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Tutoria UCT2 - SP5

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UCT2 – SP2
1) Disserte sobre a gravidez de alto risco (manual da gravidez de alto risco)
Fonte: Gestação de alto risco – Ministério da Saúde
· Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. (CALDEYRO-BARCIA, 1973).
· É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta prénatal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa e precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou perinatal.
· Necessidade maior de ações educativas dirigidas aos problemas específicos detectados nas gestantes. Em muitos casos, intervenções junto à família e à comunidade podem gerar impactos positivos.
· Fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem em:
· Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis:
- Idade maior que 35 anos; 
- Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos*; (*A Adolescência, em si, não é fator de risco para a gestação. Há, todavia, possibilidade de risco psicossocial, associado à aceitação ou não da gravidez (tentou interrompê-la?), com reflexos sobre a vida da gestante adolescente que podem se traduzir na adesão (ou não) ao preconizado durante o acompanhamento pré-natal. Deve ser considerado pelo médico a imaturidade emocional, providenciando o acompanhamento psicológico quando lhe parecer indicado, além disso o Estatuto da Criança e do Adolescente, além da Lei nº 11.108/2005, toda gestante adolescente tem direito a acompanhante durante o trabalho de parto, no parto e no pós parto, e deve ser informada desse direito durante o acompanhamento pré-natal.)
 - Altura menor que 1,45m; 
- Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC30);
 - Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
 - Situação conjugal insegura;
 - Conflitos familiares;
 - Baixa escolaridade;
 - Condições ambientais desfavoráveis;
 - Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; 
- Hábitos de vida
 – fumo e álcool;
 - Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.
· História reprodutiva anterior:
- Abortamento habitual; 
- Morte perinatal explicada e inexplicada; 
- História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado; 
- Parto pré-termo anterior;
 - Esterilidade/infertilidade;
 - Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
 - Nuliparidade (nunca teve filho) e grande multiparidade (teve vários filhos);
 - Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
 - Diabetes gestacional; 
- Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).
· Condições clínicas preexistentes:
- Hipertensão arterial;
 - Cardiopatias; 
- Pneumopatias;
 - Nefropatias;
 - Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias);
 - Hemopatias;
 - Epilepsia; 
- Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local);
 - Doenças autoimunes;
 - Ginecopatias;
 - Neoplasias.
· Condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco:
· Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos.
· Doença obstétrica na gravidez atual:
- Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico;
 - Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; 
- Ganho ponderal inadequado; 
- Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
 - Diabetes gestacional;
 - Amniorrexe prematura; 
- Hemorragias da gestação; 
- Insuficiência istmo-cervical;
 - Aloimunização; 
- Óbito fetal.
· Intercorrências clínicas:
- Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.); 
- Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).
· Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. Por sua vez esta equipe deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados à gestante por meio de contrarreferência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar.
· Avaliação clínica: história clínica detalhada e avaliação de parâmetros clínicos e laboratoriais.
· Avaliação Obstétrica: Inicia-se com o estabelecimento da idade gestacional de maneira mais acurada possível e o correto acompanhamento da evolução da gravidez, mediante análise e adequada interpretação dos parâmetros obstétricos (ganho ponderal, pressão arterial e crescimento uterino). A avaliação do crescimento e as condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais.
· Repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez: conhecimento das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da gestante e para isso é fundamental um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez, conhecimento de clínica médica é outro requisito básico de quem se dispõe a atender gestantes de alto risco, sendo também importante o suporte de profissionais de outras especialidades.
· Parto: a via de parto e a determinação do momento ideal para esse evento com grávidas de alto risco é um dos maiores desafios enfrentados pelos obstetras. A decisão deve ser tomada de acordo com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, com informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível culturalmente, quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que deve ser garantida a sua participação no processo decisório. Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana. Em muitas situações é possível a indução do parto visando o seu término por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início espontâneo. A indicação da via de parto deve ser feita pelo profissional que for assistir ao parto.
