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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 GOTA – atrite causada por cristais - É uma doença metabólica - Artrite por deposição de cristais de URATO MONOSSÓDICO - Geralmente se apresenta como monoartrite (uma articulação só), mas pode se apresentar como uma poliartrite - Todos os pacientes quem tem gota, tem hiperuricemia, mas nem todos os pacientes com hiperuricemia tem gota EPIDEMIOLOGIA: - Homens (9:1) - 40-50 anos - Comorbidades - História familiar + obesidade - Ingesta excessiva de álcool PATOGÊNESE: - O que ocorre é uma hiperuricemia aumento do ácido úrico no sangue - Os fluidos corporais ficam supersaturados de cristais de urato, que se precipitam principalmente nas articulações - Os neutrófilos fagocitam os cristais em formato de agulha e isso leva a ruptura dos lisossomos, o que causa inflamação COMO OCORRE A HIPERURICEMIA? - Existem 2 mecanismos: SUPERPRODUÇÃO DE ÁCIDO ÚRICO: Idiopática mais comum Ingestão excessiva de purinas na dieta Aumento do turnover de nucleotídeos 1. Linfoma 2. Leucemia 3. Síndrome lise tumoral 4. Psoríase grave EXCREÇÃO DIMINUÍDA DE ÁCIDO ÚRICO: - Mais comum Idiopática Insuficiência renal Reabsorção tubular de urato aumentada 1. Diuréticos 2. Desidratação Drogas 1. Ciclosporinas 2. Tacrolimus 3. Salicilatos Hipertensão Hiperparatireoidismo Hipotireoidismo CLASSIFICAÇÃO: INÍCIO: - Agudo e monoarticular durante a noite EVOLUÇÃO: - Cronicamente evolui com uma poliartrite não simétrica (tofos gotosos) - Ataques de artrite aguda mono/poliarticular - Podagra metatarso-falangeana do 1º dedo CAUSAS: FATOES QUE INFLUENCIAM: - Dieta rica em ácido úrico - Trauma - Cirurgias maiores - Consumo de etanol - Doenças graves (IAM, AVE, ETC) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ARTRITE GOTOSA AGUDA: - Acomete principalmente a 1ª metatarsofalangeana 75% dos casos - Dor intensa articular, com eritema, calor e edema - Pode vir acompanhado de sintomas sistêmicos, como febre e mal estar geral - Os surtos são recorrentes a cada 6 meses – 2 anos - 40% dos casos é poliarticular NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - Se desenvolvem nos locais chamados de “pontos frios”, o que permite a solidificação dos cristais GOTA TOFOSA CRÔNICA: - É quando os cristais de urato se depositam na pele ocorre cerca de 10 anos depois do diagnóstico Pápulas, nódulos dérmicos ou subcutâneos Lisos ou multilobulados Normocrônicos, branco-amarelados ou eritematosos Íntegros ou ulcerados com drenagem - O local de acometimento mais comum é na pele sobre a articulação da hélice da orelha, cartilagem e tendões - É muito raro, menos de 10% dos pacientes DIAGNÓSTICO: - Sinais clínicos de artrite + hiperuricemia > 7mg/Dl - Para confirmar o diagnóstico é possível fazer um aspirado de fluído articular para visualizar os critais ou uma biópsia cutânea (será visualizado o depósito de material amorfo na derme subcutâneo) - Será visto fendas em forma de agulha - Se quiser visualizar os cristais, deve-se preservar os cristais na hora da biópsia fixando em fluído de Carnoy - Será vista uma birrefringência negativa IMAGEM: RADIOGRAFIA: - Alterações císticas - Erosões bem definidas - Margens escleróticas - Massas no tecido subcutâneo USG: - Sinal do duplo contorno sobre a cartilagem PUNÇÃO ARTICULAR: - Padrão ouro - Birrefringência negativa na luz polarizada Pseudogota birrefringência positiva P de Positivo Pseudogota DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Diagnóstico diferencial de artrite gotosa: Artrite séptica Pseudogota Osteoartrite Artrite psoriásica Artrite reativa - Diagnóstico diferencial do tofo gotoso: Xantoma Nódulo reumatoide Calcinose cutânea Condrodermatite nodular da hélice Granuloma anular TRATAMENTO: - Orientar o paciente a evitar alimentos ricos em purina Cerveja Fígado Coração Crustáceos Ovas Sardinhas Frutos do mar - Aumento da ingesta hídrica 3/4L de água por dia ajudar na excreção do ácido úrico - Alimentação rica em frutas cítricas e vegetais - Gelo local sempre deve ser associado ao tratamento farmacológico NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 ATAQUE AGUDO: - Objetivos: 1. Alívio da dor 2. Redução da inflamação 3. Restauração da capacidade articular AINEs 1ª linha ibuprofeno, indometacina (+ prescrita) Colchicina existe uma série de possíveis intoxicações Corticoide pacientes que não responderam a AINES e nem colchicina em pulsos curtos - Tempo de tratamento dura o tempo da crise (cerca de 7-8 dias) COLCHICINA: - Sua ação principal é o bloqueio da tubulina, que não permite então a divisão celular - Tem ação importante nos neutrófilos, impedindo a diapedese, ou seja, impedindo a mobilização dessas células no processo inflamatório - Além disso, inibe os inflamassomos – NLRP3 estão ligados a indução de citocinas inflamatórias Liga Européia contra o Reumatismo 0,5mg/3x/dia Colégio americano de reumatologia dose de ataque de 1,2 mg seguido 1h após 0,6mg/12/12h MANUTENÇÃO: - Principais objetivos: 1. Prevenção de novas crises 2. Redução da concentração dos cristais de urato monossódico - Diminuir o ácido úrico sérico - Fazer dieta - Alvo manter o ácido úrico sérico 5-6mg/dl - Alopurinol diminui a produção de ácido úrico inibe a xantinaoxidase - Uricosúricos probenicida e brenzbromarona aumentam a excreção de ácido úrico Probenecide se a creatinina estiver nomal - Uricases recombinantes não são largamente utilizadas devido ao custo elevado (rasburicase) mais indicada para o tto da lise tumoral renal ALOPURINOL: Purinas (ação da purina nucleotídeo fosforilase) hipoxantina (ação da xantina oxidase) xantina (ação da xantina oxidase) ácido úrico - O alopurinol inibe a ação da xantina oxidase Não deve ser usado na crise, porque irá diminuir a concentração de ácido úrico no plasma, pois senão os cristais que estão depositados irão migrar por difusão para o plasma, tendo um prolongamento da crise Ajuste de dose individualizado parte-se da menor dose (100mg), sendo a dose máxima 900mg Hipersensibilidade ao alopurinol (DRESS) febre, erupção cutânea, hepatite, insuficiência renal... - Eficaz em até 90% dos pacientes URICOSÚRICOS – BENZOBROMARONA: - Caracterizada pela inibição de transportadores (uratis-1) presentes no túbulo contorcido proximal e na alça de Henle o néfron são responsáveis pela reabsorção do ácido úrico NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - Diminuem a reabsorção do ácido úrico e aumentam sua excreção - Só é usada em pacientes intolerantes ou refratários ao alopurinol - Foram relatados hepatotoxicidade e supressão da medula como efeito adverso NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 QUESTÕES: 1. Paciente masculino,54 anos, obeso, dislipidêmico, hipertenso, diabético, apresenta edema, calor, rubor e dor no joelho direito, sem história de trauma local. Foi diagnosticado como gota. Qual o exame que justifica tal diagnóstico? a. hiperuricemia acima de 7mg/dl b. VHS acima de 100 c. cristais de monourato de sódio no líquido sinovial d. leucocitose acima de 12.000 2. Dentre as drogas que podem precipitar doença gotosa está: a. Hidroclorotiazida b. Colchicina c. Prednisona d. Indometacina 3. O tratamento de escolha para a crise aguda da artrite gotosa é: a. Alopurinol b. Antiinflamatorio não hormonal c. Fisioterapia motora d. Imobilização e. Infiltração com corticoide 4. Assinale a assertivaque descreve o elemento do microcristal encontrado no aspirado por agulha de um paciente com gota, e seu aspecto à microscopia com luz polarizada. a. Urato monossódico – cristais com aspecto romboide, com birrefringência negativa à luz polarizada. b. Pirofosfato de cálcio – cristais com aspecto romboide, com birrefringência positiva à luz polarizada. c. Urato monossódico – cristais semelhantes a agulhas (apiculares), com birrefringência negativa à luz polarizada. d. Pirofosfato de cálcio - cristais semelhantes a agulhas (apiculares), com birrefringência negativa à luz polarizada e. Hidroxiapatita de cálcio – pequenos, visualizados apenas à microscopia eletrônica, como glóbulos não birrefringentes, brilhantes, intra e extracelulares. 