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Serviço Social na Contemporaneidade

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SERVIÇO SOCIAL E O DEBATE 
CONTEMPORÂNEO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Cleci Elisa Albiero 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Esta aula pertence a um debate que se faz presente e necessário para 
refletirmos e problematizarmos o serviço social no contexto da sociedade 
capitalista e suas transformações na contemporaneidade. 
O principal objetivo desta aula é a compreensão e o entendimento crítico 
sobre o debate contemporâneo em torno das demandas à prática profissional e 
à produção de conhecimento na área social, um tema instigante e necessário 
para compreendermos quais são as novas e as atuais demandas presentes no 
trabalho profissional do assistente social na contemporaneidade, em face de 
tantas mudanças por que passa nossa sociedade, sejam elas econômicas, 
políticas, sociais, ambientais e culturais. Trata-se de um momento de profundas 
reflexões e debates para entendermos em que contexto a profissão se insere 
nesse cenário. 
Tratamos também da produção do conhecimento na área social, 
alinhado com o processo de trabalho profissional, os espaços 
sócio-ocupacionais, o papel da pesquisa e o processo investigativo da 
profissão. 
Para início de nossa conversa, vamos estudar o seguinte tópico: o 
serviço social na contemporaneidade – o debate teórico, as tendências do 
debate profissional, demandas profissionais contemporâneas, a produção do 
conhecimento e a pesquisa. Nossas abordagens e discussões compreenderão 
aspectos teóricos e exemplos práticos, de modo a orientar você, aluno, de 
forma mais precisa em relação à apreensão do conteúdo. 
TEMA 1 – O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE 
É importante iniciarmos nossos estudos entendendo o que significa o 
termo contemporaneidade. O Dicionário on-line de Língua Portuguesa define 
contemporaneidade como “Característica, particularidade ou estado de ser 
contemporâneo; qualidade de existir ao mesmo tempo; coexistência. O que 
acontece na época presente” (Dicio, 2009). 
O debate teórico metodológico no serviço social no contexto da 
contemporaneidade explicita a necessidade de “romper com uma visão 
endógena da profissão, focalista, uma visão de dentro do serviço social 
prisioneira em seus muros internos (Iamamoto, 1998, p. 20). 
 
 
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Essa provocação de Iamamoto (1998) nos leva a alargar os horizontes 
sobre a profissão, extrapolar o imediato, ao que está posto e definido, sair do 
discurso simplista e aprofundar nossa prática, captando as mediações com os 
pressupostos da profissão e requalificando o fazer profissional, identificando 
suas particularidades e avançando em novas propostas de ação e intervenção 
profissional. 
A realidade sócio-histórica da sociedade está posta, em constante 
movimento, modificando-se e transformando-se cotidianamente. A isso a teoria 
social crítica de Marx chama de movimento dialético. Nesse contexto, um dos 
desafios postos ao serviço social tem sido a capacidade de “decifrar a 
realidade e construir propostas de trabalhos criativas e capazes de preservar e 
efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano” (Iamamoto, 
1998, p. 20). 
Nessa perspectiva, demanda-se um profissional não somente executivo, 
porém propositivo e criativo com competência profissional, rompendo com a 
burocracia e o trabalho rotineiro e avançando para outros espaços, além 
daqueles que são tradicionalmente de competência do serviço social. 
Nesse contexto, Iamamoto (1998) destaca amplamente o debate do 
serviço social na contemporaneidade, propondo elementos para que pensemos 
o serviço social além de um título formal. Diz a autora (Iamamoto, 1998, p. 49) 
O serviço social na contemporaneidade [...] sintetiza o desafio de 
decifrar novos os tempos para que dele se possa ser contemporâneo. 
Exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua 
competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, 
pesquisa e decifra a realidade. Alimentado por uma atitude 
investigativa, o exercício profissional cotidiano tem ampliado as 
possibilidades de vislumbrar novas alternativas de trabalho nesse 
momento de profundas alterações na vida em sociedade. 
Portanto, devemos pensar o serviço social como uma profissão inserida 
na divisão sócio-técnica do trabalho coletivo e que desenvolve um tipo de 
trabalho qualificado, na esfera da formulação, execução e gestão de políticas, 
programas e projetos. Trata-se, portanto, de uma profissão regulamentada e 
que dispõe de um Código de Ética Profissional do Assistente Social (1993), a 
Lei que Regulamenta a Profissão. Lei n. 8.662/1993, e as diretrizes curriculares 
norteadoras da formação acadêmica para o serviço social (ABESS/ CEDEPSS, 
1996), elementos que constituem o projeto ético-político do serviço social, 
direcionador do trabalho e dos rumos da categoria profissional. 
 
