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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS TEORIAS EDUCACIONAIS Educação, do latim “educere” = conduzir para fora ou direcionar para fora. Possui significado amplo, variando conforme a sociedade, a cultura e o momento histórico, abrangendo processo e ação. Em algum momento e de algum modo você se envolve com a educação. Para aprender, ensinar, fazer, ser e até conviver, a vida mistura-se com a educação. A educação está tão impregnada na existência dos seres humanos que, de maneira geral, é mais vivenciada do que pensada. Com isso, ela demorou para se tornar uma preocupação dos teóricos. DEFINIÇÃO DE TEORIAS EDUCACIONAIS Termo “teoria” na área da educação: utilizado quando se deseja apresentar algumas ideias ou hipóteses que se estabeleceram historicamente (por trabalhos, estudos e observações), feitas por pesquisadores na área educacional. Termo “teoria da educação”: a ciência que pesquisa o valor e os limites da educação como processo de edificação e de libertação do ser humano, e que deseja explicar o verdadeiro sentido e sua dimensão, conceitual e fidedigno do processo educativo do indivíduo.” Sendo assim, as teorias educacionais são modelos de natureza, predominantemente normativa e com objetivo de prescrever as melhores formas de se ensinar. -> Concepções educacionais das teorias educacionais se estabeleceram em três níveis: • Nível filosófico; • Nível sociológico; • Nível pedagógico. IMPORTÂNCIA DAS TEORIAS EDUCACIONAIS Elas demonstram o presente e apontam o futuro possível; Visam a formação integral dos humanos, com desenvolvimento de suas potencialidades, tornando- lhes sujeito de sua própria história e não objeto dela; As teorias educacionais oferecem elementos básicos para a prática educativa e para sua transformação; São um instrumento eficaz de formação do educador capaz de levá-lo a superar o senso comum, o ativismo inconsequente e o verbalismo estéril; O estudo delas é fundamental pois servirá de base estrutural para as práticas educacionais. ORIGEM DAS TEORIAS EDUCACIONAIS NO MUNDO Historicamente identifica-se que a prática da educação é muito anterior do que o pensamento pedagógico, este surgiu somente com a reflexão sobre a prática da educação, de como ela deveria ser sistematizada e organizada para atingir certos objetivos. Na pré-história, a educação considerava a transmissão de saberes que possibilitassem a sobrevivência do próprio indivíduo e de seus pares na sua sociedade. A ORIGEM DAS TEORIAS EDUCACIONAIS NO MUNDO E NO BRASIL -Educação primitiva no oriente: essencialmente prática e ligada à religião. O princípio pedagógico mais antigo foi o taoísmo (tao=razão universal), baseado em uma vida tranquila, pacífica e quieta. • China tradicional - baseado em Confúcio, o ensino é dogmático, memorizado e possui sistema de hierarquia e obediência. • Educação hinduísta - baseada em classes hereditárias, ou seja, mulheres não tinham direito à educação. • Egípcios - primeiros a ter consciência da importância de ensinar com leitura, escrita, história dos cultos, astronomia, música e medicina. • Hebreus – mantiveram as informações sobre a história, assim o mundo herdou um conjunto de princípios e tradições até hoje. A educação hebraica era rigorosa, pregando medo a Deus e submissão aos pais, baseado na repetição e revisão. A educação primitiva no oriente ocorreu com características semelhantes, fundamentais na tradição e culto aos velhos. Tendências religiosas da educação primitiva: • Panteísmo no extremo oriente; • Teocratismo hebreu; • Misticismo hindu; • Magicismo babilônico. -Educação na Grécia: serviu de berço para a cultura, civilização e educação ocidental, bem como, atingiu o ideal mais avançado da educação na Antiguidade, denominada paideia (modelo de educação integradora, que acompanha o ser humano por toda vida, indo além dos muros escolares). O ambiente grego era rico em tendências pedagógicas. Alguns teóricos que se destacaram: • Sócrates: acreditava no autoconhecimento do educando e estimulava o diálogo crítico; • Platão: tinha como pressuposto a elevação do “espírito” do educando; • Aristóteles: é realista na sua concepção educacional, mostrando-se favorável a medidas educacionais, acredita que se aprende fazendo; • Pitágoras: pretendia realizar na vida a ordem que via no universo, estudando a matemática e sua afinidade com o universo; • Isócrates: centrava o ato educativo na linguagem e na retórica; • Xenofontes: primeiro a refletir sobre educação