Fonte: FEBRASGO
· É classificado como pré-natal de alto risco as grávidas que se encontram nas seguintes condições: as mulheres com doenças crônicas prévias à gestação, aquelas que tiveram uma gestação anterior de alto risco e aquelas que identificam, no curso da gravidez, uma condição ou doença que vai oferecer risco para ela e a para o bebê.
· Mulheres com doenças crônicas antes da gestação: sofrem de hipertensão arterial, diabetes, lúpus, doenças psiquiátricas, neurológicas ou cardíacas ou infecções crônicas, como Hepatite e HIV. As pacientes com essas condições devem compartilhar com seu especialista o desejo de engravidar, antes de interromper o método anticoncepcional. Dessa forma, o médico que a acompanha, como cardiologista, neurologista, infectologista ou outro especialista, já deve alinhar com o obstetra as medicações e condutas que devem ser tomadas antes da concepção e durante a gestação.
· Mulheres que tiveram uma gestação anterior de alto risco: é recomendado o acompanhamento de alto risco quando houve uma gravidez anterior com histórico de hipertensão, abortos de repetição, descolamento prévio da placenta, por exemplo. Tudo isso deve ser observado pelo obstetra para colocar essa futura mamãe sob um olhar mais criterioso.
E ainda, se no decorrer da gestação acontecer um quadro de diabetes que não existia antes, ou a descoberta da pré-eclâmpsia, bem como ter uma infecção viral ou bacteriana, o obstetra mudará o olhar para essa grávida e ela se torna uma gestante de alto-risco.
2) Aspectos psicológicos de uma pessoa infértil, a incapacidade de gerar filhos e formação do vínculo familiar.
A questão da possível infertilidade
Fonte: artigo/Periódicos eletrônicos em psicologia - O desejo de ser mãe e a barreira da infertilidade: uma compreensão fenomenologica· Gerar um filho traz um significado pessoal muito importante para a mulher, uma vez que a gravidez pode representar a confirmação de sua feminilidade. Assim sendo, a infertilidade pode ferir e desestruturar a representação da autoimagem feminina, uma vez que costuma afetar a maneira como as mulheres se sentem a respeito de si mesmas.
· Por mais que a infertilidade deva ser considerada como um problema do casal, a mulher parece ser vista como a principal responsável pelos problemas reprodutivos, não só culturalmente, como também dentro da comunidade médica.
· Tanto o diagnóstico de infertilidade quanto o tratamento de reprodução assistida geram muitos sentimentos conflitantes no casal e, em especial, na mulher. Diante da perda do controle sobre si, seu corpo e seu projeto de vida, a mulher infértil depara-se com uma sensação de tristeza, de incompletude, de solidão e de inferioridade. Percebendo que a realização do seu desejo não está em seu poder, é comum se sentirem impotentes, fracassadas, deficientes, humilhadas, desamparadas e injustiçadas, apresentando sinais de depressão, inquietude e desânimo (Oliveira, 2006).
·  Devido a essa sensação de "anormalidade", as mulheres com problema de infertilidade costumam ficar com vergonha perante a sociedade, uma vez que, geralmente, são responsabilizadas pelo sucesso ou pelo fracasso da reprodução.
· Os sentimentos de tristeza e depressão são os mais comuns em pacientes inférteis, estando eles relacionados com perdas, desilusão, lamentações e desesperança. A raiva e a frustração vêm acompanhadas de irritabilidade, agressividade, ressentimento e mágoa. Além disso, há uma forte sensação de culpa, inclusive pelos erros do passado, havendo a impressão de estar decepcionando as pessoas e de estar sendo castigada ou punida através da infertilidade.
· A condição de infértil pode também desestabilizar as relações do indivíduo com seu entorno social, uma vez que o casal infértil se percebe na impossibilidade de cumprir a função parental esperada pela sociedade.
