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Ângela Kroetz dos Santos Gilberto Fonseca REVISÃO DE TEXTOS Leitura, Produção e LEITURA, P R O D U Ç Ã O E REVISÃO DE TEXTOS Janeiro | 2019 Gilberto Fonseca ÂnGela Kroetz dos santos S237c Santos, Ângela Kroetz dos. Leitura, produção e revisão de textos / Ângela Kroetz dos Santos, Gilberto Fonseca. – Canoas, RS : Universidade La Salle EAD, 2019. 140 p. : il. ; 30 cm. – (Educação e cultura) Bibliografia. 1. Linguística. 2. Linguagem. 3. Texto. 4. Produção textual. 5. Revisão textual. 6. Leitura. I. Fonseca, Gilberto. II. Título. III. Série. CDU: 81’42 Bibliotecário responsável: Michele Padilha Dall Agnol de Oliveira - CRB 10/22350 Universidade La Salle Canoas | Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 | ead@unilasalle.edu.br Gestão Universidade Gestão EaD Reitor Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitor de Administração Diretora de Graduação Diretor da Educação a Distância Diretor de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu Diretor Administrativo Diretor de Marketing e Relacionamento Procuradora Jurídica Assessor de Assuntos Interinstitucionais e Internacionais Assessor de Inovação e Empreendedorismo Chefe de Gabinete Coordenador da Área de Educação e Cultura Coordenador da Área de Gestão e Negócios Coordenador da Área de Direito e Política Coordenadora da Área de Inovação e Tecnologia Coordenador dos Cursos de Adm., Processos Ger. e Logística Coordenadora do Curso Gestão de Recursos Humanos Coordenador do Curso de Ciências Contábeis Coordenador dos Cursos Gestão Com., Gestão Fin. e Marketing Coordenadora do Curso de Pedagogia Coordenadora do Curso de Serviço Social Coordenadora do Curso de Letras Coordenador do Curso de Educação Física Coordenadora do Curso de História Coordenador do Curso de Engenharia da Produção Coordenador do Curso de Análise e Desenv. de Sistemas Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc Vitor Benites Profª. M.ª Cristiele Magalhães Ribeiro Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool Prof. Me. Márcio Leandro Michel Profª. Dr.ª Patricia Kayser Vargas Mangan Patrick Ilan Schenkel Cantanhede Cleiton Bierhals Decker Michele Wesp Cardoso Prof. Dr. José Alberto Miranda Prof. Dr. Jefferson Marlon Monticelli Prof. Dr. Renaldo Vieira de Souza Prof. Dr. Renato Ferreira Machado Prof. Me. Sílvio Denicol Júnior Prof. Dr. Daniel Silva Achutti Profª. Drª Ingridi Vargas Bortolaso Prof. Me. Carlos Eduardo dos Santos Sabrito Profª. Drª. Denise Macedo Ziliotto Prof. Me. Eduardo Bugallo de Araújo Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Vargas Profª. Drª Hildegard Susana Jung Profª. Drª. Michelle Bertoglio Clos Profª. Drª. Lucia Regina Lucas da Rosa Prof. Dr. José Rogério Vidal Profª. Drª. Tatiana Vargas Maia Prof. Dr. Charles Rech Prof. Dr. Rafael Kunst Diretor Coordenadora Pedagógica Coordenador de Produção Coordenadora Técnica Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool Profª. Drª. Ana Margo Mantovani Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva Michele de Mattos Kreme Coordenações Acadêmicas Equipe de Produção EaD Anderson Cordova Nunes Arthur Menezes de Jesus Bruno Giordani Faccio Daniela dos S. Cardoso Érika Konrath Toldo Évelyn Rocha de Araujo Gabriel Esteves de Castro Guilherme P. Rovadoschi Gustavo Rodrigues L. Haag Ingrid Rais da Silva Jorge Fabiano Mendez Nathália N. dos Santos S. Patrícia Menna Barreto Tiago Konrath Araujo Prezado estudante, A equipe de gestão da EaD LaSalle sente-se honrada em entregar a você este material didático. Ele foi produzido com muito cuidado para que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu aprendizado da maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para estudar: a modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo apresentado será uma excelente base para o seu conhecimento e para sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de seus professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar a leitura detalhada dos textos deste livro, buscando sempre realizar as atividades com esmero a fim de alcançar o melhor resultado possível em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, de participar de todas as atividades propostas no ambiente virtual e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui disponibilizado, o conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por meio de outras bibliografias e por meio da navegação online. Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. Bons estudos! Gestão de EaD LaSalle APRESENTAÇÃO APRESENTANDO OS AUTORES Ângela Kroetz dos Santos É licenciada em Letras pela UNISINOS (2003), especialista em Assessoria Linguística e Comunicação - Ênfase em Produção e Revisão Textual pela Uniritter (2013) e mestre em Letras pela Uniritter (2016). Atualmente trabalha como tutora da área de Letras na Unilasalle, em Canoas, e como revisora de textos técnicos e acadêmicos Gilberto Fonseca É licenciado em Letras pela UFPel (2003) e possui mestrado em Artes Cênicas pela UFRGS (2010) e em Letras pela Uniritter (2016). É diretor de teatro, com mais de 20 espetáculos profissionais em seu currículo, e escritor (Contos de amor & morte, 2017, e A casa no fim da rua, 2018). Atualmente trabalha como professor de Língua Portuguesa no Instituto Rio Branco, em São Leopoldo, como tutor de Letras na Unilasalle, em Canoas, e como professor de escrita criativa na Editora Metamorfose, em Porto Alegre. Leitura, Produção e Revisão de Textos APRESENTANDO A DISCIPLINA Prezado aluno, Nesta disciplina vamos trabalhar noções de comunicação e elementos que constituem esse processo, para que você possa compreender a estrutura da comunicação e seus componentes essenciais. Vamos refletir sobre a leitura e a compreensão textual, elementos fundamentais para a formação de pessoas críticas e engajadas com a realidade do mundo acadêmico e profissional. Para que isso seja possível, é necessário construirmos estratégias de interação que possibilitem a adequada articulação entre autor-leitor-texto. Abordamos, ainda, tópicos sobre a escrita, com o objetivo de elaborar frases, parágrafos e textos coesos e coerentes, que possibilitem uma comunicação efetiva e crítica a partir do uso lógico e dinâmico da língua. Por fim, contextualizamos alguns gêneros textuais acadêmicos, orais e escritos, a fim de instrumentalizá-lo para organizar, articular, redigir e apresentar ideias. A dinâmica de trabalho que propomos em todos os capítulos deste livro é menos teórica e mais prática, a fim de que você perceba como acontece, de fato, a interpretação e a elaboração de textos. Bons estudos! Sumário UNIDADE 1 O Processo da Comunicação ................................................................................................................ 9 Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 9 Objetivos Específicos .......................................................................................................................... 9 QUESTÕES CONTEXTUAIS ..................................................................................................................... 9 1.1 Introdução .......................................................................................................................................10 1.2 Origem do Processo Comunicativo .................................................................................................12 1.3 Os Elementos da Comunicação ......................................................................................................16 1.4 Ruído na Comunicação ...................................................................................................................18 1.5 As Funções da Linguagem ..............................................................................................................201.6 A Noção de Interlocutor ..................................................................................................................22 1.7 Adequação da Linguagem à Situação Comunicativa.....................................................................24 1.8 Comunicação e Gêneros Textuais ...................................................................................................26 1.8.1 Gênero, Tipo e Domínio Textuais ...................................................................................................... 26 Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 32 Referências ......................................................................................................................................... 33 UNIDADE 2 Da Leitura à Compreensão Textual .................................................................................................... 35 Objetivo Geral .................................................................................................................................... 35 Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 35 QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 35 2.1 Introdução .......................................................................................................................................36 2.2 Leitura e suas Interfaces ................................................................................................................38 2.3 Leitura e Compreensão: o Papel do Leitor......................................................................................40 2.3.1 Estratégias de Leitura: Existe uma Fórmula Eficaz? ......................................................................... 