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COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM - E-book da disciplina

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Prévia do material em texto

Ângela Kroetz dos Santos
Gilberto Fonseca
 REVISÃO DE TEXTOS
Leitura, Produção e 
LEITURA, 
P R O D U Ç Ã O 
E REVISÃO
DE TEXTOS 
Janeiro | 2019
Gilberto Fonseca
ÂnGela Kroetz dos santos
S237c Santos, Ângela Kroetz dos.
Leitura, produção e revisão de textos / Ângela Kroetz dos Santos, Gilberto 
Fonseca. – Canoas, RS : Universidade La Salle EAD, 2019.
140 p. : il. ; 30 cm. – (Educação e cultura)
Bibliografia.
1. Linguística. 2. Linguagem. 3. Texto. 4. Produção textual. 5. Revisão textual. 
6. Leitura. I. Fonseca, Gilberto. II. Título. III. Série.
 CDU: 81’42
Bibliotecário responsável: Michele Padilha Dall Agnol de Oliveira - CRB 10/22350
Universidade La Salle Canoas | Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS
CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 | ead@unilasalle.edu.br
Gestão Universidade
Gestão EaD
Reitor
Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., 
Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação
Pró-Reitor de Administração
Diretora de Graduação
Diretor da Educação a Distância
Diretor de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu 
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu
Diretor Administrativo
Diretor de Marketing e Relacionamento
Procuradora Jurídica
Assessor de Assuntos Interinstitucionais e Internacionais
Assessor de Inovação e Empreendedorismo
Chefe de Gabinete
Coordenador da Área de Educação e Cultura
Coordenador da Área de Gestão e Negócios
Coordenador da Área de Direito e Política
Coordenadora da Área de Inovação e Tecnologia
Coordenador dos Cursos de Adm., Processos Ger. e Logística
Coordenadora do Curso Gestão de Recursos Humanos
Coordenador do Curso de Ciências Contábeis
Coordenador dos Cursos Gestão Com., Gestão Fin. e Marketing
Coordenadora do Curso de Pedagogia
Coordenadora do Curso de Serviço Social
Coordenadora do Curso de Letras
Coordenador do Curso de Educação Física
Coordenadora do Curso de História
Coordenador do Curso de Engenharia da Produção
Coordenador do Curso de Análise e Desenv. de Sistemas
Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc
Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc
Vitor Benites 
Profª. M.ª Cristiele Magalhães Ribeiro 
Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool
Prof. Me. Márcio Leandro Michel
Profª. Dr.ª Patricia Kayser Vargas Mangan
Patrick Ilan Schenkel Cantanhede 
Cleiton Bierhals Decker
Michele Wesp Cardoso
Prof. Dr. José Alberto Miranda
Prof. Dr. Jefferson Marlon Monticelli
Prof. Dr. Renaldo Vieira de Souza
Prof. Dr. Renato Ferreira Machado
Prof. Me. Sílvio Denicol Júnior
Prof. Dr. Daniel Silva Achutti
Profª. Drª Ingridi Vargas Bortolaso
Prof. Me. Carlos Eduardo dos Santos Sabrito
Profª. Drª. Denise Macedo Ziliotto
Prof. Me. Eduardo Bugallo de Araújo
Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Vargas
Profª. Drª Hildegard Susana Jung
Profª. Drª. Michelle Bertoglio Clos
Profª. Drª. Lucia Regina Lucas da Rosa
Prof. Dr. José Rogério Vidal
Profª. Drª. Tatiana Vargas Maia
Prof. Dr. Charles Rech
Prof. Dr. Rafael Kunst
Diretor
Coordenadora Pedagógica
Coordenador de Produção
Coordenadora Técnica 
Prof. Dr. Mario Augusto Pires Pool
Profª. Drª. Ana Margo Mantovani
Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva
Michele de Mattos Kreme
Coordenações Acadêmicas
Equipe de Produção EaD
Anderson Cordova Nunes
Arthur Menezes de Jesus
Bruno Giordani Faccio
Daniela dos S. Cardoso
Érika Konrath Toldo
Évelyn Rocha de Araujo 
Gabriel Esteves de Castro
Guilherme P. Rovadoschi
Gustavo Rodrigues L. Haag
Ingrid Rais da Silva
Jorge Fabiano Mendez
Nathália N. dos Santos S.
Patrícia Menna Barreto
Tiago Konrath Araujo
Prezado estudante,
A equipe de gestão da EaD LaSalle sente-se honrada em entregar a 
você este material didático. Ele foi produzido com muito cuidado para 
que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu aprendizado da 
maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para 
estudar: a modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo 
apresentado será uma excelente base para o seu conhecimento e para 
sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de seus 
professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar 
a leitura detalhada dos textos deste livro, buscando sempre realizar as 
atividades com esmero a fim de alcançar o melhor resultado possível 
em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, 
de participar de todas as atividades propostas no ambiente virtual 
e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui disponibilizado, o 
conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por 
meio de outras bibliografias e por meio da navegação online.
Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. 
Bons estudos!
Gestão de EaD LaSalle
APRESENTAÇÃO
APRESENTANDO OS AUTORES 
Ângela Kroetz dos Santos
É licenciada em Letras pela UNISINOS (2003), especialista em Assessoria 
Linguística e Comunicação - Ênfase em Produção e Revisão Textual pela 
Uniritter (2013) e mestre em Letras pela Uniritter (2016). Atualmente 
trabalha como tutora da área de Letras na Unilasalle, em Canoas, e como 
revisora de textos técnicos e acadêmicos
Gilberto Fonseca
É licenciado em Letras pela UFPel (2003) e possui mestrado em Artes 
Cênicas pela UFRGS (2010) e em Letras pela Uniritter (2016). É diretor de 
teatro, com mais de 20 espetáculos profissionais em seu currículo, e escritor 
(Contos de amor & morte, 2017, e A casa no fim da rua, 2018). Atualmente 
trabalha como professor de Língua Portuguesa no Instituto Rio Branco, 
em São Leopoldo, como tutor de Letras na Unilasalle, em Canoas, e como 
professor de escrita criativa na Editora Metamorfose, em Porto Alegre.
Leitura, Produção e
Revisão de Textos
APRESENTANDO A DISCIPLINA 
Prezado aluno,
Nesta disciplina vamos trabalhar noções de comunicação e elementos que 
constituem esse processo, para que você possa compreender a estrutura 
da comunicação e seus componentes essenciais. Vamos refletir sobre a 
leitura e a compreensão textual, elementos fundamentais para a formação 
de pessoas críticas e engajadas com a realidade do mundo acadêmico 
e profissional. Para que isso seja possível, é necessário construirmos 
estratégias de interação que possibilitem a adequada articulação entre 
autor-leitor-texto. Abordamos, ainda, tópicos sobre a escrita, com o objetivo 
de elaborar frases, parágrafos e textos coesos e coerentes, que possibilitem 
uma comunicação efetiva e crítica a partir do uso lógico e dinâmico da 
língua. Por fim, contextualizamos alguns gêneros textuais acadêmicos, 
orais e escritos, a fim de instrumentalizá-lo para organizar, articular, 
redigir e apresentar ideias. A dinâmica de trabalho que propomos em todos 
os capítulos deste livro é menos teórica e mais prática, a fim de que você 
perceba como acontece, de fato, a interpretação e a elaboração de textos.
Bons estudos!
