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RESUMO DE INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
RESUMO DE VIDEOAULAS, DOUTRINAS E TEXTOS EM PDF
Introdução ao Direito Penal
1. Conceito de Direito Penal
Sob o aspecto formal/estático é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais (crime ou contravenção), define os seus agentes e fixa sanções a serem aplicadas (pena ou medida de segurança);
Sob o aspecto material refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade.
Sob o aspecto sociológico/dinâmico é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.
ATENÇÃO! Nessa tarefa de controle social, atuam vários ramos do direito, e o direito penal só atua em determinadas situações, pois possui caráter subsidiário, em observância ao princípio da intervenção mínima.
	Diferença entre Direito Penal, Criminologia e Ciência Criminal
	Direito Penal
	Criminologia
	Ciência Criminal
	- analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravenção penal, anunciando as penas;
- ocupa-se do crime enquanto norma;
exemplo: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar. CP e 11.340/2006.
	- ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade;
- ocupa-se do crime enquanto fato; 
exemplo: quais os fatores contribuem para a violência doméstica e familiar.
	- trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade;
- ocupa-se do crime enquanto valor;
exemplo: estuda como diminuir a violência doméstica e familiar.
2. Missão do Direito Penal
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: missão mediata e missão imediata.
I. Missão mediata o direito penal busca o controle social e limitação ao poder de punir do Estado; serve para controlar comportamentos humanos, e por outro lado, limitar o próprio Poder do Estado. Ou seja, se, de um lado, o Estado controla o cidadão impondo-lhe limites, de outro lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando excessos (ou a chamada hipertrofia da punição).
II. Missão imediata em relação a esta, a doutrina diverge entre si, observando-se a existência de duas diferentes correntes:
· 1ª corrente: a missão imediata do direito penal é proteger bens jurídicos mais importantes para a convivência em sociedade (principal defensor: Roxin – Funcionalismo Teleológico); esta é a corrente predominante;
· 2ª corrente: a missão imediata do direito penal é assegurar o ordenamento jurídico/a vigência da norma (principal defensor: Jakobs – Funcionalismo sistêmico).
3. Direito Penal: Classificação Doutrinária
3.1. Direito Penal Substantivo/Material e Direito Penal Adjetivo/Formal:
Direito Penal Substantivo/Material é sinônimo de direito penal objetivo, ou seja, é o conjunto de normas (princípios e regras) que tratam de definir as infrações penais e a imposição de suas consequências (penas ou medidas de segurança);
Direito Penal Adjetivo/Formal corresponde ao direito processual penal.
3.2. Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo:
Direito Penal Objetivo diz respeito ao conjunto de leis penais vigentes no ordenamento jurídico;
Direito Penal Subjetivo diz respeito ao direito de punir do Estado, referindo-se à capacidade que o Estado tem de fazer cumprir suas normas. Se divide, ainda, em:
· Direito penal subjetivo positivo: capacidade de criar e executar normas penais.
· Direito penal subjetivo negativo: poder de derrogar preceitos penais ou restringir seu alcance; por ex: a atuação do STF no controle de constitucionalidade.
ATENÇÃO! O direito estatal de punir não é absoluto, incondicionado ou ilimitado.
3.2.1. Limite estatal do direito de punir:
· quanto ao MODO: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais.
- como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente autorizado a editar normas restritivas, estará vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, liberdades e garantias do homem e do cidadão.
· quanto ao ESPAÇO: em regra, se aplica a lei penal aos fatos praticados no território nacional, tratando-se isso do chamado princípio da territorialidade.
Nesse sentido:
	CP – Art. 5º: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
· quanto ao TEMPO: o direito de punir não é eterno, em virtude disto é que existe a prescrição (que é o limite temporal ao direito de punir ou executar a pena pelo Estado).
- o direito de punir é monopólio do Estado, sendo proibida a realização da justiça com as próprias mãos (ou justiça privada).
para Paulo César Busato “o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder de castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de aplicação da legislação, encontram-se limitadas por uma série de balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais como a legalidade, a necessidade, a imputação subjetiva, a culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e todos os demais direitos e garantias fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a necessidade de castigo”.