5. Muitas doenças tem um aspecto clássico, um quadro clínico “de livro”, que, embora não seja obrigatório, deve nos fazer pensar imediatamente em um diagnóstico específico. Com base nisso, imagine um quadro clássico de gota. Qual a primeira articulação mais comumente afetada, num quadro agudo e inicial desta doença? a. 1ª metacarpofalangeana b. 1ª metatarsofalangeana c. Joelho d. Punho e. Tornozelo NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 6. Quando se fala em artrite microcristalina, logo se pensa em gota, a doença por deposição de cristais de monourato de sódio, seja por hiperprodução ou hipossecreção do ácido úrico. Todavia, há outras artrites microcristalinas, como a “pseudogota” e a deposição de cristais de pirofosfato de cálcio e hidroxiapatita.Sabe-se que cerca de 60% dos pacientes dos pacientes com pseudogota tem depósito poliarticular de cristais, mas há uma articulação classicamente envolvida. Que articulação é essa? a. 1ª metacarpofalangeana b. 1ª metatarsofalangeana c. Joelho d. Punho e. Tornozelo 7. Ávido por procedimentos, você é convidado a realizar a artrocentese do joelho de uma paciente com suspeita de pseudogota. Como não basta fazer o procedimento, é preciso interpretar o resultado: seu preceptor o leva à sala de microscopia para avaliarem o líquido sinovial obtido.Caso a hipótese diagnóstica esteja correta, quais serão as características do cristal observado? a. Urato monossódico – cristais com aspecto romboide, com birrefringência negativa à luz polarizada. b. Pirofosfato de cálcio – cristais com aspecto romboide, com birrefringência positiva à luz polarizada. c. Urato monossódico – cristais semelhantes a agulhas (apiculares), com birrefringência negativa à luz polarizada. d. Pirofosfato de cálcio - cristais semelhantes a agulhas (apiculares), com birrefringência negativa à luz polarizada. e. Hidroxiapatita de cálcio – pequenos, visualizados apenas à microscopia eletrônica, como glóbulos não birrefringentes, brilhantes, intra e extracelulares. 8. Você está atendendo numa Unidade de Pronto Atendimento. Um paciente chega até você reclamando de dor na topografia da 1ª metatarsofalangeana, que se encontra hiperemiada, edemaciada e extremamente sensível à palpação. Você imediatamente pensa em gota, dada a semelhança com a “podagra”. Todavia, há uma outra monoartrite que você deve suspeitar, para esse caso, e realizar diagnóstico diferencial. Que condição é essa? a. Deposição de cristais de pirofosfato de cálcio b. Deposição de oxalato de cálcio c. Monoartrite séptica d. Deposição de apatita de cálcio e. Osteoartrite 9. NÃO constitui um fator desencadeante de crise aguda de gota: a. Excesso dietético b. Alta ingesta alcoólica c. Hipertensão arterial d. Infarto Agudo do Miocárdio e. Acidente Vascular Encefálico NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 10. Você está no plantão noturno. Às 3h e 47min da madrugada chega uma emergência e você é o responsável por atendê-la. A queixa é de dor, edema e hiperemia no tornozelo, com dificuldade de deambulação. O paciente conta que estava num churrasco na tarde anterior, onde “se excedeu na bebida alcoólica” e na ingesta de carnes. Após oferecer analgésicos, você decide por realizar uma artrocentese guiada por ultrassonografia. A análise evidenciou a presença de 32mil neutrófilos, liquido sinovial turvo e cristais apiculares, com birrefringência negativa. O ácido úrico sérico se encontrava reduzido. Não há evidências de insuficiência hepática ou renal para este paciente. Tendo em vista sua principal hipótese diagnóstica, qual dos tratamentos abaixo NÃO deve ser realizado, nesse momento? a. Colchicina, oral, 0,5mg, 8/8h; orientação de suspender medicação e retornar à emergência se amolecimento das fezes ou suspender com resolução dos sintomas. b. Prednisona, oral, 30mg/dia, 5 dias. c. Indometacina, oral, 25mg, 3x/dia, 5 dias. d. Ibuprofeno, 600mg, oral, 6/6h, 7 dias. e. Alopurinol, 100mg, oral, até resolução da crise. 11. Sobre a gota, assinale (V) verdadeiro ou (F) falso e, em seguida, opte pela alternativa que melhor avalia cada afirmação, de cima para baixo. ( ) O quadro clássico é de uma mono/oligoartrite, geralmente envolvendo a primeira metatarsofalangeana, onde há hiperemia, edema e calor locais. A alta ingesta de carne vermelha é um fator predisponente ao episódio agudo.