Sumário
UNIDADE 1
O Processo da Comunicação ................................................................................................................ 9
Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 9
Objetivos Específicos .......................................................................................................................... 9
QUESTÕES CONTEXTUAIS ..................................................................................................................... 9
1.1 Introdução .......................................................................................................................................10
1.2 Origem do Processo Comunicativo .................................................................................................12
1.3 Os Elementos da Comunicação ......................................................................................................16
1.4 Ruído na Comunicação ...................................................................................................................18
1.5 As Funções da Linguagem ..............................................................................................................201.6 A Noção de Interlocutor ..................................................................................................................22
1.7 Adequação da Linguagem à Situação Comunicativa.....................................................................24
1.8 Comunicação e Gêneros Textuais ...................................................................................................26
1.8.1 Gênero, Tipo e Domínio Textuais ...................................................................................................... 26
Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 32
Referências ......................................................................................................................................... 33
UNIDADE 2
Da Leitura à Compreensão Textual .................................................................................................... 35
Objetivo Geral .................................................................................................................................... 35
Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 35
QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 35
2.1 Introdução .......................................................................................................................................36
2.2 Leitura e suas Interfaces ................................................................................................................38
2.3 Leitura e Compreensão: o Papel do Leitor......................................................................................40
2.3.1 Estratégias de Leitura: Existe uma Fórmula Eficaz? ......................................................................... 41
2.3.2 Estratégias de Leitura: Aplicação ..................................................................................................... 44
2.4 Esquemas de Leitura .......................................................................................................................51
2.5 Interpretação e Intertextualidades .................................................................................................53
2.6 Interpretação de Textos Não Verbais ..............................................................................................58
2.7 Interpretação de Questões Modelo ENADE .....................................................................................61
2.7.1 Questão Modelo ENADE 1 ................................................................................................................ 61
2.7.2 Questão Modelo ENADE 2: ............................................................................................................... 63
Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 65
Referências ......................................................................................................................................... 66
UNIDADE 3
A Articulação da Escrita ..................................................................................................................... 69
Objetivo Geral .................................................................................................................................... 69
Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 69
QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 69
3.1 Introdução .......................................................................................................................................70
3.2 A Escrita na Contemporaneidade ...................................................................................................72
3.3 Estruturas Básicas da Escrita: Frase e Parágrafo ..........................................................................73
3.4 Texto e Fatores de Textualidade .....................................................................................................78
3.4.1 A Coesão ......................................................................................................................................... 80
3.4.2 A Coerência ..................................................................................................................................... 85
3.5 Estrutura do Texto Argumentativo ..................................................................................................87
3.6 A Construção do Texto Argumentativo: Passo a Passo .................................................................89
Síntese da Unidade ............................................................................................................................. 93
Referências ......................................................................................................................................... 94
UNIDADE 4
O Texto em Ação ................................................................................................................................. 97
Objetivo Geral .................................................................................................................................... 97
Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 97
QUESTÕES CONTEXTUAIS ................................................................................................................... 97
4.1 Introdução .......................................................................................................................................98
4.2 Gêneros Acadêmicos .......................................................................................................................99
4.2.1 Resenha .......................................................................................................................................... 99
4.2.2 Resumo ......................................................................................................................................... 101
4.2.3 Ensaio ........................................................................................................................................... 103
4.2.4 Mapa Mental ................................................................................................................................. 105
4.2.5 Seminário e Apresentação de Trabalho .......................................................................................... 108
4.3 Dúvidas Gramaticais Recorrentes ................................................................................................117
Síntese da Unidade ........................................................................................................................... 120
Referências ....................................................................................................................................... 121
O Processo da Comunicação
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem 
foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com 
um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, 
realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com 
certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
OBJETIVO GERAL 
Estudar noções do processo comunicativo e seus elementos, as funções 
da linguagem e os gêneros textuais, com o objetivo de compreender a 
estrutura da comunicaçãoe seus componentes essenciais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Refletir sobre a origem da comunicação e sua importância; 
• Compreender os elementos da comunicação e suas funções; 
• Refletir sobre o papel do interlocutor e a adequação da linguagem à 
situação comunicativa; 
• Estudar os gêneros textuais e suas características.
QUESTÕES CONTEXTUAIS
1. Você já refletiu sobre o papel da comunicação na sua vida? 
2. Como você supõe estar estruturado o processo comunicacional? Você 
sabia que a linguagem desempenha funções de acordo com a situação em 
que é empregada? 
3. Você conhece os gêneros textuais?
unidade 
1
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca10
1.1 Introdução
Você já parou para pensar sobre a maneira como se comunica com as outras 
pessoas? Esse processo, que parece intuitivo, não tem nada de aleatório e se 
organiza por meio de elementos essenciais. Entender esses elementos e suas 
funções contribuirá para que você se aproxime do universo da linguagem e se 
expresse de forma mais efetiva. 
Você se comunica desde sempre. Quando bebê, ao chorar, manifestava aos outros 
as suas necessidades básicas. Suas primeiras palavras faladas e, posteriormente, 
escritas fizeram parte de um processo evolutivo que o conduziu até aqui, 
permitindo que, neste momento, você curse o ensino superior. A comunicação 
está intimamente ligada ao seu processo de socialização e de crescimento 
pessoal e profissional. Nesse sentido, é importante que você reflita de forma 
crítica sobre como interage com a linguagem e sobre o papel dela na sua vida. 
Este ebook, além de contribuir para o seu processo de formação, objetiva 
problematizar aspectos da linguagem que extrapolam o ambiente acadêmico, 
permitindo que você tenha uma relação mais ativa e efetiva com a língua. 
Dessa forma, conhecer o que contribui e o que impede o sucesso do processo 
comunicativo, bem como entender as múltiplas possibilidades da linguagem e 
como esta se organiza por meio de gêneros textuais, fará com que você, enquanto 
sujeito que tem sua identidade construída pela linguagem, seja protagonista do 
seu aprendizado. 
Pretende-se, muito mais do que ensinar uma disciplina, mostrar que a 
comunicação, a leitura e a escrita, objetos que serão aqui abordados, extrapolam 
os limites da educação formal (como encontros em universidades), uma vez que 
servirão como base para a realização de qualquer uma das atividades que fazem 
parte da sua formação. Esperamos conseguir! Boa leitura! Bons estudos! 
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 11
Na Figura 1.1, está contemplada a sequência didática da Unidade 1.
Figura 1.1 – Sequência Didática.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Comunicação e
Gêneros Textuais
Origem do 
processo 
comunicativo
Os Elementos
da Comunicação
Ruído na
Comunicação
As Funções 
da Linguagem
A Noção
de Interlocutor
Adequação da
Linguagem
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca12
1.2 Origem do Processo Comunicativo
Sem a comunicação não haveria a cultura humana. Todo o processo histórico 
da comunicação confunde-se com o processo de evolução do ser humano. 
Hoje, nos comunicarmos com outro semelhante por meio da fala ou da escrita 
não passa de uma atividade cotidiana e quase automática. Mas é necessário 
recuperarmos que, antes de juntarmos letras ou fonemas em algo que fizesse 
algum sentido para nosso interlocutor, o gesto era o recurso mais utilizado.
O filósofo Rousseau supôs que a linguagem humana evoluiu gradualmente a 
partir da necessidade do homem primitivo de expressar sentimentos. Para ele, 
a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”, usado pelos primeiros 
seres humanos para implorar socorro em situações de perigo ou como alívio de 
dores violentas.
É importante entender que a comunicação é uma necessidade inerente a 
qualquer ser humano. No momento em que duas ou mais pessoas se encontram, 
necessariamente a comunicação passa a ser vital para a convivência e manutenção 
desse grupo social. Agora, quanto mais organizada for uma sociedade humana 
mais complexos serão os seus sistemas de comunicação e sua compreensão.
Essa complexidade, muito provavelmente, teve origem há cerca de oito mil 
anos, na pré-história, quando surgiram os primeiros indícios de escrita com 
os desenhos das cavernas. O progresso da escrita está ligado à transformação 
das sociedades, porque possibilitou o desenvolvimento das civilizações e 
permitiu transmitir o conhecimento no espaço e no tempo. Quando o homem 
passa de nômade e caçador a sedentário e agricultor, sente a necessidade 
de medir a colheita e os animais e, para isso, usa representações gráficas. 
Os sinais pictóricos (símbolos/desenhos) foram substituídos por conjuntos de 
letras entre 1700 e 1500 a.C., com o alfabeto hebraico. Por volta de 400 a.C. 
surgiu o alfabeto grego, do qual provém o alfabeto latino, que usamos hoje nas 
línguas ocidentais.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 13
Figura 1.2 – Pintura rupestre.
Fonte: Pixabay (2019).
Figura 1.3 – Alfabeto Fenício.
Fonte: Adaptado por Universidade La Salle EaD.
Z
zayin
W
waw
E
he
G
gimel
L
lamedh
K
kaph
A
aleph
N
nun
M
mem
P
peh
S
sadeh
Q
qoph
R
resh
SH
shin
T
taw
H
heth
T
teth
Y
yodh
L
lamedh
K
kaph
S
samekh
O/Pausa
ayin
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca14
Figura 1.4 – Hieróglifos.
Fonte: Pixabay (2019).
O processo rudimentar de escrita transformou-se, ao longo do tempo, em modernas 
formas que possibilitam a disseminação em massa do conhecimento obtido 
pelo homem. Assim, pode-se dizer que a tecnologia trouxe novas percepções 
sobre a comunicação, sendo que a sociedade passou de uma perspectiva oral 
para uma dimensão de escrita. Basta verificar os hábitos sociais: antigamente, 
predominavam as narrativas orais, e hoje prevalece o romance, que é escrito; 
se antes as pessoas usavam telefone para se comunicar, hoje utilizam as redes 
sociais/whatsapp; se antes o ensino era totalmente presencial, hoje uma parte 
significativa ocorre em EaD, que depende, em grande parte, da comunicação 
escrita; por fim, se antes as interações pessoais eram mais próximas, face a face, 
hoje predominam as interações virtuais, possibilitadas pelos meios eletrônicos 
de comunicação.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 15
Figura 1.5 – A evolução da comunicação.
Fonte: http://gg.gg/cvlca.
As muitas interações possibilitadas pelas formas modernas de comunicação, 
claro, passaram a ser objeto de pesquisa das mais diversas áreas. A seguir, 
apresentamos os tópicos mais significativos que embasam esse estudo.
Ficou interessado em saber um pouco mais sobre 
esse assunto? O vídeo no link mostra, de modo bem 
objetivo, o desenvolvimento da escrita, partindo dos 
desenhos rupestres até chegar à escrita de hoje. Acesse: 
http://gg.gg/cvlcf.
VÍDEO
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca16
1.3 Os Elementos da Comunicação
Uma das maneiras mais fáceis de entender o processo comunicativo é utilizando 
“o modelo comunicativo de Jakobson”, proposto pelo linguista de origem russa 
Roman Jakobson. Ele organizou, baseado no artigo “Uma teoria matemática da 
comunicação”, de Claude Shannon, a comunicação humana em seis elementos:
• O emissor (ou remetente) é o ser responsável por dar início ao processo 
comunicativo, direcionando uma mensagem a um interlocutor.
