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1 Fernanda E. Bocutti T6 Visão geral Mutações e alterações moleculares: célula tronco com capacidade de diferenciação sofreu processo de iniciação, promoção e progressão alterações bioquímicas que causam resistência tornou-se um clone neoplásico; 90-95% carcinomas (neuroendócrinos, adenocarcinomas e carcinomas de células escamosas), 3-5% carcinoides (tumores neuroendócrinos bem diferenciados de baixo grau – mas ainda tem chances de metástase) e 2% neoplasias mesenquimais (muito raro); Uma das principais causas de mortalidade por câncer; Sobrevida baixa (15% em 5 anos); Estimativas de novos casos: 17.760 homens e 12.440 mulheres (2020-INCA); Número de mortes: 16.137 homens e 11.792 mulheres (2017, Atlas de Mortalidade por Câncer-INCA); Fatores de risco: tabagismo (=80% dos casos), poluentes ambientais (radiação, urânio), infecções pulmonares de repetição, deficiência e excesso de vitamina A, DPOC crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), história familiar de câncer de pulmão, água para consumo contendo arsênico, altas doses de suplementos de beta caroteno em fumantes e ex-fumantes; Principais manifestações clínicas: tosse, perda de peso, dor torácica, hemoptise e dispneia; Forte interesse da indústria farmacêutica – pelo menos metade dos carcinomas de pulmão apresentam alguma alteração genética, sendo que parte dessas alterações estão associadas a terapia-alvo. Medicamento de terapia-alvo são de alto custo. Tipos histológicos principais Adenocarcinoma in situ - lesões até 3 cm com padrão de crescimento lepídico (células vão “atapetando” os alvéolos). O diagnóstico é melhor feito na peça cirúrgica; Adenocarcinoma minimamente invasivo; Adenocarcinoma invasor (lipídico, acinar, papilar, etc); Carcinoma de células escamosas (ceratinizante, não ceratinizante e de células basaloides); Carcinoide - tumor neuroendócrino bem diferenciado; Carcinoma neuroendócrino (pequenas ou grandes células); Carcinoma adenoescamoso – uma área de adenocarcinoma e uma área de carcinoma. de células. escamosas. Observação: do ponto de vista histórico, a classificação em pequenas células e em grandes células só é relevante parar os tumores neuroendócrinos. Metástase Sempre buscar se o câncer de pulmão é primário ou metastático. Sítios de metástase mais frequentes: suprarrenal, fígado, ossos e cérebro. Efeitos da disseminação dos tumores Pneumonia e abscesso - obstrução das vias aéreas; Pneumonia lipídica - obstrução pelo tumor; Derrame pleural - disseminação tumoral para a pleura; Rouquidão - invasão no nervo laríngeo recorrente; Disfagia - invasão esofagiana; Paralisia diafragmática - invasão do nervo frênico; Síndrome VCS - compressão da veia cava; Pericardite/tamponamento - envolvimento do pericárdio. Síndrome paraneoplásica Neoplasias pulmonares 2 Fernanda E. Bocutti T6 Conjunto de sinais e sintomas apresentados pelos pacientes oncológicos que não podem ser imediatamente explicados pela disseminação local ou a distância da neoplasia. Presente em 3 a 10 % dos pacientes: batequeamento digital, hipercalcemia, Síndrome de Cushing, neuropatias periféricas e poliomiosites e distúrbios de coagulação. Métodos de diagnóstico Amostra representativa e boa do material é o primeiro passo para ter diagnóstico e tratamento corretos. Ex.: fugir da área de necrose para tirar a amostra. Fixação de 8-72horas em formal tamponado a 10% para conservar o DNA. PCR (Reação Polimerase em Cadeia): processo que facilita a amplificação de sequências de ácidos nucleicos específicas, possibilitando posterior análise quali ou quantitativa – (1) desnaturação, (2) anelamento, (3) extensão e (4) leitura -> copia uma determinada área específica, produz aquele pedaço de forma multiplicada e sequencial e depois usa um método de leitura para quantificar; NGS (Sequenciamento de Nova Geração): sequenciamento em larga escala, exame em múltiplas etapas, depende da “biblioteca” de cada serviço, ou seja, você faz o NGS buscando genes específicos e não o genoma humano inteiro. O princípio básico é comparar a sequência de nucleotídeos com o genoma humano de referência. Existem outras técnicas de sequenciamento (ex.: Sanger, pirossequenciamento) -> fragmentação do dna, inserção de um adaptador para marcar a área a ser analisada, amplificação do material genético e sequenciamento por síntese; Princípios da imunoterapia Capacidade de interromper a sinalização inibitória entre as células tumorais e as células do sistema imune (geralmente linfócitos T), que ocorre quando as células tumorais produzem substâncias que induzem tolerância imunológica e impedem que o sistema imune destrua o tumor. Obs.: medicamento que mudou o tratamento do paciente com câncer (aumento da sobrevida): Crizotinibe. Adenocarcinoma Lesões precursoras: hiperplasia adenomatosa atípica (primeiro momento, começa o espessamento do septo alveolar e proliferação dos pneumócitos) adenocarcinoma in situ adenocarcinoma minimamente invasivo. Tipos de adenocarcinomas: acinar, lepídico, papilífero/micropapilífero, sólido e mucinoso; Observação: quando o adenocarcinoma é muco secretor é preciso investigar se é uma metástase do TGI. A – Alvéolo normal. B – Hiperplasia adenomatosa atípica – proliferação descontínua. C – Adenocarcinoma in situ (esse exemplo é de padrão lepídico). D – Adenocarcinoma invasor. 