·  A gravidez não é, de fato, a única maneira de realização da feminilidade. Contudo, como apenas a mulher pode engravidar, a maternidade representa um traço absoluto que marca a diferença de gênero. Talvez essa diferença contribua para a ideia de que um filho significa a confirmação da feminilidade, esperado pelas próprias mulheres, pelos parceiros e pelo entorno familiar e social.
A questão psicológica da gravidez de alto risco
Fonte: Manual de atenção gestação de alto risco – Ministérios da Saúde
· Aspectos emocionais e psicossociais:
· Equipe multidisciplinar, constituída por especialistas de outras áreas, tais como Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, em trabalho articulado e planejado.
· Na gestação de alto risco, as dificuldades de adaptação emocional são maiores, a começar pelo rótulo que se lhes dá, “de alto risco”, portanto “diferente” das demais, “normais”.
· É importante que a gravidez seja planejada antes do momento da concepção, pois afeta o equilíbrio emocional da mulher que acaba sofrendo com crises de autoestima e sentimento de incompetência, fator que atrapalha no vínculo mãe-bebê.
· A condição de risco é diagnosticada durante a gestação e a grávida experimenta, então, todas as reações associadas à vivência do luto, pela “morte da gravidez idealizada”. Surgem sentimentos de culpa, raiva, censura.
· A hospitalização, tão comum quanto por vezes necessária no seguimento da gravidez de alto risco, deve ser considerada como outro fator estressante adicional. Conscientiza a grávida da sua doença; é afastada do suporte familiar; vive conflito entre a dependência imposta e a perda de autonomia (perda do controle sobre si e sobre a gravidez).
· Desta forma, a equipe de saúde precisa ter conhecimento e sensibilidade para identificar e entender o processo emocional que rodeia o acompanhamento da gestação de alto risco. Uma atividade que pode contribuir tanto para reduzir o estresse da equipe como para aprofundar o entendimento de quais serão os melhores encaminhamentos é a discussão do caso com os vários integrantes da equipe, incluindo o psicólogo, que tem o preparo profissional para ajudar a equipe a lidar com as dificuldades emocionais envolvendo gestantes de risco.
· Como funciona o apoio psicológico para a gestante de alto risco:
Fonte: artigo Atendimento psicológico no pré-natal de alto-risco: a construção de um serviço.
· Consulta psicológica pré-natal: uma consulta oferecida à gestante em cada trimestre da gravidez, cujo objetivo é esclarecer dúvidas e oferecer informações na perspectiva de promoção da saúde mental e relacional. Além disso, o atendimento visa identificar a presença de fatores de risco psicossociais à saúde materna, infantil e familiar. O fluxo de agendamento pode ocorrer através de encaminhamento realizado pelos profissionais de saúde e/ou convite direto das estagiárias de psicologia às gestantes na sala de espera do ambulatório. Essa modalidade de atendimento deve ocorrer preferencialmente no dia da consulta médica e dura, aproximadamente, 30 minutos.
· Acompanhamento psicológico pré-natal: visa oferecer apoio contínuo a gestante, além de auxiliar no enfrentamento e na resolução de dificuldades/conflitos, bem como na redução dos riscos psicossociais presentes no processo gravídico. Nesse caso, o fluxo de agendamento ocorre direto com o Serviço de Psicologia, tendo em vista que a paciente já fora atendida na consulta psicológica trimestral. As sessões podem ser agendas semanalmente ou conforme a disponibilidade da paciente e possuem duração máxima de 50 minutos. Além disso, é previsto em torno de 12 sessões, lembrando que a brevidade do processo psicoterapêutico não está relacionada à delimitação do tempo, mas sim ao conceito de foco.
·  Vínculo afetivo mãe-bebê-família:
· A relação entre mãe e filho inicia no período pré-natal e ocorre, basicamente, através das expectativas que a mãe apresenta sobre o feto e da interação que estabelece com ele.
· Mãe e o feto estão em constante interação na gravidez, compartilhando sentimentos e sensações através da descarga neuro-hormonal de substâncias fisiológicas que tais emoções provocam na mãe.