41 2.3.2 Estratégias de Leitura: Aplicação ..................................................................................................... 44 2.4 Esquemas de Leitura .......................................................................................................................51 2.5 Interpretação e Intertextualidades .................................................................................................53 2.6 Interpretação de Textos Não Verbais ..............................................................................................58 2.7 Interpretação de Questões Modelo ENADE .....................................................................................61 2.7.1 Questão Modelo ENADE 1 ................................................................................................................ 61 2.7.2 Questão Modelo ENADE 2: ............................................................................................................... 63 Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 65 Referências ......................................................................................................................................... 66 UNIDADE 3 A Articulação da Escrita ..................................................................................................................... 69 Objetivo Geral .................................................................................................................................... 69 Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 69 QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 69 3.1 Introdução .......................................................................................................................................70 3.2 A Escrita na Contemporaneidade ...................................................................................................72 3.3 Estruturas Básicas da Escrita: Frase e Parágrafo ..........................................................................73 3.4 Texto e Fatores de Textualidade .....................................................................................................78 3.4.1 A Coesão ......................................................................................................................................... 80 3.4.2 A Coerência ..................................................................................................................................... 85 3.5 Estrutura do Texto Argumentativo ..................................................................................................87 3.6 A Construção do Texto Argumentativo: Passo a Passo .................................................................89 Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 93 Referências ......................................................................................................................................... 94 UNIDADE 4 O Texto em Ação ................................................................................................................................. 97 Objetivo Geral .................................................................................................................................... 97 Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 97 QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 97 4.1 Introdução .......................................................................................................................................98 4.2 Gêneros Acadêmicos .......................................................................................................................99 4.2.1 Resenha .......................................................................................................................................... 99 4.2.2 Resumo ......................................................................................................................................... 101 4.2.3 Ensaio ........................................................................................................................................... 103 4.2.4 Mapa Mental ................................................................................................................................. 105 4.2.5 Seminário e Apresentação de Trabalho .......................................................................................... 108 4.3 Dúvidas Gramaticais Recorrentes ................................................................................................117 Síntese da Unidade ........................................................................................................................... 120 Referências ....................................................................................................................................... 121 O Processo da Comunicação Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Estudar noções do processo comunicativo e seus elementos, as funções da linguagem e os gêneros textuais, com o objetivo de compreender a estrutura da comunicaçãoe seus componentes essenciais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Refletir sobre a origem da comunicação e sua importância; • Compreender os elementos da comunicação e suas funções; • Refletir sobre o papel do interlocutor e a adequação da linguagem à situação comunicativa; • Estudar os gêneros textuais e suas características. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Você já refletiu sobre o papel da comunicação na sua vida? 2. Como você supõe estar estruturado o processo comunicacional? Você sabia que a linguagem desempenha funções de acordo com a situação em que é empregada? 3. Você conhece os gêneros textuais? unidade 1 LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca10 1.1 Introdução Você já parou para pensar sobre a maneira como se comunica com as outras pessoas? Esse processo, que parece intuitivo, não tem nada de aleatório e se organiza por meio de elementos essenciais. Entender esses elementos e suas funções contribuirá para que você se aproxime do universo da linguagem e se expresse de forma mais efetiva. Você se comunica desde sempre. Quando bebê, ao chorar, manifestava aos outros as suas necessidades básicas. Suas primeiras palavras faladas e, posteriormente, escritas fizeram parte de um processo evolutivo que o conduziu até aqui, permitindo que, neste momento, você curse o ensino superior. A comunicação está intimamente ligada ao seu processo de socialização e de crescimento pessoal e profissional. Nesse sentido, é importante que você reflita de forma crítica sobre como interage com a linguagem e sobre o papel dela na sua vida. Este ebook, além de contribuir para o seu processo de formação, objetiva problematizar aspectos da linguagem que extrapolam o ambiente acadêmico, permitindo que você tenha uma relação mais ativa e efetiva com a língua. Dessa forma, conhecer o que contribui e o que impede o sucesso do processo comunicativo, bem como entender as múltiplas possibilidades da linguagem e como esta se organiza por meio de gêneros textuais, fará com que você, enquanto sujeito que tem sua identidade construída pela linguagem, seja protagonista do seu aprendizado. Pretende-se, muito mais do que ensinar uma disciplina, mostrar que a comunicação, a leitura e a escrita, objetos que serão aqui abordados, extrapolam os limites da educação formal (como encontros em universidades), uma vez que servirão como base para a realização de qualquer uma das atividades que fazem parte da sua formação. Esperamos conseguir! Boa leitura! Bons estudos! O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 11 Na Figura 1.1, está contemplada a sequência didática da Unidade 1. Figura 1.1 – Sequência Didática. Fonte: Elaborado pelos autores. Comunicação e Gêneros Textuais Origem do processo comunicativo Os Elementos da Comunicação Ruído na Comunicação As Funções da Linguagem A Noção de Interlocutor Adequação da Linguagem LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca12 1.2 Origem do Processo Comunicativo Sem a comunicação não haveria a cultura humana. Todo o processo histórico da comunicação confunde-se com o processo de evolução do ser humano. Hoje, nos comunicarmos com outro semelhante por meio da fala ou da escrita não passa de uma atividade cotidiana e quase automática. Mas é necessário recuperarmos que, antes de juntarmos letras ou fonemas em algo que fizesse algum sentido para nosso interlocutor, o gesto era o recurso mais utilizado. O filósofo Rousseau supôs que a linguagem humana evoluiu gradualmente a partir da necessidade do homem primitivo de expressar sentimentos. Para ele, a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”, usado pelos primeiros seres humanos para implorar socorro em situações de perigo ou como alívio de dores violentas. É importante entender que a comunicação é uma necessidade inerente a qualquer ser humano. No momento em que duas ou mais pessoas se encontram, necessariamente a comunicação passa a ser vital para a convivência e manutenção desse grupo social. Agora, quanto mais organizada for uma sociedade humana mais complexos serão os seus sistemas de comunicação e sua compreensão. Essa complexidade, muito provavelmente, teve origem há cerca de oito mil anos, na pré-história, quando surgiram os primeiros indícios de escrita com os desenhos das cavernas. O progresso da escrita está ligado à transformação das sociedades, porque possibilitou o desenvolvimento das civilizações e permitiu transmitir o conhecimento no espaço e no tempo. Quando o homem passa de nômade e caçador a sedentário e agricultor, sente a necessidade de medir a colheita e os animais e, para isso, usa representações gráficas. Os sinais pictóricos (símbolos/desenhos) foram substituídos por conjuntos de letras entre 1700 e 1500 a.C., com o alfabeto hebraico. Por volta de 400 a.C. surgiu o alfabeto grego, do qual provém o alfabeto latino, que usamos hoje nas línguas ocidentais. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 13 Figura 1.2 – Pintura rupestre. Fonte: Pixabay (2019). Figura 1.3 – Alfabeto Fenício. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle EaD. Z zayin W waw E he G gimel L lamedh K kaph A aleph N nun M mem P peh S sadeh Q qoph R resh SH shin T taw H heth T teth Y yodh L lamedh K kaph S samekh O/Pausa ayin LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca14 Figura 1.4 – Hieróglifos. Fonte: Pixabay (2019). O processo rudimentar de escrita transformou-se, ao longo do tempo, em modernas formas que possibilitam a disseminação em massa do conhecimento obtido pelo homem. Assim, pode-se dizer que a tecnologia trouxe novas percepções sobre a comunicação, sendo que a sociedade passou de uma perspectiva oral para uma dimensão de escrita. Basta verificar os hábitos sociais: antigamente, predominavam as narrativas orais, e hoje prevalece o romance, que é escrito; se antes as pessoas usavam telefone para se comunicar, hoje utilizam as redes sociais/whatsapp; se antes o ensino era totalmente presencial, hoje uma parte significativa ocorre em EaD, que depende, em grande parte, da comunicação escrita; por fim, se antes as interações pessoais eram mais próximas, face a face, hoje predominam as interações virtuais, possibilitadas pelos meios eletrônicos de comunicação. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 15 Figura 1.5 – A evolução da comunicação. Fonte: http://gg.gg/cvlca. As muitas interações possibilitadas pelas formas modernas de comunicação, claro, passaram a ser objeto de pesquisa das mais diversas áreas. A seguir, apresentamos os tópicos mais significativos que embasam esse estudo. Ficou interessado em saber um pouco mais sobre esse assunto? O vídeo no link mostra, de modo bem objetivo, o desenvolvimento da escrita, partindo dos desenhos rupestres até chegar à escrita de hoje. Acesse: http://gg.gg/cvlcf. VÍDEO LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca16 1.3 Os Elementos da Comunicação Uma das maneiras mais fáceis de entender o processo comunicativo é utilizando “o modelo comunicativo de Jakobson”, proposto pelo linguista de origem russa Roman Jakobson. Ele organizou, baseado no artigo “Uma teoria matemática da comunicação”, de Claude Shannon, a comunicação humana em seis elementos: • O emissor (ou remetente) é o ser responsável por dar início ao processo comunicativo, direcionando uma mensagem a um interlocutor. • O receptor (ou destinatário) é para quem a mensagem é enviada. Falaremos mais tarde sobre a relevância desse personagem dentro do processo. • A mensagem é o conjunto de informações que o emissor deseja enviar ao receptor. • O canal é o meio pelo qual o emissor e o receptor se comunicam e por onde circula a mensagem. • O código é um sistema de signos comuns partilhados (total ou parcialmente) entre emissor e receptor que permite a compreensão da mensagem. • O contexto (ou referente) é o assunto da mensagem,aquilo que permeia a situação comunicativa. Para que a comunicação efetivamente ocorra, é fundamental que os seis elementos componham de fato uma interlocução, ou seja, que emissor e receptor se entendam. Um elemento não previsto por Jakobson, mas que merece a nossa atenção é o feedback. Sendo o processo comunicativo um processo interacional, ele não se sustentaria sem a resposta do interlocutor ao emissor. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 17 Figura 1.6 – Os elementos da comunicação. Fonte: Elaborado pelos autores. Uma maneira de você compreender o processo comunicativo dentro de uma situação cotidiana é imaginando o seguinte cenário: Você recebe um e-mail com orientações de acesso ao LEX de seu tutor. O tutor, neste caso, é o emissor da mensagem e você, logicamente, o receptor. O canal comunicativo escolhido foi o e-mail, e o conteúdo da mensagem, as instruções necessárias para o acesso ao ambiente virtual de aprendizagem. O código, comum entre emissor e receptor, é a língua portuguesa. O contexto, aquilo que circunda a mensagem, o assunto, é o início das aulas e a necessidade de acesso ao LEX. Quando você responde ao e-mail está dando o feedback, fechando, dessa forma, o processo comunicativo, que poderá ser reaberto com alguma dúvida que você possa ter, invertendo, assim, os papéis de emissor e receptor entre você e seu tutor. Contexto Canal Código ReceptorEmissor Mensagem Feedback LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca18 1.4 Ruído na Comunicação Se por algum motivo o processo comunicativo é prejudicado por uma falha em qualquer um dos seus elementos, acontece o ruído. Ele pode se manifestar das mais diversas formas: um emissor com problemas de dicção ou que fale muito baixo, um receptor desatento, um código não comum entre ambos, um canal de comunicação falho, entre outras possibilidades. Figura 1.7 – Tirinha a evolução da comunicação. Fonte: http://gg.gg/cvlf6. Na tirinha anterior, você pode perceber que a comunicação não se efetiva. Embora todos os elementos necessários estejam presentes, há um ruído, e a mensagem não é compreendida conforme a intenção do emissor. Vamos analisar mais detalhadamente esses elementos? Assim, você poderia perguntar: se todos os elementos estão presentes, o que deu errado? Por que há ruído nessa comunicação? Com a presença da Helga, mulher de Hagar, no ambiente comunicativo, e a ausência do objeto de troca, o barco, o vendedor interpreta equivocadamente Quem é o emissor? Hagar Quem é o receptor? O homem com o cachimbo O que Hagar pretende comunicar? Qual é a mensagem? A compra de um barco novo e a possibilidade de troca para efetivar o negócio. Qual o canal de comunicação escolhido? Uma conversa presencial. Qual o código utilizado? A Língua Portuguesa. Qual é o contexto? Uma negociação. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 19 a mensagem, pensando que o objeto de troca fosse a mulher. Nesse contexto, o ruído causa o humor na tira. No entanto, nem sempre o ruído resulta em uma situação divertida. É muito comum, principalmente no ambiente empresarial, que a dificuldade de comunicação cause prejuízos e descontentamentos. Conforme o mestre e especialista em Gestão de Comunicação Marcos Scharf, [...] ruído de comunicação é toda a forma de interferência na transmissão de uma mensagem. Algo que prejudica a compreensão de uma ideia compartilhada. As fotografias fora de foco, o celular inaudível, os dados imprecisos de um relatório e os erros de português de um e-mail podem atrapalhar a comunicação entre as pessoas. Outro dia um gerente de vendas confirmou com a diretoria da empresa X que a reunião nacional com os vendedores aconteceria no dia 16. Distraído, digitou na intranet e repassou para os vendedores a seguinte mensagem: “confirmada a reunião para o dia 26”. A troca do “1” pelo “2” fez toda a diferença; a empresa teve que arcar com o prejuízo de passagens aéreas, diárias de hotéis, coffee break [...] (SCHARF, 2018) Como você pode perceber, uma simples falha em qualquer um dos elementos da comunicação pode colocar em risco todo o processo. Quer conhecer mais exemplos de Ruído na Comunicação? Veja no link: http://gg.gg/cvlfl. VÍDEO LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca20 1.5 As Funções da Linguagem O modelo comunicativo de Jakobson também procurou trazer luz a uma questão: por que as pessoas se comunicam? Se voltarmos ao início desta unidade, no texto que trata sobre a origem do processo comunicativo, podemos entender que a comunicação possuía um caráter predominantemente informativo, sendo que a sociedade evoluiu a partir das informações que nossos antepassados nos deixaram. Mas, então, o objetivo da comunicação é informar? Também. Porém, como se enquadram situações como um pedido de socorro ou um grito de dor? E como explicar a música, a poesia, ou mesmo uma conversa descontraída com um amigo? Jakobson criou o conceito de seis funções da linguagem, cada uma ligada a um elemento da comunicação, ou seja, em cada situação comunicativa, a ênfase recai sobre um dos elementos, e, consequentemente, a função relacionada predomina sobre as demais. Sim, é bem possível que uma situação comunicativa apresente mais de uma função da linguagem (quem sabe as seis?), mas sempre haverá o predomínio de uma. Procuraremos explicar a seguir. A função da linguagem que prevalece na maioria das situações comunicativas é a função referencial (ou denotativa); ela está relacionada ao contexto justamente pela sua característica informativa e sua linguagem objetiva. Essa função é encontrada, principalmente, nos textos informativos, como as matérias de jornais e sites de notícias, e na maioria dos textos acadêmicos que você irá ler durante sua formação. Já a função emotiva (ou expressiva) apresenta uma característica totalmente contrária, pois está centrada no emissor e relacionada aos sentimentos particulares deste, por isso nela predomina o emprego da primeira pessoa do discurso e a linguagem subjetiva. Como exemplo, podemos citar toda a manifestação de um ponto de vista do emissor sobre um assunto, como um comentário feito pelo leitor sobre uma notícia, no qual ele critica ou apoia o conteúdo. Também podemos citar os comentários cotidianos: “O dia está lindo!”, “Que blusa feia!” etc. A função apelativa (ou conativa) está diretamente relacionada ao receptor, e sua principal característica é a persuasão do interlocutor, a fim de que ele tome determinada atitude. Um exemplo claro do uso da linguagem apelativa são as propagandas. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 21 A função poética, ligada à mensagem, destaca que a maneira de comunicar é tão importante quanto a comunicação em si. Ou seja, com a função poética, a linguagem é mais elaborada do que no seu uso cotidiano. São exemplos: a poesia, a letra de uma música, a linguagem literária, entre outros. A função fática diz respeito ao início, à manutenção e ao fechamento de uma situação comunicativa. Está relacionada ao canal e é sempre breve, como um “Alô?” ao atender uma ligação, um “Está entendendo?” ou um “Até breve”. No primeiro exemplo, o “alô” abre uma comunicação, enquanto a expressão seguinte, “está entendendo”, testa a sua eficiência e, obviamente, o “até breve” dá um fim à comunicação. Por fim, quando a linguagem comunicativa é utilizada para falar sobre ela mesma, a predominância é da função metalinguística, focada no código. Imagine a seguinte situação: você precisa gravar um vídeo para uma atividade e procura dicas de como gravar e editar esse vídeo no YouTube. Percebeu? Para gravar um vídeo, você assiste a um vídeo. Da mesma forma, se você precisa do significado de determinada palavra e consulta um dicionário, você está procurando uma palavra para explicar outra palavra. Figura 1.8 – Os elementos da comunicação e as funções da linguagem. Fonte: Elaborado pelos autores. MensagemCanal função fática função poética função referencial função emotiva função apelativa função metalinguística Código ReceptorEmissor Contexto LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca22 1.6 A Noção de Interlocutor Dentro do processo comunicativo, é bastante comum delegar toda responsabilidade ao emissor, uma vez que é dele que parte a comunicação. Essa é uma premissa que coloca o receptor num papel de inteira passividade. Só que a comunicação é um processo interacional, você se recorda? Emissor e receptor devem assumir as suas responsabilidades para que a comunicação seja efetivada, uma vez que eles mudam de papel constantemente. A compreensão de uma mensagem está ligada diretamente ao repertório comunicativo que os interlocutores carregam como bagagem. Se, por um lado, o emissor parte do seu conhecimento de mundo para contextualizar uma situação, por outro, o receptor age da mesma forma, apoiando-se no seu repertório particular para compreender a mensagem e respondê-la. Observe as situações: Figura 1.9 – Tirinhas. Fonte: http://gg.gg/cvlh6. Nos dois exemplos, é evidente a presença de ruído na comunicação, causado pela condição passiva ou descuidada do interlocutor, que coloca a responsabilidade do sucesso da comunicação no emissor. Veja: O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 23 Na primeira tira, Hagar, enquanto receptor, seleciona o que lhe interessa dentre todos os eventos informados pelo outro personagem, focando somente naquilo que lhe é conveniente, deixando clara a sua falta de atenção. Já na segunda, a mensagem é direcionada a Hagar, mas o outro interlocutor, Eddie Sortudo, é quem responde ao questionamento de Helga, mesmo não sendo ele o destinatário. A partir dos exemplos, você pode verificar que a compreensão da mensagem e, consequentemente, o sucesso do processo comunicativo requer a participação ativa e colaborativa entre emissor e receptor. Escutatória - Rubem Alves Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás duas mulheres conversavam. Uma dela contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia – a enfermeira nunca acertava – dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim esperando, evidentemente, o aplauso, admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada…” A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Fonte: http://gg.gg/cvlhb. (adaptado) LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca24 1.7 Adequação da Linguagem à Situação Comunicativa Cada situação comunicativa, oral ou escrita, apresenta uma intenção. Não há comunicação sem objetivo: até mesmo por trás das famosas conversas de elevador há um propósito, ainda que este seja espantar o tédio ou evitar um silêncio constrangedor. Essa intenção, esse propósito, é mais facilmente atendido quando o emissor se vale da linguagem adequada ao interlocutor com quem está em contato. O emissor deve sempre acolher o receptor, jamais afastá- lo, por isso conhecer o seu público e prever a qual tipo de linguagem ele é mais suscetível é o recomendado. A língua é como a roupa, cada situação requer uma escolha. Imagine que você está em um ambiente que exige um traje específico, como uma solenidade de formatura, em que se espera que os formandos e os professores estejam usando togas. A linguagem, nesse ambiente, também tenderá a ser mais formal. Da mesma forma, em um ambiente informal, como um churrasco entre amigos, imagina-se que as vestimentas sejam confortáveis e descontraídas e que a linguagem também o seja. Você consegue compreender essa relação proposta entre linguagem e roupa? Procure responder à questão abaixo: Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um pedido, por escrito, nos seguintes termos: “Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo de seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar.” Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que: a) comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola. b) vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz. c) vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas. d) frequenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão. e) veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 25 Antes de revelarmos a resposta correta, vamos compreender o contexto: você recebeu um bilhete (meio de comunicação escrito, mas de caráter informal) de um colega de escola, de quem espera-se informalidade, mas escrito em uma linguagem extremamente erudita, formal. Percebe que há um equívoco nessa escolha? Então, se você respondeu a letra B, acertou! Um piquenique é uma situação informal, que requer, portanto, uma roupa informal. Ninguém pensaria em vestir um terno completo e calçar sapatos de verniz, um traje, convenhamos, bastante formal, em uma situação de lazer. No caso exposto, o piquenique é a situação, o meio de comunicação; já a roupa é a linguagem. A adequação da linguagem à situação comunicativa requer investimento em repertório (vale a insistência nisso por ser de extrema relevância). Quanto mais possibilidades comunicativas você tiver, maiores serão as chances de que você consiga sucesso em sua comunicação. Um bom comunicador não é somente aquele que se vale do uso formal da língua, mas aquele que conhece as suas variações e é capaz de conversar com os mais diferentes públicos. LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca26 1.8 Comunicação e Gêneros Textuais Até agora falamos sobre a comunicação em situações genéricas para explicar os vários elementos que fazem parte do processo comunicativo. Mas como é que, de fato, nos comunicamos? Conforme Marcuschi (2008), a comunicação humana acontece sempre por meio de textos, dos mais variados gêneros, que vamos utilizando a cada situação, formal ou informal, com que nos deparamos. Assim, de maneira bem simples, texto é toda e qualquer expressão comunicativa resultante de uma interação entre emissor e receptor. Um texto pode ser verbal (um romance, uma crônica etc.), visual (um quadro, uma escultura etc.) ou verbo- visual (um filme, uma propaganda etc.). Nesse sentido, ao visitar um museu, por exemplo, você é levado a fazer uma “leitura” das obras (textos visuais ou verbo-visuais), deslocando-se para diferentes épocas e espaços, compreendendo criações humanas que expressam ideologias de hoje ou de outros tempos. O mesmo acontece quando você lê um romance ou vê um filme, que podem ser atuais ou se reportarem a épocas com costumes e concepções diferentes das suas. A relação com essas realidades distintas é muito importante, pois permite que você busque elementos para compreender a evolução e a realidade humana. Os textos se organizam em gêneros, tipos e domínios textuais. O objetivo do estudo dos gêneros é que você compreenda que a comunicação se efetiva por meio de diferentestextos, cada qual com um objetivo comunicacional específico. 