 
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Por fim, ressalta-se, como nos coloca Iamamoto (2009a), que o serviço 
social brasileiro contemporâneo possui uma direção social e uma luta pela 
afirmação dos direitos de cidadania, que reconhece as efetivas necessidades e 
interesses dos sujeitos sociais, fundamental como parte do processo de 
acumulação de forças em direção a um desenvolvimento social inclusivo para 
os indivíduos sociais. 
TEMA 2 – AS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS DO SERVIÇO SOCIAL 
Para pensar as demandas profissionais do serviço social na 
contemporaneidade, faz-se necessário pensarmos sobre a questão social e 
suas expressões na sociedade capitalista em vigência. Assim, conceitua-se 
questão social como 
o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade 
capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção é cada vez 
mais coletiva, o trabalho torna-se amplamente social e, enquanto a 
apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por 
uma parte da sociedade (Iamamoto, 1998, p. 27). 
Nesse contexto, devem-se pensar as demandas que chegam ao 
profissional de serviço social como novas possibilidades de trabalho que se 
apresentam e precisam ser decifradas e desenvolvidas pelos profissionais; 
novas formas de contratação e inserção no mercado de trabalho; espaços de 
atuação profissional que até então eram desconhecidos ou inexistentes e 
passam a surgir como oferta de trabalho ao serviço social. 
Dentre esses espaços, podemos elencar os seguintes elementos: 
atuação do assistente social em assessorias e consultorias e nas políticas e 
projetos na área ambientais; atuação nos clubes de futebol; organizações da 
sociedade civil; visualiza-se também cada vez mais a presença de profissionais 
de serviços social requisitados a atuarem na operacionalização e na gestão de 
políticas sociais. 
Esses espaços de atuação também são permeados de adversidades 
com as quais os profissionais se deparam cotidianamente, como falta de 
recursos materiais, falta de profissionais para atender às demandas, recursos 
financeiros insuficientes e espaços físicos precarizados para atender os 
usuários dos serviços sociais oferecidos pelas instituições. As incidências do 
trabalho profissional na sociedade não dependem apenas da atuação do 
 
 
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profissional de forma isolada, “mas do conjunto das relações e condições 
sociais por meio das quais ele se realiza”. (Iamamoto, 2009a, p. 5) 
Nesse contexto, Netto (1996) adverte para o fato de que as exigências 
do mercado de trabalho estarão balizando o debate do serviço social no futuro, 
fazendo com que os segmentos, que atenderem melhor às exigências no 
interior da profissão possam promover mudanças na cultura profissional e até 
reverter a direção social estratégica posta até aqui. 
Por fim, diante ao exposto, pode-se constatar que o serviço social é uma 
profissão inserida no contexto sócio-histórico da sociedade, portanto é preciso 
acompanhar o movimento da sociedade e visualizar novas possibilidades de 
atuação e intervenção sobre uma realidade social concreta e em constante 
transformação. (Suguihiro,et al, 2009, p. 5) 
Saiba mais 
Para saber mais sobre o tema em estudo, leia o texto disponível no link 
a seguir: 
PEREIRA, P. A. P. Desafios e demandas contemporâneas para o 
serviço social. Ser Social, Brasília, n. 19, p. 11-29, jul.-dez. 2006. Disponível 
em: 
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/7273/1/ARTIGO_DesafiosDemandas
Contemporaneas.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
TEMA 3 – A PESQUISA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA 
CONTEMPORANEIDADE 
As transformações por que vem passando a sociedade nas últimas 
décadas e até séculos nos levam a repensar as pesquisas e as produções de 
conhecimento no serviço social, como profissão de gênese interventiva e 
executiva e que tem no processo investigativo critico sua linha de produção de 
conhecimento e pesquisa. 
Segundo José Filho (2009) com base em Iamamoto (2001), o assistente 
social, diante das determinações da atualidade, assume o perfil de um 
profissional comprometido com os valores democráticos, na incessante luta 
pela efetivação da cidadania e dignidade da vida humana. Dessa forma, as 
profundas mudanças no mundo do trabalho nos levam também a repensar a 
 
