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GESTÃO DE PESSOAS Profa. Dra. Andreia Malanga , 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PESSOAS ..................................................... 3 2 ORGANIZAÇÃO DO CONTEXTO DE GESTÃO DE PESSOAS ....................... 15 3 PRINCÍPIOS, TEORIAS E SISTEMAS EM GESTÃO DE PESSOAS ................. 29 4 GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA INOVADORA ................................... 45 5 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES COM FOCO NO TALENTO E SEUS DESDOBRAMENTOS ................................................................................. 55 6 A IMPORTÂNCIA DO INDIVÍDUO NO CONTEXTO EMPRESARIAL ............ 61 , 3 1 INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PESSOAS 1.1 Evolução da área de Recursos Humanos ao longo dos anos Se pensarmos na denominação recursos humanos na essência de seu significado estamos tratando pessoas como um material, algo parecido com uma máquina onde alguém dá os comandos, a máquina desenvolve a atividade mediante essas ordens e por fim quando termina o serviço é desligada. No início entre os séculos XIX e início dos XX, por conta de inúmeros afastamentos por doenças, fadiga e fraqueza as indústrias notaram que seus funcionários não estavam mais tão ativos e fortes fisicamente o que estava gerando um prejuízo na produtividade, afinal o funcionário tratado como máquina tinha de produzir determinado numero de peças ao longo do dia, na sua falta a produção automaticamente reduz ao final do dia trazendo prejuízo pela redução do número de vendas imaginado pelo patrão ou empresário. Alguns estudiosos engenheiros da época fizeram cálculos e projeções analisando o tempo que o funcionário tinha na fábrica e a quantidade de peças produzidas por período. Naquela época, os processos eram muito manuais fazendo uso de martelos, tampo de madeira, ferros, caldeiras sem qualquer tipo de segurança. Os empresários buscando sempre mais lucros solicitavam que os funcionários produzissem o número máximo de peças ao longo do dia, reduzindo tempo de almoço e aumentando as jornadas de trabalho, afinal quanto mais se trabalhava, mas peças eram produzidas e vendidas trazendo mais lucros para a fábrica. Essa condição miserável de trabalho impactou de tal modo a saúde dos funcionários que estes passaram a ter problemas de saúde, sofrerem acidentes no trabalho, sofriam com a fome, tinham baixos salários e começaram movimentos requerendo melhores condições aos donos das fábricas. , 4 Este cenário fez com que os trabalhadores se juntassem iniciando pressões pelas suas melhores condições com greves, afastamentos por saúde obrigando aos donos das fábricas a tomarem uma providência em relação ao problema. Nessa época, vários estudiosos surgiram, boa parte destes formado em engenharia, economia e sociologia propondo soluções para esse dilema. Alguns centravam em condições cada vez mais rígidas, pois acreditavam que o funcionário era um mero recurso e como tal deveria seguir as ordens sob forte pressão psicológica por parte dos chefes, outros promoviam discussões que de modo financeiro conquistassem a confiança dos empresários realizando e provando em pesquisas a eficiência de suas recomendações. Surge então, aproximadamente em 1928, o Professor de Harvard Elton Mayo, com o resultado de uma pesquisa aplicada na empresa Western Eletric Company, em Chicago informando aos empresários que a fadiga, acidentes no trabalho, movimentos operários estavam relacionados a contraposição do tratamento do homem como máquina. Segundo o Professor: o operário precisa estar integrado ao grupo; os trabalhadores não agem ou reagem individualmente, mas como membros de um grupo; As pessoas são motivadas pela necessidade de "reconhecimento", de "aprovação social" e "participação"; os grupos informais definem as regras de comportamento, suas formas de recompensas, puniões, escalas de valores sociais; as Relações Humanas são ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre as pessoas e o grupo de forma que haja um ambiente onde cada pessoa é encorajada a exprimir- se livre e sadiamente; trabalhos repetitivos tendem a ser monótonos, maçantes e afetam negativamente as atitudes do trabalhador, e reduzem sua eficiência; elementos emocionais, não-planejados e até mesmo irracionais do comportamento humano devem ser considerados dentro da organização O interesse dos empresários surge a medida que visualizam uma lucratividade com o aumento da produção, uma vez que a pesquisa prova que os funcionários motivados aumentam a produtividade. , 5 Esse é se não o mais importante, um dos que deram início a valorização dos funcionários no processo de Gestão de Pessoas. Esse conceito de certa forma aborta o tratamento do homem como máquina e evidencia por meio de pesquisa que os funcionários precisam ser geridos e não simplesmente ligados e desligados como máquinas. 1.2 Marcos da Administração do Processo Produtivo na origem de Gestão de Pessoas As origens das teorias da administração são fundamentais para o entendimento da gestão de pessoas contemporânea. Em meados do século XIX não existia administrador de Recursos Humanos. Em função disso, alguns acontecimentos ocorriam com frequência e a situação de trabalho nas fábricas era complicada, como, a exemplo a excessiva jornada diária de até 18 horas por dia, baixos salários que mal contribuíam para a alimentação familiar, péssimas infraestrutura fabril sem medidas de segurança do trabalho incorrendo em acidentes e doenças. Para entender melhor esse contexto, segue uma breve descrição dos estudos realizados na época associados aos seus pesquisadores e o principal marco de cada um. Administração Científica – 1903 – Frederick Taylor – produtividade pela repetição de movimentos físicos e controle de tempo na execução da tarefa. De acordo com Taylor quanto mais forte fisicamente fosse o operário melhor seria a qualidade da produção de sua peça e ainda o movimento repetitivo elevava a aprendizagem reduzindo o tempo de fabricação; Teoria da Burocracia – 1909 – Max Weber – produtividade por meio da redação de normas e procedimentos a serem realizados pelos operários deixando claro o quê e como deveriam ser executadas as tarefas. Para Weber, toda regra escrita dá clareza ao operário fazendo com que ele entenda sua responsabilidade na fábrica. Administração Clássica – 1916 – Fayolismo – Henry Fayol – produtividade pela repetição de movimentos, controle de tempo na execução da tarefa e inclusão de uma estrutura organizacional com chefes, cargos, definição das tarefas. Para Fayol, era , 6 necessária a produção em série, no entanto o organograma legitima as funções de chefe e subordinado, além de definir o papel de cada um na fábrica. A Teoria Clássica é a junção da Administração Científica com a Teoria da Burocracia. Teoria das Relações Humanas – Elton Mayo – a produtividade está relacionada aos estímulos de motivação e liderança. O autor é americano, fez uma experiência no bairro de Hawthorne em Chicago, Estados Unidos na empresa de lâmpadas Western Eletric Company. A experiência demonstrou que mais peças puderam ser produzidas quando a liderança atuava junto aos operários produzindo peças além de ter um bom relacionamento com o grupo. Houve um teste físico com a luminosidade no sentido de entender se a baixa da luz reduzia a produção, o que não foi confirmado. Houve um aumento de produtividade com o envolvimento e a participação do líder no processo de fabricação. Essa foi a Teoria que mais contribuiu para a implantação e a preocupação na Gestão de Pessoas. Essas Teorias se desenvolveram entre 1900 e 1950, também conhecida como Era da Industrialização Clássica. Nesse período as estruturas eram burocráticas, rígidas e inflexíveis. Os empregadores tinham que seus operários não gostavam de trabalhar e precisavam ser monitoradospara realizar o serviço. O ambiente organizacional era previsível, com pouquíssimas mudanças e desafios ambientais. As pessoas eram lideradas por meio de regras e controles rígidos. De 1950 a 1990, foi a Era da Industrialização Neoclássica, com a estrutura organizacional marcada pela departamentalização de produtos e serviços ou unidades estratégicas de negócios. Nessa época, foram descobertas as necessidades de adaptação ao ambiente, requerendo este por renovação e revitalização. A ênfase era dada nos objetivos organizacionais para administrar e dirigir pessoas. Após 1990, surgiu a era da Informação caracterizada por estruturas ágeis, flexíveis e totalmente descentralizadas. Foi dada ênfase a equipes multifuncionais. O foco já estava no futuro, com o pensamento de pessoas ou trabalhadores altamente motivados com ênfase na inovação, dando por consequência elevado valor as propostas de mudanças e criatividade. O ambiente neste cenário passa a ser mutável, , 7 imprescindível, turbulento e com grandes e intensas mudanças. Essa nova fase requer uma liderança mais proativa que lida com um grupo motivado dando ênfase a liberdade para estimular a criação. Após 2010, as teorias têm dado ênfase a adaptação ao ambiente virtual o qual está mudando de modo muito rápido o comportamento das pessoas e desafiando alguns paradigmas antigos com novos conceitos como home office, trabalhos móveis, horários flexíveis, entregas por projetos, liderança na base da confiança e produtividade com o controle da entrega de tarefas. Atividades e controles manuais estão sendo substituídos pela tecnologia exigindo mais capacitação, habilidades e competências no desenvolvimento dos serviços. Fonte: Elaborado pela Autora. Figura 1.1 – Grupos e Abordagens no estudo da Administração. Observamos nessa estrutura a evolução dos conceitos, sempre buscando a combinação de recursos, pessoas, tecnologia e a sustentabilidade que representa a continuidade do negócio no futuro. São muitos desafios que o Administrador precisa enfrentar para que sua empresa se mantenha plena, produzindo o pretendido em metas com os melhores recursos materiais e tecnológicos, gestão de pessoas e responsabilidade social. Isso significa não há uma hierarquia ou disputa entre a melhor Abordagem Clássica operação estrutura Pré-Sistemas ou Humanísticas pessoas estrutura Pós-Sistemas e Novas Abordagens ambiente objetivos , 8 ou pior Teoria, existe sim a que melhor se adapta por tipo de negócio. Pense por exemplo, na indústria automotiva! Continua com a produção em série e melhorias que vieram com a Tecnologia. Já os bancos, mudaram e muito sua forma de atendimento (call centers, máquinas, melhorias de processos, nova tecnologias) reduzindo o número de atendentes presenciais. A produção de móveis de cozinha é outro interessante exemplo, antes com um elevado número de marceneiros que foram substituídos por máquinas totalmente automatizadas, sou seja, sem quase envolvimento humano no processo produtivo. Novas indústrias de tecnologia como a Microsoft (fundada em 1975), a Apple (1976), a Google (1998), surgiram nos últimos 45 anos e dominam o mercado de varejo e a economia mundial. 