• O receptor (ou destinatário) é para quem a mensagem é enviada. Falaremos 
mais tarde sobre a relevância desse personagem dentro do processo.
• A mensagem é o conjunto de informações que o emissor deseja enviar ao 
receptor.
• O canal é o meio pelo qual o emissor e o receptor se comunicam e por onde 
circula a mensagem.
• O código é um sistema de signos comuns partilhados (total ou parcialmente) 
entre emissor e receptor que permite a compreensão da mensagem.
• O contexto (ou referente) é o assunto da mensagem,aquilo que permeia a 
situação comunicativa.
Para que a comunicação efetivamente ocorra, é fundamental que os seis 
elementos componham de fato uma interlocução, ou seja, que emissor e receptor 
se entendam.
Um elemento não previsto por Jakobson, mas que merece a nossa atenção é o 
feedback. Sendo o processo comunicativo um processo interacional, ele não se 
sustentaria sem a resposta do interlocutor ao emissor.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 17
Figura 1.6 – Os elementos da comunicação.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Uma maneira de você compreender o processo comunicativo dentro de uma 
situação cotidiana é imaginando o seguinte cenário:
Você recebe um e-mail com orientações de acesso ao LEX de seu tutor. O tutor, 
neste caso, é o emissor da mensagem e você, logicamente, o receptor. O canal 
comunicativo escolhido foi o e-mail, e o conteúdo da mensagem, as instruções 
necessárias para o acesso ao ambiente virtual de aprendizagem. O código, 
comum entre emissor e receptor, é a língua portuguesa. O contexto, aquilo que 
circunda a mensagem, o assunto, é o início das aulas e a necessidade de acesso 
ao LEX.
Quando você responde ao e-mail está dando o feedback, fechando, dessa forma, 
o processo comunicativo, que poderá ser reaberto com alguma dúvida que você 
possa ter, invertendo, assim, os papéis de emissor e receptor entre você e seu 
tutor.
Contexto
Canal Código ReceptorEmissor
Mensagem
Feedback
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca18
1.4 Ruído na Comunicação
Se por algum motivo o processo comunicativo é prejudicado por uma falha em 
qualquer um dos seus elementos, acontece o ruído. Ele pode se manifestar das 
mais diversas formas: um emissor com problemas de dicção ou que fale muito 
baixo, um receptor desatento, um código não comum entre ambos, um canal de 
comunicação falho, entre outras possibilidades.
Figura 1.7 – Tirinha a evolução da comunicação.
Fonte: http://gg.gg/cvlf6.
Na tirinha anterior, você pode perceber que a comunicação não se efetiva. 
Embora todos os elementos necessários estejam presentes, há um ruído, e a 
mensagem não é compreendida conforme a intenção do emissor. Vamos analisar 
mais detalhadamente esses elementos?
Assim, você poderia perguntar: se todos os elementos estão presentes, o que deu 
errado? Por que há ruído nessa comunicação? 
Com a presença da Helga, mulher de Hagar, no ambiente comunicativo, 
e a ausência do objeto de troca, o barco, o vendedor interpreta equivocadamente 
Quem é o emissor? Hagar
Quem é o receptor? O homem com o cachimbo
O que Hagar pretende comunicar? Qual é a mensagem? A compra de um barco novo 
e a possibilidade de troca para efetivar o negócio.
Qual o canal de comunicação escolhido? Uma conversa presencial.
Qual o código utilizado? A Língua Portuguesa.
Qual é o contexto? Uma negociação. 
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 19
a mensagem, pensando que o objeto de troca fosse a mulher. Nesse contexto, 
o ruído causa o humor na tira.
No entanto, nem sempre o ruído resulta em uma situação divertida. É muito 
comum, principalmente no ambiente empresarial, que a dificuldade de 
comunicação cause prejuízos e descontentamentos. Conforme o mestre e 
especialista em Gestão de Comunicação Marcos Scharf,
[...] ruído de comunicação é toda a forma de interferência na 
transmissão de uma mensagem. Algo que prejudica a compreensão 
de uma ideia compartilhada. As fotografias fora de foco, o celular 
inaudível, os dados imprecisos de um relatório e os erros de 
português de um e-mail podem atrapalhar a comunicação entre 
as pessoas. Outro dia um gerente de vendas confirmou com a 
diretoria da empresa X que a reunião nacional com os vendedores 
aconteceria no dia 16. Distraído, digitou na intranet e repassou para 
os vendedores a seguinte mensagem: “confirmada a reunião para 
o dia 26”. A troca do “1” pelo “2” fez toda a diferença; a empresa 
teve que arcar com o prejuízo de passagens aéreas, diárias de hotéis, 
coffee break [...] (SCHARF, 2018)
Como você pode perceber, uma simples falha em qualquer um dos elementos da 
comunicação pode colocar em risco todo o processo. 
Quer conhecer mais exemplos de Ruído na Comunicação? 
Veja no link: http://gg.gg/cvlfl.
VÍDEO
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca20
1.5 As Funções da Linguagem
O modelo comunicativo de Jakobson também procurou trazer luz a uma questão: 
por que as pessoas se comunicam? Se voltarmos ao início desta unidade, 
no texto que trata sobre a origem do processo comunicativo, podemos entender 
que a comunicação possuía um caráter predominantemente informativo, 
sendo que a sociedade evoluiu a partir das informações que nossos antepassados 
nos deixaram. Mas, então, o objetivo da comunicação é informar? Também. 
Porém, como se enquadram situações como um pedido de socorro ou um grito de 
dor? E como explicar a música, a poesia, ou mesmo uma conversa descontraída 
com um amigo?
Jakobson criou o conceito de seis funções da linguagem, cada uma ligada a um 
elemento da comunicação, ou seja, em cada situação comunicativa, a ênfase 
recai sobre um dos elementos, e, consequentemente, a função relacionada 
predomina sobre as demais. Sim, é bem possível que uma situação comunicativa 
apresente mais de uma função da linguagem (quem sabe as seis?), mas sempre 
haverá o predomínio de uma. Procuraremos explicar a seguir.
A função da linguagem que prevalece na maioria das situações comunicativas 
é a função referencial (ou denotativa); ela está relacionada ao contexto 
justamente pela sua característica informativa e sua linguagem objetiva. 
Essa função é encontrada, principalmente, nos textos informativos, como as 
matérias de jornais e sites de notícias, e na maioria dos textos acadêmicos que 
você irá ler durante sua formação.
Já a função emotiva (ou expressiva) apresenta uma característica totalmente 
contrária, pois está centrada no emissor e relacionada aos sentimentos 
particulares deste, por isso nela predomina o emprego da primeira pessoa 
do discurso e a linguagem subjetiva. Como exemplo, podemos citar toda a 
manifestação de um ponto de vista do emissor sobre um assunto, como um 
comentário feito pelo leitor sobre uma notícia, no qual ele critica ou apoia o 
conteúdo. Também podemos citar os comentários cotidianos: “O dia está lindo!”, 
“Que blusa feia!” etc.
A função apelativa (ou conativa) está diretamente relacionada ao receptor, 
e sua principal característica é a persuasão do interlocutor, a fim de que ele tome 
determinada atitude. Um exemplo claro do uso da linguagem apelativa são as 
propagandas.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 21
A função poética, ligada à mensagem, destaca que a maneira de comunicar 
é tão importante quanto a comunicação em si. Ou seja, com a função poética, 
a linguagem é mais elaborada do que no seu uso cotidiano. São exemplos: 
a poesia, a letra de uma música, a linguagem literária, entre outros.
A função fática diz respeito ao início, à manutenção e ao fechamento de uma 
situação comunicativa. Está relacionada ao canal e é sempre breve, como um 
“Alô?” ao atender uma ligação, um “Está entendendo?” ou um “Até breve”. 
No primeiro exemplo, o “alô” abre uma comunicação, enquanto a expressão 
seguinte, “está entendendo”, testa a sua eficiência e, obviamente, o “até breve” 
dá um fim à comunicação.
Por fim, quando a linguagem comunicativa é utilizada para falar sobre ela 
mesma, a predominância é da função metalinguística, focada no código. 
Imagine a seguinte situação: você precisa gravar um vídeo para uma atividade 
e procura dicas de como gravar e editar esse vídeo no YouTube. Percebeu? 
Para gravar um vídeo, você assiste a um vídeo. Da mesma forma, se você 
precisa do significado de determinada palavra e consulta um dicionário, 
você está procurando uma palavra para explicar outra palavra.
Figura 1.8 – Os elementos da comunicação e as funções da linguagem.
Fonte: Elaborado pelos autores.
MensagemCanal
função fática
função poética
função referencial
função emotiva função apelativa
função 
metalinguística
Código
ReceptorEmissor
Contexto
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca22
1.6 A Noção de Interlocutor
Dentro do processo comunicativo, é bastante comum delegar toda 
responsabilidade ao emissor, uma vez que é dele que parte a comunicação. 
Essa é uma premissa que coloca o receptor num papel de inteira passividade. 
Só que a comunicação é um processo interacional, você se recorda? Emissor e 
receptor devem assumir as suas responsabilidades para que a comunicação seja 
efetivada, uma vez que eles mudam de papel constantemente.
