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Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE André Sales Bruna Eduarda Bruna Esteves Caio Andrade Juan Rodrigues Lucas Cavalcante Thais Holanda TRABALHO DE CITOLOGIA FILME: DECISÕES EXTREMAS - MAL DE POMPE Trabalho ministrado sob as diretrizes da professora Ana Ataídes 2021 1 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE DESENVOLVIMENTO 1- Como é caracterizado o Mal de Pompe? A doença de Pompe (DP) é uma doença caracterizada pelo depósito lisossomal de glicogênio. Trata-se de uma doença autossômica recessiva causada pela deficiência da enzima alfa-glicosidase ácida (GAA). Esta enzima participa no processo de degradação do glicogênio em glicose dentro das fibras musculares, porém mutações variadas no gene da GAA induzem a diferentes graus da deficiência da enzima, podendo levar à deficiência parcial ou completa. O acúmulo de glicogênio lisossômico pode ocorrer em diferentes tecidos, sendo as células da musculatura lisa, esquelética e cardíaca as mais afetadas. É uma doença que apresenta manifestações clínicas muito variadas, onde os sintomas podem aparecer em diferentes idades. A depender da idade em que os sintomas se manifestam, o Mal de Pompe pode ser classificado em: Doença de Pompe Infantil (apresentação clássica) ou a forma tardia (apresentação não clássica). A forma infantil ocorre em doentes até o primeiro ano de idade e é causada pela deficiência total da GAA, seus sintomas aparecem ainda nos primeiros meses de vida da criança, trata-se da forma mais grave, em que há a presença de miocardiopatia hipertrófica, hipotonia (diminuição do tônus muscular), fraqueza muscular generalizada e de rápida progressão. Esses sintomas costumam provocar a morte da criança, geralmente antes de completar seu primeiro ano de vida, em virtude da disfunção do sistema cardiorrespiratório. Entretanto, o Mal de Pompe também pode apresentar início tardio, causado pela deficiência parcial da enzima GAA, com crianças com mais de um ano de idade, jovens e adultos. Neste caso, o principal comprometimento se deve ao sistema muscular esquelético, que sofrerá com a fraqueza muscular progressiva e uma provável insuficiência respiratória à medida que o quadro clínico do paciente se agrava. Quando comparada à forma infantil, o Mal de Pompe tardio tende a apresentar uma progressão mais lenta. 2021 2 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE 2- Descreva os passos que envolvem a formação da proteína e até sua saída pelo CG. A Enzima alfa glicosidase ácida, também conhecida como GAA, catalisa a hidrólise do glicogênio nos lisossomos, por meio da clivagem, em pH baixo, em posições α-1,4 e α-1,6 das ligações glicosídicas, permitindo que a glicose seja liberada para o citoplasma. Essa enzima é sintetizada na forma de um precursor com peso molecular de 110 kDa, e, posteriormente, sofre modificações pós-traducionais como clivagem proteolítica, glicosilação e fosforilação em resíduos de manose no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi, o que resulta na formação de duas outras formas da enzima, compostas respectivamente de 76 e 70 kDa. Tais modificações permitem que a mesma seja transportada para os lisossomos pela via de receptores da manose-6-fosfato. A enzima GAA também pode ser secretada no espaço extracelular, podendo, dessa forma, ser utilizada em tratamentos de reposição enzimática. Assim, quando há deficiência na GAA, as organelas lisossomais não são capazes de promover a degradação do glicogênio que foi obtido do citoplasma por meio de autofagia, o que poderia levar à ruptura dos lisossomos com excesso de glicogênio, em particular nos músculos durante o processo de contração muscular. Além disso, pode pode-se haver um aumento dos vacúolos autofágicos. Pode-se ver, no esquema abaixo, a exemplificação das etapas de tal processo: 2021 3 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE 3- Em que provável momento deste caminho houve erro? Em um primeiro momento, é válido analisar que o Mal de Pompe é uma doença lisossomal caracterizada por não produzir, ou produzir em pouca quantidade, a enzima alfa-glicosidase ácida. Dessa forma, as mutações patogênicas que afetam o gene da GAA e levam a esse déficit provavelmente ocorrem no momento de modificação pós-traducional no complexo de golgi e no transporte das enzimas mutantes. Além disso, podem afetar a produção lisossomal por vários mecanismos, como no momento de biossíntese ou no próprio funcionamento da enzima, formando-a de maneira parcial ou completamente inativa, comprometendo a degradação das moléculas de glicogênio. Além disso, percebe-se que a maioria das mutações do gene da alfa-glicosidase ácida são específicas de cada família, sendo raras ou únicas, e algumas mutações são mais frequentes em determinados grupos étnicos. Por exemplo, a mutação mais frequentemente encontrada em doentes de Pompe de início tardio entre os caucasianos decorre de mutação no primeiro íntron do gene da GAA que leva a um splicing inadequado. 