( ) Celulite e monoartrite séptica são diagnósticos diferenciais.( ) À análise do líquido sinovial, encontramos um líquido turvo, espessado, rico em leucócitos (variando entre 2 mil e 50 mil células), com cristais apiculados, birrefringentes positivos à luz polarizada, constituídos por monourato de sódio.( ) O tratamento da crise aguda de gota pode ser realizado com fármacos uricosúricos, que promovem a excreção do ácido úrico em excesso, como a probenecida. a. V, V, V, V b. V, V, V, F c. V, V, F, F d. V, F, F, F e. F, F, F, F 12. Assinale a alternativa que representa a correta progressão da gota. a. Gota aguda à Episódios intermitentes de gota à Gota tofácea crônica. b. Gota aguda à Gota tofácea crônica à Episódios intermitentes de gota c. Tofos gotosos à Agudização, com mono/oligoartrite assimétrica à Episódios intermitentes de gota d. Gota aguda à Tofos gotosos à Destruição articular e. Não há uma progressão que ocorra de maneira estrita e previsível. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 13. Leia o caso clínico a seguir. Em seguida assinale a alternativa com melhor hipótese diagnóstica. Homem, 63 anos, chega ao pronto socorro trazido pelo filho. Ele se queixa de dor na articulação da primeira metatarsofalangeana direita e tornozelo direito. Diz que já sentiu isso outras vezes e melhorou sozinho, mas que dessa vez o filho insistiu que viesse à emergência. “É só eu ir pra uma festa e beber um pouco mais que essa dor e vermelhidão aparecem... Não é sempre, mas acontece. Meu pai tinha isso também... É coisa de família”. Ao exame articular, você nota limitação da amplitude do movimento, pela dor e sensibilidade locais. As articulações também estão eritematosas e edemaciadas. Observando as mãos do paciente, você nota algumas nodulações nas superfícies articulares. Também há uma semelhante nodulação no cotovelo esquerdo. a. Gota b. Pseudogota c. Celulite d. Artrite séptica e. Osteoartrite GABARITO: 1. C Em pacientes com suspeita de gota, mesmo quando o aspecto clínico sugere enfaticamente a presença desta doença, o diagnóstico deve ser confirmado por aspiração com agulha das articulações acometidas ou dos depósitos tofáceos, que deve revelar cristais de monourato de sódio. Nas artrites gotosas agudas, o ácido úrico sérico pode encontrar-se normal ou baixo. Entretanto, a dosagem sérica de uratos deve ser feita para acompanhar a evolução da terapia hipouricêmica, de modo a evitar novos ataques agudos. A presença de elevação de marcadores de fase aguda (VHS), de leucócitos e de creatinina não são específicos da doença e podem estar presentes devido àassociação da crise gotosa com outras patologias (como infecções, por exemplo) ou devido às alterações metabólicas prévias do paciente (visto que, assim como no caso em questão, a gota comumente ocorre em portadores de HAS e DM, muitas vezes já apresentando comprometimento da função renal). Resposta: letra C Fonte: HARRISON - Medicina Interna - 17a. edição. 2. A A gota é uma doença por depósito de cristais de urato nas articulaçães. Dentre as drogas precipitantes, estão aquelas que aumentam os níveis séricos de ácido úrico, como os diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida, clortalidona) e também os diuréticos de alça é o aumento da reabsorção de ácido úrico no túbulo proximal renal. As outras opções da questão são todas drogas usadas no tratamento desta condição. Portanto, resposta correta letra A. Fonte: Harrison\'s Principles of Internal Medicine 17th Edition 3. B O tratamento da artrite gotosa aguda deve ser feito com agentes anti- inflamatórios não-esteróides, colchicina ou glicocorticóides. Aplicação de compressas geladas e repouso articular também podem ser medidas úteis. Já os agentes redutores do urato (como alopurinol) geralmente não devem ser iniciados durante os ataques agudos, mas somente depois que o paciente já foi estabilizado e que doses de colchicina forem iniciadas, para reduzir o risco de exacerbações que