A compreensão de uma mensagem está ligada diretamente ao repertório 
comunicativo que os interlocutores carregam como bagagem. Se, por um lado, 
o emissor parte do seu conhecimento de mundo para contextualizar uma 
situação, por outro, o receptor age da mesma forma, apoiando-se no seu 
repertório particular para compreender a mensagem e respondê-la.
Observe as situações:
Figura 1.9 – Tirinhas.
Fonte: http://gg.gg/cvlh6.
Nos dois exemplos, é evidente a presença de ruído na comunicação, causado pela 
condição passiva ou descuidada do interlocutor, que coloca a responsabilidade 
do sucesso da comunicação no emissor. Veja:
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 23
Na primeira tira, Hagar, enquanto receptor, seleciona o que lhe interessa dentre 
todos os eventos informados pelo outro personagem, focando somente naquilo 
que lhe é conveniente, deixando clara a sua falta de atenção.
Já na segunda, a mensagem é direcionada a Hagar, mas o outro interlocutor, 
Eddie Sortudo, é quem responde ao questionamento de Helga, mesmo não sendo 
ele o destinatário.
A partir dos exemplos, você pode verificar que a compreensão da mensagem e, 
consequentemente, o sucesso do processo comunicativo requer a participação 
ativa e colaborativa entre emissor e receptor.
Escutatória - Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. 
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em 
oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar 
é complicado e sutil. Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás duas 
mulheres conversavam. Uma dela contava do marido hospitalizado, dos médicos, 
dos exames complicados, das injeções na veia – a enfermeira nunca acertava – dos 
vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao 
fim esperando, evidentemente, o aplauso, admiração, uma palavra de acolhimento na 
alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: 
“Mas isso não é nada…” A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos 
incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da 
primeira. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar 
um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. 
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse 
ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo 
somos todos iguais às duas mulheres do ônibus.
Fonte: http://gg.gg/cvlhb. (adaptado)
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca24
1.7 Adequação da Linguagem à 
Situação Comunicativa
Cada situação comunicativa, oral ou escrita, apresenta uma intenção. 
Não há comunicação sem objetivo: até mesmo por trás das famosas conversas 
de elevador há um propósito, ainda que este seja espantar o tédio ou evitar 
um silêncio constrangedor. Essa intenção, esse propósito, é mais facilmente 
atendido quando o emissor se vale da linguagem adequada ao interlocutor com 
quem está em contato. O emissor deve sempre acolher o receptor, jamais afastá-
lo, por isso conhecer o seu público e prever a qual tipo de linguagem ele é mais 
suscetível é o recomendado.
A língua é como a roupa, cada situação requer uma escolha. Imagine que você 
está em um ambiente que exige um traje específico, como uma solenidade 
de formatura, em que se espera que os formandos e os professores estejam 
usando togas. A linguagem, nesse ambiente, também tenderá a ser mais formal. 
Da mesma forma, em um ambiente informal, como um churrasco entre amigos, 
imagina-se que as vestimentas sejam confortáveis e descontraídas e que a 
linguagem também o seja.
Você consegue compreender essa relação proposta entre linguagem e roupa? 
Procure responder à questão abaixo:
Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um 
pedido, por escrito, nos seguintes termos:
“Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo de seu livro de 
Redação para Concurso, para fins de consulta escolar.”
Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que:
a) comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola.
b) vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de 
verniz.
c) vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas.
d) frequenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de 
algodão.
e) veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 25
Antes de revelarmos a resposta correta, vamos compreender o contexto: você 
recebeu um bilhete (meio de comunicação escrito, mas de caráter informal) de 
um colega de escola, de quem espera-se informalidade, mas escrito em uma 
linguagem extremamente erudita, formal. Percebe que há um equívoco nessa 
escolha?
Então, se você respondeu a letra B, acertou! Um piquenique é uma situação 
informal, que requer, portanto, uma roupa informal. Ninguém pensaria em 
vestir um terno completo e calçar sapatos de verniz, um traje, convenhamos, 
bastante formal, em uma situação de lazer. No caso exposto, o piquenique é a 
situação, o meio de comunicação; já a roupa é a linguagem.
A adequação da linguagem à situação comunicativa requer investimento em 
repertório (vale a insistência nisso por ser de extrema relevância). Quanto mais 
possibilidades comunicativas você tiver, maiores serão as chances de que você 
consiga sucesso em sua comunicação. Um bom comunicador não é somente 
aquele que se vale do uso formal da língua, mas aquele que conhece as suas 
variações e é capaz de conversar com os mais diferentes públicos.
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca26
1.8 Comunicação e Gêneros Textuais
Até agora falamos sobre a comunicação em situações genéricas para explicar 
os vários elementos que fazem parte do processo comunicativo. Mas como é 
que, de fato, nos comunicamos? Conforme Marcuschi (2008), a comunicação 
humana acontece sempre por meio de textos, dos mais variados gêneros, que 
vamos utilizando a cada situação, formal ou informal, com que nos deparamos. 
Assim, de maneira bem simples, texto é toda e qualquer expressão comunicativa 
resultante de uma interação entre emissor e receptor. Um texto pode ser verbal 
(um romance, uma crônica etc.), visual (um quadro, uma escultura etc.) ou verbo-
visual (um filme, uma propaganda etc.). Nesse sentido, ao visitar um museu, 
por exemplo, você é levado a fazer uma “leitura” das obras (textos visuais ou 
verbo-visuais), deslocando-se para diferentes épocas e espaços, compreendendo 
criações humanas que expressam ideologias de hoje ou de outros tempos. 
O mesmo acontece quando você lê um romance ou vê um filme, que podem ser 
atuais ou se reportarem a épocas com costumes e concepções diferentes das 
suas. A relação com essas realidades distintas é muito importante, pois permite 
que você busque elementos para compreender a evolução e a realidade humana.
Os textos se organizam em gêneros, tipos e domínios textuais. O objetivo do 
estudo dos gêneros é que você compreenda que a comunicação se efetiva por 
meio de diferentestextos, cada qual com um objetivo comunicacional específico.
1.8.1 Gênero, Tipo e Domínio Textuais
Ao longo da sua vida, você já leu uma série de textos, certo? Mesmo aqueles 
que assumem não gostar de ler têm alguma experiência leitora. Alguns textos 
são mais corriqueiros, como o romance, a música, o e-mail. Considerando esses 
exemplos que citamos, você percebe que há diferença de formato entre eles? 
E quanto ao objetivo comunicacional, é possível dizer que cada um deles tem 
uma finalidade própria?
De acordo com Marcuschi (2008, p. 154), os gêneros textuais explicam o 
funcionamento da sociedade, uma vez que “toda a manifestação verbal se dá 
sempre por meio de textos realizados em algum gênero”. Nessa perspectiva, 
é possível dizer que a linguagem organiza nossas práticas sociais cotidianas, 
nossas formas de vida e nossas relações.
No contexto dos gêneros, é importante que você entenda a diferença entre 
gênero textual, tipo textual e domínio textual. O conceito de gênero textual 
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 27
contempla os diversos textos, escritos ou orais, que você encontra no dia 
a dia, como por exemplo o e-mail, o artigo, o resumo, o cartaz publicitário, 
o romance, a palestra etc. Cada um desses textos apresenta uma estrutura 
própria, relativamente estável, o que permite visualizar mais facilmente as suas 
características. Os gêneros são tão numerosos quanto os eventos comunicativos 
em que o ser humano se envolve. De acordo com Guimarães (2011), os gêneros 
são relativamente estáveis porque os textos que correspondem a cada gênero 
possuem algumas características comuns, conforme apresenta a Figura 1.10:
Figura 1.10 – Características dos Gêneros Textuais.
Fonte: Adaptado de Guimarães (2011).
Quanto aos tipos textuais, você não pode confundi-los com os gêneros, 
já que são categorias ligadas à natureza linguística da composição (aspectos 
lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo), ou seja, à maneira 
de construir o texto. Marcuschi (2008) os define como modos textuais e os 
classifica em narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. 
Um gênero pode ser formado por mais de um tipo textual. De acordo com Koch 
e Elias (2008, p. 120), “a presença de vários tipos textuais em um gênero é 
denominada de heterogeneidade tipológica”. Mais adiante você verá um exemplo 
dessa ocorrência.
Por fim, o domínio textual diz respeito a uma “esfera da atividade humana”, 
evidenciando as instâncias discursivas em que determinado gênero circula. 
Objetivo Intenção do gênero: carta comercial → negócio I propaganda → vender
Tema Assunto do gênero: propaganda→ mostrar vantagens de um item I carta → falar de assuntos pessoais
Estrutura
Estrutura característica do gênero: texto argumentativo
→ introdução, desenvolvimento e conclusão I propaganda 
→associação de texto verbal e não verbal
Linguagem Linguagem adequada ao gênero: conversa → informal I palestra acadêmica → formal
Esfera de
Circulação
Área típica de circulação do gênero: oração/canção →
típicos da esfera religiosa I editorial/artigo de opinião
→ típicos da esfera jornalística
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca28
Nesse sentido, existem gêneros próprios do discurso jurídico, como por exemplo 
leis, contratos e editais, ou do discurso jornalístico, como editoriais, notícias e 
artigos de opinião. Alguns gêneros podem circular em mais de um domínio ou 
esfera, como, por exemplo, as leis, que são textos corriqueiros nos domínios 
jurídico e político.