para mulheres. -Educação em Roma: o Estado assumiu a educação. Os estudos dos romanos eram essencialmente humanistas, que equivale paideia grega. (A cultura humanista é universalizada, que não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação do homem virtuoso, como ser moral, político e literário). Teóricos que se destacaram em Roma: • Marco Terêncio Varrão: escreveu uma enciclopédia didática na qual discute o ensino da gramática; • Marco Túlio Cícero: a educação integral do orador requeria cultura geral, formação jurídica, argumentação filosófica e o desenvolvimento de habilidades literárias e teatrais; • Sêneca: defendia a educação à vida e à individualidade. Enfatizava a educação moral, dando menos importância à retórica e partindo da premissa que educação deveria ser prática e vivificada pelo exemplo; • Plutarco: enfatizava uma educação que demonstrasse a biografia dos grandes homens, servindo de exemplos vivos de virtude e de caráter e reconhecia a importância da música na educação; • Marco Fábio Quintiliano: foi um dos mais respeitados pedagogos da época. Ele defendeu o ideal educacional da eloquência perfeita. Eloquente é saber falar com o público de maneira convincente + sábio. Ele defendeu a utilização do lúdico no processo ensino-aprendizagem, o estudo grupal, a inclusão de exercícios físicos moderados e o estudo da gramática. -Na idade média a educação permaneceu um privilégio restrito das classes mais favorecidas economicamente. Houve a determinação do limite da influência da cultura Greco-romana, devido ao declínio do Império Romano e invasões dos bárbaros. • No final da Antiguidade e início do período Medieval: principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna; • Na igreja cristã, do ponto de vista pedagógico: Jesus foi considerado um grande educador popular e bem sucedido, utilizava uma pedagogia para a vida (dominava a linguagem erudita, mas sabia falar com os mais humildes); • Nos séculos VI e VII nasce o império árabe e Maomé funda o Islamismo com sua doutrina no Alcorão: eles não queriam acabar com a cultura grega e iniciaram a vida escolástica que busca harmonizar a razão histórica com a fé cristã; • Final: surgimento de especialistas, mestres e doutores e a criação de universidades como a de Paris, Bolonha, Oxford e Viena. A maior parte das mulheres ainda não tinha acesso à educação formal. Os estudos medievais eram divididos em duas partes: • Trivium: estudo da gramática, retórica e dialética, correspondendo ao ensino médio, mais comum e mais popular; • Quadrivium: estudo da geometria, aritmética, astronomia e música, formando categorias superior de ensino. Para muitos, a Idade Média não foi a Idade das Trevas, da ignorância e do obscurantismo, como os ideólogos do Renascimento afirmaram. Na verdade, ela foi cheia de luta pela autonomia, com greves e grandes debates livres. Na Idade Média se destacam alguns teóricos: • Santo Agostinho: grande pensador, o mais importante filósofo e teólogo, entre a Antiguidade e a Idade Média. Defendeu a ideia que toda necessidade humana, incluindo a aprendizagem, só pode ser satisfeita por deus. Recomendou aos educadores: jovialidade, alegria, paz e também a utilização de brincadeira; • São Tomás de Aquino: filósofo, teólogo, ativo organizador de estudos, reformador de programas de ensino, fundador de escolas superiorese professor. Defendeu que a educação habitua ao educando todas suas potencialidades. Tinha como autêntico ensino a capacidade de admirar e perguntar, evitando o tédio. -Até o início do Renascimento, o analfabetismo imperava pelos diversos países do continente europeu. A educação tornou-se mais prática e priorizou a formação do homem burguês. O pensamento pedagógico se caracterizava por uma revalorização da cultura greco-romana. O renascimento pedagógico é unido a fatores do progresso histórico, tais como: • Grandes navegações, que originaram o capitalismo comercial; • A invenção da imprensa, que disseminou o saber e a revolta; • O achado da bússola, que permitiu as grandes navegações; • O uso da pólvora, que impulsionou as guerras; • A imigração dos sábios bizantinos, que influenciou o pensamento pedagógico. No Renascimento, destacam-se os teóricos abaixo: • Vittorino da Feltre: humanista e cristão, propôs a primeira “escola nova” e uma educação individualizada com autogoverno dos alunos; • François Rabelais: criticou o formalismo da educação escolástica, valorizou as ciências da natureza, do homem, os estudos clássicos, porém, de forma exagerada; • Michel