1.3 Racionalização dos Trabalhos até os dias atuais O lado positivo da racionalização do trabalho se fundamenta em alguns princípios até hoje adotados que são a redução do tempo do ciclo de processo, a linguagem simples e, a padronização. A redução do tempo se dá por meio de movimentos repetitivos e coordenados, a medida que são aprendidas as técnicas físicas e os movimentos menores são os tempos das etapas de produção. A substituição da força física do ser humano pela máquina vem padronizando os produtos e dando foco no volume total produzido. A linguagem simples é prejudicada na maioria dos casos, por conta de relatórios empresariais extensos, prolixos e com mais informações e dados do que o necessário. Em 1970, a crise do petróleo e a busca por soluções apontaram os primeiros indícios do surgimento da globalização. O que antes era um planeta com inúmeros países passa a ser uma “aldeia global”, onde foram banidas as fronteiras físicas tornando o planeta é uma nação única. De acordo com relatos da época o trabalho nas fábricas era intenso, com elevada carga horária de trabalho (12, 16 e até 18 horas), os operários que erravam ou não aderiam às ordens, eram ainda castigados em alguns casos fisicamente. Essa fase foi marcada pela falta de Qualidade de Vida no Trabalho e de preocupação com a satisfação dos colaboradores, excesso de horas trabalhadas, assédio moral e exploração de pessoas. , 9 Esse conceito e forma de trabalho, tem o efeito positivo de melhorar resultados por meio de movimentos repetitivos e consequente otimização do tempo de produção. A indústria de produção automotiva japonesa aplica parte do conceito de racionalização do trabalho, promovendo a interação dos profissionais com a rotina de trabalho, realizando suas atribuições com dinâmica. Sejam em grandes montadoras ou em uma feira livre, por exemplo, deve-se racionalizar os movimentos, economizar tempo e material, otimizando, assim, a qualidade dos serviços prestados e o produto final, tornando-se assim mais produtivos. Os administradores e gestores de hoje devem estar preparados e aptos ao se confrontarem com os desafios que os predecessores da Administração jamais poderiam supor que surgiriam e que teriam de enfrentar. Esses desafios incluem uma crescente competição global, acirrada pelo desenvolvimento de novas tecnologias, uma demanda por qualidade e valor agregado, bem como uma pressão diária da necessidade e adaptação de mudanças. Algumas demissões em função de problemas financeiros na empresa são necessárias e as escolhas muitas vezes podem não fazer sentido por serem funcionários dedicados, leais a organização e ainda com bom desempenho. Esse fato aconteceu na década de 90 e as empresas demonstrando sua preocupação com esses “demitidos”, contrataram empresas de outplacement que tem por objetivo achar um novo emprego para esse antigo colaborador. Atitudes como essa evitam que os funcionários se sintam descartáveis e gere com essa questão a desmotivação, piorando a situação financeira da empresa. Em relação à Gestão de Pessoas, as organizações bem-sucedidas passaram a obter uma visão, tratar colaboradores como parceiros do negócio com atitudes voltadas aos resultados organizacionais. O Gestor contemporâneo deve estar focalizado no futuro para poder preparar sua empresa para enfrentar novos desafios que surgem, seja por meio de novas tecnologias, novas condições sociais e culturais, seja por meio de novos produtos e , 10 serviços. Além disso, deve pensar globalmente (ver o mundo) e agir localmente (atuar na empresa). Para tanto são exigidas certas habilidades: (1) Habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realização que se refere ao fazer, isto é, com o trabalho com “coisas”, como processos materiais ou objetos físicos e concretos. (2) Habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal, que envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos individuais e grupais. (3) Habilidades conceituais envolvem visão da organização ou da unidade organizacional com um todo, a facilidade em trabalhar com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Estando estas relacionadas com o pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução de problemas. A gestão das organizações vive em conflito entre a qualidade de vida no trabalho uma vez que a falta de saúde interfere na ausência docolaborador e consequentemente custos de reposição por parte da empresa e a busca desenfreada pela lucratividade, exigindo-se grandes jornadas de trabalho para produzir o máximo possível elevando incessantemente a lucratividade. Outros dois fatores de grande preocupação na gestão de pessoas de uma organização é a questão da motivação gerindo o capital humano o talentos a fim de evitar a perda de produtividade. O colaborador desmotivado produz menos interfere na produtividade dos demais e ainda não tem um compromisso com a Instituição. Esse descontentamento que pode ser identificado pelo chefe no processo de feedback após acompanhamento das tarefas do funcionário, por meio de resultados da pesquisa de clima organizacional (questionário que tem por objetivo identificar fatores que estejam influenciando na , 11 baixa motivação dos funcionários) ou até mesmo pela observação diária das atitudes do funcionário interfere no grupo de modo negativo e, muitas vezes baixando a produtividade de áreas, departamentos e consequentemente dos resultados da empresa. 1.4 Comunicação corporativa no processo de gestão de pessoas A comunicação é fundamental em uma organização, pois transmite uma informação ou mensagem de uma pessoa para outra e, para que haja entendimento, esta informação deve ser clara e direta. “A palavra comunicação advém do termo latino Communicare que significa; partilhar, tornar comum” (MATOS, 2014, p. 2). Ou seja, a comunicação é um conjunto de várias formas de expressão, fala, gestos, interpretações, compreensão, seja dentro das organizações ou fora, a comunicação é o elo entre emissor que emite uma mensagem e o receptor que recebe a informação. O processo da comunicação inicia-se com o Emissor: que é um dos atores responsável pela emissão da comunicação. Codificação: O ato de conversão de uma mensagem em linguagem, Segundo Robbins (2014) essa conversão é perceptível pela habilidade, conhecimento e cultura. Mensagem: É em si o objeto da comunicação, notícia ou recado sendo verbal ou escrito. Canal: “é o meio pelo qual cada mensagem trafega que é selecionada pelo destinatário” Robbins (2014, p. 385). Decodificação: É a interpretação de uma mensagem emitida pelo receptor. Receptor: é um dos atores que recebe a mensagem, aquele que recebe a informação e a decodifica e a interpreta. Por fim, temos o feedback que é o retorno, que leva o comportamento após a interpretação da informação. A falta de comunicação eficiente em uma organização não permite seu desenvolvimento. A comunicação deficiente também causa problemas no âmbito Organizacional e Pessoal, é motivo de conflitos, tarefas realizadas de modo incorreto, ausência de engajamento de equipe dentre outros problemas. , 12 Há vários tipos de comunicação: interpessoal representada por amigos, familiares, colegas praticada por todos de modo geral; de grupo para um número específico de pessoas, ou; de massa que se utiliza de meios de comunicação coletiva como jornais, revistas, televisão, rádio e internet. A comunicação pode ter um fluxo descendente (de cima para baixo), ascendente (das bases para os níveis hierárquicos mais elevados), horizontal (entre colegas de trabalho), transversal (fluxo em todas as direções sem níveis hierárquicos) e, circular (empresas de pequeno porte, extremamente informal na estrutura funcional). A comunicação interna como estratégia necessita de um planejamento e a definição de um público específico considerando a cultura e o ambiente organizacional. As organizações precisam de programas internos, com enfoque na comunicação do ambiente organizacional, usando ferramentas e métodos da informação de modo a transmitir de forma clara, transparente e didática as informações. As funções da comunicação são: controle (repasse de regras, procedimentos a serem cumpridos), motivação (estabelecimento de metas, desempenho