 
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formação profissional. É por meio da pesquisa que surge a possibilidade de um 
encurtamento e superação da dicotomia entre teoria e prática, capaz de 
proporcionar recursos para a apreensão dos processos da vida social que 
permita vislumbrar possibilidades de interferência nesses processos. 
Nesse contexto, segundo Moraes (2017, p. 396), 
A pesquisa deve ser entendida como constitutiva do trabalho 
profissional, visto que assume papel importante para o 
posicionamento ético e estratégico na construção de ações 
profissionais críticas e qualificadas na prestação dos serviços à 
população. Ações que devem ser pautadas na análise dos processos 
sociais e dos desafios ciclicamente redesenhados na agenda das 
políticas sociais e do trabalho profissional. 
Segundo Yazbek (2009), as expressivas transformações que ocorrem 
nas relações sociais levam à necessidade de se repensarem tanto os 
processos interventivos da ação profissional quanto a formação no contexto de 
novas demandas e requisições do mercado de trabalho. 
Esse contexto nos leva a refletir sobre a pesquisa no serviço social de 
forma ainda mais presente e necessária para a intervenção profissional, pois, 
com a aceleração das mudanças na sociedade contemporâneas, “velhas 
práticas” precisam ser repensadas com novas pesquisas e atualizadas 
produções no serviço social. Novos cenários e novas expressões da questão 
social, matéria-prima da intervenção profissional do assistente social e também 
elemento base das pesquisas profissionais, ganham contornos até então não 
considerados. 
Elementos de intervenção profissional e também de pesquisa podem ser 
descritos, segundo Yazbek (2009), como é o caso do aumento da exploração 
do trabalho feminino, a violência urbana, a precarização e vulnerabilidade do 
trabalho, questões de gênero e raça, envelhecimento sem recursos para 
subsistência, entre tantos outros temas já descritos nesta aula que fazem parte 
do trabalho profissional e adquirem novas nuanças na contemporaneidade. 
(José Filho, 2009). 
Por fim, a prática da pesquisa também é uma prática política, pois 
mantém “um elo com uma realidade em constante movimento, descortina um 
leque de possibilidades reflexivas no interior da categoria profissional para 
construção de estratégias coletivas de superação da situação analisada”. 
(Moraes, 2017, p. 397). Nesse contexto, realimenta novas aproximações, 
sucessivas reflexões e problematizações na produção do conhecimento. 
 
 
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TEMA 4 – O TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO ASSISTENTE SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE 
 Discutir interdisciplinaridade no trabalho profissional no contexto do tema 
da contemporaneidade nos leva a refletir que o serviço social não está sozinho 
nos espaços socioinstitucionais. Faz-se necessário, neste momento de 
expressivas mudanças no mundo do trabalho e da atuação profissional, 
conhecer e apreender de que forma o trabalho profissional pode ser mais bem 
desenvolvido na perspectiva da interdisciplinaridade. 
Quando falamos em interdisciplinaridade, logo nos vem à mente o 
trabalho com várias áreas do conhecimento e de atuação profissional. Dessa 
forma, a interdisciplinaridade não pode ser apenas um conceito, mas sim uma 
metodologia de intervenção profissional. 
Por se tratar de um conceito relativamente novo, muitos profissionais 
demonstram dificuldades para atuar de forma interdisciplinar. Assim, 
precisamos entender o que significa interdisciplinaridade, pois trabalhar na 
perspectiva interdisciplinar reforça a necessidade de “superação da natureza 
reducionista dos conhecimentos” (Rodrigues, 2019, p. 46) 
Entender conceitualmente o que significa interdisciplinar nos dá a 
apreensão de como podemos atuar dessa forma. Segundo Rodrigues (2019, p. 
46)., o prefixo inter deriva da preposição entre e “significa mediação que 
envolve sempre um processo de interação”. É importante entendermos também 
o conceito de interdisciplinaridade e como o serviço social pode atuar de forma 
interdisciplinar, pois nos dará a dimensão desse debate no trabalho 
profissional. Assim, 
A interdisciplinaridade surge de uma necessidade humana como 
consequência da renovação dos conhecimentos, estratégias de 
comunicação na articulação de saberes, e até mesmo como uma 
forma para enfrentar a fragilidade social derivada da preponderância 
do capital e da subserviência do Estado. Procura romper com os 
paradigmas absolutistas da verdade que dominaram os últimos 
séculos (de XVII e XX). Não surge isoladamente e integra um 
movimento de renovação das ciências como resposta necessária 
para melhor compreender a realidade social e as mudanças 
epistemológicas contemporâneas. (Moraes, 2015, coitado por 
Rodrigues, 2019, p. 47). 
 