ocorrem frequentemente com a redução dos níveis séricos de ácido úrico. Embora a questão não tenha especificado se a artrite gotosa é aguda ou crônica, o uso de alopurinol não é tratamento da artrite, mas sim controlador da hiperuricemia, de forma a prevenir episódios de artrite e não de tratá-los. A referência do concurso é clara: "o controle definitivo da gota depende da correção do defeito subjacente básico, a hiperuricemia, (...) a fim de prevenir os ataques gotosos recorrentes e eliminar os depósitos tofáceos" . Resposta: letra B - Fonte: HARRISON - Medicina Interna - 17a edição 4. C NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 5. B Para algumas doenças, “a tríade clássica”, “o aspecto clássico” pode ser raro, mas, quando ocorre, devemos rapidamente reconhecâ-la, visto que nos auxiliará no processo diagnóstico e manejo terapêutico. No caso de um paciente com gota, imaginamos um homem ou mulher pós- menopausa, com fatores de risco para desencadear a doença (libação alimentar ou alcoólica prévia, trauma local, início de terapia hipouricemiante, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular encefálico anteriores), com inflamação aguda da 1ª metatarsofalangeana (achado clínico conhecido como podagra). Claro, outras articulações podem ser acometidas e ainda é possível a presença de forma poliarticular e tofos em pacientes com doença de longa data. 6. C A questão nos apresenta a gota, fala de parte de sua fisiopatologia, explicando que envolve o depósito de monourato de sódio na articulação, mas quer saber mesmo da pseudogota. Nessa doença, temos a deposição de cristais rombóides de pirofosfato de cálcio em articulações como joelho (mais frequente), punho, ombro, cotovelo e temporomandibular. Pode ocorrer também a calcificação dos discos intervertebrais. Os mecanismos fisiopatológicos da doença não estão completamente elucidados e o depósito pode estar presente mesmo em pacientes assintomáticos, sendo a inflamação aguda desencadeada por variações do cálcio sérico, paratireoidectomias ou trauma. 7. B A doença por deposição de cristais de pirofosfato de cálcio (CPPD) – também conhecida como “pseudogota” – é uma condição que se torna mais frequente com o envelhecimento e não tem sua fisiopatologia totalmente elucidada. De todo modo, sabe- se que envolve a deposição do cristal previamente citado. O melhor método diagnóstico é a observação dos cristais na microscopia e luz polarizada após artrocentese da articulação acometida. O pirofosfato de cálcio é um cristal de aspecto romboide, com birrefringência positiva à luz polarizada, ou seja assume a coloração azul quando paralelo ao eixo do compensador de luz e amarela quando perpendicular.Na gota, temos: Urato monossódico – cristais semelhantes a agulhas (apiculares), com birrefringência negativa à luz polarizada.Na deposição de cristais de hidroxiapatita de cálcio, temos: cristais pequenos, visualizados apenas à microscopia eletrônica, como glóbulos não birrefringentes, brilhantes, intra e extracelulares. 8. C Um paciente com monoartrite, na 1ª metatarsofalangeana, é gota, certo? Bem, o quadro clínico é parecido e sugestivo – embora a questão não aborde os fatores desencadeantes e outros aspectos da história clínica. Importante ressaltar, ainda, que o melhor método diagnóstico para o caso é a punção e análise do líquido articular. Por quê? Porque um importante diagnóstico diferencial das monoartrites é a artrite séptica, que pode, inclusive, coexistir com a presença de microcristais. 