1.8.1 Gênero, Tipo e Domínio Textuais Ao longo da sua vida, você já leu uma série de textos, certo? Mesmo aqueles que assumem não gostar de ler têm alguma experiência leitora. Alguns textos são mais corriqueiros, como o romance, a música, o e-mail. Considerando esses exemplos que citamos, você percebe que há diferença de formato entre eles? E quanto ao objetivo comunicacional, é possível dizer que cada um deles tem uma finalidade própria? De acordo com Marcuschi (2008, p. 154), os gêneros textuais explicam o funcionamento da sociedade, uma vez que “toda a manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em algum gênero”. Nessa perspectiva, é possível dizer que a linguagem organiza nossas práticas sociais cotidianas, nossas formas de vida e nossas relações. No contexto dos gêneros, é importante que você entenda a diferença entre gênero textual, tipo textual e domínio textual. O conceito de gênero textual O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 27 contempla os diversos textos, escritos ou orais, que você encontra no dia a dia, como por exemplo o e-mail, o artigo, o resumo, o cartaz publicitário, o romance, a palestra etc. Cada um desses textos apresenta uma estrutura própria, relativamente estável, o que permite visualizar mais facilmente as suas características. Os gêneros são tão numerosos quanto os eventos comunicativos em que o ser humano se envolve. De acordo com Guimarães (2011), os gêneros são relativamente estáveis porque os textos que correspondem a cada gênero possuem algumas características comuns, conforme apresenta a Figura 1.10: Figura 1.10 – Características dos Gêneros Textuais. Fonte: Adaptado de Guimarães (2011). Quanto aos tipos textuais, você não pode confundi-los com os gêneros, já que são categorias ligadas à natureza linguística da composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo), ou seja, à maneira de construir o texto. Marcuschi (2008) os define como modos textuais e os classifica em narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Um gênero pode ser formado por mais de um tipo textual. De acordo com Koch e Elias (2008, p. 120), “a presença de vários tipos textuais em um gênero é denominada de heterogeneidade tipológica”. Mais adiante você verá um exemplo dessa ocorrência. Por fim, o domínio textual diz respeito a uma “esfera da atividade humana”, evidenciando as instâncias discursivas em que determinado gênero circula. Objetivo Intenção do gênero: carta comercial → negócio I propaganda → vender Tema Assunto do gênero: propaganda→ mostrar vantagens de um item I carta → falar de assuntos pessoais Estrutura Estrutura característica do gênero: texto argumentativo → introdução, desenvolvimento e conclusão I propaganda →associação de texto verbal e não verbal Linguagem Linguagem adequada ao gênero: conversa → informal I palestra acadêmica → formal Esfera de Circulação Área típica de circulação do gênero: oração/canção → típicos da esfera religiosa I editorial/artigo de opinião → típicos da esfera jornalística LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca28 Nesse sentido, existem gêneros próprios do discurso jurídico, como por exemplo leis, contratos e editais, ou do discurso jornalístico, como editoriais, notícias e artigos de opinião. Alguns gêneros podem circular em mais de um domínio ou esfera, como, por exemplo, as leis, que são textos corriqueiros nos domínios jurídico e político. O Infográfico da Figura 1.11 mostra os principais gêneros textuais, classificados nos respectivos domínios discursivos. A listagem não é definitiva, visto que outros gêneros e domínios podem ser acrescentados, tendo em vista a dinamicidade das atividades que envolvem a vida humana. Perceba que no Infográfico os gêneros estão segmentados em escritos e orais. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 29 Figura 1.11 – Gêneros Textuais e Domínios Discursivos. Fonte: Adaptado de Marcuschi (2008). GÊNEROS TEXTUAIS Instrucional Jornalístico Religioso Saúde Comercial Industrial Jurídico Publicitário Lazer Interpessoal Militar Ficcional Político Artístico/Cultural Esportivo LEGENDA: Artigos Científicos, verbetes de enciclopédia, relatórios, diários de campo, resumos, resenhas, teses/ dissertações, manuais de ensino, curriculum vitae, atas de reunião, provas, biografias, memoriais Editoriais, notícias, reportagens, artigos de opinião, histórias em quadrinhos, cartas do leitor, classificados, crônicas, boletim do tempo, resumo de filme, programação semanal, capa de revista, agenda de viagem Entrevistas (TV e rádio), notícias (TV e rádio), programa de rádio, boletim do tempo, reportagens ao vivo Conferências, debates, exposições, aulas, entrevistas, arguição, seminário/colóquio Sermões, confissões, cantorias, orações, homilias Orações, catecismo, canções religiosas, bulas papais, encíclicas Consulta, entrevista médica, conselho médico Receita médica, bula de remédio, parecer médico, receitas culinárias Publicidade de feira, rádio e TV Rótulos, nota de compra/venda, publicidade, carta comercial, memorando, carta de representação, certificado de garantia, atestado de qualidade, balanço comercial Ordens Instruções de montagem, descrição de obras, código de obras, avisos, controle de estoque, atestado de validade, manuais de instrução Depoimentos, declarações, inquérito judicial/policial, ordem de prisão Contratos, leis, regimentos e estatutos, certidões, atestados, certificados, diplomas, boletim de ocorrência, editais, alvarás Publicidade de rádio e TV Propagandas, publicidades, anúncios, cartazes, folhetos, outdoors, placas, inscrições em muros Fofocas, piadas, adivinhas, teatro Piadas, jogos, adivinhas, história em quadrinhos, palavras cruzadas, horóscopo Recados, conversações espontâneas, telefonemas, bate-papo virtual, avisos, ameaças Cartas pessoais, cartão de visita, e-mail, bilhetes, telegramas, convites, diário pessoal, lista de compras, auto- biografias, diários, relatos de viagem, blogs Ordem do dia Ordem do dia, roteiro de cerimônia oficial, roteiro de formatura, lista de tarefas Fábulas, contos, lendas, teatros Épico/lírico/dramático, poemas, contos, fábulas, histórias em quadrinhos, romances Discurso, debatePanfleto, santinho, plano de governo, leis Palestras, eventos culturais Letra de música, painel de museu, roteiro de teatro, roteiro de viagem, romance, quadro, obra de arte, roteiro de evento Narração de jogos, programas esportivos de TV e rádio, entrevistas Roteiro de eventos esportivos Escritos Orais LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca30 Como você pode perceber, os gêneros permeiam todas as atividades humanas, e isso significa que a comunicação, tanto escrita quanto oral, sempre se efetiva por meio de um gênero. Para que você compreenda bem a diferença entre gênero, tipo e domínio, apresentamos um exemplo de gênero com suas respectivas classificações. Figura 1.12 – Gênero reportagem | Domínio discursivo jornalístico | Os emojis são a linguagem universal?. Fonte: Adaptado de Revista Galileu, abr 2015. GÊNERO REPORTAGEM I DOMÍNIO DISCURSIVO JORNALÍSTICO I OS EMOJIS SÃO A LINGUAGEM UNIVERSAL? Giovanna Rossin I Revista Galileu I Abr 2015 Sete anos depois de darem as caras (literalmente) no teclado dos smartphones ocidentais, eles são considerados uma espécie de idioma universal pela Geração Z. Seria o emoji um esperanto que deu certo? Em janeiro, o julgamento de Ross Ulbrich mal tinha começado na corte de Nova York quando foi interrompido pela defesa. Uma informação tinha sido omitida e precisava ser levada em conta pelo júri: um emoji. “É parte da prova do documento”, concordou a juíza responsável. Ulbricht, acusado de comandar o mercado negro online SilkRoad, tinha postado em um chat uma mensagem seguida de um emoji sorridente, que foi ignorado na transcrição oficial do texto. Pouco tempo depois, o jovem Osiris Aristy foi preso por ser uma “ameaça terrorista”. Seu crime? Escrever mensagens de repúdio a policiais acompanhadas de emojis. Os dois casos provocam reflexão sobre até que ponto os emoji são uma ferramenta legítima de comunicação no mundo real. Mesmo a tradicional Biblioteca do Congresso (Washington) incluiu em seu acervo em 2013 o primeiro livro escrito em emoji – Emoji Dick, uma tradução do clássico Moby Dick, de 1851. “Achei que seria um ótimo desafio”, diz o autor, Fred Benenson, sobre o curioso projeto coletivo realizado online. Benenson, que se autointitula um aficionado do emoji, reuniu 800 pessoas para traduzir as cerca de 10 mil frases de Moby Dick. O processo levou um ano e meio. A PALAVRA ESCRITA MAIS POPULAR DE 2014 NÃO FOI UMA PALAVRA, MAS SIM O EMOJI DE CORAÇÃO VERMELHO MEIO UNIVERSAL Criado no Japão no final dos anos 1990, o emoji – palavra japonesa formada por e (“figura”, picture), mo (“escrita”, writing) e ji (“sinal”, character) – começou a se popularizar na cultura ocidental por volta de 2009 [...]. Tanto a linguagem já foi incorporada por usuários do mundo todo que a palavra escrita mais popular de 2014 não foi uma palavra, mas sim o emoji de coração vermelho. Para elaborar a lista, a Global Language Monitor analisou blogs, redes sociais e 275 mil mídias de notícias no mundo todo, e pela primeira vez ela foi liderada por um símbolo. “Os emoji produzem sentido nas práticas discursivas no meio digital e são capazes de tornar a interação virtual mais afetiva e dinâmica, propiciando rapidez nas trocas de informações”, dizem as especialistas em ciências da linguagem Renata Fonte e Roberta Caiado. Como pictogramas, os emoji são usados para transmitir emoções, substituir um objeto ou sugerir ideias abstratas construídas de acordo com o contexto social e cultural. Mas, apesar do sucesso entre os usuários de smartphones, especialmente os da geração Z (nascidos a partir de 1990), Renata e Roberta não acreditam nos emoji como uma linguagem: “Eles podem substituir, complementar ou enfatizar o texto escrito, e ainda representar a gestualidade corporal e facial presente nas interações face a face, mas não vemos nenhum potencial no emoji para tornar-se um idioma, muito menos universal”. [...]