de Montaigne: repudiou a erudição, disciplina escolástica e criticou Rabelais pelo enciclopedismo. Para ele, os professores deveriam ter a cabeça antes melhor que provida de ciência. Foi considerado um dos fundadores da pedagogia na Idade Média; • Martinho Lutero: líder da Reforma Protestante (liberdade de consciência contra a imposição do catolicismo). Nos países protestantes, o controle da escola foi passado para o Estado, mas não consistia em uma escola pública, leiga, obrigatória, universal e gratuita. • Inácio de Loyola: fundador da educação jesuítica. Os jesuítas influenciavam a vida social e política, contrários ao espírito crítico, privilegiavam o dogma, a conservação da tradição, a educação mais científica e moral que humanista. No mundo colonial atuavam na formação burguesa e na formação catequética. O início das teorias educacionais no Brasil: o país era visto como uma colônia com riquezas a serem exploradas por Portugal, ou seja, a educação não era prioridade. • Em 1549 chegam os primeiros missionários religiosos católicos jesuítas da Companhia de Jesus e fundaram em Salvador o primeiro colégio. Eles priorizavam os valores religiosos, como um ensino conservador e a educação elementar, o letramento era uma consequência, não o objetivo inicial. A população de iletrados começa a ser devido ao sistema agrário e escravista; • Em 1759, com a reforma pombalina, os jesuítas foram expulsos do território português e de todas as suas colônias pelo Marquês de Pombal, devido a uma modificação na estrutura educacional portuguesa. Houve um período rico em reflexões pedagógicas, inspirado pelo iluminismo, porém, causou atrasos na educação, devido a descontinuidade de estudos, agravando o analfabetismo. • Após a monarquia ser substituída pela república, começa a se estabelecer um tipo de escola elementar universal, leiga, gratuita e obrigatória no Brasil. ATIVIDADES: 1. Neste capítulo, você verificou a importância de estudar e compreender as teorias educacionais. Elabore um parágrafo de três a cinco linhas sobre o que você compreendeu da importância do estudo das teorias educacionais. O estudo das teorias educacionais é relevante pois elas oferecem elementos teóricos básicos para a prática educativa e sua transformação. Além disso, ao estudá-las, visa-se a formação integral dos seres humanos, focando no desenvolvimento de suas potencialidades e tornando-os sujeitos protagonistas de suas próprias histórias e não apenas objeto delas. As teorias educacionais também demonstram o presente e apontam um futuro possível. 2. Você estudou várias personalidades que propuseram diferentes teorias educacionais. Escolha uma personalidade destacada no Oriente, na Grécia, em Roma, na Idade Média e no Renascimento; e faça uma pesquisa sobre a personalidade escolhida, destacando o seu papel na educação. Oriente Egípcios - primeiros a ter consciência da importância de ensinar com leitura, escrita, história dos cultos, astronomia, música e medicina. Grécia Xenofontes: primeiro a refletir sobre educação para mulheres. Roma Marco Fábio Quintiliano: foi um dos mais respeitados pedagogos da época. Ele defendeu o ideal educacional da eloquência perfeita. Eloquente é saber falar com o público de maneira convincente + sábio. Ele defendeu a utilização do lúdico no processo ensino-aprendizagem, o estudo grupal, a inclusão de exercícios físicos moderados e o estudo da gramática. Idade Média São Tomás de Aquino: filósofo, teólogo, ativo organizador de estudos, reformador de programas de ensino, fundador de escolas superiores e professor. Defendeu que a educação habitua ao educando todas suas potencialidades. Tinha como autêntico ensino a capacidade de admirar e perguntar, evitando o tédio. Renascimento Martinho Lutero: líder da Reforma Protestante (liberdade de consciência contra a imposição do catolicismo). Nos países protestantes, o controle da escola foi passado para o Estado, mas não consistia em uma escola pública, leiga, obrigatória, universal e gratuita. 