9. C A gota é uma doença que muitas vezes se apresenta de forma aguda, como monoartrite ou oligoartrite, com crises espaçadas por períodos assintomáticos. Há posterior progressão para uma forma crônica, onde se encontram tofos articulares, ricos em cristais de monourato de sódio, de aspecto apicular e com birrefringência negativa. Essa “evolução” nem sempre ocorre do modo apresentado, podendo a doença se iniciar com a presença de tofos, ou como gota intermitente – embora seja raro.Alguns fatores são relacionados à predisposição da crise aguda de gota, como: excesso dietético, alta ingesta alcóolica, trauma, cirurgias, início ou ajuste de dose da terapia hipouricemiante – fármacos tiazídicos tem efeito hipouricemiante –, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. A hipertensão arterial sistêmica não é um fator diretamente relacionado à predisposição da crise aguda de gota, apesar de comumente existir como comorbidade no paciente com gota. 10. E Um paciente com monoartrite, iniciada à noite, após episódio de libação alcoólica e alimentar. Só aí, já deveríamos pensar em gota, mas... E se fosse artrite séptica? A questão diz pra gente dos clássicos cristais de monourato de sódio, apiculados, com birrefringência negativa, só que tem 32 mil leucócitos, e agora? Embora o espaço NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10 articular seja estéril, em inflamação por microcristais – no caso, gota – podemos encontrar um líquido sinovial de aspecto inflamatório ou séptico. Da mesma forma que, na artrite séptica em um paciente com artrite microcristalina, é possível identificarmos cristais na microscopia. Nesses casos, a diferenciação deverá ser feita após realizadas culturas do líquido sinovial.O ácido úrico, em cenários de emergência, não tem utilidade clínica, podendo se encontrar baixo, normal ou alto. Isso, porque as citocinas inflamatórias são uricosúricas – o ácido úrico está sendo excretado na urina. Em ambos os casos (microcristalina ou artrite séptica), podemos ofertar AINES, colchicina ou glicocorticoides em dose baixa ao paciente, conforme mostrado nas alternativas A à D. O paciente também deve ser orientado ao repouso e aplicação de compressas frias no local.O alopurinol é um hipouricemiante, inibidor da xantina oxidase, que atua reduzindo a produção de ácido úrico. Embora seja usado para redução dos níveis de ácido úrico, NÃO deve ser usado no cenário de crise aguda de gota, podendo piorar o quadro do paciente. 11. C Falemos da artrite microcristalina, por depósito de monourato de sódio, os quais se depositam e cristalizam e podem ser encontrados no líquido sinovial em ambiente intra ou extracelular – ora, essa é a gota! Vale ressaltar que tais cristais tem “forma de agulha”, são apiculares e birrefringente negativos à luz polarizada.Jáque estamos falando do líquido sinovial, este estará turvo e pode apresentar entre 2mil e 50mil leucócitos.Do quadro clássico, é similar ao dito na primeira assertiva uma monoartrite, afetando a primeira metatarsofalangeana, onde são vistos rubor, calor, e edema locais. Celulite e monoartrite séptica são diagnósticos diferenciais.Para tratamento da crise aguda de gota devem ser utilizados AINES, colchicina ou glicocorticóides, não sendo recomendados – no episódio agudo ou agudização – fármacos que alterem o metabolismo ou excreção do ácido úrico, tais como alopurinol ou probenecida.Repouso e aplicação de compressa fria no local devem ser estimulados. 12. E O que poderíamos esperar da evolução da gota? Um quadro agudo que, na ausência da correta abordagem terapêutica evolui para novos e intermitentes quadros, até o surgimento dos tofos gotosos, quando há a gota tofácea crônica.De fato, tal evolução pode ocorrer, mas não obrigatoriamente segue um modelo predefinido, podendo, inclusive, ter apresentação inicial na forma dos tofos gotosos.Vale ressaltar que os episódios de monoartrite são autolimitados e o paciente pode não relatar espontaneamente seu acontecimento. 13. A Eis uma questão polêmica. Um paciente com edema, dor, limitação do movimento em articulações do pé direito: pode ser celulite. A manifestação oligoarticular reduz a suspeita de artrite séptica, mas o bom clínico deve manter essa hipótese diagnóstica. Para definir com tranquilidade seu diagnóstico, uma punção articular seria prudente, mas a questão não a oferece.Então trabalhemos com o oferecido: a história de quadros semelhantes e autolimitados, a despeito de abordagem terapêutica; uma história de alta ingesta alcoólica prévia; a história familiar; nodulações nas superfícies articulares (tofos gotosos). A melhor hipótese diagnóstica é gota.
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