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Prescrições Médicas e RDC 344 Fundamentos da elaboração da prescrição e seu cumprimento pelo paciente Tanto a prescrição quanto as dosagens erradas de um fármaco em doses inadequadas, acarretam em desfechos desfavoráveis. De acordo com a OMS, mais de 138 milhões de pessoas são afetadas anualmente por erros médicos, sendo que, aproximadamente 2,6 milhões de pessoas morrem por esta causa. As principais causas/falhas são: 1. Erros no diagnóstico; 2. Erros na prescrição de medicamentos; 3. Uso inadequado de fármacos. Entre outros motivos estão: 1. Os sistemas de saúde não estão adequadamente desenhados para enfrentar esses erros e aprender com os mesmos; 2. Muitas unidades médias ainda ocultam os erros cometidos, o que impede que ações sejam tomadas. Tanto a prescrição quanto as dosagens erradas de um fármaco em doses inadequadas, acarretam em desfechos desfavoráveis. De acordo com a OMS, mais de 138 milhões de pessoas são afetadas anualmente por erros médicos, sendo que, aproximadamente 2,6 milhões de pessoas morrem por esta causa. Princípios básicos da elaboração da prescrição Os primeiros medicamentos eram constituídos de vários ingredientes e exigiam procedimentos de preparação complexos, e o latim foi adotado como linguagem padronizada de prescrição para assegurar a melhor compreensão entre o médio e o farmacêutico e consistência na composição farmacêutica. Hoje, o latim não é mais a língua internacional da medicina, mas algumas abreviaturas utilizadas comumente derivam do seu emprego no passado. O símbolo “Rx” é usado como uma abreviatura para a palavra em latim recipre, que significa “tomar” ou “tomar desse modo”. Prática moderna à a prescrição consiste em sobrescrição, inscrição, subscrição, signa e nome e assinatura do médico que prescreve, todos incluídos em uma mesma folha impressa. Sobrescrição: inclui a data na qual a prescrição foi escrita; nome, endereço, peso e idade do paciente, e a prescrição propriamente dita. Inscrição: contém o nome e a quantidade ou concentração do fármaco a ser dispensado, ou o nome e a concentração de cada composto a ser preparado. Subscrição: é a instrução ao farmacêutico, que geralmente consiste em uma frase curta, como “preparar uma solução”, “misturar e acondicionar em 30 cápsulas” ou “dispensar 30 comprimidos”. Signa ou sig: é a instrução para o paciente sobre como ele deve usar a prescrição, interpretada e transcrita no rótulo da prescrição pelo farmacêutico. A prescrição deve ser preparada cuidadosamente para identificar o paciente e o fármaco a ser dispensado, assim como a forma na qual ele deve ser administrado. A precisão e legibilidade são fundamentais. A utilização de abreviaturas deve ser evitada, pois acarreta erros de dispensação. A inclusão do propósito da prescrição na subscrição (p.ex., “para o controle da pressão arterial”) pode evitar erros de dispensação. A inclusão do propósito da prescrição também pode ajudar os pacientes na organização e compreensão da finalidade de seus fármacos. A inclusão do peso do paciente na prescrição pode ser útil para evitar erros de cálculo da dose, principalmente quando são prescritos fármacos para crianças. A instrução “tomar conforme orientação” não é satisfatória e deve ser evitada pelo médico. Essas instruções pressupõem um entendimento da parte do paciente que pode não ser real e excluem desnecessariamente o farmacêutico do processo de assistência farmacêutica. Essas instruções são consideradas inadequadas pelo farmacêutico, que precisa descobrir a intenção do médico antes de Beatriz Loureiro dispensar o fármaco e que compartilha da responsabilidade sobre a segurança do paciente e o uso apropriado do medicamento. As melhores instruções ao paciente incluem um lembrete quanto à finalidade pretendida do fármaco, que é expressa em frases como “para o alívio da dor” ou “para atenuar o prurido”. A via correta de administração é enfatizada pela escolha das primeiras duas palavras das instruções. No caso de uma preparação oral, as instruções devem começar com “tomar” ou “administrar”; para os produtos aplicados externamente, o termo “aplicar”; para os supositórios, “inserir”; e para as soluções oculares, otológicas ou nasais, prefere-se o termo “colocar” em vez de “instilar”. Autoridades de quem prescreve Os prescritores são: • Médicos; • Cirurgiões-dentistas; • Enfermeiros (seguindo protocolos); • Farmacêuticos (apenas os MIPs ou tarjados com diagnóstico e protocolo prévio); • Médicos-veterinários (para uso em animais); • Nutricionistas (suplementos e fitoterápicos). Prescrição de medicamentos A prescrição de medicamentos é uma ordem escrita dada por profissional capacitado, e deve conter: • Data, nome, hospital, UBS