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TEORIA MICROECONOMICA: INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO Profa. Ma. Brena Carvalho Manaus - 2021 Aula 5 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS – UEA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA – EST DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À ECONOMIA ❑ P O R Q U E G OV E R N O I N T E R F E R E N A E C O N O M I A ? ▪ A intervenção do governo se deve as falhas de mercados que ocorrem em razão da ineficiência econômica e da não equidade na distribuição de renda; ▪ Pode-se caracterizar as falhas de mercado em três grandes áreas: a) Concorrência imperfeita: a existência de monopólios, oligopólios e cartéis. Exemplo: Cartel de postos de gasolina; b) Assimetria de informação: Situação quando os consumidores não dispõem de informações a respeito da qualidade ou natureza de determinado produto. Exemplo: Existência de problemas escondidos em carros usados colocados a venda; c) Externalidades: ações de um consumidor ou de um produtor que tem influência sobre outros produtores ou consumidores, mas que não são levadas em consideração na fixação do preço de mercado. Exemplo: poluição ambiental causada por uma empresa que fabrica produtos químicos para uso industrial; ou fumo de cigarro; Importante: A intervenção governamental sobre as falhas de mercado pode melhorar ou piorar a situação se não for feita levando em consideração os custos sociais. ▪ A atuação do setor público, em nível microeconômico, pode se dá das seguintes maneiras: ❑ AT UA Ç Ã O D O G OV E R N O : N Í V E L M I C R O E C O N Ô M I C O A incidência de impostos sobre vendas A fixação de preços mínimos na agricultura A correção de externalidades Impostos federais e estaduais que incidem sobre a gasolina e os cigarros Impostos federais e estaduais que incidem sobre a gasolina e os cigarros Impostos federais e estaduais que incidem sobre a gasolina e os cigarros ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ▪ O conhecimento da incidência de um imposto é importante para determinar os aspectos econômicos e sociais da tributação; ▪ Os impostos sobre vendas são impostos indiretos, pois incidem sobre o preço das mercadorias, enquanto os impostos diretos incidem diretamente sobre a renda das pessoas; ▪ Os impostos indiretos (ICMS, IPI) são regressivos em relação à renda, pois representam uma parcela maior da renda das classes menos favorecidas, relativamente aos mais ricos; ▪ Os impostos diretos (Imposto de Renda) são progressivos, pois quem ganha mais paga proporcionalmente mais; ▪ Os impostos sobre vendas podem ser: a) imposto específico: representa um valor em R$ fixo por unidade vendida, independente do valor da mercadoria. b) imposto ad valorem: aplica-se uma alíquota (percentual) fixa sobre o valor em R$ de cada unidade vendida. ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ❑ Efeito de um imposto de vendas sobre o equilíbrio de mercado ▪ Efeito específico ▪ Com o estabelecimento de um imposto, podemos definir duas curvas de oferta: uma sem imposto e outra com imposto: sendo p' o preço relevante para o produtor que é: 𝑆 = 𝑓 𝑝 𝑠𝑒𝑚 𝑜 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑆´ = 𝑓 𝑝´ 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 ▪ A incidência de um imposto sobre vendas funciona como um custo adicional para o produtor – desloca a curva de oferta para a esquerda – a mercadoria fica mais cara. p´= 𝑝 − 𝑡 ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ❑ Efeito de um imposto de vendas sobre o equilíbrio de mercado ▪ Efeito específico 𝑺´ = −𝟐𝟎 + 𝟐(𝒑 − 𝟏𝟎) Suponhamos que: curva de oferta sem o imposto: S = -20 + 2p valor do imposto específico: T = $10,00 A curva de oferta com o imposto fica: 𝑺´ = −𝟒𝟎 + 𝟐𝒑 ▪ Comparando a curva de oferta com e sem o imposto, observamos que a declividade e a mesma, alterando-se apenas o intercepto, indicando um deslocamento paralelo da curva. ❑ Efeito de um imposto de vendas sobre o equilíbrio de mercado ▪ Efeito específico Preço de equilíbrio com imposto Preço de equilíbrio sem imposto Preço recebido pelo produtor ▪ O produtor recebe menos e o consumidor paga mais! ▪ Se a demanda for muito inelástica em relação a oferta, a carga fiscal recairá principalmente sobre os compradores ! ▪ Se a demanda for muito elástica em relação a oferta, a carga fiscal incidirá principalmente sobre os vendedores! ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ❑ Imposto ad valorem Exemplo: Se p=10 e t=0,2, então: ▪ Seja, p = preço de mercado e p' = preço relevante para o produtor temos, no caso de um imposto ad valorem, que: 𝒑´ = 𝒑 − 𝒕𝒑 = 𝒑(𝟏 − 𝒕) 𝒑´ = 𝟏𝟎 𝟏 − 𝟎, 𝟐 = 𝟖 𝑺´ = −𝟐𝟎 + 𝟐(𝟏 − 𝟎, 𝟏) Supondo que: curva de oferta sem o imposto: S = -20 + 2p curva de oferta com o imposto ad valorem, supondo t=0,1 A curva de oferta com o imposto fica: 𝑺´ = −𝟐𝟎 + 𝟐𝒑(𝟎, 𝟗) 𝑺´ = −𝟐𝟎 + 𝟏, 𝟖𝒑 ▪ Ao contrário do imposto específico, o que se altera agora é a declividade e não o intercepto. ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ❑ Imposto ad valorem ▪ A distância entre S e S´ na vertical, é o valor em $ do imposto que aumenta quando o preço aumenta. ▪ Vamos supor um caso de um imposto específico; ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S Quem arca com o ônus? ▪ Seja p0 = preço de equilíbrio, sem imposto; p1 = preço pago pelo consumidor, em T e; p' = preço recebido pelo produtor, após T, (P’ = P1 - T ); ▪ qo e q1, as quantidades de equilíbrio, antes e depois do imposto. i) A parcela, em $, do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o imposto (p1) menos o que pagaria sem o imposto (po), vezes a quantidade comprada, ou seja: (𝑝1−𝑝0) ∙ 𝑞1; ii) A parcela, em $, do imposto paga pelo vendedor é a diferença entre o que receberia sem o imposto (po) e o que recebe após o imposto (p’), vezes a quantidade vendida, ou seja: (𝑝0−𝑝 ′) ∙ 𝑞1; iii) A arrecadação do governo nesse mercado é a soma das duas parcelas anteriores, ou o valor do imposto vezes a quantidade vendida, ou seja: A = 𝑇 ∙ 𝑞1 Segue-se, então, que: ❑ I N C I D Ê N C I A D E U M I M P O S TO S O B R E V E N DA S ❑ O peso morto do imposto ▪ Do ponto de vista da sociedade, a aplicação de um imposto em um mercado concorrencial causa uma distorção na alocação de recursos. Isso pode ser visto a partir da análise dos excedentes do consumidor e produtor. ▪ O efeito líquido dos impostos sobre a sociedade é a geração de uma perda líquida irrecuperável, um “peso morto”- Area B-D. ▪ Essa perda reflete a má alocação de recursos que é gerada quando o governo “ impõe” , ao aplicar um imposto, que a quantidade transacionada seja q1. ❑F I X A Ç Ã O D E P R E Ç O S M Í N I M O S N A AG R I C U LT U R A ▪ A política de preços mínimos visa dar uma garantia de renda aos agricultores. ▪ O governo anuncia, antes da época de plantio, um preço mínimo pelo qual ele garante que compra a safra após a colheita. ▪ Se o preço de mercado for maior que o preço mínimo, o agricultor vende no mercado; se o preço de mercado for menor que o preço mínimo garantido, o agricultor vende ao governo. ▪ Caso o preço mínimo seja maior que o de mercado o governo pode agir de duas maneiras: ▪ O governo escolherá, entre essas duas políticas, aquela na qual gastará menos. Política de compra Compra do excedente Política de subsídio paga pela diferença entre o preço mínimo e o pago pelo consumidor ❑F I X A Ç Ã O D E P R E Ç O S M Í N I M O S N A AG R I C U LT U R A ❑Gastos do governo nas politicas de preços mínimos na agricultura. Política de compra Política de subsídio 𝑃𝑚 ∙ (𝑞 𝑠 − 𝑞𝑑) (𝑃𝑚−𝑃𝑐) ∙ 𝑞 𝑠 ▪ A adoção de uma das duas políticas dependerá da elasticidade preço da demanda; ▪ Quanto mais elástica a demanda de um produto agrícola, o governo tenderá a adotar uma política de subsídios. ❑F I X A Ç Ã O D E P R E Ç O S M Í N I M O S N A AG R I C U LT U R A Exemplo: Dadas as funções: demanda: 𝒒𝒅 = 𝟏𝟗. 𝟎𝟎𝟎 − 𝟐𝟎𝒑 Oferta:𝒒𝒔 = 𝟏𝟎. 