e organizado. Saiba mais No link a seguir você poderá visualizar bares contemporâneos, que reúnem ambientação, atmosfera e ainda inovações para agradar o cliente: LUIS CAFÉ E VIVIAN CONTRI ARQUITETOS ASSOCIADOS. Para atrair e fidelizar clientes, bares e restaurantes apostam em projetos de ambientação. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://lcvc.com.br/para-atrair-e-fidelizar- clientes-bares-e-restaurantes-apostam-em-projetos-de-ambientacao/>. Acesso em: 4 dez. 2017. 32 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Botequim ou boteco Segundo o dicionário on-line Michaellis, a palavra botequim significa “casa comercial onde se servem bebidas, lanches, tira-gostos etc.; boteco” (BOTEQUIM, 2017). No mesmo dicionário também encontramos a palavra boteco como lugar que vende balas, doces, artigos de primeira necessidade e que geralmente estão localizados em regiões periféricas das cidades ou à beira de estradas (BOTECO, 2017). Na cidade do Rio de Janeiro, botecos ou botequins são conhecidos como pés-sujos, pois banhistas saem da praia com os pés sujos de areia e entram no local. No entanto, podemos perceber que essa definição está ultrapassada e, atualmente, a evolução é visível para empreendimentos com ambientes despojados e com profissionais muito bem capacitados. O estilo de boteco ou botequim antigo tornou-se raro. A estrutura física ou o estilo ainda dão charme e diferencial ao empreendimento, mas a tecnologia e a modernidade estão presentes. Vale acrescentar que esse tipo de bar é singular ao Brasil. Figura 15 - Comida de boteco American bar Bar com características clássicas, de origem americana, onde o barman e a preparação das bebidas são a atração principal. Conta com a disposição padrão, um grande balcão e banquetas para os clientes, e, se houver mesas e poltronas, estas são dispostas para o balcão. Cria-se uma atmosfera de aproximação com o barman, a partir da possibilidade de conversas com ele. Em geral, localiza-se em hotéis requintados e conta com a presença variada de bebidas e cocktails, e salgadinhos para acompanhar. 33 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Figura 16 - American bar típico Bares especializados/temáticos São empreendimentos caracterizados por terem definida uma especialidade, que pode ser: • Tipo de música. • Esportes. • Motociclistas. • Tipos de clientela. Figura 17 Nesses empreendimentos, alimentação, bebida e organização de salão se adaptam ao foco do empreendimento. 34 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Cafeterias Um setor que vem ganhando espaço no mercado de bebidas e alimentos são as cafeterias. Se algumas décadas atrás as cafeterias eram vistas como redutos femininos, quando a maioria de seu público era formado por mulheres que se encontravam para conversar ou passar algumas horas reunidas, hoje são vistas como verdadeiros espaços gastronômicos onde o café é a atração principal e que dá o tom para reuniões de negócios, horas de lazer e também encontro de amigos. São espaços que agregam a alimentação com lanches, pratos rápidos, doces diversificados e a mais variada gama de cafés e grãos. As cafeterias deixam de ser um espaço feminino e transformam-se em espaços multiculturais frequentados por todos os tipos de público. Se antes tinham como presença a discussão política e ensaios literários, hoje se tornaram espaços para pocket shows, vernissages, pequenos eventos e harmonizações gastronômicas, claro que tendo como foco o café. Grandes redes internacionais se instalaram no Brasil e empreendimentos nacionais se esmeram em apresentar aos seus clientes cafés de diferentes espécies e blends. Aliados a essa atmosfera, os serviços de sala são delicados e com grande hospitalidade por parte dos colaboradores. Figura 18 Saiba mais No filme indicado a seguir você poderá visualizar diversos aspectos referidos aqui. A atmosfera, a ambientação de acordo com o serviço e o esmero em fazer o melhor. VATEL: um banquete para o rei. Dir. Roland Joffé. França: Légende Films, 2000. 103 minutos. 35 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR Resumo Nesta unidade tomamos conhecimento sobre a importância da ambientação de um restaurante ou bar e sobre como aspectos como mobília, iluminação e decoração podem atrair clientes para o local. Compreendemos que criar atmosferas saudáveis e acolhedoras passa ao cliente a segurança de um lugar pensado para ele, com elegância e conforto, tanto em restaurantes mais casuais como os mais sofisticados. Vimos ainda o breve histórico do surgimento do restaurante e bar para aprofundarmos nosso conhecimento sobre a tipologia atual de restaurante e bar e como precisamos nos manter atualizados nos diversos segmentos. Ao entender os menus e os tipos de restaurantes, conseguimos associar os possíveis empreendimentos e quais são os tipos de colaboradores de que precisaremos. Exercícios CQA Questão 1. Leia o texto a seguir: “Segundo Richard Normann, o grande precursor da qualidade em serviços, ‘a maioria dos serviços é resultado de ações sociais que ocorrem no contato entre o cliente e os representantes do estabelecimento de serviços. Tomando uma metáfora das touradas, podemos dizer que a qualidade percebida é realizada no momento da verdade, quando o prestador de serviço e o cliente encontram-se em interação face a face’. Ainda segundo Normann, ‘o sistema de prestação de serviços mais perfeitamente projetado e preparado falhará, a menos