ou centro médico; • Nome do medicamento; • Dose do medicamento; • Horário e/ou intervalo das doses; • Via de administração do medicamento; • Assinatura e carimbo contendo o seu registro no conselho do médico, odontólogo ou de outro profissional qualificado; • O nome do medicamento deve estar em letra legível. Componentes de uma boa prescrição 1. Nome e endereço do profissional prescritor ou da instituição onde trabalha; 2. Nome e endereço residencial completo do paciente, idade (quando necessário); 3. Nome genérico do medicamento – via de administração, dosagem, quantidade total a ser fornecida, forma farmacêutica, apresentação do medicamento; 4. Posologia, duração total do tratamento; 5. Data, assinatura do profissional, carimbo constando o número do Conselho Regional de Classe; 6. Peso, altura do paciente; 7. Orientações de repouso, dietas, possíveis reações adversas ou informações referentes ao tratamento, se necessário. Tipos de prescrição médica ou receita médica Prescrição padrão: contém o quanto de medicamento o paciente deve receber e por quanto tempo, permanece em efeito por tempo indefinido ou por período especificado. Prescrição única: deve conter a prescrição de um medicamento que o paciente deve usar apenas uma vez. Prescrição imediata: deve conter a prescrição de um medicamento o qual o paciente deve receber imediatamente, em geral usada em problema urgente. Prescrição permanente: contém a PM de forma permanente, essas prescrições são elaboradas e executadas por equipes de uma determinada instituição de saúde, sendo nos dias atuais bem difundidas como protocolos. Prescrição verbal e telefônica: não é o tipo de prescrição médica ideal, deve ser evitada, pois este tipo traz riscos iminentes de erros, pode ocorrer em situações de urgência e deve ser transcrita pelo médico o quanto antes. Medicamento sujeitos a controle especial A portaria 344 de 12 de maio de 1998 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde é a principal legislação nacional sobre o comércio de medicamentos sujeitos a controle especial. Nela, as substâncias estão distribuídas em listas que determinam a forma como devem ser prescritas e dispensadas. Beatriz Loureiro Denominação Comum Brasileira (DCB): é a denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária (Lei n° 9.787/1999). Atualmente, com o advento do registro eletrônico, adquiriu uma concepção mais ampla e inclui também a denominação de insumos inativos, soros hiperimunes e vacinas, radiofármacos, plantas medicinais, substancias homeopáticas e biológicas. Denominação Comum Internacional (DCI): é a denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo, de acordo com a OMS (Lei 9.787/1999; Decreto n° 3961/2001; Resolução – RDC n° 84/2002), que identifica a substância por um nome genérico, de uso público e reconhecimento global. Cada denominação apresenta-se em diversos idiomas, como o latim, espanhol, francês, inglês e russo. A finalidade da DCI é conseguir uma boa identificação de cada fármaco no âmbito mundial.Significado das Tarjas de Medicamentos Medicamento sem Tarja: são isentos de prescrição médica, ou seja, não necessitam de receita médica para serem adquiridos. Venda livre. Sem retenção de receita: apresentam TARJA VERMELHA na embalagem contendo o seguinte texto: venda sob prescrição médica. Com retenção de receita: entre os medicamentos que necessitam de prescrição médica, alguns possuem um controle especial dos órgãos sanitários do governo, devendo ter a sua prescrição retirada no momento da compra. Apresentam TARJA VERMELHA ou TARJA PRETA na embalagem contendo o seguinte texto: vendo sob prescrição médica só pode ser vendido com retenção da receita. Tarja amarela: deve constar na embalagem dos medicamentos genéricos e deve conter a inscrição G e Medicamento Genérico escritos em azul. à tarja vermelha: já tem efeitos adversos mais significativos, precisa de conhecimento maior para ser prescrito, sob prescrição médica. à tarja preta: efeitos adversos no SNC, são psicoativos e que podem desenvolver dependência ou potencial de abuso. Prescrições São dois tipos de prescrição médica: • Ambulatorial: receita simples; • Hospitalar: a prescrição médica hospitalar é um documento com todas as condutas que o médico deve passar para um paciente (exceto solicitações de exames) a partir do momento em que ele é internado ou mesmo em observação por um curto período em um hospital. Após a internação o paciente será supervisionado com base em um roteiro padrão, que inclui: • Dieta, repouso, as drogas a serem utilizadas, entre outros aspectos (essa ordem pode sofrer alterações a depender do problema do paciente. Entretanto, compreender que as condutas obedecem a um arranjo de itens na prescrição