O Infográfico da Figura 1.11 mostra os principais gêneros textuais, classificados 
nos respectivos domínios discursivos. A listagem não é definitiva, visto que outros 
gêneros e domínios podem ser acrescentados, tendo em vista a dinamicidade das 
atividades que envolvem a vida humana. Perceba que no Infográfico os gêneros 
estão segmentados em escritos e orais.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 29
Figura 1.11 – Gêneros Textuais e Domínios Discursivos.
Fonte: Adaptado de Marcuschi (2008).
GÊNEROS TEXTUAIS
Instrucional
Jornalístico
Religioso
Saúde
Comercial
Industrial
Jurídico
Publicitário
Lazer
Interpessoal
Militar
Ficcional
Político
Artístico/Cultural
Esportivo
LEGENDA:
Artigos Científicos, verbetes de 
enciclopédia, relatórios, diários 
de campo, resumos, resenhas, teses/
dissertações, manuais de ensino, 
curriculum vitae, atas de reunião, 
provas, biografias, memoriais
 Editoriais, notícias, reportagens, artigos 
de opinião, histórias em quadrinhos, 
cartas do leitor, classificados, crônicas, 
boletim do tempo, resumo de filme,
 programação semanal, capa de revista, 
agenda de viagem
Entrevistas (TV e rádio), 
notícias (TV e rádio), programa 
de rádio, boletim do tempo, 
reportagens ao vivo
 Conferências, debates, 
exposições, aulas, 
entrevistas, arguição, 
seminário/colóquio
Sermões, confissões, 
cantorias, orações, homilias
Orações, catecismo, canções 
religiosas, bulas papais, encíclicas
Consulta, 
entrevista médica, 
conselho médico
Receita médica, 
bula de remédio, parecer 
médico, receitas culinárias
Publicidade de feira, 
rádio e TV
Rótulos, nota de compra/venda, 
publicidade, carta comercial, 
memorando, carta de representação, 
certificado de garantia, atestado de 
qualidade, balanço comercial
Ordens
Instruções de montagem, descrição 
de obras, código de obras, avisos, 
controle de estoque, atestado de 
validade, manuais de instrução
Depoimentos, declarações, 
inquérito judicial/policial, 
ordem de prisão
Contratos, leis, regimentos e 
estatutos, certidões, atestados, 
certificados, diplomas, boletim de 
ocorrência, editais, alvarás
Publicidade de rádio e TV
Propagandas, publicidades, 
anúncios, cartazes, folhetos,
 outdoors, placas, inscrições em 
muros
Fofocas, piadas, adivinhas, 
teatro
Piadas, jogos, adivinhas, 
história em quadrinhos,
 palavras cruzadas, horóscopo
Recados, conversações 
espontâneas, telefonemas, 
bate-papo virtual, avisos, 
ameaças
Cartas pessoais, cartão de visita, 
e-mail, bilhetes, telegramas, convites, 
diário pessoal, lista de compras, auto-
biografias, diários, relatos de viagem, 
blogs
Ordem do dia
Ordem do dia, roteiro de 
cerimônia oficial, roteiro de
 formatura, lista de tarefas
Fábulas, contos, 
lendas, teatros
Épico/lírico/dramático, poemas, 
contos, fábulas, histórias em 
quadrinhos, romances
Discurso, debatePanfleto, santinho, plano
 de governo, leis
Palestras, eventos culturais
Letra de música, painel de museu, 
roteiro de teatro, roteiro de viagem, 
romance, quadro, obra de arte, 
roteiro de evento
Narração de jogos, 
programas esportivos de 
TV e rádio, entrevistas
Roteiro de eventos esportivos
Escritos Orais
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca30
Como você pode perceber, os gêneros permeiam todas as atividades humanas, e 
isso significa que a comunicação, tanto escrita quanto oral, sempre se efetiva por 
meio de um gênero. Para que você compreenda bem a diferença entre gênero, 
tipo e domínio, apresentamos um exemplo de gênero com suas respectivas 
classificações.
Figura 1.12 – Gênero reportagem | Domínio discursivo jornalístico | Os emojis são a linguagem 
universal?.
Fonte: Adaptado de Revista Galileu, abr 2015.
 GÊNERO REPORTAGEM I DOMÍNIO DISCURSIVO JORNALÍSTICO I
OS EMOJIS SÃO A LINGUAGEM UNIVERSAL?
Giovanna Rossin I Revista Galileu I Abr 2015 
Sete anos depois de darem as caras (literalmente) no teclado dos 
smartphones ocidentais, eles são considerados uma espécie de 
idioma universal pela Geração Z. Seria o emoji um esperanto que 
deu certo?
Em janeiro, o julgamento de Ross Ulbrich mal tinha começado na
corte de Nova York quando foi interrompido pela defesa. Uma 
informação tinha sido omitida e precisava ser levada em conta pelo júri: um emoji. 
“É parte da prova do documento”, concordou a juíza responsável. Ulbricht, acusado de 
comandar o mercado negro online SilkRoad, tinha postado em um chat uma mensagem 
seguida de um emoji sorridente, que foi ignorado na transcrição oficial do texto. Pouco 
tempo depois, o jovem Osiris Aristy foi preso por ser uma “ameaça terrorista”. Seu crime? 
Escrever mensagens de repúdio a policiais acompanhadas de emojis. Os dois casos 
provocam reflexão sobre até que ponto os emoji são uma ferramenta legítima de 
comunicação no mundo real. Mesmo a tradicional Biblioteca do Congresso 
(Washington) incluiu em seu acervo em 2013 o primeiro livro escrito em emoji – Emoji 
Dick, uma tradução do clássico Moby Dick, de 1851. “Achei que seria um ótimo 
desafio”, diz o autor, Fred Benenson, sobre o curioso projeto coletivo realizado 
online. Benenson, que se autointitula um aficionado do emoji, reuniu 800 pessoas para 
traduzir as cerca de 10 mil frases de Moby Dick. O processo levou um ano e meio.
A PALAVRA ESCRITA MAIS POPULAR DE
2014 NÃO FOI UMA PALAVRA, MAS SIM
O EMOJI DE CORAÇÃO VERMELHO
MEIO UNIVERSAL
Criado no Japão no final dos anos 1990, o emoji – palavra japonesa formada por e 
(“figura”, picture), mo (“escrita”, writing) e ji (“sinal”, character) – começou a se 
popularizar na cultura ocidental por volta de 2009 [...]. Tanto a linguagem já foi 
incorporada por usuários do mundo todo que a palavra escrita mais popular de 2014 
não foi uma palavra, mas sim o emoji de coração vermelho. Para elaborar a lista, a 
Global Language Monitor analisou blogs, redes sociais e 275 mil mídias de notícias no 
mundo todo, e pela primeira vez ela foi liderada por um símbolo. “Os emoji produzem 
sentido nas práticas discursivas no meio digital e são capazes de tornar a 
interação virtual mais afetiva e dinâmica, propiciando rapidez nas trocas de 
informações”, dizem as especialistas em ciências da linguagem Renata Fonte e 
Roberta Caiado.
Como pictogramas, os emoji são usados para transmitir emoções, substituir um objeto 
ou sugerir ideias abstratas construídas de acordo com o contexto social e cultural. Mas, 
apesar do sucesso entre os usuários de smartphones, especialmente os da geração 
Z (nascidos a partir de 1990), Renata e Roberta não acreditam nos emoji como 
uma linguagem: “Eles podem substituir, complementar ou enfatizar o texto 
escrito, e ainda representar a gestualidade corporal e facial presente nas 
interações face a face, mas não vemos nenhum potencial no emoji para tornar-se 
um idioma, muito menos universal”. [...]. “Mas a linguagem está em constante 
evolução, [...] e não é difícil imaginar uma gramática emoji em desenvolvimento”.
sequência 
narrativa
LEGENDA TEXTO
sequência 
argumentativa
sequência 
expositiva
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 31
O texto que você acabou de ler pertence ao gênero reportagem e se refere ao 
domínio discursivo jornalístico. O gênero em questão é constituído por vários 
tipos textuais, a saber, narrativo, expositivo e argumentativo, dispostos de forma 
intercalada. Também é interessante que você observe as características formais 
do gênero reportagem evidenciadas no exemplo:
a. interação entre linguagem verbal e não verbal (entre imagens e texto);
b. manchete, em destaque, que apresenta uma espécie de resumo da 
reportagem; no caso do exemplo, a manchete apresenta uma pergunta, 
que deverá ser respondida ao longo do texto (Seria o emoji um esperanto 
que deu certo?);
c. segmentação do texto em etapas, com presença de subtítulo;
d. repetição de parte importante do texto, destacada em fonte maior para 
chamar atenção do leitor;
e. entrevistas com especialistas da área noticiada;
f. abordagem de temática atual e relevante, de interesse público, com o 
objetivo de informar o leitor;
g. uso de pergunta norteadora e argumentos com o objetivo de munir o leitor 
para que este possa se posicionar frente à temática discutida.