3. Utilize os termos abaixo e preencha as lacunas das frases: Oriente Grécia Roma Idade Média Renascimento a. No Renascimento, o pensamento pedagógico se caracterizava por uma revalorização da cultura greco-romana. b. Os estudos em Roma eram essencialmente humanistas. c. No Oriente, a educação primitiva ocorreu com características semelhantes, fundamentadas na tradição e culto aos velhos, porém, foi guiada por tendências religiosas diferentes. d. A Grécia era rica em tendências pedagógicas. e. Na Idade Média, a principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna. TEORIAS BEHAVIORISTAS Teorias da aprendizagem – se desenvolvem em um contexto descritivo, apresentando os elementos considerados necessários para que a aprendizagem ocorra e ainda descrevem como a aprendizagem acontece. Essas teorias subscrevem métodos e técnicas propostas no âmbito das teorias de educação. Exemplo: teorias behavioristas, neobehavioristas, cognitivistas, humanistas, socioculturais e libertadoras. Teorias de ensino - são de prevalência normativa e prescritiva, prescrevendo as melhores formas de ensinar. -> O behaviorismo (do inglês behavior) significa comportamento. Behaviorismo metodológico: caráter empirista (em que o ser humano aprende a partir de seu ambiente, sem heranças biológicas ao nascer) e determinista (baseada em estímulo-resposta). Behaviorismo radical: não pressupõe que o ser humano seja desprovido de qualquer herança fisiológica e genética. • Ivan Pavlov: fisiologista russo que teve um papel importante no desenvolvimento das teorias behavioristas. Pavlov realizou experimentos com cães, alimentos e sons de campainhas, verificando a reação dos cães a estímulos e analisando suas salivações. A partir disso, ele postulou que o reflexo condicionado teria um papel importante no comportamento humano e na educação. O trabalho de Pavlol serviu de base para John Watson fundar o comportamentalismo/behaviorismo no mundo ocidental. • John Watson: psicólogo estadunidense, considerado o fundador do behaviorismo, termo utilizado para enfatizar sua preocupação com os aspectos observáveis do comportamento. Suas pesquisas foram direcionadas mais nos estímulos do que nas suas consequências. Para ele, o comportamento era composto inteiramente de impulsos fisiológicos. Com isso, Watson propôs dois princípios para a aprendizagem: -Princípio da frequência: quanto mais frequentemente é associada uma dada resposta a um dado estímulo, mais provavelmente se associará outra vez, cabendo ao professor promover o maior número de vezes possível a um estímulo para que o aprendiz adquira conhecimentos. -Princípioda recentidade: quanto mais recentemente é associada uma dada resposta a um dado estímulo, mais provavelmente será associado outra vez, cabendo ao professor proporcionar ao estudante o vínculo mais recente possível entre a resposta que ele quer que o aluno aprenda e o estímulo a ela relacionado. • Burrhus Frederic Skinner: psicólogo, inventor, filósofo e mais famoso dos behavioristas. Sua concepção de ensino está relacionada ao processo de condicionamento pelo uso de reforço das respostas que se quer obter. Nesse método, o aluno é reforçado ao completar uma tarefa, como um exercício, por exemplo. O objetivo de Skinner era descobrir as leis naturais que regem as reações do organismo que aprende, aumentando o controle das variáveis que o afetam, com base no estudo científico do comportamento. Etapas básicas de um processo de ensino aprendizagem 1. Estabelecer os comportamentos terminais, por meio dos objetivos instrucionais; 2. Analisar a tarefa de aprendizagem, para ordenar sequencialmente os passos da instrução; 3. Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas corretas correspondentes aos objetivos. TEORIAS NEOBEHAVIORISTAS E HUMANISTAS A corrente neobehaviorista nasceu de uma transição entre o behaviorismo clássico e o cognitivismo. • Robert Gagné (psicólogo educacional): sua teoria entendia a aprendizagem como uma modificação na capacidade cognitiva do homem. Ativada pela estimulação do ambiente exterior (input) que provoca uma modificação do comportamento observada como o desempenho humano (output). Para ele, cabe ao professor promover a aprendizagem, por um conjunto de eventos planejados para iniciar, ativar e manter a aprendizagem do aluno. Os eventos internos que compõem o ato de aprendizagem podem ser analisados pelas seguintes fases: 1) Fase de motivação (expectativa); 2) Fase de apreensão (atenção seletiva); 3) Fase de aquisição (entrada de armazenamento); 4) Fase de generalização (transferência); 5) Fase de rememoração (recuperação); 6) Fase de retenção (armazenamento na memória); 7) Fase de desempenho (resposta); 8) Fase de retroalimentação (reforço). Nessa teoria, a aprendizagem estabelece estados persistentes no aprendiz, denominadas capacidades humanas: Informação verbal – habilidades intelectuais – estratégias cognitivas – atitudes – habilidades motoras • Edward Tolman (psicólogo): propôs uma teoria com abordagem behaviorista intencional e