norteando resultados conquistados), expressão emocional (trazendo agrados e desagrados dos integrantes), Informação (levar conhecimento para tomada de providências). Os ruídos na comunicação ocorrem por falta de clareza ou envolvimento da informação tanto por parte do emissor como receptor. Quando a informação se deturpa por meio de uso indevido das redes informais, causa tensão nos relacionamentos e prejuízos nas realizações das tarefas. Os ruídos acontecem por falta de acesso a informação. Essa falta de estruturação da comunicação gera o desconforto dos colaboradores, pois quando a mensagem emitida pelos gestores chega aos grupos de colaboradores de forma descendente e geralmente recebe destorcidas pela falta de compreensão ou clareza na emissão da mensagem, esse fenômeno de distorção dar-se pelo nome “boatos”, conhecidos popularmente como as fofocas. , 13 Segundo Robbins (2014, p. 393) “Os boatos têm pelo menos três objetivos: estruturar e reduzir a ansiedade; dar sentido à informação limitada ou fragmentada”. Os boatos crescem nas organizações por conta das confidencialidades e os rumores assustam os colaboradores. Robbins (2014), como por exemplo, a mensagem de reestruturação das estratégias da organização no qual o objetivo é inovar. Atualmente, vive-se em um período de crise e dentro das organizações, se a mensagem não for clara poder ocorrer falha na transmissão da mensagem e se não for interpretada e recebida corretamente pode ser entendida como redução de custos e do quadro funcional ou falência da organização, essas distorções de informação torna os colaboradores preocupados e ansiosos. A informação segundo Chiavenato (2014), entre outras definições é: Expansível e sem nenhum limite óbvio; Difusora e difícil de conter, especialmente as com alto valor proprietário; Transportável pelo menos na velocidade da luz. A informação atua no endomarketing que se trata do modo interno como os dados são comunicados. O endo (dentro) marketing tem importante papel na gestão de pessoas, pois a forma a transparência, clareza nos informes diminui substancialmente os ruídos e boatos, criando um clima mais harmonioso com metas, monitoramentos e reconhecimentos. Em relação a gestão de pessoas, por exemplo, é muito importante comunicar datas festivas, aniversários, contratações, saídas, promoções, estruturas, reconhecimentos, de modo organizado, levando a realidade a partir da origem da informação criando vínculos entre colaboradores, uniformizando procedimentos e trabalhando ainda a cultura e o clima organizacional. Um comunicado parabenizando os aniversariantes promove no grupo um estímulo à conversa e comemoração. Novas contratações permite a criação de elos entre colaboradores e abre caminho para novas conversas. Observe que a comunicação é fundamental no processo de gestão de pessoas. , 14 Uma equipe bem liderada tem claras as suas metas, cada colaborador consequentemente tem clareza nas suas tarefas e sabe por meio do feedback se está atingindo as expectativas Institucionais ou não para ter ascensão na carreira. A equipe que tem boa comunicação é efetiva, ou seja, produz rapidamente (eficiente) e com qualidade (eficácia). REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Barueri: Manole, 2014. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação empresarial sem complicação. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. ROBBINS, Stepen P. Comportamento organizacional. São Paulo: São Paulo, 2014. , 15 2 ORGANIZAÇÃO DO CONTEXTO DE GESTÃO DE PESSOAS 2.1 As grandes áreas de Gestão de Pessoas e sua importância nas Organizações A área de gestão de pessoas se subdivide em subsistemas que de modo macro são: Recrutamento e Seleção; Treinamento e Desenvolvimento e Sistemas de Remuneração. De modo mais operacional essas atividades ser integralizam a partir de: agregar novos colaboradores a Instituição,aplicar os colaboradores enquadrando em cargos conforme suas competências, remunerar de acordo com mercado de trabalho, desenvolver por meio de treinamentos suas competências, manter a empregabilidade gerindo esse talento e monitorar estando alerta aos movimentos internos e externos voltados aos assuntos de gestão de pessoas (motivação, feedbacks alinhados a ações de melhorias, aumentos salariais etc.). Nestes subsistemas estão definidos os processos desde o ingresso do colaborador ou funcionário na empresa, seu desenvolvimento por meio de treinamentos evoluindo na competência e efetividade das suas tarefas e elevando seu cargo e salário e, os cuidados que é preciso ter na definição dos Sistemas de Remuneração para estarem adequados ao mercado e a organização evitando a perda de todo esse investimento realizado desde o ingresso do trabalhador gerindo desta forma, seu talento. Observe que nos dias atuais, muito embora ainda haja processos produtivos como o das automotivas cobrando por tempo e movimento na produção de peças no caso das automotivas principalmente, já se discute com relevância a preocupação com as condições do trabalhador de modo que o investimento realizado neste capital intelectual não se perca para a concorrência de mercado perdendo todos os recursos financeiros investidos no funcionário. Vale ressaltar que o processo de recrutamento e seleção tem custo na manutenção de uma estrutura de contratação (psicólogos, analistas) que buscam os , 16 melhores profissionais do mercado que tenham o melhor conhecimento, habilidade e atitudes para ingressar na empresa. O processo abrange testes, entrevistas, dinâmicas de grupo com envolvimento e tempo de vários profissionais. Após o ingresso é importante manter um processo de avaliação ou feedback que verifique se esse funcionário está atendendo as expectativas produtivas, ou seja, se as tarefas estão sendo exercidas da melhor forma, do contrário, são promovidos treinamentos para que este tenha condições de desenvolvimento na empresa melhorando sua produtividade atendendo as expectativas da organização. Em paralelo a esse processo, há que se observar se o profissional está evoluindo no Plano de Carreira, para que isso aconteça as avaliações de performance ou feedbacks devem estar alinhadas as definições de treinamento promovendo o desenvolvimento do funcionário na realização de suas tarefas, ou seja, os treinamentos podem estar voltados ao conhecimento definindo assuntos técnicos, habilidades como capacidade de gestão de conflitos ou negociação e atitudes voltada ao despertar para o auxilio ao próximo. A efetividade do treinamento é quando a aprendizagem advinda deste é incorporada ao comportamento do indivíduo. O sistema de remuneração deve estar alinhado aos valores de salário pagos pelo mercado, evitando que esse talento deixe a empresa em busca de novos desafios. Essa questão para a empresa representa uma perda de todos os valores investidos nesse profissional em termos de contratação (processo seletivo), treinamentos, tempo de orientações e feedbacks além do processo de aculturamento do colaborador na empresa que fundamental para o desempenho. Esse processo de aculturamento envolve valores, postura esperado do funcionário que condiz com a missão da Instituição. A perda de pessoas gera perda de conhecimentos, de capital intelectual, de produtividade e de lucratividade, por isso é necessário aplicar pesquisa de clima organizacional para detectar aspectos satisfatórios e insatisfatórios. Quando se tem um elevado índice de turn over e absenteísmo, é necessário analisar a saúde organizacional, pois aspectos como motivação e comprometimento , 17 acabam impactando no absenteísmo, por isso é necessário novamente fazer o diagnóstico por meio de pesquisa de clima organizacional identificando fontes satisfatórias e insatisfatórias na organização. De modo a aproximar cada vez mais as necessidades organizacionais do colaborador são contratados serviços de coaching que é uma atividade que envolve responsabilidade social, gestão de carreira, programas de trainee, rotação de cargos, gestão do desempenho e, instrumentos de treinamento corporativo. 2.2 Recrutamento e Seleção Nos últimos anos, surgiram temas envolvendo o processo de Recrutamento e Seleção (R & S) para facilitar o desafio de encontrar os melhores profissionais. O desenvolvimento de um processo de R & S estruturado é essencial, não só para fomentar o processo de renovação cultural e revisão da estratégia da empresa, mas para ajudar aos líderes a trazer as pessoas certas para o lugar certo. Esse processo estruturado também apoia o fortalecimento da imagem institucional como uma empresa atrativa no mercado de trabalho. Sua correta utilização pode gerar diversas vantagens, como adequação de seus colaboradores a seus cargos, facilitando a motivação e a produtividade, redução da necessidade de treinamento, redução da rotatividade de pessoal, entre outros. Minimizar o risco de insucesso de um processo de R & S tornou-se prioridade na área de RH, principalmente considerando a falta de conhecimento sobre as características culturais e desafios das empresas. O R&S é o processo de busca, avaliação e seleção de profissionais, cujo perfil mais se aproxima ao conjunto de competências considerado ideal para a empresa. É um processo comparativo, que analisa cada candidato frente ao perfil necessário (conhecimentos técnicos, habilidades e atitudes denominadas competências) para o cargo em análise e em relação aos demais candidatos. , 18 O recrutamento pode ser realizado internamente, oportunizando o crescimento aos colaboradores já contratados na empresa ou externamente abrindo para novos contratados do mercado de trabalho. A vantagem com o recrutamento interno é a