4- Porque o Mal de Pompe é reconhecido como uma forma de distrofia muscular? Numa condição de distrofia muscular, genes anormais ocasionam a degeneração muscular. Sendo assim, percebe-se que o Mal de Pompe pode ser reconhecido como uma forma de distrofia muscular devido a sua alteração fisiopatológica mais evidente ao nível do músculo esquelético, que ocasiona o quadro clínico de fraqueza muscular progressiva. 5- Qual a importância da manose-6-fosfato no Mal de Pompe? A manose-6-fosfato caracteriza-se como um marcador biológico que se liga às enzimas α-glicosidase ácida, que quebra o glicogênio tipo 2, e facilita a interação dessas com os receptores da superfície celular. Ela faz parte da teoria de tratamento na Doença de Pompe, pois juntando a manose-6-fosfato à enzimas digestivas do glicogênio, facilita a entrada de tais enzimas nas células, assim, resultando na digestão desse composto que fica 2021 4 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE acumulado nos lisossomos (glicogênio tipo 2) e acarreta a degeneração muscular característica da doença. 6- Como está a estrutura do glicogênio no órgão afetado? O glicogênio tipo 2 encontra-se em sua forma não metabolizada acumulados nos lisossomos, com as ligações 1,4 e 1,6 inteiras pela ausência ou redução da atividade da enzima α-glicosidase ácida Dessa forma há um aumento do tamanho do lisossomo e acabando por culminar na sua disfunção e desintegração com o consequente derrame do glicogênio para o citoplasma da fibra muscular. 2021 5 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE 7- Quais os órgãos acometidos pela doença? Porque eles aumentam de volume? Em primeira análise, é necessário destacar que o aumento dos estoques de glicogênio ocorre em praticamente todos os tecidos e tipos celulares, como fígado, coração, músculo esquelético, músculo liso do trato gastrointestinal, e até mesmo nervos periféricos, ocasionando prejuízo funcional principal. Nesse sentido, o processo pelo qual a função esquelética é perdida envolve a formação inicial de pequenos vacúolos, que, com o avanço da doença, aumentam em quantidade e se fundem formando estruturas maiores que interferem na arquitetura da fibra. Assim, ocorre deposição dos lisossomos repletos de glicogênio entre as miofibrilas contráteis, seguido por dano muscular por ruptura lisossomal e liberação de enzimas para o citoplasma. Em pacientes com a forma infantil da doença, as fibras musculares esqueléticas do tipo 1 são as mais afetadas. A forma infantil da doença de Pompe apresenta-se mais frequentemente logo ao nascimento ou durante os primeiros meses de vida. As manifestações clínicas mais comuns apresentadas por estes doentes incluem miocardiopatia (dilatada ou hipertrófica), hipotonia generalizada e fraqueza muscular com progressão rápida, que em conjunto determinam um atraso no alcance dos marcos de desenvolvimento motor adequados para a idade, acabandopor culminar em morte por disfunção cardiorrespiratória antes do primeiro ano de vida. O comprometimento dos músculos envolvidos na respiração (diafragma, intercostais e abdominais) leva ao rápido aparecimento de insuficiência respiratória. Estes doentes desenvolvem também miocardiopatia secundária à acumulação do glicogênio nas células miocárdicas e por isso podem apresentar hipertrofia biventricular e septal interventricular, logo ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. Na maioria das vezes, esta hipertrofia resulta em obstrução à ejeção ventricular, determinando a progressão para miocardiopatia O tecido de condução elétrico cardíaco também é afetado pela deposição anormal do glicogênio. A conjugação da miocardiopatia hipertrófica com as alterações de condução cardíaca colocam estes doentes em elevado risco de desenvolvimento de arritmias ventriculares e morte súbita. 2021 6 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE As manifestações gastrointestinais dos doentes de Pompe infantil incluem disfagia orofaríngea e refluxo gastroesofágico, que determinam dificuldade em alimentar-se e consequente reduzido ganho ponderal, bem como pneumonias de aspiração e infecções do trato respiratório. Outros achados comuns são a macroglossia, reduzida acuidade auditiva, osteopenia e escoliose. Mais raramente podem também apresentar hepatomegalia. 