facilita seu preenchimento. A prescrição médica hospitalar é um documento onde vai ficar registrado tudo que foi feito, contendo: o carimbo, assinatura e CRM do médico e irá guiar todo o cuidado com o paciente. O que direciona e facilita servir tanto para os outros profissionais de saúde identificarem (e executarem) as condutas previamente escritas pelo médico, quanto para os outros residentes, médicos e internos que sucederem no cuidado com o paciente. Deste modo, a ficha facilita a sistematização do raciocínio, diminuindo a chance de esquecimentos dos itens e simplificando o trabalho da equipe multidisciplinar. Prescrição – utilização Essa ferramenta ficará disponível para todo o serviço de saúde do hospital em que esteja envolvida no cuidado ao paciente da prescrição feita. Deste modo, após realizada, uma via será entregue a farmácia e outra para o serviço de enfermagem, onde eles saberão exatamente as condutas que deverão ser realizadas. Todos os profissionais de saúde que se relacionam com o caso em questão, principalmente a equipe de enfermagem e técnicos, mas também o nutricionista, fisioterapeutas, farmacêuticos, fazem mão deste documento. Os locais a se utilizar a prescrição médica são os hospitais, unidades de emergência (UPA, hospitais, Beatriz Loureiro UBS), UTI, enfermarias. No momento em que o paciente entra na emergência e o médico define uma conduta, já deve ser feita a prescrição inicial. Porém, essa lista pode ser ampliada e mais complexa em casos de internação cujo paciente ficará sob observação por um período maior. Prescrição – organização A ficha de prescrição médica hospitalar varia em aspecto de hospital para hospital, porém, os dados a serem preenchidos estabelecem um padrão. Como uma forma de facilitar sua estrutura, podemos dividi- la em três componentes: A, B e C. As informações médicas contidas na prescrição podem ser sempre atualizadas assim que necessário: acrescentando, ajustando ou retirando medicações (dentro do horário vigente) ou sendo renovada (se já tiver passado o horário que o hospital em questão preconizou). A à neste cabeçalho é visto um espaço para preenchimento dos dados específicos do paciente: nome completo, unidade de atendimento em que se encontra (setor), leito, número de registro do prontuário e a data/hora da admissão da ficha no hospital. É de suma importância destacar na prescrição, alergias que o paciente relata. B à corresponde ao espaço que é reservado para o preenchimento das condutas/esquema terapêutico. A ordem da prescrição é estabelecida conforme a sequência: repouso, dieta (alimentação), quando necessários: oxigenoterapia, fármacos relacionados ao paciente, controles gerais e cuidados específicos. O preenchimento deve ser com clareza e deve-se evitar abreviaturas/rasuras e indicações “se necessário” na prescrição dos fármacos, uma vez que a prescrição hospitalar é um ato de responsabilidade exclusiva do médico e não pode ser delegada a outros profissionais. Ademais, nem sempre um paciente que tiver febre, por exemplo, será submetido ao uso de um antitérmico “padrão”. A seta vertical ilustra a ordem do medicamento com base em sua via de administração. O primeiro item a ser prescrito é sempre o repouso e a dieta, seguido da oxigenoterapia, medicações endovenosas das quais o soro é geralmente o primeiro, posteriormente pelas medicações de via oral, demais vias e, finalmente, os cuidados gerais e específicos a serem estabelecidos. OBS: como uma forma de facilitar o trabalho do farmacêutico e da enfermagem, é de suma importância que os medicamentos sejam agrupados de acordo com a via de administração. 1° item: repouso, dieta à a prescrição inicia-se no repouso e na dieta justamente por cinta de sua complexidade. A dieta pode varia quanto a sua via de administração (enteral, parenteral, oral), quanto a sua apresentação (branda, pastosa, líquida, normal etc.), na composição (hipercalórica, isenta de lactose, livre, etc.) e no fracionamento. Por este motivo, é de extrema importância o contato com o nutricionista em vista da necessidade de uma boa relação com a equipe multidisciplinar ao longo dos cuidados com o paciente. A seta horizontal é para relembrar as características mais importantes para cada item prescrito. Neste ponto, é importante detalhar a posologia e a apresentação da medicação a ser prescrita. 