· O bebê intra-útero registra, em nível de memória, todas as experiências biológicas vividas no período de gestação, estas vivências interferem diretamente no desenvolvimento psíquico da criança.
· Vínculo afetivo entre a mãe e o bebê pode ser estabelecido por meio de: conversas com o bebê em que é possível contar experiências do dia a dia vivenciadas pela mãe, além de cantarolar canções de ninar, com as quais ele irá se identificar também após seu nascimento.
· Momentos estressores e de perturbação emocional podem fazer parte da vida da gestante repercutindo negativamente no psiquismo do bebê. No entanto, esta repercussão pode ser reparada quando se conversa com o bebê, mais precisamente com o uso da palavra como forma de significar a experiência vivida intra-útero.
· A formação do vínculo mãe-bebê é facilitada por questões biológicas tendo em vista que a mulher pode sentir o filho crescer dentro da barriga. Por outro lado, a formação do vínculo afetivo "entre pai e filho costuma ser mais lenta, consolidando-se gradualmente após o nascimento e no decorrer do desenvolvimento da criança".
· É importante permitir e estimular o pai a interagir com o bebê já durante a gestação, favorecendo assim o desenvolvimento do vínculo afetivo. Quando da ausência do pai durante a gravidez, este vínculo pode se estabelecer com a pessoa que efetivamente é mais próxima de mãe e interage com ela.
3) Cromossopatias e seu rastreamento
Síndrome de Turner (X0)
· Um cromossomo X ausente (45, X) é a única monossomia de cromossomo inteiro que é compatível com a vida pós-natal humana. O fenótipo foi descrito por Henry Turner, em 1938, com a condição atual de ter o epônimo de síndrome de Turner. A descrição inicial foi de “meninas com baixa estatura, falha puberal, cúbito valgo e pescoço alado”
· Peito amplo com mamilos espaçados e unhas anguladas. Umavariedade de anomalias estruturais pode ocorrer. As duas mais importantes a observar são coarctação da aorta e um rim em forma de “ferradura”. Muitas das características clínicas da síndrome de Turner podem ser atribuídas como secundárias a linfedema congênito
· Pulsos diferenciais podem indicar uma coarctação da aorta, a qual, se presente em uma menina recém-nascida, pode justificar investigação posterior para possível síndrome de Turner. Porém, muitas meninas com síndrome de Turner não terão nenhuma característica identificável no nascimento.
· As características clínicas mais consistentes vistas em indivíduos com um cariótipo 45, X são baixa estatura e falência ovariana primária. Ambas as características obviamente apareceriam mais tarde.
· É importante reconhecer a síndrome de Turner precocemente, por causa das vantagens de usar o hormônio de crescimento para aumentar a altura adulta final.
Síndrome de Klinefelter (XXY)
· Distúrbio encontrado em homens, associado a um cariótipo 47, XXY. As principais características clínicas da síndrome de Klinefelter são atribuídas ao hipogonadismo (falência testicular primária).
· Por causa da falência testicular primária, esses indivíduos geralmente apresentam ginecomastia, infertilidade e atraso do desenvolvimento pubertário com hábito eunucoide. Hipomentação (QI menor) é relativamente comum nesta condição; entretanto, muitos indivíduos com esta condição possuem intelecto normal.
· Eles apresentam apenas infertilidade masculina devido à azoospermia (não produção de esperma). Por esse motivo, uma análise do sêmen seguida de um cariótipo é indicada como parte da investigação da infertilidade.
Síndrome do triplo X (XXX)
· Mulheres com um cariótipo 47, XXX costumam apresentar relato de “ausência de padrão de malformações”. A puberdade e a fertilidade são, em geral, normais. Quando comparadas à população em geral, mulheres com 47, XXX tendem a ser um pouco mais altas e a ter uma circunferência da cabeça levemente menor, em média.