8- A presença de uma enzima eficaz fará com que os indivíduos portadores da doença voltem ao normal? Justifique. Não é possível fazer com que os indivíduos acometidos com essa doença tenham o quadro clínico completamente tratado, porém a Terapia de Reposição Enzimática (TRE) pode ajudar a reduzir sua letalidade e melhorar os sintomas da doença. Tem se mostrado cada vez mais promissora, principalmente se administrada após diagnóstico precoce. Atualmente, a terapia de reposição enzimática é feita com a enzima alfa-glicosidase recombinante humana, a qual é sintetizada a partir de técnicas de biotecnologia. A TRE tem proporcionado significativa melhora na função dos músculos cardíaco e esquelético, prolongando a sobrevida e reduzindo a mortalidade. Estudos com TRE em pacientes com Doença de Pompe vêm demonstrando melhoras na cardiomiopatia hipertrófica, na fração de ejeção, bem como nas anormalidades de condução cardíaca, que podem ser visualizados em pequenos intervalos PR, e altos e largos complexos QRS. Porém, recente estudo em pacientes com Doença de Pompe de início tardio não apresentou diferenças estatísticas tanto em parâmetros eletrocardiográficos quanto nos ecocardiográficos, comparando o uso de TRE com placebo. Isso comprova que, para que a terapia tenha maior eficácia, deve ser administrada o mais precocemente possível, antes de ocorrerem lesões teciduais irreversíveis. 2021 7 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE 9- Por que as drogas para o Mal de Pompe tem uma melhor resposta clínica e biológica nos bebês? Em primeiro lugar, é importante ressaltar que indivíduos diagnosticados com Mal de Pompe detêm grandes chances de morrer precocemente, portanto o diagnóstico precoce, feito por análise clínica, diagnóstico laboratorial da atividade da alfa glicosidase ácida ou teste genético, abre espaço para o tratamento adequado e aumenta as chances de sobrevivência e melhora da qualidade de vida do indivíduo em seu desenvolvimento. A administração de drogas ainda na primeira infância reflete em respostas clínicas mais favoráveis, não permitindo que as condições resultantes do acúmulo excessivo de glicogênio sejam agravadas e tornem a reversão do quadro mais complicada, fazendo com que o paciente sofra por longos períodos ou mesmo venha a óbito. A administração da reposição enzimática, como o tratamento com maltase ácida recombinante humana (alfa-glicosidase) produzida em ovários de hamsters chinês na Doença de Pompe precoce (com início dos sintomas abaixo dos 12 meses de idade) feita durante diversos ensaios clínicos randomizados encontrou benefícios relacionados a qualidade de vida, sobrevida, tempo para início de ventilação, distúrbio de deglutição, cardiomiopatia (com diminuição da massa do ventrículo esquerdo), função miocárdica e desenvolvimento neuropsicomotor. Em protocolo clínico a CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS) recomenda este tratamento principalmente para pacientes em fase precoce, com administração recomendada de 20 mg/kg de alfa-glicosidase por via intravenosa a cada 15 dias. Em adição a isso é feito um acompanhamento de pacientes na identificação de efeitos adversos graves ou manutenção da massa do VE, condições que sujeitam o tratamento a sua interrupção. 10- Qual a probabilidade dos pais terem um outro filho portador e/ou doente ? Para desenvolver a doença de Pompe a prole deve ter ambos os alelos ligados ao gene produtor da enzima GAA 2 anormais, uma vez que é uma condição ligada ao gene recessivo com um fenótipo sendo identificado apenas nos homozigóticos. Uma vez que os pais não apresentam a doença, mas sua prole sim, é possível inferir que 2021 8 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE ambos são heterozigotos (Aa), uma vez que sua prole é homozigótica recessiva (aa), mas eles não apresentam os sintomas. Um outro filho teria a probabilidade de também ser portador ou doente a partir do seguinte quadro de Punnet: A a A AA Aa a Aa aa Assim sendo, haveria uma chance de 75% do filho ser portador do alelo recessivo e de 25% dele apresentar as alterações fenotípicas. 