ATENÇÃO! O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada, sob pena de configurar o crime de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345).
 Importante!
Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal: ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 da Lei nº 6001/73). Nesse sentido:
	Estatuto do Índio – Art. 57: Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
“O Tribunal Penal Internacional representa a exceção ao monopólio do direito de punir do Estado?”
Resposta: Não, pois o TPI é complementar e não substitui a jurisdição nacional, uma vez que se baseia no princípio da complementariedade, ou seja, o TPI será chamado a intervir somente se a Justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou insuficiente. Nesse sentido:
	TPI – Art. 1º: É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.
3.3. Criminalização primária e Criminalização Secundária:
Criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico a tipificação criminal de determinada conduta.
Criminalização secundária diz respeito ao poder estatal de aplicar a lei penal introduzida no ordenamento com a finalidade de coibir determinados comportamentos antissociais.
3.4. Direito Penal de Emergência e Direito Penal Promocional/Político:
Direito Penal de Emergência neste, a sociedade clama pela criminalização de uma determinada conduta, então o Estado, a fim de gerar nos cidadãos um sentimento de tranquilidade, responde a esse clamor social através da tipificação de crimes – muitas vezes, ignorando as garantias individuais. “E qual a finalidade?” R: a finalidade é devolver o sentimento de tranquilidade para a sociedade. Exemplo: Lei de Crimes Hediondos.
Direito Penal Promocional/Político neste, O Estado, visando a consecução dos seus objetivos políticos, emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima. “E qual a finalidade?” R: a finalidade é, em tese, usar o direito penal para transformação social.
Exemplo: a Contravenção Penal da Mendicância (já revogada em 2009, felizmente), através da qual o Estado, em vez decriar políticas públicas mais inclusivas, estabelecia punição para aqueles que se encontrassem em situação de mendicância.
Direito Penal Simbólico consiste na utilização do Direito Penal como instrumento demagógico, por meio do qual são aprovadas leis mais severas – normalmente após fatos que causam comoção geral, não só em razão de sua gravidade intrínseca, mas também da massiva divulgação pela imprensa –, mas que, na prática, acabam sendo inócuas porque o sistema penal como um todo é incapaz de lidar de forma eficaz com a crescente criminalidade.
Exemplo: a Lei Menino Bernardo, que proíbe que os pais dêem palmadas em seus filhos – proibição esta seguida e respeitada apenas simbolicamente, mas não na realidade fática.
4. Velocidades do Direito Penal
A ideia de velocidades do direito penal foi idealizada por Silva Sánchez, e trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa.
· 1ª Velocidade (de Silva Sánchez) ocorre quando o Estado responde ao crime de forma mais lenta, com possibilidade de prisão ao final. É uma velocidade clássica em que todos os direitos e garantias do processo penal e do direito penal são respeitados, o procedimento adotado é ordinário, com prazos longos e ampla possibilidade de defesa. A resposta do Estado é mais lenta, pois existe a possibilidade de prisão.
Características:
- procedimento mais demorado;
- absoluto respeito aos direitos e garantias fundamentais (procedimento garantista);
- penas privativas de liberdade (em regra);
- ex: CPP.
· 2ª Velocidade (de Silva Sánchez) ocorre quando o Estado responde de forma mais rápida que na primeira velocidade, mas, em compensação, não há possibilidade de prisão, mas sim penas alternativas. Direitos e garantias fundamentais são relativizados/flexibilizados. A resposta penal é mais rápida, pois as garantias processuais foram diminuídas; e os prazos processuais, encurtados. Menos garantias, mas sem resultar em prisão.
Características:
- procedimento mais célere;
- flexibilização de direitos e garantias fundamentais (procedimento flexibilizado); 
- penas alternativas (em regra);
- ex: Lei nº 9.099/95.
· 3ª Velocidade (de Silva Sánchez) ocorre quando o Estado responde de forma muito mais rápida que na segunda velocidade e, mesmo assim, há possibilidade de prisão ao final. Ou seja, mescla as duas velocidades anteriores, pois defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), e mesmo assim, permite para determinados crimes a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2º velocidade). Aqui reside o chamado Direito Penal do Inimigo.