denomina “cognição” como um resultado entre estímulos e respostas que dirigem o comportamento. Algumas implicações da teoria para o ensino-aprendizagem: 1) A intenção e a meta dirigem o comportamento e não a recompensa (reforço) em si - É importante o professor evidenciar ao estudante a meta que ele pode atingir, caso responda corretamente a um dado estímulo; 2) As conexões que explicam o comportamento envolvem ligações entre estímulos e expectativas, que se desenvolvem como função de exposição a situações nas quais o reforço é possível - O professor deverá reforçar as conexões entre estímulos e expectativas, para que o aluno apresente um comportamento desejado; 3) O que é aprendido é uma relação entre estímulos e expectativas de atingir um objetivo - O professor deve promover a aprendizagem do aluno pelo fortalecimento da ligação entre um sinal (estímulo) e um significado, confirmando a expectativa de recompensa do aluno. Na corrente humanista existem relações entre o desenvolvimento humano e o conhecimento. • Carl Rogers (psicólogo): propôs uma abordagem humanista que objetivava o crescimento pessoal do aluno. Na sua teoria, se destaca: 1) Sistema educacional: tem como objetivo facilitar a aprendizagem e seu ponto final deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente atuantes; 2) Professor: para que seja um facilitador, ele precisa ser uma pessoa verdadeira, autêntica, genuína, despojando-se do tradicional e tornando-se uma pessoa real com seus alunos, estabelecendo assim, uma relação duradoura de confiança e aceitação.; 3) Aprendizagem significante: envolve a pessoa do aprendiz, sentimentos e intelecto, sendo mais duradoura e penetrante; 4) Avaliação: por outros ela tem importância secundária, mas a autocrítica e a autoavaliação são básicas. TEORIAS COGNITIVAS A corrente cognitivista enfatiza o processo de cognição, são as teorias que pesquisam os “processos centrais” do indivíduo, como o comportamento. Alguns construtivistas com ênfase na cognição: • Jerome Brunner (psicólogo): para ele, o que é relevante no ensino é sua estrutura, ideias e relações. Propôs tirar a ênfase no ensino das disciplinas e colocar no contexto dos problemas que a sociedade enfrenta. Concluiu que a elaboração de um currículo não é suficiente para a melhoria da educação, pois ela é profundamente política. Segundo a teoria dele, há duas maneiras de ensinar: 1) Método da descoberta: consiste em conteúdos percebidos pelo aluno em problemas, relações e lacunas que ele deve preencher para que a aprendizagem seja significativa. Esse método é similar à descoberta que um cientista faz em seu laboratório. 2) Currículo em espiral: significa que o aluno deve ter a oportunidade de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e com diferentes formas de representação. • Jean Piaget (biólogo, psicólogo e epistemólogo): reconhecido por seus estudos sobre os processos de construção do pensamento nas crianças. O construtivismo piagetiano para o processo ensino aprendizagem foi muito difundido e utilizado. A teoria cognitiva da aprendizagem de Piaget separa o desenvolvimento cognitivo em quatro períodos: 1) Sensório-motor: 0 a 2 anos; 2) Pré-operacional: 2 a 7 anos; 3) Operacional concreto: 7 a 12 anos; 4) Operacional lógico-formal: 12 a 17 anos. Para Piaget, o crescimento cognitivo da criança ocorre através da assimilação e acomodação: -O indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade, havendo aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação. -Ensinar significa provocar o desequilíbrio na mente da criança, para que ela se reestruture cognitivamente e aprenda, a partir de um reequilíbrio. -> Piaget criticou a escola tradicional: pois acreditava que os sistemas tradicionais objetivavam mais acomodar a criança nos conhecimentos tradicionais do que formar inteligências inventivas e críticas. • David Ausubel (psicólogo da educação): reconhecido por propor o conceito de aprendizagem significativa. Nela, uma nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica. Com isso, a aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação se aporta em conceitos relevantes (subsunçores) pré-existentes na estrutura cognitiva. Diferença entre as aprendizagens: 1) Mecânica: uma nova informação é armazenada de maneira arbitrária e literal, não interagindo com aquela já existente na estrutura cognitiva. (decoreba) 2) Significativa: uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não- literal) à estrutura cognitiva do aprendiz. Na aplicação de teoria