. “Mas a linguagem está em constante evolução, [...] e não é difícil imaginar uma gramática emoji em desenvolvimento”. sequência narrativa LEGENDA TEXTO sequência argumentativa sequência expositiva O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 31 O texto que você acabou de ler pertence ao gênero reportagem e se refere ao domínio discursivo jornalístico. O gênero em questão é constituído por vários tipos textuais, a saber, narrativo, expositivo e argumentativo, dispostos de forma intercalada. Também é interessante que você observe as características formais do gênero reportagem evidenciadas no exemplo: a. interação entre linguagem verbal e não verbal (entre imagens e texto); b. manchete, em destaque, que apresenta uma espécie de resumo da reportagem; no caso do exemplo, a manchete apresenta uma pergunta, que deverá ser respondida ao longo do texto (Seria o emoji um esperanto que deu certo?); c. segmentação do texto em etapas, com presença de subtítulo; d. repetição de parte importante do texto, destacada em fonte maior para chamar atenção do leitor; e. entrevistas com especialistas da área noticiada; f. abordagem de temática atual e relevante, de interesse público, com o objetivo de informar o leitor; g. uso de pergunta norteadora e argumentos com o objetivo de munir o leitor para que este possa se posicionar frente à temática discutida. Ao longo das próximas Unidades, você visualizará muitos exemplos de gêneros e poderá conhecer a estrutura característica de diferentes textos. Você sabe o que é Esperanto, termo que está na manchete da reportagem? Esperanto é uma língua artificial, criada em 1887 pelo polonês Ludovico Zamenhof, com o objetivo de ser uma língua universal. Ludovico morava em uma cidade em que viviam muitas comunidades linguísticas distintas e quis criar uma língua que pertencesse igualmente a todos os homens. O Esperanto possui gramática simples e regular, e utiliza raízes de línguas europeias, latinas e gregas. (HOUAISS, 2009). Para saber mais, acesse o site: http://gg.gg/cvljp. GLOSSÁRIO LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca32 SÍNTESE DA UNIDADE Nesta unidade, você foi convidado a refletir sobre a origem da comunicação e sobre os elementos que constituem o processo comunicativo (emissor, receptor, mensagem, canal, código e contexto, além do feedback, responsável por tornar esse processo interacional). Você ainda foi apresentado ao conceito de ruído e pôde, a partir dos exemplos apresentados, problematizar as dificuldades que atrapalham a comunicação. Além disso, aprendeu as funções da linguagem (emotiva, apelativa, poética, fática, metalinguística e referencial) e compreendeu o papel do interlocutor e sua importância para que a comunicação, de fato, aconteça. Por meio dos exemplos propostos, refletiu sobre a relevância da adequação da situação comunicativa ao leitor e foi apresentado aos gêneros textuais, entendendo como funciona a articulação textual para a construção de sentidos. O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 33 REFERÊNCIAS FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de Texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2009. GOULART, C. R.; BOTH, J. . Interpretação e compreensão de textos. In: AIUB, T NIA. (Org). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: Penso, 2015. GOULART, C. R.; AIUB, T. O Texto e os fatores de textualidade. In: AIUB, T NIA. (Org). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: Penso, 2015. GUIMARÃES, T. C. Comunicação e Linguagem. São Paulo: Pearson, 2011. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008. MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. SCHARF, M. G. O ruído na comunicação afeta as relações humanas. Disponível em: http://gg.gg/cvlka. Acesso em: 18 de nov. 2018. LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca34 ANOTAÇÕES LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca Da Leitura à Compreensão Textual Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Refletir sobre a leitura e a compreensão textual, reconhecendo-as como elementos fundamentais para a autonomia do sujeito e como processos que requerem a construção de estratégias de interação que possibilitem a adequada articulação entre autor-leitor-texto. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Refletir sobre a leitura e sobre como ela amplia a visão de mundo do sujeito leitor; • Buscar estratégias claras de leitura e compreensão de um texto; • Compreender o processo de interpretação a partir da ativação de conhecimentos prévios e do levantamento de inferências; • Estudar a interpretação textual em contextos de intertextualidade; • Estudar a interpretação em textos não verbais e mistos; • Mapear o que é central e secundário em um texto, organizando esquemas de leitura que facilitem a compreensão; • Interpretar diferentes gêneros textuais, colocando em prática os estudos da Unidade. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Você já pensou sobre como acontecem os processosde decodificação e de compreensão daquilo que lê? 2. Qual é a importância da leitura para você? 3. Por que ler é tão desafiador? unidade 2 LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca44 2.1 Introdução Você já pensou sobre como acontecem, em seu cérebro, os processos de decodificação e de compreensão daquilo que lê? Embora não saibamos como, complexas conexões neurais se estabelecem durante a leitura. Nosso desafio é, pois, tornar esse evento o mais eficiente possível, obtendo o máximo de aproveitamento do tempo que dedicamos à leitura. Um requisito esperado de qualquer profissional é que ele seja um leitor proficiente. No entanto, estatísticas mostram que muitas pessoas, no Brasil, embora sejam alfabetizadas, não são capazes de interpretar adequadamente até mesmo textos simples. Um dos fatores que contribui para esse cenário é a falta de leitura. Quanto menos uma pessoa ler, provavelmente menor será o seu conhecimento de mundo, o que reduzirá a capacidade de reconhecer as estruturas textuais e de sintetizar, abstrair e interpretar o que um texto traz. Nesse sentido, é importante que você saiba que o processo de leitura vai muito além da simples decodificação dos sinais gráficos que compõem as palavras. Isso significa que ler não é o mesmo que compreender e interpretar um texto. Compreender requer um esforço muito maior, ou seja, a reunião de vários requisitos que, em conjunto, operam a construção de sentidos. A partir dessa realidade, propomos a você uma reflexão sobre os diversos elementos que interagem e que se inter-relacionam no processo de leitura e interpretação. É muito importante que você, estudante universitário, domine a arte de dialogar com os mais diversos gêneros e tipos de texto com os quais terá contato ao longo do seu curso e ao longo da vida. Na Figura 2.1, está contemplada a sequência didática da Unidade 2. Decodificar: traduzir claramente uma informação, entender, compreender. GLOSSÁRIO Proficiente: competente, eficaz, conhecedor. GLOSSÁRIO Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 45 Figura 2.1 – Sequência Didática. Fonte: Elaborado pelos autores. Leitura e suas Interfaces Leitura e Compreensão: o Papel do Leitor Interpretação de Questões ENADE Interpretação de Texto Não Verbal Interpretação e Intertextualidades Esquemas de Leitura LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca46 2.2 Leitura e suas Interfaces Que tipo de texto você gosta de ler? Romance? Reportagem? Crônica de jornal? Coluna esportiva? Música? Sempre há aquele texto com o qual você mais se identifica, bem como aquele que você não aprecia tanto, não é mesmo? Suas preferências leitoras têm relação direta com as experiências que você teve, desde a infância, com a leitura. A habilidade de interagir com diferentes textos faz de você uma pessoa que se comunica de forma eficaz. Mas como adquirir a proficiência leitora? Lendo! Não há outra forma de desenvolver as habilidades de leitura e interpretação a não ser exercitando tais ações. Quando você lê, amplia a sua visão de mundo e a capacidade de “enxergar” além do que está escrito. No Brasil, as pessoas leem muito pouco. Por isso, muitos apenas decodificam textos, mas não compreendem realmente os seus sentidos. Veja a charge a seguir: Figura 2.2 – Charge – Hagar, O Horrível. Fonte: http://gg.gg/cw9rc. O texto acima evidencia o desprestígio da leitura e do pensamento nos dias atuais. Essa realidade certamente traz consequências, e seria possível dizer que o baixo índice de leitura prejudica o desenvolvimento da sociedade. Mas por que será que ler é tão desafiador? No Brasil, há cerca de 38 milhões de analfabetos funcionais. Para saber mais, acesse no link: http://gg.gg/cvmag. SAIBA MAIS Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 47 Para ler um texto, é preciso ter conhecimentos. E um dos pontos vulneráveis dos estudantes brasileiros é, justamente, a bagagem de conhecimentos que trazem. A falta de leitura é um entrave na construção dos conhecimentos prévios que, por sua vez, são fundamentais para o bom entendimento de um texto. Você já deve ter percebido que, nesse aspecto, existe uma relação de interdependência: ler requer ter conhecimentos prévios e, para ter conhecimentos prévios, é preciso ler. Os conhecimentos prévios são a articulação de vários tipos de conhecimento, conforme mostra a Figura 2.3: Figura 2.3 – Tipos de Conhecimento. Fonte: Elaborado pelos autores com base em Guimarães (2011). O conhecimento linguístico diz respeito à língua e suas estruturas, contemplando, também, os gêneros textuais e seus modos de funcionamento. O