Características:
- procedimento célere; 
- flexibilização de direitos e garantias fundamentais (procedimento flexibilizado); 
- penas privativas de liberdade por excelência; 
- Direito Penal do Inimigo; 
- ex: Lei nº 12.850/13.
· 4ª Velocidade – Neopunitivismo (de Daniel Pastor) está relacionada ao Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que, na condição de chefias de Estado, violam/violaram de forma grave os Tratados Internacionais de tutela de Direitos Humanos. Para isso, o Estatuto de Roma criou o TPI, primeira instituição permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar crimes que violam a manutenção da paz e da segurança da sociedade internacional em seu conjunto. Nessa velocidade, há uma nítida diminuição das garantias individuais penais e processuais desses réus.
Características:
- flexibilização de direitos e garantias fundamentais;
- aplicada a Chefes de Estados;
- sinônimo: neopunitivismo.
5. Fontes do Direito Penal
Fonte é o lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. Tais fontes se dividem em: fonte material e fonte formal.
	CF/88 - Art. 22: Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
I. Fonte material é a fonte de produção da norma; é o órgão encarregado de criar o direito penal, o qual, em regra, é a União. Nesse sentido, conforme a CF/88:
Entretanto, os Estados podem, excepcionalmente, também legislar sobre o direito penal, desde que tal regulamentação cumpra os seguintes requisitos:
· deve se tratar de matéria especifica daquele Estado; 
· é necessário ainda autorização da União por meio de Lei Complementar.
Nesse sentido é o que a CF/88 também afirma:
	CF/88 – Art. 22: 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Em outras palavras, portanto: em regra, a fonte material do direito penal é a União. As exceções, por sua vez, estão igualmente previstas na CF/88 e, conforme o parágrafo único do seu art. 22, os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas por meio de LC. Assim:
» Fonte material: União (Art. 22, da CF) – regra.
» Fonte material: Estados, por meio de lei complementar (Art. 22, parágrafo único, da CF) – exceção.
II. Fonte formal é o instrumento de exteriorização do direito penal; é o modo como as regras são reveladas; trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. 
De acordo com a doutrina clássica, as fontes formais são:
1. Lei (fonte imediata);
2. Costumes e princípios gerais (fontes mediatas).
De acordo com a doutrina moderna, as fontes formais são:
1. Lei – única fonte incriminadora; CF; Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos; jurisprudência; princípios e complementos das normas penais em branco (fontes imediatas);
2. Doutrina (fonte mediata).
OBS: o costume seria uma fonte informal.
· Lei:
- fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar infrações penais (crimes e contravenções) e cominar penas;
- é a única fonte incriminadora; as demais fontes não poderão criar crimes e nem cominar penas, em observância ao princípio da reserva legal.
· Constituição Federal: 
- de acordo com a teoria moderna, a CF também é fonte formal imediata, mas ela não cria crimes nem comina penas.
- “Se a CF é superior à lei, por que ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções?” (tema cobrado na fase oral do MPSP)
RESPOSTA: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. Nesse âmbito, embora a Constituição não possa criar crime e cominar pena, ela determina postulados de incriminalização, denominados de mandados de criminalização.
 Mandados de criminalização são determinações constitucionais que indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e dentro do possível, integral. Tipos:
i. mandados expressos: como o próprio nome já diz, estão expressos na CF/88. Ex:
	CF/88 – Art. 5º, XLII: a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
ii. mandados tácitos: segundo a maioria dos doutrinadores, possuem a finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado na tutela dos bens jurídicos mais relevantes; são os mandados implícitos.
Ex. 1: tipificação do crime de homicídio.
Ex. 2: necessário combate à corrupção eleitoral.
iii. mandados por omissão: ocorrem quando a Constituição Federal determina a incriminação de uma conduta omissiva. Ex:
	CF/88 – Art. 5º, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
- “Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos?” (tema cobrado no MPGO)
RESPOSTA: SIM. De acordo com a doutrina majoritária existem mandados de criminalização implícitos, com a finalidade de evitar proteção deficiente do Estado.