redução de custos com a socialização organizacional de novos membros, aculturamento, treinamentos de boas vindas além de incentivar e dar perspectivas de crescimento aos colaboradores. A vantagem do recrutamento externo é de certa forma a renovação da cultura organizacional e seu enriquecimento com novas inspirações. O Recrutamento geralmente é realizado por meio da avaliação de currículos, inscrições internas nas empresas e indicações. É a divulgação da oportunidade de trabalho e a triagem de possíveis candidatos com base nos pré-requisitos do cargo (experiência profissional, escolaridade e outros), podendo ocorrer internamente e externamente. Abrange a análise ou a confrontação dos dados do currículo com os pré- requisitos da vaga. Por exemplo, são verificadas a formação técnica (curso na área, graduação, línguas), experiência pregressa (realização da mesma atividade em outra empresa), habilidades (relacionamento, gestão de conflitos, negociação) e atitudes (participação em prol do bem estar da sociedade, projetos beneficentes, voluntariado, organizações sociais). Após o recrutamento, ocorre a seleção. Esta etapa ocorre comparando os dados dos currículos e selecionando aqueles que têm maior aderência com os pré- requisitos da vaga. É o momento de conhecer com mais detalhes o candidato e escolher o perfil mais adequado para a vaga, ocorrendo geralmente por meio de entrevistas em grupos e individuais. Na análise do currículo, a qualificação profissional mostra o que o candidato sabe fazer, suas habilidades gerais, técnicas e comportamentais. Já os dados pessoais servem para verificar as exigências da empresa quanto à idade, ao sexo, ao estado civil, ao número de filhos e ao bairro em que mora o candidato. , 19 O processo segue para a entrevista cujo principal objetivo é validar ou verificar a veracidade das informações dispostas no currículo por meio de perguntas (entrevistador ao entrevistado) e avaliação da postura e comportamento durante a conversa. Alguns comportamentos comohiperatividade, timidez, tom de voz, postura, vestuário são analisados buscando verificar o quanto destes aspectos condizem com a missão da empresa contratante. Dois bons exemplos referem-se a um candidato para o fórum (trajes mais formais, excelente postura) e outro para a área de publicidade (dinamismo, interatividade, trajes menos formais e mais criativos). Realizada a entrevista complementa-se esse resultado com uma dinâmica em grupo, nesta etapa para verificar o comportamento do candidato com outros observando seu trabalho em grupo, capacidade de convencimento, tomada de decisão, apoio aos colegas, tom de voz, frustração quando não realizado eventualmente sua determinação e, basicamente traços de liderança. Uma etapa de fundamental importância é a entrevista com o possível chefe ou líder, com a missão de identificar o conhecimento técnico não verificado pelo profissional de Gestão de Pessoas. O possível chefe nesse momento conversa sobre as tarefas desenvolvidas em empregos anteriores analisando a experiência pregressa, postura já analisando o grupo e o processo de aculturamento desta nova mão de obra, atitudes voltadas a responsabilidade social e consequentemente integração com a equipe. Vale ressaltar que a diversidade de funções e experiências na vida pessoal não podem ser interpretadas como um insucesso e sim como aprendizagens importantes que trouxeram um amadurecimento ao candidato e que podem contribuir no processo de aculturamento e engajamento com a equipe. A responsabilidade da decisão final é da área que solicita a contratação, pois a chefia imediata conhece a função e pode adequar os requisitos do cargo à cultura organizacional. , 20 2.2.1 Fluxo do Processo de Recrutamento e Seleção O profissional de Recursos Humanos recebe o pedido de contratação de uma área solicitante. Nesse momento, é importante identificar inúmeras informações de ordem técnica e comportamental preenchendo os pré-requisitos da vaga. Nesse momento também é preciso ficar claro qual a denominação da vaga no Plano de Carreira e o salário oferecido pela empresa com os benefícios. Nesse momento é importante explorar todas as expectativas e informações possíveis para o preenchimento do anúncio da vaga, como por exemplo, a escolaridade, habilidades e atitudes esperadas do candidato no desempenho de suas funções. Também é necessário especificar o que será desenvolvido brevemente nas tarefas, o perfil da empresa e o segmento de atuação, além da localização. O anúncio poderá ser realizado internamente na empresa possibilitando aos funcionários internos participarem ou em jornais, sites e revistas abrindo também para novos colaboradores. O anúncio interno motiva os funcionários que pretendem crescer ou mudar de função, já o externo traz inovação e novos perfis para a empresa. Um problema a se administrar com novos colaboradores seria a motivação interna dos funcionários que não conseguiram participar do processo seletivo muitas vezes criticando a empresa pela falta de oportunidades e criando um clima organizacional ruim aos novos colaboradores. A gestão da insatisfação ou desmotivação pode ser tratada com clareza na definição do perfil e a explicação do motivo pelo qual não foi oportunizada internamente. Um excelente sistema de feedbacks auxilia muito a condução periódica de controle da contratação de novos colaboradores, pois pontua o que precisa ser aprimorado ou melhorado até que se atinja o perfil de novas vagas. Uma situação muito comum associada ao tema, seria a de um funcionário com anos de empresa não tendo a oportunidade de se tornar líder e para esse lugar tendo sido contratado um novo profissional de mercado. Muitas vezes o antigo colaborador se sente menosprezado criando problemas ao novo líder e ainda agindo de modo , 21 inadequado para seu crescimento. No processo de feedback teria ficado claro quais competências precisariam ter sido aprimorada para habilitar o funcionário ao cargo pretendido, inclusivo o que precisa ser realizado em termos de treinamento para atingir ao desenvolvimento almejado. As organizações buscam perfis empreendedores correlacionando talentos com as características individuais e influencia no meio em que atua, com personalidade focada na busca pelo crescimento e sucesso que realmente contribuirá com as metas e resultados organizacionais. Desafio ENADE O investimento na formação pode fazer diferença durante o processo de recrutamento e seleção. As situações são as mais diversas possíveis. Uma empresa de consultoria na área de recursos humanos, por exemplo, contratou um jovem de 20 anos, entre outros motivos, pelo fato de ele ter chegado à seleção brasileira juvenil de esgrima, mesmo tendo começado tarde no esporte, aos 17 anos. Em outro caso, uma empresa da construção civil, contratou uma engenheira que havia passado três anos em uma fazenda coletiva, onde se dedicava à jardinagem, à pesca e à ajuda aos moradores, superando todo tipo de adversidades em razão da falta de estrutura local. Há quem diga que um bom profissional é aquele que aprende algo mensurável todos os anos. Mas o que dizer de quem passa um ano morando em albergues na Europa, colhendo uvas na França ou trabalhando de garçom em Londres? E aquele que decide se inscrever nas fileiras de uma organização não-governamental? O que o mercado pensa disso? A resposta é: ele adora isso. FRANÇA, A. C. L. Práticas de Recursos Humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2009 (adaptado). Com base no texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. A dedicação à esgrima e a permanência em uma fazenda coletiva podem ser classificadas como formação alternativa. , 22 II. Embora as experiências descritas possam ser mensuradas, elas não agregam valor às funções profissionais. III. Certificados de curso de MBA ou de cursos de curta duração, cujos ganhos podem ser medidos, garantem maior qualificação profissional do que experiências pessoais exemplificadas no texto. É correto o que se afirma em A I, apenas. B III, apenas. C I e II, apenas. D II e III, apenas. E I, II e III. Resposta Correta: Alternativa A, I apenas. Toda experiência de vida é muito importante para o desempenho das tarefas no trabalho, trazem maturidade, diferentes olhares e principalmente a disposição para as adaptações e inovações diariamente enfrentadas pelas organizações. A alternativa II está incorreta, pois informa que outras experiências não agregam valor as funções profissionais contradizendo a alternativa I. A alternativa III está incorreta, pois a realização do curso por si só não garante a qualificação profissional, no processo seletivo é importante buscar todas as formas de verificar se o profissional tem realmente por meio de indicações e entrevistas técnicas as qualificações indicadas nos certificados de cursos de curta duração. 