· Elas tendem a ter uma incidência um pouco maior de dificuldades de aprendizagem, deficiências de desenvolvimento, descoordenação e um aumento dos problemas de comportamento
Síndrome de Down (trissomia do 21)
· Os indivíduos com síndrome de Down apresentam uma aparência facial prontamente reconhecível, descrita como um achatamento do perfil facial, nariz pequeno, epicanto e manchas de Brushfield (áreas focais de displasia na íris). Eles podem apresentar o quinto dedo mais curto, um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedos dos pés e um vinco palmar transversal único.
· Indivíduos com síndrome de Down possuem uma variedade de problemas neurológicos, que podem incluir QI abaixo da média, doença de Alzheimer, baixo tônus muscular (hipotonia) e problemas de visão e audição.
· Malformações cardíacas congênitas ocorrem em cerca de 50% dos casos. A anomalia cardíaca mais comum é um canal atrioventricular que, se for grande o suficiente, pode não apresentar sopro cardíaco associado. Assim, um eco-cardiograma é recomendado para todas as pessoas com síndrome de Down no momento do diagnóstico, independentemente da presença ou ausência de sopro.
· A incidência geral de leucemia é aproximadamente 11 vezes maior do que aquela na população em geral.
Síndrome de Patau (trissomia do 13)
· Alterações estruturais incluem lábio leporino e fenda palatina, microftalmia, polidactilia, microcefalia e doença cardíaca congênita. A etiologia pode ser uma não disjunção ou uma translocação hereditária do cromossomo 13. A incidência está estimada em 1 a cada 5.000 nascimentos.
Síndrome de Edwards (trissomia do 18)
· As características clínicas incluem deficiência de crescimento grave, deficiência intelectual, punho fechado com dedos sobrepostos, pés em mata-borrão e doença cardíaca congênita.
**Do ponto de vista do manejo, o problema mais crítico para as trissomias do 13 e do 18 é uma diminuição na expectativa de vida geral.
Fonte: artigo Unicamp´- Rastreamento ultrassonográfico de cromossomopatias no primeiro trimestre da gestação
· A ultrassonografia obstétrica realizada entre a 11ª a 14ª semanas de gestação, também conhecida como exame morfológico de primeiro trimestre, tem importância indiscutível no rastreamento de anormalidades cromossômicas (cromossomopatias ou aneuploidias), especialmente aquelas que são compatíveis com a evolução da gestação até o termo. Dentre estas destacam-se, especificamente, as trissomias dos cromossomos 21 (Síndrome de Down), 18 (Síndrome de Edwards) e 13 (Síndrome de Patau).
· A medida da espessura da translucência nucal (TN), associada a avaliação de outras características fenotípicas fetais e maternas, permite a detecção de aproximadamente 95% das anormalidades cromossômicas (isto quando 2,5% das gestantes com maior risco calculado são submetidas a procedimentos invasivos diagnósticos, tais como biópsia de vilosidades coriônicas ou amniocentese). A medida da TN, além de permitir calcular o risco de trissomias, também pode contribuir para a detecção de malformações cardíacas, displasias esqueléticas e síndromes genéticas.
· As características fenotípicas fetais estudadas no exame morfológico incluem, além da TN: o aspecto dos ossos nasais, os padrões de fluxo no ducto venoso e na valva tricúspide.
· Características maternas também influem no cálculo de risco para aneuploidias, destacando-se: a idade materna, a idade gestacional (IG), a história prévia de cromossomopatias e os níveis séricos da subunidade β da gonadotrofina coriônica humana (β-HCG) e da proteína A associada à gestação (PAPP-A).
Translucência nucal
· A idade gestacional considerada ótima para a medida da TN é a compreendida entre 11 semanas e 13 semanas e seis dias. O comprimento cabeça-nádega (CCN) mínimo é de 45 mm e o máximo, de 84 mm.
· Na imagem para a medida da TN, devem estar incluídos somente a cabeça e a região superior do tórax do feto. A imagem deve ser ampliada o máximo possível, e isso pode ser feito tanto antes ou depois de congelá-la. Além disso, deve-se diminuir o ganho a fim de minimizar subestimações ocasionadas por linhas pouco precisas delimitando a TN.