ausubeliana, o professor precisa realizar quatro etapas fundamentais: 1) Determinar a estrutura conceitual e proposicional de matéria, organizando os conceitos e princípios hierarquicamente; 2) Identificar quais os subsunçores relevantes à aprendizagem do conteúdo a ser ensinado (que o aluno deveria ter na sua estrutura cognitiva para poder aprender de forma significativa); 3) Determinar dentre os subsunçores, quais estão disponíveis na estrutura cognitiva do aluno; 4) Ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a assimilação da matéria pelo aluno com aquisição de significados claros, estáveis e transferíveis. TEORIAS SÓCIO-CULTURAIS E LIBERTADORAS Nas correntes socioculturais e libertadoras os processos educativos não estão restritos à educação formal, mas direcionado a um processo de ensinoe aprendizagem inserido na sociedade. O foco é no sujeito, sendo ele elaborador e criador do conhecimento. • Lev Vygotsky (psicólogo): propôs a psicologia cultural-histórica (a sociedade e a cultura têm uma função efetiva na formação). Está centrada na atividade, sendo ela, a unidade de construção da consciência, um sistema de transformação do meio com ajuda de instrumentos e signos, sendo por meio dela, desenvolvidos os processos psicológicos superiores. O desenvolvimento humano está definido pela interiorização dos instrumentos e signos, e pela conversão dos sistemas de regulação externos em meios de autorregulação. Um dos conceitos mais originais da teoria de Vygotsky é o da zona de desenvolvimento proximal. Trata- se de um desnível intelectual avançado em que uma criança, com o auxílio direto ou indireto de um adulto, pode desempenhar tarefas que ela, sozinha, não faria por estarem acima do seu nível de desenvolvimento. Pilares básicos do pensamento de Vygotsky: 1) As funções psicológicas têm um suporte biológico, sendo produtos da atividade cerebral; 2) O funcionamento psicológico baseia-se nas relações sociais, que se desenvolvem num processo histórico; 3) A cultura é parte essencial da natureza humana; 4) A relação homem/mundo é mediada por sistemas simbólicos. Na teoria de Vygotsky, o objetivo geral: • Da educação era o desenvolvimento da consciência construída culturalmente; • Da escola era ter um papel importante como motor desse desenvolvimento; • Do professor é que ele assumiria uma figura importante como elemento-chave nas interações sociais do estudante; • Da aprendizagem, depende da riqueza do sistema de signos transmitido e como são utilizados. Os sistemas de signos, a linguagem e os diagramas possuem um papel relevante. • Paulo Freire (educador e filósofo): propôs uma teoria do conhecimento, uma filosofia da educação. A grande originalidade da sua teoria está no fato de considerar a educação como libertadora, sua proposta tem enfoque na transformação social, ou seja, na transformação total da sociedade. Na teoria de Freire, o objetivo era: • Do conteúdo: não existia um programa de conteúdo definido previamente. Os temas debatidos eram estabelecidos pelo grupo e não pelos educadores; • Dos educadores: tinham o papel de orientar os alunos, enriquecendo os debates e propondo temas secundários, impulsionando o processo educativo; • Dos alunos era adquirir uma postura crítica; • O papel da escola não era próprio da pedagogia libertadora, pois a sua marca estava na atuação não formal. Freire também argumentava que existe uma sabedoria popular que deve ser levada em conta, no sentido de uma conscientização, visando a transformação social. Em relação à maneira de trabalhar, ele priorizava a hierarquia horizontal entre educador e educando, em que professor e alunos aprendem juntos com intensa interação, ao contrário da forma tradicional de ensino centrada na autoridade de um professor. No entanto, não elimina a hierarquia professor-aluno, apenas pressupunha uma participação igualitária de ambos no processo de aprendizagem. Com isso, educadores engajados do ensino escolar vêm adotando pressupostos da pedagogia Freireana. Porém, sua transposição para a educação formal, especialmente para o ensino de ciências, não é trivial e requer pesquisa. -> Principais contribuições de Freire: 1) Teoria dialética do conhecimento: a melhor maneira de refletir é pensar o concreto – pensar a prática e retornar a ela para transformá-la; 2) Categoria de pedagogia da conscientização: visando pela educação a autonomia intelectual do cidadão para intervir na realidade - a educação como um ato político.
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