3 Fernanda E. Bocutti T6 Principais mutações pesquisadas nos adenocarcinomas: EGFR (20%) – costuma seguir o fenótipo de paciente jovem de descendencia oriental, não tabagista e muitas vezes mulher. O padrão histológico costuma ser lepídico. ALK (5%) ROS (1-2%) MET (3%) KRAS (20-30%) mutualmente excludentes (exclui ALK e EGFR), não há terapia específica. BRAF (5%) estudos em andamento RET (1-2%) estudos em andamento Her2 estudos em andamento Observação: pesquisa de EGFR e ALK deve ser realizada por testes moleculares. Atenção: a escolha dos casos enviados ao estudo molecular e baseada em critérios anatomo-patológicos; tumores mistos com algum componente adenocarcinomatoso devem ser testados; amostras pequenas de casos selecionados (jovens, não tabagistas) com neoplasias (não adenocarcinoma) também podem ser testados; solicitar o estudo molecular o mais rápido possível. Fluxograma Adenocarcinoma: Bem/moderadamente diferenciado imuno-histoquímica (confirmação sítio de origem) pesquisa ALK/EGFR/ROS pesquisa PDL-1; Pouco diferenciado imuno-histoquímica 1 (confirmação diagnóstica) imuno-histoquímica 2 (confirmação sítio de origem) pesquisa ALK/EGFR/ROS pesquisa PDL-1. Adenocarcinoma in situ. Adenocarcinoma minimamente invasivo. Biópsia por agulha. Células atípicas, algumas com núcleos proeminentes, variação do tamanho e da forma dos núcleos. Focos de necrose permeando as células. Citoceratina positiva. A citoceratina é uma proteína do citoesqueleto das células epiteliais. Quando ela é positiva, devemos pensar em carcinoma. TTF1 positivo. TTF1, surfactante ou napsina são marcadores utilizados para os adenocarcinomas primários do pulmão. 4 Fernanda E. Bocutti T6 EGFR Éxon 18 – mutação relacionada a sensibilidade as drogas anti EGFR. É menos frequente. Éxon 19 – é a maioria das mutações. Mutação relacionada a sensibilidade as drogas anti EGFR; Éxon 20 – mutação relacionada a resistência a algumas drogas; Éxon 21- mutação relacionada a sensibilidade as drogas anti EGFR; Observação: drogas relacionadas com fármacos inibidores da tirosina quinase. O paciente tratado com EGFR tem uma sobrevida de aproximadamente 40 meses. Observação2: nada impede um tumor que hoje tem mutação de um éxon específico desenvolver mutação de resistência em outro exón. Ex.: a mutação está no éxon 19 e após o início da terapia o tumor desenvolve uma resistência relacionada ao éxon 20.Metodologia para pesquisa EGFR: Sequenciamento direto; Pirossequenciamento; PCR real-time; PCR com hibridização alelo específica; Sequenciamento de nova geração; Pesquisa de mutação específica por IHQ (não recomendada): 43B2 (L858R) e 6B6 (E746_A750del); Análise da curva de melting (High-resolution melting analysis). ALK Rearranjo identificado: EML4-ALK, KIF5B-ALK +, TFG-ALK +, KLC1-ALK + e outros rearranjos; Polysomy: não prediz resposta a inibidores ALK; Padrão sólido em células em anel de sinete. Observação: o paciente tratado com ALK vai ter uma sobrevida de aproximadamente 5 anos. Metodologias para pesquisa ALK: FISH / CISH RT-PCR+ IHQ – recomendada para triagem 5A4 clone D5F3 clone Ventana (D5F3) Sequenciamento de nova geração PCR multiplex ancorado Carcinoma de células escamosas Tipos: ceratinizante, não-ceratinizante - dentro desses pode haver os de células basaloides; O CEC não tem nenhum marcador analítico que defina se o tumor é primário ou metastático. Essa definição é clínica; Fish – hibridização florescente in situ. ALK na IHQ. 5 Fernanda E. Bocutti T6 Do ponto de vista clínico favorece a suspeita de metástase a presença de mais lesões. Observação: PDL-1 é um marcador imuno-histoquímico que vai predizer a resposta a imunoterapia. Mesotelioma maligno Relacionado a exposição ao asbesto; Origina-se da pleural visceral ou parietal. Fluxograma CEC: Bem/moderadamente diferenciado diagnóstico pesquisa PDL-1; Pouco diferenciado imuno-histoquímica diagnóstico pesquisa PDL-1 A – Hiperplasia; B – Metaplasia escamosa; C – Displasia escamosa. D – Epitélio escamoso desordenado; E – Carcinoma in situ; F – Carcinoma invasor. Moderadamente diferenciado. Maligno, hipercelular, núcleo irregular e hipercromatico. Cromatina grosseira, Blocos coesos de células com citoplasma amplo e eosinofílico. IHQ corando citoceratina específica 5/6 p63 Neoplasias muito periféricas e que infiltram a pleura deve investigar mesotelioma.
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