· A TN aumentada não identifica, necessariamente, os fetos trissômicos que evoluirão para óbito intra-uterino. Além disso, a taxa de detecção da trissomia do 21, observada com o rastreamento por meio da TN, é somente 2% a 3% mais elevada do que a taxa de detecção de gestações acometidas, que, potencialmente, resultariam em nascidos vivos.
A TN aumentada (espessura acima do percentil 95 esperado para a IG) é uma condição que advém de diversos processos fisiopatológicos distintos, os quais podem ser desencadeados por:
· defeito ou falência cardíaca;
· anomalias no sistema linfático;
· composição alterada da matriz extracelular da derme;
· compressão do mediastino por malformações na caixa torácica ou conteúdos intratorácicos anômalos;
· anemia fetal;
· hipoproteinemia;
· infecções.
Osso nasal:
· O osso nasal de um feto pode ser visibilizado por meio da ultrassonografia entre 11 semanas e 13+6 semanas de gestação.
· Alta associação entre a ausência do osso nasal entre 11–13+6 semanas e a trissomia do cromossomo 21, assim como com outras anomalias cromossômicas.
· em fetos com anomalias cromossômicas, o osso nasal não é visível em 60% a 70% daqueles com trissomia do cromossomo 21, em cerca de 50% dos fetos com trissomia do cromossomo 18 e em 30% dos fetos com trissomia do cromossomo 13.
Frequência cardíaca fetal:
· A frequência cardíaca fetal (FCF) passa de, aproximadamente, 100 bpm na 5ª semana para 170 bpm na 10ª semana, nas gestações normais. Na 14ª semana, diminui para 155 bpm.
· No período de 11–13+6 semanas, é reconhecida a associação entre a trissomia do cromossomo 13 e a síndrome de Turner com a presença de taquicardia, ao passo que na trissomia do cromossomo 18 e na triploidia se nota bradicardia fetal.
· Na trissomia do cromossomo 21, há um leve aumento da FCF. Deste modo, a medida da frequência cardíaca fetal não melhora substancialmente o rastreamento da trissomia do cromossomo21 no primeiro trimestre, mas ela é importante no auxílio diagnóstico de fetos com trissomia do cromossomo 13.
Doppler do ducto venoso:
· O ducto venoso é um pequeno vaso que aparece no embrião humano em torno do 30° dia de vida, ou com 6,5 mm de comprimento crânio-nádega.
· O fluxo anormal no ducto venoso, no período de 11-13+6 semanas, está associado com anomalias cromossômicas, malformações cardíacas e desfecho desfavorável da gestação.
· A avaliação do ducto venoso pode ser combinada à medida da TN para aprimorar a eficácia do rastreio precoce da trissomia do cromossomo 21 por meio da ultrassonografia de primeiro trimestre.
Doppler da válvula tricúspide:
· Diversos estudos demonstraram que a ecografia realizada entre a 11-13+6 semanas de gestação diagnosticou a regurgitação da tricúspide em 2 a 3% dos fetos cromossomicamente normais e em 60 a 70% dos fetos com trissomia do 21. Sabe-se que a prevalência da regurgitação da tricúspide cresce com o aumento da espessura da TN e na presença de outros defeitos cardíacos, mas diminui com o avanço da gravidez.
· A presença ou ausência da regurgitação da tricúspide é determinada pelo Doppler pulsado.
· A avaliação rotineira da regurgitação da tricúspide no rastreio de cromossomopatias no primeiro trimestre poderia promover uma oportunidade e otimização para o diagnóstico precoce das malformações cardíacas, uma vez que é necessária a adequada visualização das quatro câmaras cardíacas para que o exame seja realizado corretamente. O próprio diagnóstico de regurgitação tricúspide serviria como um alerta para a presença de defeito cardíaco subjacente.

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