11- Construa a história genética desta família e explique porque o primeiro filho não é doente. Visto que, trata-se de uma doença autossômica recessiva, onde os pais não apresentam os sintomas da doença, mas ao menos um de seus filhos (neste caso, dois) apresenta, pode-se concluir que ambos os genitores são heterozigotos, representado no diagrama por: Aa. Levando esse fato em consideração, fica 2021 9 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE evidente que para terem filhos que desenvolvam a doença, os gametas precursores do indivíduo têm que trazer os alelos recessivos em seus genes, para que o zigoto seja homozigoto recessivo para a doença. No caso da família analisada, o filho I não expressa sintomas da Doença de Pompe, logo pode-se inferir que esse indivíduo não é homozigoto recessivo. Por conseguinte, tendo ambos seus genitores heterozigotos, há três possíveis cenários para a carga genética desse filho, sendo estes: AA’, Aa’, A’a. Todas essas livrando o filho do acometimento pela doença. 12- Com os conhecimentos sobre uso de imagens, como diagnosticar alterações em órgãos facilitando o diagnóstico de doença? O uso de imagens pode ser de imensa utilidade no diagnóstico de várias doenças e isso não é uma exceção para a Doença de Pompe. Alguns procedimentos de coleta de imagens são usados e colaboram para o diagnóstico da doença. Dentre os exames realizados com mais frequência nesse caso, estão: as ecografias cardíaca e abdominal e as tomografias computadorizadas abdominais e dos músculos esqueléticos. Visto que nos pacientes acometidos pela Doença de Pompe, principalmente na forma infantil, ocorre um crescimento anormal do fígado e do coração, hepatomegalia e cardiomegalia, respectivamente, a capacidade das ecografias de mensurar o tamanho e espessura desses órgãos ajuda na detecção desses sintomas. É importante também salientar que apenas alterações nesses exames de imagem não são suficientes para um diagnóstico conclusivo, já que a cardiomegalia pode ser sintoma de outras doenças, assim como a indicação de hiperecogenicidade no fígado pode estar relacionada apenas a um acúmulo de gordura em tal órgão. Se em concomitância com as ecografias, forem conduzidas tomografias abdominal e do tecido muscular esquelético, será possível obter um quadro mais conclusivo. Devido a capacidade da TC de mostrar a densidade da estrutura, pode-se observar, se a densidade do fígado estáabaixo dos valores de referência ou extremamente elevada, sendo a chave para eliminar a possibilidade de hepatomegalia por alteração gordurosa do fígado, que, nesse caso, mostraria uma baixa densidade. Por outro lado, o armazenamento de glicogênio no tórax pode aumentar, consideravelmente, a densidade nas imagens de TC. Outrossim, a TC de 2021 10 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE músculo esquelético é mais um recurso essencial no processo de diagnóstico, dado que uma alta densidade dos músculos da coxa e da panturrilha pode ser observada em distúrbios de armazenamento de glicogênio, como as doenças de McArdle e de Pompe de começo na infância. Portanto, uma combinação de resultados como alta densidade no fígado e no músculo esquelético, além de possíveis hepatomegalia e cardiomegalia, podem levar a suspeitas de Doença de Pompe, que em conjunto com posteriores análises dos níveis de GAA (alfa-glicosidase ácida), conduzem ao diagnóstico final. Ademais, é válido ressaltar que os exames de imagem citados são menos invasivos que a biópsia muscular, facilitando o diagnóstico e uma seguinte avaliação da eficácia do tratamento, realizado com terapia de reposição enzimática (TRE). 13- Qual a importância da biópsia muscular no diagnóstico? A biópsia muscular enquadra-se como um exame complementar, que é importante para o fechamento do diagnóstico do Mal de Pompe. Uma vez que, permite confirmar a lesão da fibra muscular e o depósito anormal de glicogênio nas células musculares. Em estágios avançados da doença, o acúmulo de glicogênio é visto tanto nos lisossomos quanto disperso no citosol. Isso porque os lisossomos sofrem ruptura de sua membrana e ,com isso, o glicogênio que estava acumulado na organela fica disperso no meio intracelular/sarcoplasma, o que interrompe o aparelho contrátil. É importante, ainda, pontuar que percebe-se uma atividade anormal da fosfatase ácida, com um aumento de sua atividade no sarcoplasma ou nos vacúolos autofágicos originados da degradação lisossomal. Na biópsia, é usada a coloração ácido periódico + reativo de Schiff ou coloração PAS para identificar glicogênio nos tecidos. 