Exemplo: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento jurídico, porque a CF/88 garante o direitoà vida. Assim, o direito à vida se configura como mandado constitucional de criminalização implícito, razão pela qual não se pode abolir o delito de homicídio. Com base nesse mandado implícito, ou seja, direito à vida, questiona-se a legalização do aborto, já que o direito à vida abrange o direito a vida intrauterina e extrauterina.
· Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH):
- são fontes formais imediatas e podem ingressar no nosso ordenamento jurídico com dois status:
1. status de norma constitucional – se aprovados com quórum de emenda (3/5, 2 casas, 2 turnos);
2. status infraconstitucional supralegal – se aprovados com quórum comum.
- a corrente doutrinária majoritária se posiciona no sentido de que, uma vez subscritos pelo Brasil, os TIDH se incorporam automaticamente e têm (sempre) caráter constitucional, conforme previsto nos parágrafos §1º e §2º do art. 5º, da CF/88:
	CF/88:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
- “Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos podem criar tipos penais para o ordenamento interno?”
RESPOSTA: NÃO. Os TIDH não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do advento das Leis nº 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram organização criminosa), o STF se manifestou pela inadmissibilidade do uso do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC nº 96007). Servem, porém, como mandados de criminalização e para assegurar garantias.
· Jurisprudência:
- é fonte formal imediata; revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante (súmulas). Exemplo:
	CP – Art. 71: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (a jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
- neste caso, a condição de tempo está sendo definida pela jurisprudência.
· Princípios:
- são fontes formais mediatas do direito que não podem criar crimes ou cominar penas, mas auxiliam na interpretação e na aplicação do Direito Penal;
- são valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do ordenamento jurídico. Os princípios sempre antecedem as leis, que são formadas e criadas com base nos princípios.
- porém, nem todos os princípios já foram consagrados em leis, ou seja, nem todos se encontram positivados. Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípio – é o caso do princípio da insignificância (afasta a tipicidade material).
· Atos Administrativos:
- muitas vezes funcionam como complemento das chamadas “normas penais em branco” – como, por exemplo, a Portaria da Anvisa que elenca quais são as substâncias que são consideradas drogas. Tal portaria é usada para complementação das normas penais em branco presentes na Lei de Drogas, sendo assim, fonte formal mediata do direito penal.
- desse modo, os atos administrativos se tratam de fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco – é o caso da Portaria nº 344/98 que define drogas, elemento essencial para caracterização dos crimes tipificados na Lei nº 11.343/2006.
6. Interpretação da Lei Penal
É a atividade mental que busca identificar o conteúdo da lei, isto é, o seu alcance e significado. O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, chega a um resultado.
A interpretação deve sempre buscar a mens legis (a vontade da lei) que não se confunde com a mens legislatoris (vontade do legislador).
A interpretação pode ser classificada (1) quanto ao sujeito; (2) quanto ao modo; e (3) quanto ao resultado.
6.1. Interpretação quanto ao SUJEITO:
a. interpretação autêntica (ou legislativa) também denominada de legislativa, é aquela realizada pelo próprio legislador, quando ele edita uma norma com a finalidade de esclarecer o significado de outra norma – por exemplo: o conceito de funcionário público para os fins penais (art. 327 do CP):
	CP – Art. 327: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
- percebe-se que a própria lei já propõe a sua interpretação a respeito de quem é considerado funcionário público para fins penais. 
- ademais, a interpretação autêntica (ou legislativa) se subdivide em:
I) contextual: quando editada conjuntamente com a norma penal que a conceitua; quando editada no corpo da própria lei da norma interpretada. Ex: o conceito de funcionário público foi editado em conjunto com os crimes que tipificam as condutas deste.
II) posterior: quando lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação (muito comum em norma penal em branco); quando criada depois da norma a ser interpretada.
	Como #JÁCAIU esse assunto em prova?
(Ano: 2018 / Banca: VUNESP / Órgão: PC-SP / Prova: Delegado de Polícia).