que as coisas funcionem’. Assim, qualquer pesquisa sobre qualidade deve ter início na microssituação de interação com o cliente – o momento da verdade. [...] Momento da verdade é o ponto de partida da teoria da qualidade em serviços. É onde tudo começa ou tudo termina; onde se cativa ou expulsa o cliente para sempre. Cada momento da verdade é uma oportunidade única para o estabelecimento, através de seus colaboradores, conquistar ou expulsar o cliente em definitivo. É nos momentos da verdade que o estabelecimento tem a oportunidade de mostrar ao cliente ‘que ele é a sua melhor alternativa’. [...] O termo crítico, neste contexto, significa ‘vital’, ou seja, um momento da verdade crítico tem o poder de causar um grande impacto (ou estrago) na relação com o cliente. Uma falha num momento da verdade crítico compromete toda a qualidade do serviço prestado, uma vez que este momento tem uma forte influência na percepção do cliente” (ABRASEL, 2006, p. 64-65). 36 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 Unidade I Avalie os momentos listados a seguir: I – Contatos telefônicos. II – Contatos via fax. III – Recepção no local. IV – Serviços de informações. V – Limpeza e arrumação do restaurante. VI – Forma de apresentação ou vestimenta do pessoal de linha de frente (garçons, maîtres, barman, caixa, hostess, entre outros). Podem ser considerados momentos da verdade críticos, apenas: A) I, II e III. B) II, III, V e VI. C) I, III, IV e V. D) I, II, III, IV, V e VI. E) I, II, III, IV e V. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas Justificativa geral: os momentos de I a VI são primeiros contatos com o cliente e todos os primeiros contatos são considerados momentos da verdade críticos. Questão 2. (Enade 2015) Em outubro de 2010, foi criado o documento denominado “A Carta de São Paulo: por uma cozinha sustentável”, que integra uma campanha dos profissionais de cozinha, com o principal objetivo de “garantir a civilização humana em um planeta que a possa hospedar e sustentar cidadãos”. O texto da carta foi redigido com base nos seguintes princípios: • conhecer o alimento que adquirimos, processamos e comemos; • conservar os meios e as condições que dão origem ao alimento; • preservar, valorizar e promover as qualidades naturais do alimento, assim como seu uso saudável; • utilizar todo o alimento que adquirimos; 37 Re vi sã o: M ar ci lia / Ro se - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a: 0 5/ 02 /2 01 8 SERVIÇO SALA E BAR • remunerar adequadamente os produtores do alimento, inclusive pelos serviços ambientais providenciados para a sociedade; • aplicar conhecimento e tecnologia inovadora para valorizar a diversidade e qualidade do ingrediente, assim como de seus usos; • honrar e respeitar diariamente o ato de comer e de preparar a comida. Fonte: CARTA de São Paulo: por uma cozinha sustentável. Prazeres da Mesa, São Paulo, 28 out. 2010. Passados anos da publicação dessa carta, o tema cozinha sustentável continua em alta. Entre suas propostas, está a de oferecer uma alimentação mais consciente e saudável, com a alteração de hábitos que vão desde a procura do alimento até o seu consumo final. Em decorrência dessa iniciativa, movimentos na gastronomia foram resgatados, outros criados, tendo sido apresentada uma nova gastronomia nos cardápios dos restaurantes, mudanças essas consideradas como as “tendências da gastronomia”. Dessa forma, um restaurante que tenha como proposta associar uma boa gastronomia à tendência da sustentabilidade deve apresentar cardápios que trabalhem: A) A ecogastronomia, que estimula a conexão com o campo, com os pequenos produtores, com as matérias-primas mais diversas e tradicionais, com culturas locais e com a biodiversidade alimentar, conceito que incentiva o consumo de ingredientes raros, preservando espécies em risco e criando alternativas de desenvolvimento sustentável. B) A cozinha tecnoemocional, cuja proposta é extrair a emoção das receitas com o auxílio de ferramentas modernas que mantenham o frescor dos alimentos; seus pratos devem ser elaborados com termocirculadores, thermomixes e gastrovac, equipamentos capazes de atingir perfeitos pontos de textura, com mínima alteração do sabor e da cor do produto. C) A gastronomia funcional, que combina alimentos orgânicos e integrais com técnicas modernas de cocção, como o sous-vide, gerando melhora na qualidade de vida, maior longevidade, redução de doenças ligadas aos alimentos, por meio da melhora na biodisponibilidade dos nutrientes, conceito que oferece aos clientes uma cozinha consciente, pura e ética. D) A cozinha de “monoporções” e ingredientes de procedência identificada, que resgate o comer consciente, evitando o desperdício de alimentos e associando-se ao compromisso e ética de saber o que se está comendo, ou seja, uma gastronomia moderna que trabalha a arte em seus pratos e a valorização das novas tendências. E) O comfort food, que promove um retorno às origens da gastronomia, recria pratos esquecidos no tempo, utilizando técnicas e ingredientes novos, em um cardápio que desperte sensações agradáveis de simplicidade, de pureza, e evoque o prazer e o bem-estar, com princípios éticos de não utilizar os produtos industrializados da atualidade, que tiram a autenticidade e o sabor das receitas de uma época em que se fazia comida com produtos naturais. Resolução desta questão na plataforma.
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