2021 11 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE * O tipo clássico infantil mostra as alterações patológicas mais graves, com alta concentração de fosfatase ácida positiva. Os vacúolos (setas) ocupam quase todas as fibras, dando origem aos chamados aparência de "renda". A forma infantil ou juvenil de aparência também tem esses vacúolos em miofibras, mas em um grau muito menor. Mudanças são observadas muito sutilmente na forma de início tardio, com poucas fibras possuindo propriedades de acumulação intracelular de pequenos vacúolos. Observe que em todos os casos a coloração de fosfatase ácida é aumentada na maioria das fibras, mesmo naquelas que parecem morfologicamente normais. *Tradução de um artigo em espanhol e a imagem pertence a esse mesmo artigo - Revista Virtual de Posgrado HiperCKemia ¿Cuándo sospechar Enfermedad de Pompe? Autora: Dra. Carmen Velázquez Arce. 2021 12 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE 14- Sobre o ponto de vista da bioética, de sua opinião sobre os aspectos levantados no filme. O filme, Decisões Extremas, traz à tona um ponto marcante nas questões envolvendo pesquisas científicas, mais especificamente as pesquisas ligadas ao desenvolvimento de tratamentos para doenças raras - como o Mal de Pompe- , ele também levanta reflexões sobre a bioética. Nota-se, a partir dessa produção cinematográfica, que o desenvolvimento de qualquer pesquisa precisa de fundos consideráveis para ocorrer de forma eficaz, ou seja, é necessário despertar o interesse das indústrias farmacêuticas e dos conglomerados de empresas de biotecnologia. E esse interesse é motivado, quase que em sua totalidade, pelo lucro que o desenvolvimento do medicamento traz para a empresa, isso fica explícito na cena em que um dos empresários diz: “ Mas mesmo que faça uma enzima útil, não vai funcionar em todos os doentes. Então, que índice de sobrevivência precisamos para um bom lucro? Quantas mortes de doentes podem ser aceitáveis como perda?” Ao longo do filme, vamos tendo contato com alguns dos princípios da bioética que podem ser observados na produção científica e na aplicação dos testes desse tratamento que está sendo desenvolvido. Porém, é válido ressaltar que a motivação da indústria não está respaldada completamente na bioética, uma vez que prioriza o lucro. O princípio da beneficência, em termos de bioética, refere-se à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo, no qual o profissional deve ter a maior convicção e informação técnica possíveis que assegurem que o ato médico seja benéfico ao paciente. Podemos observar esse princípio no filme quando observamos o comprometimento dos pesquisadores e dos seus estudos experimentais para selecionar a melhor enzima produzida. O princípio da justiça, em termos de bioética, refere-se à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa, e a prevenção, para todos aqueles que fazem parte da sociedade. Esse ponto, de justica de acesso não foi explícita no filme, porém podemos perceber alguns detalhes como: a mãe da criança falando que o seguro de vida da duas crianças com a doença é de 40 mil dólares por mês.Além disso, a história se passa no EUA , 2021 13 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE e sabemos que a saúde pública e o acesso a medicamentos e a tratamentos não ocorre de forma justa nesse país. Logo esse princípio não é respeitado, pois não é garantido mesmo com o desenvolvimento do tratamento o acesso dele para todos. O princípio de autonomia é focado no paciente. Segundo este conceito, deve ser dado ao paciente o poder de tomar as decisões relacionadas ao seu tratamento. Como no filme, o enfoque é nas crianças com Mal de Pompe essas parte de decisão passa para os tutores legais, mas é mostrado que o medicamento para ser aplicado na sua fase de testagem nas crianças é preciso uma autorização legal para o seu uso, assim respeita esse princípio. O Princípio da Não-Maleficência determina a obrigação de não infligir danos intencionalmente. Podemos perceber no filme, que no desenvolvimento do medicamento existem várias etapas que devem ser concluídas, isso está relacionado a tentativa de garantir esse princípio. 2021 14 Universidade de Pernambuco Medicina - Citologia Recife - PE REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Pompe. Brasília, 2020. Doença de Pompe: manejo fisioterapêutico. Revista Paranaense de Medicina, [s. l.], 3 jul. 2015. KUHN, Micaela Inês; BORGES, Victor; BOCK, Patrícia Martins. Tratamento da doença de Pompe - deficiência da alfa-glicosidase ácida. Infarma - Ciências Farmacêuticas, pág. 179-187, 2014. Disponível em: <http://revistas.cff.org.br/?journal=infarma&page=article&op=view&path%5B%5D=62 0&path%5B%5D=pdf_6>. Acesso em: 16/11/21. SOUZA E SILVA, Ana Patrícia Gonçalves. Doença de Pompe - A propósito de 2 casos clínicos do Hospital Pêro da Covilhã. 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