Ao longo das próximas Unidades, você visualizará muitos exemplos de gêneros 
e poderá conhecer a estrutura característica de diferentes textos.
Você sabe o que é Esperanto, termo que está na manchete da reportagem? 
Esperanto é uma língua artificial, criada em 1887 pelo polonês Ludovico 
Zamenhof, com o objetivo de ser uma língua universal. Ludovico morava 
em uma cidade em que viviam muitas comunidades linguísticas distintas 
e quis criar uma língua que pertencesse igualmente a todos os homens. 
O Esperanto possui gramática simples e regular, e utiliza raízes de línguas 
europeias, latinas e gregas. (HOUAISS, 2009). Para saber mais, acesse o 
site: http://gg.gg/cvljp.
GLOSSÁRIO
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca32
SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade, você foi convidado a refletir sobre a origem da comunicação e 
sobre os elementos que constituem o processo comunicativo (emissor, receptor, 
mensagem, canal, código e contexto, além do feedback, responsável por tornar 
esse processo interacional). Você ainda foi apresentado ao conceito de ruído e 
pôde, a partir dos exemplos apresentados, problematizar as dificuldades que 
atrapalham a comunicação. Além disso, aprendeu as funções da linguagem 
(emotiva, apelativa, poética, fática, metalinguística e referencial) e compreendeu 
o papel do interlocutor e sua importância para que a comunicação, de fato, 
aconteça. Por meio dos exemplos propostos, refletiu sobre a relevância da 
adequação da situação comunicativa ao leitor e foi apresentado aos gêneros 
textuais, entendendo como funciona a articulação textual para a construção de 
sentidos.
O Processo da Comunicação | UNIDADE 1 33
REFERÊNCIAS
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de Texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: 
Ática, 2009.
GOULART, C. R.; BOTH, J. . Interpretação e compreensão de textos. In: AIUB, T 
NIA. (Org). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: Penso, 2015.
GOULART, C. R.; AIUB, T. O Texto e os fatores de textualidade. 
In: AIUB, T NIA. (Org). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: 
Penso, 2015.
GUIMARÃES, T. C. Comunicação e Linguagem. São Paulo: Pearson, 2011.
HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2009.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São 
Paulo: Contexto, 2008.
MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São 
Paulo: Parábola, 2008.
SCHARF, M. G. O ruído na comunicação afeta as relações humanas. Disponível 
em: http://gg.gg/cvlka. Acesso em: 18 de nov. 2018.
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca34
ANOTAÇÕES
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca
Da Leitura à Compreensão Textual
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem 
foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com 
um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, 
realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com 
certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
OBJETIVO GERAL 
Refletir sobre a leitura e a compreensão textual, reconhecendo-as como 
elementos fundamentais para a autonomia do sujeito e como processos 
que requerem a construção de estratégias de interação que possibilitem a 
adequada articulação entre autor-leitor-texto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Refletir sobre a leitura e sobre como ela amplia a visão de mundo do 
sujeito leitor;
• Buscar estratégias claras de leitura e compreensão de um texto;
• Compreender o processo de interpretação a partir da ativação de 
conhecimentos prévios e do levantamento de inferências;
• Estudar a interpretação textual em contextos de intertextualidade;
• Estudar a interpretação em textos não verbais e mistos;
• Mapear o que é central e secundário em um texto, organizando esquemas 
de leitura que facilitem a compreensão;
• Interpretar diferentes gêneros textuais, colocando em prática os estudos 
da Unidade.
QUESTÕES CONTEXTUAIS
1. Você já pensou sobre como acontecem os processosde decodificação e 
de compreensão daquilo que lê?
2. Qual é a importância da leitura para você?
3. Por que ler é tão desafiador?
unidade 
2
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca44
2.1 Introdução
Você já pensou sobre como acontecem, em seu cérebro, os processos de 
decodificação e de compreensão daquilo que lê? Embora não saibamos como, 
complexas conexões neurais se estabelecem durante a leitura. Nosso desafio é, 
pois, tornar esse evento o mais eficiente possível, obtendo o máximo de 
aproveitamento do tempo que dedicamos à leitura.
Um requisito esperado de qualquer profissional é que ele seja um leitor 
proficiente. No entanto, estatísticas mostram que muitas pessoas, no Brasil, 
embora sejam alfabetizadas, não são capazes de interpretar adequadamente até 
mesmo textos simples. Um dos fatores que contribui para esse cenário é a falta 
de leitura. Quanto menos uma pessoa ler, provavelmente menor será o seu 
conhecimento de mundo, o que reduzirá a capacidade de reconhecer as estruturas 
textuais e de sintetizar, abstrair e interpretar o que um texto traz.
Nesse sentido, é importante que você saiba que o processo de leitura vai muito 
além da simples decodificação dos sinais gráficos que compõem as palavras. 
Isso significa que ler não é o mesmo que compreender e interpretar um texto. 
Compreender requer um esforço muito maior, ou seja, a reunião de vários 
requisitos que, em conjunto, operam a construção de sentidos.
A partir dessa realidade, propomos a você uma reflexão sobre os diversos 
elementos que interagem e que se inter-relacionam no processo de leitura e 
interpretação. É muito importante que você, estudante universitário, domine a 
arte de dialogar com os mais diversos gêneros e tipos de texto com os quais terá 
contato ao longo do seu curso e ao longo da vida. Na Figura 2.1, está contemplada 
a sequência didática da Unidade 2.
Decodificar: traduzir claramente uma informação, entender, compreender.
GLOSSÁRIO
Proficiente: competente, eficaz, conhecedor.
GLOSSÁRIO
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 45
Figura 2.1 – Sequência Didática.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Leitura e suas 
Interfaces
Leitura e 
Compreensão: 
o Papel do Leitor
Interpretação de
Questões ENADE
Interpretação de
Texto Não Verbal
Interpretação e
Intertextualidades
Esquemas 
 de Leitura
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca46
2.2 Leitura e suas Interfaces
Que tipo de texto você gosta de ler? Romance? Reportagem? Crônica de 
jornal? Coluna esportiva? Música? Sempre há aquele texto com o qual você 
mais se identifica, bem como aquele que você não aprecia tanto, não é mesmo? 
Suas preferências leitoras têm relação direta com as experiências que você teve, 
desde a infância, com a leitura. A habilidade de interagir com diferentes textos 
faz de você uma pessoa que se comunica de forma eficaz.
Mas como adquirir a proficiência leitora? Lendo!
Não há outra forma de desenvolver as habilidades de leitura e interpretação a 
não ser exercitando tais ações. Quando você lê, amplia a sua visão de mundo e 
a capacidade de “enxergar” além do que está escrito. No Brasil, as pessoas leem 
muito pouco. Por isso, muitos apenas decodificam textos, mas não compreendem 
realmente os seus sentidos. Veja a charge a seguir:
Figura 2.2 – Charge – Hagar, O Horrível.
Fonte: http://gg.gg/cw9rc.
O texto acima evidencia o desprestígio da leitura e do pensamento nos dias 
atuais. Essa realidade certamente traz consequências, e seria possível dizer que 
o baixo índice de leitura prejudica o desenvolvimento da sociedade. Mas por 
que será que ler é tão desafiador?
No Brasil, há cerca de 38 milhões de analfabetos funcionais. Para saber 
mais, acesse no link: http://gg.gg/cvmag.
SAIBA MAIS
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 47
Para ler um texto, é preciso ter conhecimentos. E um dos pontos vulneráveis dos 
estudantes brasileiros é, justamente, a bagagem de conhecimentos que trazem. 
A falta de leitura é um entrave na construção dos conhecimentos prévios que, 
por sua vez, são fundamentais para o bom entendimento de um texto. Você já 
deve ter percebido que, nesse aspecto, existe uma relação de interdependência: 
ler requer ter conhecimentos prévios e, para ter conhecimentos prévios, é 
preciso ler.
Os conhecimentos prévios são a articulação de vários tipos de conhecimento, 
conforme mostra a Figura 2.3:
Figura 2.3 – Tipos de Conhecimento.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em Guimarães (2011).
O conhecimento linguístico diz respeito à língua e suas estruturas, 
contemplando, também, os gêneros textuais e seus modos de funcionamento. 
O conhecimento de mundo configura-se por todas as informações que temos 
armazenadas na memória, com base no que lemos, ouvimos e vivemos. Por fim, 
o conhecimento interacional se refere aos conhecimentos partilhados entre o 
autor e os possíveis leitores de um texto.
Outro desafio da leitura se apresenta quando o leitor mistura o que está 
explícito no texto com as suas próprias percepções acerca do assunto. 
Assim, um dos pré-requisitos para que a interpretação seja eficiente é saber 
distinguir os limites entre os pontos de vista do autor e os seus próprios 
pontos de vista enquanto leitor.
Vamos entender um pouco mais sobre isso analisando o papel do leitor no 
processo de interpretação.
Conhecimentos
Prévios
Conhecimento
de Mundo
Conhecimento
Interacional
Conhecimento
Linguístico
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca48
2.3 Leitura e Compreensão: o Papel do Leitor
Você tem o hábito de ler? Muitas vezes não avaliamos a importância que a 
leitura tem na nossa vida. Ler muda qualquer pessoa, porque conduz o sujeito 
a distintas realidades, épocas e experiências. Parece clichê, mas a leitura 
permite a você um universo de possibilidades sem que você saia de casa. Todo o 
conhecimento que o homem adquiriu ao longo de séculos de história advém da 
transmissão oral de experiências e/ou da leitura.