𝟎𝟎𝟎 + 𝟏𝟎𝒑 Supondo que o governo fixe um preço mínimo de $ 400,00, qual política ele deve adotar, para minimizar seus gastos? ❑F I X A Ç Ã O D E P R E Ç O S M Í N I M O S N A AG R I C U LT U R A Resolução: 𝑞𝑠 = 10.000 + 10 400 = 14.000 𝑞𝑑 = 19.000 − 20 400 = 11.000 ▪ Determinando pc: ▪ Encontrando qs e qd: 14.000 = 19.000 − 20𝑝 𝑝𝑐 = 250 ▪ O gasto com política de compras é: ▪ O gasto com subsídio é: 𝑃𝑚 ∙ 𝑞 𝑠 − 𝑞𝑑 400 ∙ 14.000 − 11.000 = 1.200.000,00 (𝑃𝑚−𝑃𝑐) ∙ 𝑞 𝑠 400 − 250 ∙ 14.000 = 2.100.000,00 ❑E XT E R N A LI DA D E S ▪ O consumo ou a produção de determinado bem ou serviço pode produzir efeitos colaterais, positivos ou negativos, que são chamados de externalidades; ▪ As consequências das externalidades é que o sistema de preços perde a capacidade de orientar a sociedade na alocação dos recursos escassos, pois os benefícios e os custos privados passam a diferir dos benefícios e custos sociais, que são os “verdadeiros”, do ponto de vista da coletividade; ▪ Essa diferença é o que deixa de ser considerado ou “internalizado” pelos preços de mercado, daí o nome externalidade; ▪ A sociedade sofrerá uma perda, um “peso morto”, pois os custos sociais associados à quantidade transacionada pelo mercado serão maiores que os benefícios sociais derivados do consumo dessa quantidade; ▪ O governo deve intervir, cobrando impostos ou concedendo subsídios, que “forcem” o sistema de preços a igualar os custos e os benefícios privados e sociais associados ao consumo ou produção de determinado bem ou serviço. ❑E XT E R N A LI DA D E S Externalidade Negativa ❑Externalidades de consumo Externalidade Positiva ▪ Sem qualquer tipo de intervenção, os custos sociais associados ao consumo dessa quantidade adicional superam os benefícios sociais. ▪ A sociedade estaria disposta a consumir uma quantidade maior do que a disponível no mercado, no caso, os benefícios superam os custos sociais. ▪ A solução é aplicar um imposto ao consumo ou a produção, internalizando o custo adicional ao preço, reduzindo a quantidade transacionada. ▪ A solução é aplicar um subsídio ao consumo ou a produção, internalizando o maior benefício que a sociedade obtém por consumir uma maior quantidade. ❑E XT E R N A LI DA D E S Externalidade Negativa ❑Externalidades de produção Externalidade Positiva ▪ O “verdadeiro” custo social de produzir determinado bem ou serviço (custos sociais = custos de produção + externalidade) é maior que o custo privado (custos de produção). ▪ A criação de abelha gera ganhos de externalidades para o produtor de laranja, então o “verdadeiro” custo social de produzir laranja seria (custos sociais = custos de produção + ganho de externalidade). ▪ A solução é aplicar um imposto a produção, internalizando o custo adicional ao preço, reduzindo a quantidade transacionada ao nível compatível com o máximo bem-estar social. ▪ A solução é aplicar um subsídio a produção, internalizando o beneficio ao preço, aumentando a quantidade transacionada (de abelha) ao nível compatível com o máximo bem-estar social. 1. Dadas as curvas de oferta e demanda: S = p e D = 300 - 2p, o preço de equilíbrio, após um imposto específico de $ 15 por unidade, é igual a: a) 100 b) 90 c) 105 d) 110 e) N.r.a. 2. Considerando os dados da questão anterior, a parcela da arrecadação paga pelo consumidor é igual a: a) 450 b) 1.350 c) 900 d) 90 e) N.r.a. 3. Suponha que a demanda seja dada por D = 130-10p e a oferta por S = 10+2p. Com o objetivo de defender o produtor, é estabelecido um preço mínimo de 12 reais por unidade. Aponte a alternativa correta: a) A política de subsídios é mais econômica para o governo que a política de comprar o excedente. b) A política de compras é mais econômica para o governo que a política de subsídios. c) O preço de equilíbrio é de 9,6 reais. d) Ao preço mínimo, a quantidade ofertada é 10. e) Ao preço mínimo, a quantidade demandada é 34. ❑E XE R C Í C I O S R E F E R Ê N C I A S ▪ VASCONCELLOS, M.A.S. Economia: Micro e Macro, 4ª edição, São Paulo:Editora Atlas, 2006. ▪ VASCONCELLOS, M.A.S. e GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia, 4ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2011.
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