2° item: medicações = hidratação à medicações por via EV à VO à outras vias. Beatriz Loureiro Nesta parte da prescrição é de suma importância detalhar alguns pontos, como: Droga: escreve-se o nome do medicamento (preferencialmente o genérico) e a sua forma de apresentação. Atente-se para medicações agudas (e que o paciente irá começar a tomar) e prévias (o paciente é hipertenso e já toma algum medicamento, por exemplo). Dose (posologia): determine a quantidade do medicamento que será fornecida. Via de administração: especifique a via de administração (EV/IV, VO, IM, VSNE, SC). Intervalo: define-se o intervalo entre as doses que serão administradas, se será de 4/4hrs, 6/6hrs, etc. 3° item: controles gerais e específicos: • Monitorização dos dados vitais de 6/6 hrs; • Controle glicêmico, balanço hídrico (diurese), fisioterapia respiratória e motora, estímulo oral; • Profilaxia para tromboembolismo: incentiva-se deambulação, meias de compressão ou medicamentos; • Prevenção de úlcera: mudança de decúbito ou solicitar uso de medicamentos; • Antiemético/laxante: muitos medicamentos cursam com náusea e vômitos; nestes casos deve- se prescrever medicações para evitar tais episódios. OBS: no componente B ainda se tem um espaço destinado a anotações da enfermagem. Essas anotações indicam se o medicamento foi feito ou não, em qual horário ele foi administrado e se houve alguma intercorrência na administração. C à este componente será constituído pela assinatura e identificação (com letra legível) de quem foi o médico responsável por realizar a prescrição. RDC 344 O regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial é aprovado pela portaria do MS n° 344, de 12 de maio de 1998. Já o controlede medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação, é regulamentado pela Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC n° 20, de 9 de maio de 2011. Controle especial (C1): a prescrição é realizada em duas vias: 1a via: retenção da farmácia; 2a via: orientação ao paciente. • Quantidade máxima por receituário: 05 ampolas para injetáveis e a quantidade correspondente a 60 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas; • Antiparkinsonianos e anticonvulsivantes: quantidade correspondente a seis meses de tratamento. OBS: a receita poderá conter no máximo três substâncias. Notificação de receita tipo A: para cadastro inicial, o médico deve-se dirigir à Vigilância Sanitária das Secretarias Municipais ou Regionais de Saúde para preencher a ficha cadastral com seus dados e carimbo. Quantidade máxima por receituário: 05 ampolas para injetáveis e a quantidade correspondente a 30 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas. Notificação de receita tipo B: para obter esse receituário, o profissional deve estar devidamente cadastrado e autorizado pela Vigilância Sanitária regional ou do município. OBS: durante uma emergência, a prescrição pode ser feita em receituário comum, devendo conter diagnóstico/CID e a justificativa do caráter emergencial do atendimento. Os receituários tipo A e B são, como o nome sugere, notificações da emissão de prescrição para medicamentos específicos. Portanto, devem ser acompanhadas por um receituário simples, uma vez que a vida da notificação fica retida na farmácia e a via simples fica com o paciente, para comprovação de uso daquela medicação. Beatriz Loureiro Medicamentos sujeitos Controle Especial Deve ser preenchido com letra legível, com clareza absoluta nas orientações de uso, evitando abreviações, como, por exemplo “01 cp”, uma vez que o paciente pode não compreender a utilização correta da medicação. O impresso deve conter, no cabeçalho: nome e endereço do profissional ou da instituição onde trabalha, e o registro no conselho de medicina. Devido à determinação legal, as medicações devem ser prescritas com o nome da sua forma genérica. Caso queira, o profissional médico poderá colocar entre parênteses o(s) nome(s) sugeridos de marca. OBS: o termo uso contínuo em vez da quantidade de apresentações necessárias possibilita o recebimento de maior quantidade de medicamentos, principalmente no tratamento de doenças, como HAS e DM. O carimbo O art. 35 da Lei 5.991/73 determina que o receituário possua data, assinatura do profissional, endereço do consultório/estabelecimento e o número de inscrição no conselho. Dessa forma, conclui-se que não há exigência legal do carimbo do médico em receituário, apenas da assinatura com identificação clara do nome e respectivo número do CRM, sendo opcional na maioria das receitas. OBS: as notificações de receitas de medicamentos controlados deverão ser carimbadas. Receituário em época de COVID-19 Devido ao período atual, de pandemia, a ANVISA, através da resolução – RDC n° 357, resolveu estender a quantidade máxima, que podem ser adquiridas por cada receituário e permitir a entrega em domicílio de medicamentos sujeitos a controle especial, mantendo a regra de retenção de uma via. Inicialmente, a resolução tem validade de 6 meses, a contar a partir da data de sua publicação em 24/03/2020. Beatriz Loureiro
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