Faz parte da ação de ler interpretar aquilo que é lido. Não há uma forma única 
de compreensão, porque os sentidos não são estabelecidos unicamente por quem 
escreve. Um texto sempre é escrito por alguém para alguém, e este interlocutor 
(o leitor) completa o sentido do texto, preenchendo suas lacunas ao contribuir 
com o seu próprio repertório comunicativo. Esse aspecto é importante, porque 
muda o foco de uma antiga concepção: a que trazia o autor como detentor 
absoluto de sentidos.
Hoje, sabe-se que o leitor é peça fundamental desse jogo de “completar” um 
texto, de produzir sentidos sempre novos conforme o conhecimento de mundo e 
as vivências de cada um. Isso significa que cada leitor tem uma maneira original 
de compreender um texto.
Se é assim, cada leitor pode interpretar uma obra como quiser? Qual é o limite 
que existe nessa relação?
A resposta é simples: a compreensão de um texto depende das relações que você 
já teve com o assunto, das leituras que você já fez e do domínio que você tem do 
código e dos conceitos que estão no texto. Esses conhecimentos são variáveis, e 
não é preciso ter um saber nivelado ao de outros leitores para compreender. 
Apesar disso, você não pode “fantasiar”, inventar sentidos: no momento da 
interpretação, precisa ser fiel aos elementos que estão no texto.
Tendo em vista essa relação colaborativa entre autor, texto e leitor, a leitura 
é, segundo Koch e Elias (2008, p. 11), “uma atividade interativa altamente 
complexa de produção de sentidos”, que “requer a mobilização de um vasto 
conjunto de saberes”. A interação pressupõe uma participação ativa do leitor 
Interpretar “é o processo de localizar as pistas e sinalizações deixadas no 
texto pelo autor e atribuir-lhes significado”. (GUIMARÃES, 2011, p.107).
DESTAQUE
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 49
no processo de compreensão, já que a leitura é “uma atividade que implica 
estratégiasde seleção, antecipação, inferência e verificação” (PCN, 1998, p. 70) 
por parte do leitor.
Agora que você já conhece o importante papel do leitor, vamos explorar algumas 
estratégias de leitura que podem ajudá-lo nesse percurso de desvendar um texto.
2.3.1 Estratégias de Leitura: Existe uma 
Fórmula Eficaz?
Quando você lê apressadamente, não consegue fazer uma leitura eficaz, capaz 
de captar as sutilezas do texto. É por isso que é tão importante estabelecer 
estratégias de leitura, que nada mais são do que passos que ajudam o leitor a 
olhar mais criticamente para o texto.
Conforme Goulart e Both (2015, p. 48), “o uso de estratégias de leitura nos 
permite controlar o que vai ser lido, tomar decisões diante das dificuldades de 
compreensão, avançar na busca de soluções de dúvidas e avaliar as suposições 
feitas”. As autoras ainda acrescentam que, após a leitura, devemos ser capazes 
de “processar, criticar, contradizer e avaliar” o texto lido, atribuindo sentidos à 
nossa experiência leitora.
Para tanto, utilizar estratégias de leitura, ou tomar consciência das estratégias 
que você já usa sem se dar conta, pode ajudá-lo muito no processo de interpretar. 
Nesse sentido, o esquema didático da Figura 2.4 mostra estratégias de leitura 
amparadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):
Figura 2.4 – Estratégias de Leitura.
Fonte: Adaptado de Guimarães (2011).
Estratégias de Leitura Ativação de 
Conhecimentos 
Prévios
Seleção
Antecipação
Inferência
Verificação
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca50
Na Figura 2.4, você pode observar estratégias que conduzem à ativação de 
conhecimentos prévios. Isso significa que todas as estratégias só são eficazes se 
o leitor tiver conhecimentos preexistentes. Obviamente você nunca saberá tudo 
e, portanto, saber onde buscar as informações de que necessita para completar 
as lacunas que surgem durante a leitura também é uma tarefa importante.
Antes de aplicar as estratégias, é importante ter claro o objetivo de leitura. 
Isso determina o foco que você coloca na ação de ler. Se você lê um artigo 
científico com o objetivo de resumi-lo para uma aula, deve ficar atento aos 
pontos principais que o artigo traz. Nesse caso, montar um esquema com os 
elementos relevantes do texto é uma ótima estratégia (mostramos como fazer 
isso mais adiante). Agora, se você lê uma reportagem apenas por curiosidade, o 
seu objetivo pode ser simplesmente informativo. Ter um objetivo é importante 
para que você faça uma leitura com o olhar atento ao que realmente busca.
Com o objetivo traçado, você pode focar as estratégias apresentadas na Figura 
2.4. Quanto à seleção, esta consiste em uma leitura rápida, que você realiza 
quando passa os olhos no texto. Seria um primeiro reconhecimento, a partir 
do qual você seleciona o assunto e filtra o texto para coletar informações 
superficiais.
A antecipação é uma etapa importante, que se refere à formulação de hipóteses 
primárias a partir de elementos gerais do texto. Essa etapa requer que você 
analise uma série de itens. A Figura 2.5 os apresenta e descreve:
A internet é um universo de possibilidades, facilitando muito a busca de 
conhecimento. No entanto, você precisa estar atento às fontes de pesquisa, 
já que muitos sites ou posts não são confiáveis! Procure verificar se os posts 
possuem autoria e, se possível, consulte a fonte original para confirmar a 
informação. Para buscar artigos acadêmicos, consulte sites especializados, 
como o Google Acadêmico (http://gg.gg/cvmbb). Sempre que possível, 
recorra a livros (físicos ou virtuais). 
DICA
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 51
Figura 2.5 – Estratégias de Leitura: a Antecipação.
Fonte: Elaborado pelos autores.
A etapa seguinte, a inferência, pressupõe que você construa previsões. 
À medida que o texto se revela, as expectativas podem mudar, sendo atendidas 
ou não. Espera-se que você, leitor, consiga fazer inferências, já que nem tudo é 
explícito em um texto oral ou escrito. A capacidade de fazer inferências está 
diretamente relacionada aos conhecimentos prévios que você possui.
Veículo
Qual é o veículo em que está o texto? Revista, jornal, 
outdoor, embalagem, etc.
Elementos 
não verbais
Há imagens e outros elementos gráficos? Estes completam 
o sentido do texto ou são os únicos elementos (caso de 
textos não verbais).
Autoria
Quem é o autor do texto? Saber quem fala e as ideologias 
que defende pode agregar valor à interpretação.
Contexto 
de Produção
Qual é o contexto histórico em que esse texto foi realizado? 
A época a que o texto se refere e o lugar de onde procede 
podem dizer muito sobre o conteúdo.
Gênero
Qual é o gênero do texto? Reconhecer os aspectos formais 
do gênero e saber quais são os seus objetivos facilita a 
leitura.
Inferir é deduzir, concluir pelo raciocínio a partir de fatos, de indícios. 
(HOUAISS, 2009).
GLOSSÁRIO
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca52
A verificação é uma etapa na qual você confirma se a seleção realizada, 
as hipóteses formuladas e as inferências feitas são adequadas. (GUIMARÃES, 
2011). Pode ser que o texto tome um rumo completamente diferente daquele que 
você imaginou que ele fosse seguir e, nesse caso, é preciso que você corrija as 
suas hipóteses iniciais.
Por fim, a ativação de conhecimentos prévios diz respeito aos conhecimentos 
que você adquiriu ao longo da vida. Tais conhecimentos são ativados no momento 
da leitura e muitas vezes vão determinar a sua capacidade de interpretar 
corretamente ou não os sentidos de um texto. Por isso, como já mencionamos, 
é muito importante que você invista em sua cultura geral e que amplie o seu 
repertório comunicativo e de leitura, a fim de mobilizar os diferentes tipos de 
conhecimento.
A partir do exposto, a seguir, propomos a você um exercício prático de leitura e 
interpretação, utilizando os pontos (etapas) que acabamos de estudar.
2.3.2 Estratégias de Leitura: Aplicação
Vamos, então, praticar? 
O texto que vamos analisar, da Revista Superinteressante, foi editado a fim 
de tornar a análise mais sintética. Em decorrência disso, a estrutura original 
também foi readaptada.
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 53
| GÊNERO REPORTAGEM |
| DOMÍNIO DISCURSIVO JORNALÍSTICO |
| Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni |
| Adaptado de Revista Superinteressante |
| Out 2018 |
A ERA DA BURRICE
Você já teve a impressão de que as pessoas estão ficando mais 
burras? Estudos apontam que, pela primeira vez na história, 
a inteligência humana começou a cair. Entenda os possíveis 
motivos – e as consequências – disso.
Discussões inúteis, agressivas. Gente defendendo asneiras. Pessoas 
perseguindo e ameaçando outras. Líderes políticos imbecis. De uns 
tempos para cá, parece que o mundo está mergulhando na burrice. 
Você já teve essa sensação? Talvez não seja só uma sensação. 