2.3 Treinamento e Desenvolvimento A atividade de Treinamento promove o desenvolvimento do profissional que deve estar alinhado às competências definidas pela empresa desde o ingresso do profissional, no caso, constando no anúncio da vaga e monitoradas periodicamente , 23 integrando processos de feedbacks do gestor (a partir das avaliações realizadas por estes) ou pares e subordinados a partir de seus desempenhos ou pesquisas internas (como por exemplo, a de clima organizacional). O Treinamento tem por missão elevar o grau de conhecimento, habilidades e atitudes dos colaboradores indo de encontro a missão institucional e ao cumprimento dos pré-requisitos para o cargo ocupado. Do ponto de vista Institucional, o Treinamento tem sua meta cumprida quando as avaliações posteriores à realização deste apresentam melhoras, por exemplo: o funcionário apresenta dificuldade de relacionamento com a equipe e partir desta identificaçãorealiza um treinamento cujo objetivo é promover o vínculo entre os colegas, se a próxima avaliação apresentar melhora nessa competência o treinamento foi efetivo, do contrário, precisaria de avaliar outro treinamento que desenvolvesse essa habilidade de relacionamento ou então o colaborador e a empresa devem buscar uma função que de certa forma não exija essa competência. As etapas de um treinamento são: Diagnóstico da Situação: corresponde ao levantamento das necessidades de treinamento a serem satisfeitas. Além dos métodos de levantamento de necessidades, existem indicadores que apontam necessidades futuras (a priori) e passadas (a posteriori), a saber: Indicadores a priori: são eventos que, se acontecerem, provocarão futuras necessidades de treinamento, como expansão da empresa/novos empregados, redução do número de empregados, mudanças de métodos e processos de trabalho, aquisição de novos equipamentos/sistemas operacionais etc.; Indicadores a posteriori: são os problemas provocados por necessidades de treinamento ainda não atendidas, como problemas de produção (baixa qualidade dos produtos, baixa produtividade etc.) e problemas de pessoal, como relações deficientes entre o pessoal, número excessivo de queixas, mau atendimento ao cliente etc. Entre os passos a serem seguidos no levantamento de necessidades, temos: , 24 1. Análise organizacional: diagnóstico organizacional verificando os aspectos da missão e visão e dos objetivos estratégicos da organização; 2. Análise dos recursos humanos: determinando quais os comportamentos, atitudes e competências necessárias ao alcance dos objetivos organizacionais; 3. Análise dos cargos: examinando os requisitos exigidos pelos cargos, especificações e mudanças nos cargos; 4. Análise do treinamento: objetivos a serem utilizados na avaliação do programa de treinamento. Quem faz o levantamento é o gestor da área de RH ou o profissional (consultor ou analista) responsável pelo T&D. A aprendizagem é a incorporação daquilo que foi instruído ao comportamento do indivíduo porque há uma relação de instrução e aprendizagem que é o pressuposto para a denominação de treinamento. 2.4 Avaliação de Desempenho É fundamental que o no mínimo anualmente sejam realizadas avaliações de desempenho do colaborador, é o momento no qual o líder ou superior imediato avaliam seus subordinados ou coordenados por meio de algum quesitos voltados ao perfil de suas vagas. A avaliação de desempenho leva em consideração questões de conhecimento que se refere a como tecnicamente o colaborador tem desempenhado suas atividades, mensurando seus cursos, participação em treinamentos que realmente o auxiliem a produzir melhor e com qualidade suas tarefas. Um exemplo seria o curso de aperfeiçoamento em línguas no caso de sua atividade abranger Inglês ou outra língua; curso de matemática financeira caso tenha de realizar cálculos; curso de ortografia ou gramática caso tenha de redigir textos ou até realizar apresentações, enfim cursos que corroborem com seu desempenho técnico. , 25 O segundo grupo de avaliação seriam voltados às habilidades como a de relacionamento em equipe, gestão de conflitos, empatia, senso de pertencimento, engajamento, pró-atividade que são percebidas na forma comportamental do colaborador no desempenho de suas tarefas. A terceira categoria e bem inovadora de avaliação associa as atitudes do colaborador em relação a trabalhos de voluntariado, propostas de ações comunitárias em prol da sociedade. Esta categoria passou a ter importância quando as empresas passaram a discutir e serem valorizadas por meio da responsabilidade social que envolve ética e sustentabilidade. Essa categoria tem foco na missão institucional e cria vínculos de confiança com consumidores e clientes no mercado. 2.5 Cultura Organizacional É o conjunto de valores e crenças compartilhado por todos os colaboradores da empresa, em que a companhia usa como base para alcançar seus objetivos. Quanto mais o funcionário compreende e absorve a cultura organizacional da empresa, melhor é a sua adaptação e seus resultados no ambiente de trabalho. Segundo Edgar Schein (1984), grande estudioso sobre o assunto, cultura é o conjunto de pressupostos básicos, valores e crenças podem ser descobertos ou desenvolvidos por um grupo para resolver problemas de adaptação interna ou externa e que funcionam bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como forma correta de perceber, pensar e agir em relação a esses problemas. Os elementos da cultura organizacional são representados por: pressupostos básicos: formado pelas ações do dia a dia que fazem parte do inconsciente coletivo; percepções; visão consensual do que é considerado verdade na organização como, por exemplo, comportamentos não permitidos (fumar no hospital ou laboratório) e que não combinam com o local de trabalho; , 26 valores compartilhados: que dão significado aos comportamentos por meio de ações sociais, crenças, objetivos comuns no âmbito social; artefatos: representados por estruturas; regras que indicam comportamento esperado, aceito e sancionado pelo grupo; procedimentos; Leis; comunicação escrita ou verbal. A Cultura representa uma linguagem escrita ou verbal de significados de como agir e se comportar na empresa (organização) ou grupo. Um bom exemplo para entender o conceito é pensar em tribo indígena, todos andam com ornamentos parecidos, trajes, tem o hábito de agir da mesma maneira, acreditam nos mesmos Deus e seguem a tradição de seus rituais religiosos. Outra cultura bem interessante é a dos Japoneses e em específico na forma como pensam e cuidam de bens comuns (praças, banheiros, parques, jardins) sempre com muito zelo e conservando o máximo possível para que todos possam aproveitar destes espaços. Os exemplos organizacionais falam por si só, por exemplo, os hospitais e laboratórios que são locais onde as pessoas se convalescem de alguma doença e precisam de silêncio, tranquilidade e há quadros sinalizando o pedido de silêncio. Nesse ambiente hospitalar, os colaboradores da área médica vestem branco e são facilmente identificáveis em meio ao grupo, precisam de fluência de movimentos dado as urgências e procedimentos que muitas vezes são exigidos em diferentes locais. O fórum também merece atenção pelo vestuário, postura e comportamentos exigidos enquanto se aguarda ou está em uma audiência, quando se dirige a um magistrado. O ambiente escolar também pressupõe respeito aos docentes, colegas, haja visto estarem todos com o propósito da aprendizagem e buscarem um objetivo comum que é a educação. A importância da cultura se fundamenta nos seguintes princípios: “Quanto mais forte for a Cultura Organizacional os valores centrais serão intensamente assumidos e compartilhados”... Sendo assim... , 27 “Quanto mais colaboradores aceitarem, maior será seu comprometimento e consequentemente se criará um ambiente interno de alto controle no atingimento dos resultados organizacionais”... 2.6 Clima Organizacional O estudo do termo clima organizacional tem como missão principal a compreensão das necessidades, preocupações e percepções dos colaboradores de determinada empresa. As percepções dos colaboradores de uma organização no que diz respeito ao seu ambiente de trabalho é fundamental para compreender o que está funcionando ou algo que precisa ser melhorado ou aprimorado para motivar e melhorar a produtividade organizacional. O clima organizacional sinaliza como o contexto do trabalho interfere no comportamento e nas atitudes das pessoas, envolvendo percepções compartilhadas entre os membros da organização, a partir das relações com suas políticas e práticas. Os fatores que norteiam a análise da satisfação ou não do colaborador para a empresa geralmentesão: comportamento e relacionamento com as Lideranças; controle e pressão no desenvolvimento das tarefas pelos colaboradores; suporte, treinamentos e apoio ao colaborador; clareza de funções; remuneração; autonomia, e; estrutura física. O procedimento de avaliação é bem simples, realizado por meio de um questionário, onde o colaborador (funcionário) responde as questões envolvendo os fatores acima mencionados e ainda escolhendo uma opção em relação ao seu grau de satisfação (insatisfeito, satisfeito, muito satisfeito, por exemplo). A organização a partir destas respostas realiza uma tabulação (concentração por grau de satisfação ou não por questão) elaborando um relatório para apresentação a Diretoria. De posse destes dados, a Diretoria analisa como tratar cada ponto tanto de satisfação como de insatisfação tratando esses pontos para que o colaborador veja a , 28 importância de sua informação e como são acolhidas as reivindicações nesta modalidade. Os resultados da análise com as ações propostas devem ser amplamente divulgados entre todos os colaboradores e periodicamente reportando seu andamento reconhecendo a importância da opinião dos colaboradores em relação aos fatores que influenciam o clima organizacional. REFERÊNCIAS INEP Instituto Nacional de Educação e Pesquisa. ENADE Administração 2018. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/educacao-superior/enade/provas-e- gabaritos>. Acesso em: 6 mar. 2020. SCHEIN, Edgard. Coming to a New Awareness of Organizational Culture. Sloan Management Review, Winter, 1984. about:blank about:blank , 29 3 PRINCÍPIOS, TEORIAS E SISTEMAS EM GESTÃO DE PESSOAS 3.1 Liderança A liderança pode ser definida como a capacidade de uma pessoa conduzir outra(s) a partir da identificação de princípios, mitos e crenças compartilhadas. Os líderes que melhor representam essa definição são personalidades religiosas concentrando o poder da palavra e da referência em uma pessoa reconhecida como um líder em um grupo. Os pastores e papas, como exemplo, são pessoas que conduzem grupos religiosos sendo vistos ou representados como fontes de inspiração e orientação na condução da vida de milhares de pessoas. A área política formada, por exemplo, pelo Presidente, Ministros e Chefes de Governos em geral, tem competências que reúnem conhecimentos, habilidades e atitudes que lhe conferem o poder de representação de um bairro, município, estado, país além de outros grupos específicos. Ao analisar a propaganda política observamos que o candidato apresenta suas propostas e características de modo a ganhar a confiança do eleitor e finalmente se eleger. Tanto os líderes religiosos como os políticos são excelentes exemplos do poder da argumentação, apresentação, influência, além de outras características que movimentam inúmeras pessoas na direção que eles orientam demonstrando forte capacidade na obtenção daquilo que almeja. A liderança, portanto, ocorre quando há a identificação de um indivíduo colocado em evidência que representa um grupo. Deste modo, um dirige ou indica o caminho e os demais seguem as orientações rumo a um propósito. No mundo organizacional, ou seja, na empresa o líder é a pessoa que estimula e motiva funcionários, auxilia seus colaboradores a se desenvolverem indicando aspectos a serem melhorados e exaltando pontos fortes, apoia situações emergentes , 30 desafiadoras além de cuidar do bem estar profissional do colaborador promovendo qualidade de vida (apoio e estímulo a realização de check-ups periódicos, monitoramento do horário de trabalho, incentivo a atividades de lazer e/ou esportes). Observa-se que o perfil do líder contemporâneo exige características técnicas que trazem sua experiência pregressa (anterior) com a gestão de pessoas ou trabalho em equipes de sucesso e principalmente suas habilidades e atitudes frente a forma e caminhos para atingir os resultados organizacionais promovendo um clima de motivação e saúde do grupo. Na década de 1980, muitas empresas contavam com um absenteísmo enorme por conta de licença saúde por stress, hipertensão e doenças cardíacas. Esse fato trouxe muito prejuízo para as organizações que tinham de pagar por funcionários substitutos além dos efetivos afastados além de perder todo investimento em treinamento, habilidade nas funções e aculturamento. Esse fato promoveu a preocupação com a qualidade de vida dos funcionários, aspecto fundamental para um equipe de alta performance. A questão da produtividade deve sempre estar alinhada a qualidade de vida, afinal nesta década de 1980 houve um aumento de pagamentos provocados não pelo aumento do processo produtivo e sim em função da necessidade de novas contratações a título de substituição de funcionários afastados por problemas de saúde. 3.2 Teoria dos Traços A Teoria dos Traços adota o pressuposto que o indivíduo nasce com traços na personalidade que o qualifica ou não para a liderança. Sob essa perspectiva não há como formar líderes, tendo em vista que os líderes já nascem com as qualificações necessárias para esse cargo. Somente indivíduos que tivessem alguns traços como físicos, intelectuais, sociais e direcionados para a tarefa poderiam ser considerados Líderes. , 31 Entre as características físicas a aparência, a estatura, a energia e força física seriam os traços mais marcantes. Já entre as características intelectuais destacam-se a adaptabilidade, o entusiasmo, a autoconfiança, a segurança e a inteligência. Em relação às características sociais do líder, se destacam aspectos como cooperação, habilidades de relacionamento e habilidades de organização. Por fim, no que tange a característica de traços orientados à tarefa estariam a força de vontade, persistência e a iniciativa em fazer algo. Embora saibamos hoje que essas características são importantes para a formação de um Líder, apenas elas não são garantia de que esse indivíduo realmente o seja e obtenha sucesso. 3.3 Teorias Comportamentais As teorias comportamentais se subdividem em Teoria dos estilos de Liderança e Teoria do Grid Gerencial. A Teoria dos estilos de Liderança abrangem perfis autocráticos, democráticos e liberais (em francês Laissez-faire). No estilo autocrático, o líder é extremamente centralizador de todas as ações do grupo ou equipe de trabalho, toma as decisões por conta própria sem consultar ninguém, define o quê, como e quando realizar as tarefas, cabendo a seus liderados apenas cumprir suas ordens sem a possibilidade de qualquer discussão. No estilo democrático, o Líder é mais aberto a participação do grupo ou equipe de trabalho. Esse Líder envolve os colaboradores nas tomadas de decisões e até incentiva essa participação. Os colaboradores recebem feedbacks (avaliações sobre o trabalho realizado) estando sempre bem informados sobre o andamento dos processos a que estão inseridos criando vínculos e senso de pertencimento que culminam no sucesso do trabalho. No estilo liberal (laissez-faire), o Líder quase nada influencia na condução do trabalho ficando a critério do colaborador o cumprimento e realização de suas tarefas. O líder não interfere nas decisões deixando os colaboradores a vontade para decidir o quê, como e quando realizar as tarefas. , 32 3.3.1 Teoria do Grid Gerencial Essa teoria foi proposta pelos pesquisadores Blake e Mouton (1964), da Universidade de Ohio, os quais planejaram e desenvolveram um programa de treinamento gerencial denominado Grid Gerencial (Managerial Grid). A base desse programa leva em conta o foco em pessoas e em tarefas para o desenvolvimento do líder. O líder com foco em pessoas dá ênfase: ao próprio funcionário ou grupo buscando a integração das relações humanas e desenvolvendo a capacidade do trabalho em equipe; em ouvir e prestar atençãonas falas e comportamentos de seus colaboradores, e; apoia seus colaboradores no desempenho e decisões de suas tarefas. O líder com foco em tarefas está voltado as questões administrativas como cumprimento de cronograma, aumento da produtividade com qualidade e redução de custos, monitoramento da concorrência, distribuição e acompanhamento de tarefas e responsabilidades individuais. Através do modelo de Blake e Mouton é possível observar o equilíbrio do Líder ao enfatiza pessoas ou tarefas mensurando graficamente essa proporção e, auxiliando na avaliação desse perfil de liderança. O Grid baseia-se no eixo x / y (pessoas e produção) com foco em cinco tipos chaves de liderança, quais sejam: – Liderança 1.1 – quase nenhuma atuação do líder com foco em sua manutenção no emprego. Dada sua pouquíssima atuação na liderança, não tem problemas com seus subordinados e tem baixa produtividade. Em relação as atitudes não assume responsabilidades e não exerce influência mínima em seus contatos. – Liderança 1.9 – bom envolvimento do líder no ambiente de trabalho, com foco no atendimento as necessidades com bastante compreensão da equipe. Dado sua postura acolhedora, geralmente tem boa aceitação entre seus subordinados, embora necessite desse retorno para se motivar. , 33 – Liderança 5.5 – ótimo envolvimento do líder no ambiente de trabalho, onde se faz sempre presente. Trabalha com foco no atendimento as questões sociais promovendo conflitos entre os objetivos organizacionais de produção e as necessidades individuais. A moral é dos fatores imprescindíveis no desenvolvimento do trabalho. – Liderança 9.1 – condução autoritária e rigorosa da equipe de trabalho. O líder adota rigorosos controles na produção e não faz nenhum ou pouco esforço na orientação de pessoas dando pouca atenção a conflitos, incentivo a criatividade e motivação dos colaboradores. A liderança é legitimada por meio do poder instituído hierarquicamente, ou seja, no papel de chefe exercendo autoridade para os demais obedecerem. – Liderança 9.9 – melhor perfil de liderança dado ao foco equilibrando nas pessoas e na produção. O líder é aberto para todo tipo de opinião, inclusive contrária a sua, é flexível na tomada de decisão, tem humildade para mudar seu posicionamento quando percebe que este não traduzirá em resultado esperado pelo grupo ou equipe de trabalho e para com o próprio sucesso da organização. Sempre reconhece esforços e contribuiu não apenas para o desenvolvimento pessoal, como também para o profissional dos colaboradores. Blake e Mouton (1964) acreditam que o melhor estilo de liderança é o que mais se aproxima do eixo 9.9, ou seja, saber alinhar os objetivos e necessidades tantos das pessoas quanto das organizações na busca pelos resultados para ambos os fatores. As teorias comportamentais foram baseadas nas atitudes dos indivíduos e não leva em conta o ambiente, o contexto onde esse Líder está inserido. Baseado nessa nova concepção surgiu então os primeiros estudos que apontavam para a preocupação com as contingências ou situações, surgindo então as teorias contingenciais. , 34 3.4 Teoria Contingencial ou Situacional A liderança contingencial também conhecida como situacional é baseada na abordagem contingencial que se concentra no comportamento dos seguidores (liderados), independentemente que o líder realize, a eficácia depende das ações de seus liderados. Segundo essa teoria o Líder mostra o caminho a ser percorrido para o atingimento das metas já estipuladas, os obstáculos a serem transpostos, o entendimento de todos para com a necessidade do atingimento desses objetivos, premiando o grupo ou equipe de trabalho sempre que essas metas são alcançadas. A liderança contingencial (situacional) foi criada por Kenneth Blanchard e Paul Hersey, sendo um instrumento que serve para auxiliar as pessoas a compartilhar expectativas em seu ambiente, permitindo-as tornarem pessoas responsáveis e auto motivadas. Líderes conscientes sabem que a essência da vida da empresa está nas pessoas, na sua capacidade de fazer acontecer, portando sua missão é despertar em seus liderados este senso de responsabilidade. Ainda sobre essa teoria, uma forte característica é a junção de dois fatores fundamentais para o sucesso de qualquer organização, a liderança e a motivação, sem estes é impossível alcançar o sucesso esperado (BERGAMINI, 1994). 