Prescreve o art. 327 do CP: “considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” Tal norma traduz exemplo de interpretação:
A. científica.
B. autêntica.
C. extensiva.
D. doutrinária.
E. analógica.
Resposta: LETRA B.
b. interpretação doutrinária (ou científica) é a interpretação exercida pelos doutrinadores, escritores e articulistas; essa interpretação não tem força obrigatória e vinculante.
“A Exposição de motivos do Código Penal é qual espécie de interpretação?”
RESPOSTA: Se trata de interpretação doutrinária, feita pelos doutos que trabalharam no projeto. Nesse sentido, a Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser encarada como interpretação doutrinária – ou seja, NÃO é autêntica, pois não faz parte da estrutura da lei.
c. interpretação jurisprudencial é o significado dado as leis pelos Tribunais, podendo ter caráter vinculante.
6.2. Interpretação quanto ao MODO/MEIOS/MÉTODOS:
a. interpretação gramatical/literal/sintática o intérprete considera o sentido literal das palavras.
b. interpretação teleológica o intérprete analisa a intenção objetivada na lei. Art. 319-A do CP.
c. interpretação histórica o intérprete indaga a origem da lei.
d. interpretação sistemática interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do Direito.
e. interpretação progressiva ou evolutiva é a que busca adequar a lei à realidade atual, evitando a constante reforma legislativa e se destinando a acompanhar as mudanças da sociedade; exemplo: o caso do conceito de “ato obsceno”, que atualmente é diferente do que era há algumas décadas.
6.3. Interpretação quanto ao RESULTADO:
a. declarativa/declaratória seria aquela em que a letra de lei corresponde inteiramente e somente àquilo que o legislador quis dizer, sem supressão e sem adição de nenhum outro trecho e nenhuma outra fonte, ou seja, a lei expressa de forma clara a vontade do legislador, sem a necessidade de complementação normativa.
b. restritiva a interpretação é reduzida em face do alcance das palavras contidas na lei, para corresponder à real vontade do legislador. Isto é, considera-se que a lei possui palavras “em excesso”, que ela disse mais do que gostaria de ter dito, e tal interpretação restringe parte do texto paraatender à sua finalidade pretendida.
c. extensiva a interpretação se estende para além do alcance das palavras postas pelo legislador, sem a necessidade de se elaborar uma norma complementar. Aqui, considera-se que a norma disse menos do que deveria ter dito, deixando de abarcar conteúdo pretendido. De novo, tem-se a busca pela real vontade do legislador
exemplo de norma a ser interpretada extensivamente: o art. 235 do CP, o qual incrimina a bigamia. Ora, é possível de se depreender que, já que a bigamia é ilícita, a poligamia também é.
ATENÇÃO! A interpretação extensiva possui alto índice de cobrança nos concursos.
- “Admite-se interpretação extensiva contra o réu?”
RESPOSTA:
· 1º Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado) entende que é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu – a tarefa do intérprete é evitar injustiças.
- a Constituição não proíbe (nem mesmo implicitamente) a interpretação extensiva contra o réu.
· 2º Corrente (Luiz Flávio Gomes) entende que “socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, não se admite a interpretação extensiva contra o réu, de modo que, na dúvida, o juiz deve interpretar em seu benefício”.
- esta é a posição que deve ser adotada para concurso de Defensoria Pública.
- referida corrente ganhou importante aliado: o Estatuto de Roma (Art. 22: Em caso de ambiguidade, a norma será interpretada em favor da pessoa objeto do inquérito, acusada ou condenada).
· 3º Corrente (Zaffaroni) entende que, em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, SALVO quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade.
- exemplo: o Art. 157, §2º, I, CP trata do roubo majorado pelo emprego de arma. Mas o que significa “arma”? Vejamos duas correntes:
1º conceito – entende que arma deve ser tomada no sentido restrito, abrangendo somente instrumentos fabricados com finalidade bélica (arma no sentido próprio);
2º conceito – entende que arma abrange qualquer instrumento capaz de servir ao ataque (arma no sentido impróprio).
 Importante!
NÃO se pode confundir interpretação extensiva, interpretação analógica e analogia.

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