Estudos em vários países revelam algo inédito e assustador: a 
inteligência humana começou a cair.
Os primeiros sinais vieram da Dinamarca. Lá, os homens que se 
alistam no serviço militar são submetidos a um teste de inteligência: 
o teste de QI (quociente de inteligência). Depois de crescer em todo 
século 20, em 1998 o QI dos dinamarqueses começou a cair 2,7 
pontos a cada década. O mesmo acontece na Holanda (-1,35), 
Inglaterra (-2,5) e França (-3,8). “Há um declínio contínuo no QI ao 
longo do tempo”, diz o antropólogo inglês Dutton. No atual ritmo, 
alguns países podem regredir para QI médio de 80, definido como 
‘baixa inteligência’, já na próxima geração de adultos. Mas como 
explicar a proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E 
a queda do QI nos países desenvolvidos?
De 0 a 160
O teste de QI (quociente de inteligência) consiste em uma bateria 
de testes (compreensão verbal, raciocínio, memória e velocidade 
de processamento). De 90 a 110 pontos, tem-se um nível de 
inteligência normal. Quem faz mais de 130 pontos enquadra-se na 
categoriamais alta (o máximo é 160). No século 20, o QI aumentou 
no mundo todo. Não é difícil entender essa evolução. Melhore a 
saúde, a nutrição e a educação e as pessoas se sairão melhor em 
qualquer teste de inteligência. Então, como explicar o efeito atual, 
de queda na inteligência?
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T Í T U L O
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M A N C H E T E
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LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca54
Involução Natural
A primeira hipótese é polêmica. “A capacidade cognitiva é 
influenciada pela genética. E pessoas com altos níveis dela vêm 
tendo menos filhos”, afirma o psicólogo Woodley, da Universidade 
de Umeå, Suécia. Há décadas a ciência sabe que parte da 
inteligência (estudos falam em 50%) é hereditária. Trata-se de uma 
teoria controversa. No passado, ela levou à eugenia, que buscava 
o aprimoramento humano pela reprodução seletiva. Hoje ninguém 
proporia “melhorar” a sociedade obrigando os inteligentes a ter mais 
filhos – ou impedindo os demais de ter. Mas isso não significa que 
a matemática das gerações não possa estar levando a um declínio 
na inteligência, inclusive pela evolução da sociedade, que tornou a 
vida mais fácil. Há quem diga que o salto tecnológico dos últimos 
20 anos esteja afetando a inteligência. “Hoje, crianças de 7 ou 8 
anos crescem com o celular”, diz Bauerlein, da Universidade Emory, 
EUA. “É nessa idade que elas deveriam consolidar o hábito da leitura 
para adquirir vocabulário”. Há indícios de que o uso de smartphones 
na infância já esteja causando efeitos negativos. Na Inglaterra 28% 
das crianças de 4 e 5 anos não sabem se comunicar com frases 
completas no nível normal para a idade. Segundo educadores, 
isso se deve ao tempo que elas ficam na frente de TVs, tablets e 
smartphones. As pessoas nunca leram e escreveram tanto; mas 
estão lendo e escrevendo coisas curtíssimas em smartphones. Há a 
hipótese de que as redes sociais, que são projetadas para consumo 
rápido e tomam muito tempo (3h39 por dia do brasileiro), estejam 
corroendo nossa capacidade de prestar atenção às coisas. Levar 
no bolso a internet baniu o tédio da vida, mas nos tornou mais 
impacientes, menos capazes de manter o foco.
Os limites da razão
Você certamente já discutiu com uma pessoa irracional, que manteve 
a própria opinião mesmo diante de argumentos irrefutáveis. É o que 
os psicólogos chamam de “viés de confirmação”: a tendência que 
a mente tem de abraçar informações que apoiam suas crenças, e 
rejeitar dados que as contradizem. Quanto mais comprometido você 
está com uma teoria, mais tende a ignorar evidências contrárias. 
Para piorar, a evolução nos pregou outra peça: quase toda pessoa 
se acha mais inteligente que as outras. Aplicando essa lógica ao 
mundo de hoje, o resultado é o mar de conflitos que tomou conta do 
dia a dia. A era da cizânia – e da burrice.
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 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 55
Vamos analisar o texto “A Era da Burrice” a partir das estratégias que estudamos. 
Para dar conta da etapa de seleção, você deve fazer uma leitura rápida do texto. 
Em um olhar superficial, chama atenção o título. Na manchete, evidencia-se o 
fato de que as pessoas estão ficando mais burras e de que a inteligência humana 
está caindo. O texto promete desvendar as causas e consequências desse fato. 
Vemos também que ele é subdividido em etapas, introduzidas por subtítulos. 
Esses elementos podem ou não chamar a sua atenção. Se você pudesse escolher, 
teria interesse de ler essa matéria?
A etapa de antecipação permite analisar o contexto geral de produção do texto. 
Seguindo nosso roteiro, você pode perceber os seguintes elementos:
a. VEÍCULO: Revista Superinteressante;
b. ELEMENTOS NÃO VERBAIS: a imagem de capa mostra um terno e um 
chapéu vestidos em um balão. Inevitavelmente vem à mente a expressão 
“cabeça de vento”, utilizada para designar alguém desatento. A imagem 
faz referência, pois, ao tema da burrice;
c. AUTORIA: os autores não são pessoas publicamente conhecidas, 
provavelmente são repórteres. Vale mencionar o estilo das matérias dessa 
revista, a saber, reportagens fortemente embasadas em estudos científicos 
realizados, em sua maioria, nos Estados Unidos e na Europa;
d. CONTEXTO DE PRODUÇÃO: a publicação é recente (2018). 
Há elementos que evidenciam tratar-se de um texto atual, como a citação 
de uma pesquisa que revela que a inteligência humana passou a regredir a 
partir de 1998. As primeiras frases contextualizam problemas da atualidade 
(discussões inúteis, gente defendendo asneiras, pessoas perseguindo e 
ameaçando outras, líderes políticos imbecis) e os últimos parágrafos 
ressaltam a tecnologia (smartphones, etc.);
e. GÊNERO: trata-se de uma reportagem. Formalmente, há imagem 
condizente com o texto, manchete e subtítulos. Em termos de conteúdo, 
há entrevistas com especialistas e abordagem de tema atual com objetivo 
informativo. Também há várias perguntas que direcionam o leitor.
Partimos, então, para a etapa de inferência. Para realizá-la, você deve ler todo 
o texto e fazer deduções com base nos caminhos oferecidos, pouco a pouco, 
pela matéria. A seguir, destacamos algumas dessas INFERÊNCIAS (vide 
trechos em destaque). Lembramos que estas são algumas possibilidades, mas 
não as únicas. Cada leitor poderia sugerir outras inferências.
LEITURA, PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca56
O título da matéria é determinante para começarmos nosso trabalho. A burrice, 
termo central do título, de modo bem simples, pode ser entendida como falta 
de inteligência. Assim, a tese do texto poderia ser (perceba as inferências 
sublinhadas):
As pessoas de hoje não são inteligentes.
Ou, ainda, 
As condições de vida atuais não estimulam a inteligência.
Em princípio, essas inferências feitas a partir do título poderiam ser negadas por 
questões lógicas: o homem cria tecnologias cada vez mais modernas, então deve 
ser inteligente; e hoje, muito mais do que no passado, o homem tem à disposição 
muitas possibilidades de desenvolvimento pessoal, social e cognitivo, então 
deve ser inteligente. Ora, se há indícios favoráveis à inteligência, como podemos 
estar na era da burrice, como dizem o título e a manchete?
Quando iniciamos a leitura, o texto logo nos dá pistas. Ao citar que o tempo atual 
é marcado por discussões inúteis, defesa de bobagens, perseguições e ameaças 
(1º parágrafo), parece plausível dizer que o autor se refere à baixa inteligência 
emocional das pessoas, já que elas estão mais intolerantes e têm dificuldade de 
respeitar opiniões alheias. Então, será que o texto vai falar sobre inteligência 
emocional, mostrando que é ela que está caindo?
A ideia acima não é sustentada na sequência. O segundo parágrafo traz o dado 
de que o QI de vários povos europeus está caindo. O QI é um teste que mede a 
capacidade cognitiva, como mostra o parágrafo 3. Assim, podemos fazer mais 
uma inferência: o que está caindo é a inteligência global do homem (emocional 
+ cognitiva)? O segundo parágrafo termina com o dado de que a próxima 
geração de adultos pode ter uma média de QI considerada baixa e propõe 2 
perguntas que novamente podem conduzir nossas inferências: como explicar 
a proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E a queda do QI nos 
países desenvolvidos? 
O próprio texto sinaliza, nesse ponto, uma situação inusitada. Não se esperaria 
que quem vai à escola tivesse resultados baixos de inteligência, nem que os 
resultados de países desenvolvidos fossem ruins nesse quesito. O parágrafo 3 
reforça que no século XX o QI aumentou no mundo todo em função da melhora 
da saúde, nutrição e educação. Então, como explicar que no século 21, quando a 
população tem mais acesso ainda a esses benefícios, a inteligência esteja caindo?
 Da Leitura à Compreensão Textual | UNIDADE 2 57
A partir do quarto parágrafo, surgem as possíveis causas. A

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