3.5 Teorias da Motivação A motivação é um fator fundamental para a produtividade do colaborador, isto significa que quanto maior é a motivação maior é seu envolvimento com a tarefa e consequentemente a quantidade de entregas. Um exemplo clássico desta situação pode ser analisada em relação ao comportamento de um time de futebol. Se os jogadores entram em campo desmotivados, a torcida logo percebe que algo está errado e que o jogo não será ganho por falta de vontade, determinação, empenho fatores estes que representam de modo geral a motivação do time. , 35 Para que este fato não ocorra, o técnico precisa em vários momentos acompanhar a motivação do jogador tanto sob o ponto de vista individual como seu relacionamento com o grupo. Esse acompanhamento é o monitoramento da motivação. Muito resultados excelentes são obtidos a partir da motivação de equipes. A motivação também está associada a harmonização ou seja o relacionamento entre os colaboradores. Para haver harmonia em uma orquestra é necessário seguir o comando do maestro (líder) com o perfeito conhecimento de trabalho que precisa ser realizado e em qual momento, do contrário ficará ausente um instrumento ou ainda impactara na afinação da melodia. Assim devem funcionar as equipes, alinhadas, com confiança, inspiradas e comandadas por uma liderança próxima com gestão participativa e ainda que promova no nível individual ou em grupo a motivação para uma entrega com qualidade e agilidade. As teorias dos Dois Fatores e a da Motivação são tidas como as principais técnicas que impulsionam a motivação dos colaboradores. Seriam caminhos para compreensão do conceito de motivação para então utilizar dessas técnicas para desenvolvimento do grupo. 3.5.1 Teoria dos Dois Fatores: Higiênicos e Motivacionais Na visão de Frederick Herzberg as necessidades das pessoas se dividem entre se apresentar pessoalmente (“ser”) e demonstrar posse (“ter”). Há um conflito frequente entre o ser e o ter, confundindo valores e princípios morais como dar mais atenção em função do poder financeiro e não as pessoas independentemente de interesses. Esse conflito entre ter e o ser, interfere no comportamento e necessidades de motivação do indivíduo. As necessidades de ter são como uma obrigação organizacional, sobre as quais os gerentes pouco podem atuar. Há uma certa cobrança da necessidade de ter por parte do mundo capitalista, onde o grau de influencia das pessoas estão associadas ao dinheiro que se apresenta por meio de aparências. , 36 Frederick Herzberg (psicólogo e consultor americano, professor de Administração da Universidade de Utah) aprofundou seus estudos buscando uma a teoria que explicasse o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Os resultados da pesquisa concluíram que há dois fatores capazes de orientar o comportamento das pessoas no trabalho: os Fatores Higiênicos ou Extrínsecos e os Fatores Motivacionais ou Intrínsecos. Os fatores higiênicos ou fatores extrínsecos estão fora do controle das pessoas, dado seguirem regras e condições do local onde os colaboradores desempenham seus trabalhos. São condições e regras definidas pelas empresas, administrativas e decididas pela empresa. Os fatores higiênicos, nesta pesquisa, foram definidos como o salário, os benefícios sociais, tipo de liderança, condições de infraestrutura (mobiliários, iluminação, ventilação), manuais corporativos definindo políticase diretrizes da empresa, clima organizacional (relacionamentos entre pares, equipes e lideranças). Na concepção desta teoria, o trabalho é uma atividade desagradável e os fatores higiênicos são fundamentais para elevar a motivação e a produtividade do trabalhador. Os salários e incentivos são vistos como uma troca pelo trabalho realizado e quanto mais satisfatório no ponto de vista do colaborador mais motivado ele fica para o trabalho. O resultado da pesquisa também alertou para o fato de quanto esses fatores evitam a insatisfação dos empregados, mas não conseguem manter a motivação por muito tempo. Por conta desta influência, focada na insatisfação que o autor (Herzberg) denominou como fatores higiênicos, por evitarem a insatisfação, mas sem provocarem a satisfação. Os fatores motivacionais ou fatores intrínsecos estão relacionados com o poder da imagem como o cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Esses fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Estão atrelados aos sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e autorrealização. , 37 A motivação aumenta a partir do momento que o indivíduo percebe sua importância e influência no trabalho. Ao passo que o desinteresse, falta de estímulo, apatia causa um efeito de desmotivação. A motivação tem um efeito excelente nos colaboradores, se tornando mais produtivos, participativos, criando vínculos e tendo suas necessidades pessoais satisfeitas, ao passo que sua ausência desses fatores que influenciam a motivação causam a insatisfação. De acordo com o autor da pesquisa Herzberg os fatores abrangem a autonomia do profissional, delegação de responsabilidades, promoção, incentivo as habilidades pessoais (relacionamento, gestão de pessoas, concentração, etc.), estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles, simplificação do cargo (pelo próprio ocupante), ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). A Teoria dos dois fatores justifica os fatores motivacionais com a satisfação no cargo, função, tarefas e atividades desafiadoras e estimulantes. Atribui a culpa pela insatisfação dos colaboradores aos fatores higiênicos representados pela infraestrutura, ambiente organizacional, políticas organizacionais, salários etc. Quadro Resumo: Fatores que levam a satisfação e insatisfação Fatores que levam a insatisfação Fatores que levam a satisfação Política da Empresa Crescimento Condições do Ambiente de Trabalho Desenvolvimento Relacionamento com outros funcionários Responsabilidade Segurança Reconhecimento Salário Realização Fonte: adaptado de Herzberg (1973; 1997) 3.5.2 Teoria de Maslow A teoria de Maslow é muito utilizada na compreensão dos fatores que trabalham a motivação dos colaboradores. A organização das necessidades se , 38 fundamenta como o desenho de uma pirâmide que se inicia com as questões básicas de sobrevivência até o maior grau de satisfação humana que é a autorrealização. Essa teoria auxilia a liderança a entender quais fatores influenciam na motivação do indivíduo para que se adotem técnicas melhorando a sua produtividade, por exemplo, se o emprego não permitir horário de almoço ou refeição, certamente o funcionário não ficará motivado. Outra questão é o medo da instabilidade, ou perda do emprego que deixa os colaboradores receosos e inseguros quanto a sua sobrevivência influenciando também sua motivação. O comportamento humano, neste contexto, foi objeto de análise pelo próprio Frederich Taylor (estudioso responsável por uma das primeiras teorias da Administração – Tempos e Movimentos), quando enunciava os princípios da Administração Científica. A diferença entre Taylor e Maslow é que o primeiro somente enxergou as necessidades básicas como elemento motivacional, enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente única e exclusivamente necessidade financeira. Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, em cuja base estão as necessidades fisiológicas ou básicas para a sobrevivência e no topo, as necessidades mais elevadas como as necessidades de autorrealização. A pirâmide de necessidades proposta por Maslow contempla 5 níveis hierárquicos, quais sejam: Atender as necessidades básicas ou fisiológicas; Atender as necessidades de segurança; Atender as necessidades Sociais ou de associação; Atender as necessidades de Status ou Autoestima; Atender as necessidades de Autorrealização. Nesse contexto, seguem as explicações de cada nível da pirâmide, a saber: , 39 1 – Necessidades fisiológicas: são aquelas sem as quais o corpo biologicamente morre como respirar, comer, descansar, beber, dormir etc. 2 – Necessidades de segurança: estão vinculadas a sentir-se seguros, fora de perigo, como a manutenção do emprego, cuidados em caso de problema de saúde. 3 – Necessidades sociais: referem-se às relações humanas com sentimentos e pertencimento a um grupo, clube, dar e receber carinho e afeto dos familiares, amigos e pares. 