conhecimento de mundo configura-se por todas as informações que temos armazenadas na memória, com base no que lemos, ouvimos e vivemos. Por fim, o conhecimento interacional se refere aos conhecimentos partilhados entre o autor e os possíveis leitores de um texto. Outro desafio da leitura se apresenta quando o leitor mistura o que está explícito no texto com as suas próprias percepções acerca do assunto. Assim, um dos pré-requisitos para que a interpretação seja eficiente é saber distinguir os limites entre os pontos de vista do autor e os seus próprios pontos de vista enquanto leitor. Vamos entender um pouco mais sobre isso analisando o papel do leitor no processo de interpretação. Conhecimentos Prévios Conhecimento de Mundo Conhecimento Interacional Conhecimento Linguístico LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca48 2.3 Leitura e Compreensão: o Papel do Leitor Você tem o hábito de ler? Muitas vezes não avaliamos a importância que a leitura tem na nossa vida. Ler muda qualquer pessoa, porque conduz o sujeito a distintas realidades, épocas e experiências. Parece clichê, mas a leitura permite a você um universo de possibilidades sem que você saia de casa. Todo o conhecimento que o homem adquiriu ao longo de séculos de história advém da transmissão oral de experiências e/ou da leitura. Faz parte da ação de ler interpretar aquilo que é lido. Não há uma forma única de compreensão, porque os sentidos não são estabelecidos unicamente por quem escreve. Um texto sempre é escrito por alguém para alguém, e este interlocutor (o leitor) completa o sentido do texto, preenchendo suas lacunas ao contribuir com o seu próprio repertório comunicativo. Esse aspecto é importante, porque muda o foco de uma antiga concepção: a que trazia o autor como detentor absoluto de sentidos. Hoje, sabe-se que o leitor é peça fundamental desse jogo de “completar” um texto, de produzir sentidos sempre novos conforme o conhecimento de mundo e as vivências de cada um. Isso significa que cada leitor tem uma maneira original de compreender um texto. Se é assim, cada leitor pode interpretar uma obra como quiser? Qual é o limite que existe nessa relação? A resposta é simples: a compreensão de um texto depende das relações que você já teve com o assunto, das leituras que você já fez e do domínio que você tem do código e dos conceitos que estão no texto. Esses conhecimentos são variáveis, e não é preciso ter um saber nivelado ao de outros leitores para compreender. Apesar disso, você não pode “fantasiar”, inventar sentidos: no momento da interpretação, precisa ser fiel aos elementos que estão no texto. Tendo em vista essa relação colaborativa entre autor, texto e leitor, a leitura é, segundo Koch e Elias (2008, p. 11), “uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos”, que “requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes”. A interação pressupõe uma participação ativa do leitor Interpretar “é o processo de localizar as pistas e sinalizações deixadas no texto pelo autor e atribuir-lhes significado”. (GUIMARÃES, 2011, p.107). DESTAQUE Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 49 no processo de compreensão, já que a leitura é “uma atividade que implica estratégiasde seleção, antecipação, inferência e verificação” (PCN, 1998, p. 70) por parte do leitor. Agora que você já conhece o importante papel do leitor, vamos explorar algumas estratégias de leitura que podem ajudá-lo nesse percurso de desvendar um texto. 2.3.1 Estratégias de Leitura: Existe uma Fórmula Eficaz? Quando você lê apressadamente, não consegue fazer uma leitura eficaz, capaz de captar as sutilezas do texto. É por isso que é tão importante estabelecer estratégias de leitura, que nada mais são do que passos que ajudam o leitor a olhar mais criticamente para o texto. Conforme Goulart e Both (2015, p. 48), “o uso de estratégias de leitura nos permite controlar o que vai ser lido, tomar decisões diante das dificuldades de compreensão, avançar na busca de soluções de dúvidas e avaliar as suposições feitas”. As autoras ainda acrescentam que, após a leitura, devemos ser capazes de “processar, criticar, contradizer e avaliar” o texto lido, atribuindo sentidos à nossa experiência leitora. Para tanto, utilizar estratégias de leitura, ou tomar consciência das estratégias que você já usa sem se dar conta, pode ajudá-lo muito no processo de interpretar. Nesse sentido, o esquema didático da Figura 2.4 mostra estratégias de leitura amparadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): Figura 2.4 – Estratégias de Leitura. Fonte: Adaptado de Guimarães (2011). Estratégias de Leitura Ativação de Conhecimentos Prévios Seleção Antecipação Inferência Verificação LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca50 Na Figura 2.4, você pode observar estratégias que conduzem à ativação de conhecimentos prévios. Isso significa que todas as estratégias só são eficazes se o leitor tiver conhecimentos preexistentes. Obviamente você nunca saberá tudo e, portanto, saber onde buscar as informações de que necessita para completar as lacunas que surgem durante a leitura também é uma tarefa importante. Antes de aplicar as estratégias, é importante ter claro o objetivo de leitura. Isso determina o foco que você coloca na ação de ler. Se você lê um artigo científico com o objetivo de resumi-lo para uma aula, deve ficar atento aos pontos principais que o artigo traz. Nesse caso, montar um esquema com os elementos relevantes do texto é uma ótima estratégia (mostramos como fazer isso mais adiante). Agora, se você lê uma reportagem apenas por curiosidade, o seu objetivo pode ser simplesmente informativo. Ter um objetivo é importante para que você faça uma leitura com o olhar atento ao que realmente busca. Com o objetivo traçado, você pode focar as estratégias apresentadas na Figura 2.4. Quanto à seleção, esta consiste em uma leitura rápida, que você realiza quando passa os olhos no texto. Seria um primeiro reconhecimento, a partir do qual você seleciona o assunto e filtra o texto para coletar informações superficiais. A antecipação é uma etapa importante, que se refere à formulação de hipóteses primárias a partir de elementos gerais do texto. Essa etapa requer que você analise uma série de itens. A Figura 2.5 os apresenta e descreve: A internet é um universo de possibilidades, facilitando muito a busca de conhecimento. No entanto, você precisa estar atento às fontes de pesquisa, já que muitos sites ou posts não são confiáveis! Procure verificar se os posts possuem autoria e, se possível, consulte a fonte original para confirmar a informação. Para buscar artigos acadêmicos, consulte sites especializados, como o Google Acadêmico (http://gg.gg/cvmbb). Sempre que possível, recorra a livros (físicos ou virtuais). DICA Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 51 Figura 2.5 – Estratégias de Leitura: a Antecipação. Fonte: Elaborado pelos autores. A etapa seguinte, a inferência, pressupõe que você construa previsões. À medida que o texto se revela, as expectativas podem mudar, sendo atendidas ou não. Espera-se que você, leitor, consiga fazer inferências, já que nem tudo é explícito em um texto oral ou escrito. A capacidade de fazer inferências está diretamente relacionada aos conhecimentos prévios que você possui. Veículo Qual é o veículo em que está o texto? Revista, jornal, outdoor, embalagem, etc. Elementos não verbais Há imagens e outros elementos gráficos? Estes completam o sentido do texto ou são os únicos elementos (caso de textos não verbais). Autoria Quem é o autor do texto? Saber quem fala e as ideologias que defende pode agregar valor à interpretação. Contexto de Produção Qual é o contexto histórico em que esse texto foi realizado? A época a que o texto se refere e o lugar de onde procede podem dizer muito sobre o conteúdo. Gênero Qual é o gênero do texto? Reconhecer os aspectos formais do gênero e saber quais são os seus objetivos facilita a leitura. Inferir é deduzir, concluir pelo raciocínio a partir de fatos, de indícios. (HOUAISS, 2009). GLOSSÁRIO LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca52 A verificação é uma etapa na qual você confirma se a seleção realizada, as hipóteses formuladas e as inferências feitas são adequadas. (GUIMARÃES, 2011). Pode ser que o texto tome um rumo completamente diferente daquele que você imaginou que ele fosse seguir e, nesse caso, é preciso que você corrija as suas hipóteses iniciais. Por fim, a ativação de conhecimentos prévios diz respeito aos conhecimentos que você adquiriu ao longo da vida. Tais conhecimentos são ativados no momento da leitura e muitas vezes vão determinar a sua capacidade de interpretar corretamente ou não os sentidos de um texto. Por isso, como já mencionamos, é muito importante que você invista em sua cultura geral e que amplie o seu repertório comunicativo e de leitura, a fim de mobilizar os diferentes tipos de conhecimento. A partir do exposto, a seguir, propomos a você um exercício prático de leitura e interpretação, utilizando os pontos (etapas) que acabamos de estudar. 2.3.2 Estratégias de Leitura: Aplicação Vamos, então, praticar? O texto que vamos analisar, da Revista Superinteressante, foi editado a fim de tornar a análise mais sintética. Em decorrência disso, a estrutura original também foi readaptada. Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 53 | GÊNERO REPORTAGEM | | DOMÍNIO DISCURSIVO JORNALÍSTICO | | Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni | | Adaptado de Revista Superinteressante | | Out 2018 | A ERA DA BURRICE Você já teve a impressão de que as pessoas estão ficando mais burras? Estudos apontam que, pela primeira vez na história, a inteligência humana começou a cair. Entenda os possíveis motivos – e as consequências – disso. Discussões inúteis, agressivas. Gente defendendo asneiras. Pessoas perseguindo e ameaçando outras. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o mundo está mergulhando na burrice. Você já teve essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos em vários países revelam algo inédito e assustador: a inteligência humana começou a cair. Os primeiros sinais vieram da Dinamarca. Lá, os homens que se alistam no serviço militar são submetidos a um teste de inteligência: o teste de QI (quociente de inteligência). Depois de crescer em todo século 20, em 1998 o QI dos dinamarqueses começou a cair 2,7 pontos a cada década. O mesmo acontece na Holanda (-1,35), Inglaterra (-2,5) e França (-3,8). “Há um declínio contínuo no QI ao longo do tempo”, diz o antropólogo inglês Dutton. No atual ritmo, alguns países podem regredir para QI médio de 80, definido como ‘baixa inteligência’, já na próxima geração de adultos. Mas como explicar a proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E a queda do QI nos países desenvolvidos? De 0 a 160 O teste de QI (quociente de inteligência) consiste em uma bateria de testes (compreensão verbal, raciocínio, memória e velocidade de processamento). De 90 a 110 pontos, tem-se um nível de inteligência normal. Quem faz mais de 130 pontos enquadra-se na categoriamais alta (o máximo é 160). No século 20, o QI aumentou no mundo todo. Não é difícil entender essa evolução. Melhore a saúde, a nutrição e a educação e as pessoas se sairão melhor em qualquer teste de inteligência. Então, como explicar o efeito atual, de queda na inteligência? ◄▬ T Í T U L O ◄▬ M A N C H E T E ◄▬ 1 º P A R Á G R A F O ◄▬ 2 º P A R Á G R A F O ◄▬ 3 º P A R Á G R A F O LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca54 Involução Natural A primeira hipótese é polêmica. “A capacidade cognitiva é influenciada pela genética. E pessoas com altos níveis dela vêm tendo menos filhos”, afirma o psicólogo Woodley, da Universidade de Umeå, Suécia. Há décadas a ciência sabe que parte da inteligência (estudos falam em 50%) é hereditária. Trata-se de uma teoria controversa. No passado, ela levou à eugenia, que buscava o aprimoramento humano pela reprodução seletiva. Hoje ninguém proporia “melhorar” a sociedade obrigando os inteligentes a ter mais filhos – ou impedindo os demais de ter. Mas isso não significa que a matemática das gerações não possa estar levando a um declínio na inteligência, inclusive pela evolução da sociedade, que tornou a vida mais fácil. Há quem diga que o salto tecnológico dos últimos 20 anos esteja afetando a inteligência. “Hoje, crianças de 7 ou 8 anos crescem com o celular”, diz Bauerlein, da Universidade Emory, EUA. “É nessa idade que elas deveriam consolidar o hábito da leitura para adquirir vocabulário”. Há indícios de que o uso de smartphones na infância já esteja causando efeitos negativos. Na Inglaterra 28% das crianças de 4 e 5 anos não sabem se comunicar com frases completas no nível normal para a idade. Segundo educadores, isso se deve ao tempo que elas ficam na frente de TVs, tablets e smartphones. As pessoas nunca leram e escreveram tanto; mas estão lendo e escrevendo coisas curtíssimas em smartphones. Há a hipótese de que as redes sociais, que são projetadas para consumo rápido e tomam muito tempo (3h39 por dia do brasileiro), estejam corroendo nossa capacidade de prestar atenção às coisas. Levar no bolso a internet baniu o tédio da vida, mas nos tornou mais impacientes, menos capazes de manter o foco. Os limites da razão Você certamente já discutiu com uma pessoa irracional, que manteve a própria opinião mesmo diante de argumentos irrefutáveis. É o que os psicólogos chamam de “viés de confirmação”: a tendência que a mente tem de abraçar informações que apoiam suas crenças, e rejeitar dados que as contradizem. Quanto mais comprometido você está com uma teoria, mais tende a ignorar evidências contrárias. Para piorar, a evolução nos pregou outra peça: quase toda pessoa se acha mais inteligente que as outras. Aplicando essa lógica ao mundo de hoje, o resultado é o mar de conflitos que tomou conta do dia a dia. A era da cizânia – e da burrice. ◄▬ 4 º P A R Á G R A F O ◄▬ 5 º P A R Á G R A F O Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 55 Vamos analisar o texto “A Era da Burrice” a partir das estratégias que estudamos. Para dar conta da etapa de seleção, você deve fazer uma leitura rápida do texto. Em um olhar superficial, chama atenção o título. Na manchete, evidencia-se o fato de que as pessoas estão ficando mais burras e de que a inteligência humana está caindo. O texto promete desvendar as causas e consequências desse fato. Vemos também que ele é subdividido em etapas, introduzidas por subtítulos. Esses elementos podem ou não chamar a sua atenção. Se você pudesse escolher, teria interesse de ler essa matéria? A etapa de antecipação permite analisar o contexto geral de produção do texto. Seguindo nosso roteiro, você pode perceber os seguintes elementos: a. VEÍCULO: Revista Superinteressante; b. ELEMENTOS NÃO VERBAIS: a imagem de capa mostra um terno e um chapéu vestidos em um balão. Inevitavelmente vem à mente a expressão “cabeça de vento”, utilizada para designar alguém desatento. A imagem faz referência, pois, ao tema da burrice; c. AUTORIA: os autores não são pessoas publicamente conhecidas, provavelmente são repórteres. Vale mencionar o estilo das matérias dessa revista, a saber, reportagens fortemente embasadas em estudos científicos realizados, em sua maioria, nos Estados Unidos e na Europa; d. CONTEXTO DE PRODUÇÃO: a publicação é recente (2018). Há elementos que evidenciam tratar-se de um texto atual, como a citação de uma pesquisa que revela que a inteligência humana passou a regredir a partir de 1998. As primeiras frases contextualizam problemas da atualidade (discussões inúteis, gente defendendo asneiras, pessoas perseguindo e ameaçando outras, líderes políticos imbecis) e os últimos parágrafos ressaltam a tecnologia (smartphones, etc.); e. GÊNERO: trata-se de uma reportagem. Formalmente, há imagem condizente com o texto, manchete e subtítulos. Em termos de conteúdo, há entrevistas com especialistas e abordagem de tema atual com objetivo informativo. Também há várias perguntas que direcionam o leitor. Partimos, então, para a etapa de inferência. Para realizá-la, você deve ler todo o texto e fazer deduções com base nos caminhos oferecidos, pouco a pouco, pela matéria. A seguir, destacamos algumas dessas INFERÊNCIAS (vide trechos em destaque). Lembramos que estas são algumas possibilidades, mas não as únicas. Cada leitor poderia sugerir outras inferências. LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca56 O título da matéria é determinante para começarmos nosso trabalho. A burrice, termo central do título, de modo bem simples, pode ser entendida como falta de inteligência. Assim, a tese do texto poderia ser (perceba as inferências sublinhadas): As pessoas de hoje não são inteligentes. Ou, ainda, As condições de vida atuais não estimulam a inteligência. Em princípio, essas inferências feitas a partir do título poderiam ser negadas por questões lógicas: o homem cria tecnologias cada vez mais modernas, então deve ser inteligente; e hoje, muito mais do que no passado, o homem tem à disposição muitas possibilidades de desenvolvimento pessoal, social e cognitivo, então deve ser inteligente. Ora, se há indícios favoráveis à inteligência, como podemos estar na era da burrice, como dizem o título e a manchete? Quando iniciamos a leitura, o texto logo nos dá pistas. Ao citar que o tempo atual é marcado por discussões inúteis, defesa de bobagens, perseguições e ameaças (1º parágrafo), parece plausível dizer que o autor se refere à baixa inteligência emocional das pessoas, já que elas estão mais intolerantes e têm dificuldade de respeitar opiniões alheias. Então, será que o texto vai falar sobre inteligência emocional, mostrando que é ela que está caindo? A ideia acima não é sustentada na sequência. O segundo parágrafo traz o dado de que o QI de vários povos europeus está caindo. O QI é um teste que mede a capacidade cognitiva, como mostra o parágrafo 3. Assim, podemos fazer mais uma inferência: o que está caindo é a inteligência global do homem (emocional + cognitiva)? O segundo parágrafo termina com o dado de que a próxima geração de adultos pode ter uma média de QI considerada baixa e propõe 2 perguntas que novamente podem conduzir nossas inferências: como explicar a proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E a queda do QI nos países desenvolvidos? O próprio texto sinaliza, nesse ponto, uma situação inusitada. Não se esperaria que quem vai à escola tivesse resultados baixos de inteligência, nem que os resultados de países desenvolvidos fossem ruins nesse quesito. O parágrafo 3 reforça que no século XX o QI aumentou no mundo todo em função da melhora da saúde, nutrição e educação. Então, como explicar que no século 21, quando a população tem mais acesso ainda a esses benefícios, a inteligência esteja caindo? Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 57 A partir do quarto parágrafo, surgem as possíveis causas. A
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