4 – Necessidades de estima: é a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros, com prestígio e reconhecimento, poder, orgulho etc. 5 – Necessidades de autorrealização: referem-se ao aproveitamento de todo o potencial próprio, ser aquilo que se pode ser, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de conseguir. Relaciona-se com as necessidades de estima: a autonomia, a independência e o autocontrole. Conforme verificamos existem alguns aspectos a se considerar sobre a hierarquia de necessidades de Maslow, que enumeramos a seguir: Para alcançar uma nova etapa, a anterior deve estar satisfeita, ao menos parcialmente. Isto se dá uma vez que, quando uma etapa está satisfeita ela deixa de ser o elemento motivador do comportamento do ser, fazendo com que outra necessidade tenha destaque como motivação. Os 4 primeiros níveis destas necessidades podem ser satisfeitos por aspectos extrínsecos (externos) ao ser humano, e não apenas por sua vontade. A necessidade de autorrealização nunca é saciada, ou seja, quanto mais se sacia, mais a necessidade aumenta. Acredita-se que as necessidades fisiológicas já nascem com o indivíduo. As outras mostradas no esquema acima se adquirem com o tempo. , 40 As necessidades primárias, ou básicas, se satisfazem mais rapidamente que as necessidades secundárias, ou superiores. O indivíduo será sempre motivado pelas necessidades que se apresentarem mais importantes para ele. Os críticos da Teoria da Motivação proposta por Maslow afirmam que nem todas as pessoas são iguais e, por isso, um aspecto que se mostra como uma necessidade para uma pessoa, pode não ser para outra. Outras críticas dão conta de que esta teoria analisa o desenvolvimento das pessoas, mas não considera em nenhum momento o incentivo dado pela organização. Há quem diga, também, que Maslow contemplou as necessidades do indivíduo em uma ordem muito rígida, sem a possibilidade de inversão ou troca de necessidades. Mas nenhuma destas críticas descaracteriza a teoria ou a torna menos atual que as demais, apenas nasce de algumas confusões que são feitas com a definição de “necessidade”, muitas vezes confundida com “desejo” ou “vontade”. 3.6 Sistemas de remuneração e de benefícios Antigamente, dentre as subáreas de Recursos Humanos a denominada Departamento Pessoal era responsável pelo pagamento dos salários, benefícios (13º salário, férias, vale transporte, vale alimentação, assistência médica) e recolhimento de impostos relacionados ao tema (INSS, Imposto de Renda, dentre outros). Com o passar do tempo o processo foi mudando de salário fixo para uma parte fixae outra variável e até para totalmente variável. A questão da forma de remuneração precisa estar de acordo com as expectativas da organização (empresa) e também do seu colaborador (funcionário). A remuneração é composta por: Remuneração Básica: salário mensal ou por hora; Incentivos Salariais: bônus, participação nos resultados; Benefícios: seguro de vida, plano de saúde, refeições etc. , 41 Remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou recompensas dadas aos colaboradores e que são decorrentes do emprego. Os colaboradores trabalham e têm a expectativa da recompensa por este esforço. As recompensas podem ser: Recompensas Financeiras: salário, prêmios, comissões, gratificações, horas extras, 13º salário, bônus dentre outras. Recompensas Não Financeiras: oportunidade de desenvolvimento, reconhecimento profissional, autoestima, qualidade de vida no trabalho, orgulho da empresa e do trabalho, promoções, liberdade e autonomia no trabalho. Dessa forma, a remuneração abrange tudo quanto o colaborador alcança em consequência do trabalho que realiza em uma organização. Já as recompensas não financeiras, oferecidas pelas organizações, afetam a satisfação das pessoas com o sistema de remuneração. Assim, podemos afirmar que não é somente a remuneração que motiva os colaboradores na empresa. No caso das organizações, nada melhor, como exemplo, do que observarmos como fica claro comprovar esse tipo de motivação, quando o funcionário atua em uma função que lhe permite autorrealização, proporcionando dessa forma a elevação de sua autoestima. Quando isso acontece, a sua eficiência é comprovada e produz resultados, os quais superam a expectativa da empresa. Ninguém motiva ninguém. A competência gerencial está em criar condições e influenciá-las para os colaboradores estarem motivados. Para que seja possível um ambiente motivador, pessoas integradas e produtivas nas organizações, é imprescindível um plano com critérios adequados de Gestão de Pessoas. Com base nesse contexto, a revista Melhor Gestão de Pessoas (edição de março, 2008) realizou uma pesquisa que auxilia no fornecimento de dados relevantes sobre remuneração. Alinhar a estratégia de remuneração total com a estratégia do , 42 negócio foi um dos desafios críticos citados por 70% das 98 empresas da América Latina ouvidas na pesquisa instantânea de remuneração total. Outros desafios foram: atrair e reter o talento certo (85%), engajar empregados (70%) e manter os custos disponíveis e sustentáveis de remuneração total (67%). 3.7 Programas de Benefícios e Incentivo Os Programas de Benefícios e Incentivos são formas complementares aos salários para motivar os colaboradores para o alcance de suas metas e resultados. Os benefícios e incentivos são fatores que incrementam a relação entre a organização e as pessoas por conta de se sentirem apoiadas e acolhidas em diferentes modos, como, por exemplo, o auxílio ao plano de saúde. Atualmente, a saúde pública não supre todas as necessidades da família e consequentemente o benefício do Plano de Saúde ajuda nesse problema. O colaborador sente o apoio e a preocupação da empresa quando esta providencia e subsidia o Plano de Saúde se sentindo motivado para o desempenho de suas tarefas. Muitos profissionais quando da opção de escolha por emprego, preferem os que provém maiores benefícios e incentivos além do sistema de remuneração. O sistema de benefícios e incentivos deve complementar a remuneração e se fundamentam em planos de bonificação anual, distribuição de ações, remuneração por competências e participação nos lucros. A escolha do método mais adequado depende diretamente das necessidades da organização e das pessoas. (CHIAVENATO, 2014). A remuneração não visa apenas recompensar pessoas, mas apoia-las na condução do seu dia a dia. Os benefícios representam vantagens concedidas pelas empresas a título, de pagamento adicional dos salários aos seus colaboradores. Os benefícios podem ser classificados sob diversas maneiras: quanto à sua exigibilidade legal podem ser legais ou espontâneos; quanto à sua natureza podem ser monetários; quanto aos seus objetivos podem ser assistenciais, recreativos e , 43 supletivos. Os planos de benefícios e serviços sociais visam a satisfazer vários objetivos individuais, econômicos e sociais. No ano de 2017, o Brasil passou pela Reforma Trabalhista, representada por uma mudança significativa na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) instrumentalizada pela lei № 13.467 de 2017. Segundo o governo, o objetivo da reforma foi combater o desemprego e a crise econômica no país, que teve início em 2014. O cenário passou a ter importantes mudanças na relação patronal (empregado e empregador) e uma das principais foi o enfraquecimento dos Sindicatos. Os Sindicatos eram associações que lutavam pelos direitos dos empregados frente aos empregadores. Os sindicatos eram mantidos pela cobrança anual de um valor descontado pelas empresas na Folha de Pagamento. A Reforma Trabalhista rediscutiu a obrigatoriedade do desconto, permitindo que este fosse feito com autorização prévia do funcionário. Com esta mudança, os Sindicatos passam a não contar mais com os mesmos valores e enfrentam sérios problemas financeiros enfraquecendo também sua atuação nas lutas de classe. REFERÊNCIAS BERGAMINI, Cecília Whitaker. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 2009. BLAKE, Robert; MOUTON, Jane. O Grid Gerencial III. São Paulo: Pioneira, 1995. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Barueri: Manole, 2014. HERZBERG, Frederick. O conceito de higiene como motivação e os problemas do potencial humano no trabalho. In: HAMPTON, David R. Conceitos de comportamento na administração. São Paulo: EPU, 1973. p. 53-62. HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores de Empresas. Epu, p.187. , 44 HERZBERG, Frederick. Mais uma vez: como motivar seus funcionários. In: HARVARD BUSINESS SCHOOL PRESS (Org.). Gestão de pessoas, não de pessoal: os melhores métodos de motivação e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 55-81. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. , 45 4 GESTÃO DE PESSOAS SOB A ÓTICA INOVADORA 4.1 Tendências da Gestão de Pessoas É certo que ao longo do tempo o trabalhador era visto como um verdadeiro recurso humano do ponto de vista físico (força) que vem evoluindo para uma discussão do capital intelectual após a entrada da tecnologia (transformação da força pela máquina). Cada vez mais se buscam profissionais que apliquem o conhecimento na prática, sabendo fazer uma determinada atividade ou tarefa de modo inovador, empreendedor e rentável. Algumas empresas de tecnologia, por exemplo, a Google e a Microsoft que atuam na área de produção de computadores, sistemas e aplicativos já fazem o recrutamento e a seleção de seus profissionais por meio de entrevistas que verificam o conhecimento limitado a um determinado tipo de linguagem de programação. Antigamente, contratavam profissionais mais generalistas em programação sem a especificação da linguagem, no entanto com o desenvolvimento de novos aplicativos e a própria necessidade de mercado se buscam profissionais que possam rapidamente absorver as tarefas sem muito investimento inicial em treinamento e que ainda desenvolvam melhor a forma de como a atividade era realizada até o momento. Daniel Goleman, autor de famosos livros sobre inteligência emocional, como: Hard Skills: conhecimentos adquiridos em cursos superiores, mini cursos, palestras e discussões técnicas que destaquem a atualização técnica. Soft Skills: habilidades sócio comportamentais, ligadas a
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