 
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Com base nesse conceito, podemos entender as transformações que 
tanto a sociedade contemporânea quanto a pratica profissional do assistente 
social vêm atravessando neste século XXI, da necessidade e importância de 
atuar com as demais áreas do conhecimento numa “postura política-ideológica 
vinculada ao processo de conscientização e organização” com as demandas 
profissionais. (Marques; Ramalho, 2000, p. 69) 
Por fim, o trabalho interdisciplinar e a produção do conhecimento no 
serviço social geraram interlocução entre pesquisadores da área e aqueles 
provindos de outros saberes, o que ampliou a interlocução interdisciplinar, 
fazendo que, com isso, surgissem novas perspectivas de análise da realidade 
vigente (Sposati, 2007). 
TEMA 5 – A PRÁTICA PROFISSIONAL E OS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO 
Os espaços de atuação profissional e as demandas que chegam ao 
profissional de serviço social na contemporaneidade vêm sofrendo 
modificações consubstanciadas. Segundo Mota (2014, p. 695) 
o serviço social brasileiro vive, processualmente, metamorfoses/ 
alterações que se relacionam de forma mediata ou imediata com os 
rumos da realidade, determinada pelas profundas transformações 
produzidas pelo capitalismo, quer pelas mudanças na formação da 
sociabilidade das classes, ambos mediando a intervenção do Estado. 
Essas mudanças no modo de produção capitalista e nas relações sociais 
provocam consubstancialmente a surgimento de novos espaços de atuação 
profissional e, ao mesmo tempo, o desaparecimento de outros, considerados 
tradicionais na profissão. Isso provoca na categoria profissional a busca por 
novos conhecimentos e aportes teóricos, metodológicos, ético-políticos e 
técnico-operativos para adentrar nesses espaços considerados novos. 
Mesmo os espaços de intervenção profissional considerados tradicionais 
pela categoria profissional buscam novas abordagens, releituras das demandas 
e dos processos institucionais, com a necessidade preeminente de novas 
pesquisas e produções com base teórico-metodológica fundamentados nacriticidade sócio-histórica da realidade, pois sofrem mudanças e 
reconfigurações de demandas, tanto dos usuários quanto das políticas sociais 
e até mesmo das instituições. 
 
 
 
9 
5.1 Os novos e os não tão novos espaços de intervenção profissional 
O trabalho profissional do assistente social, cada vez mais, vem sendo 
direcionado a um fim, como respostas as necessidades sociais, materiais e 
espirituais de segmentos das classes subalternas na singularidade de suas 
vidas: indivíduos e suas famílias, grupos e segmentos específicos, na 
mobilização e organização popular (Iamamoto, 2009a) 
 Essas mudanças podem ser percebidas, por exemplo, na esfera da 
saúde, com a expressiva expansão dos planos privados de saúde, pronto 
atendimento, em programas de prevenção e promoção da saúde, saúde do 
idoso, saúde da mulher, entre outros. 
No campo da política da assistência social, ampliam-se os planos na 
esfera dos atendimentos por meio dos programas e projetos como também na 
esfera da gestão de políticas, programas e indicadores sociais. 
Segundo Mota (2014, p. 687), novos espaços também vêm se dando 
também na área sócio-jurídica, “envolvendo o Judiciário nos casos de medidas 
socioeducativas, mediação de conflitos e violação de direitos”. Nesse debate, 
vale ressaltar a criação e organização dos Conselhos da Comunicação criados 
com base na Lei de Execução Penal, Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984, que 
estabelece a participação de profissionais de serviço social na equipe que 
desenvolve o trabalho na reinserção dos detentos ao convívio social (Brasil, 
1984). 
Nesse cenário, a intervenção do profissional de serviço social vem se 
dando ativamente em ações e intervenção relacionadas às questões urbanas, 
de modo mais especifico em relação à mobilidade urbana e à moradia popular, 
como também em programas de habitação popular. Nesse contexto, a área 
socioambiental ganha visibilidade e protagonismo, com programas e projetos 
relacionados ao tema da sustentabilidade e educação ambiental vinculados 
diretamente a grandes empresas. 
A esfera da educação apresenta demandas socioeducativas e tem como 
objetivo o trabalho com as expressões da questão social relacionadas à 
violência, a discriminações de raça, gênero, sexo e etnia e também às políticas 
de apoio ao estudante ou assistência estudantil. 
Vale destacar ainda o aumento da participação das organizações da 
sociedade civil no contexto do terceiro setor, voltado principalmente para o 
 
 
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desenvolvimento social, que daria origem ao que Iamamoto (2009b, p. 29) 
considera “uma esfera pública não estatal, constituída por organizações da 
sociedade civil de interesse público”. 
Essas organizações abarcam programas e projetos vinculados às 
políticas sociais estruturadas em todas as esferas das políticas públicas. 
Segundo Mota (2014), esses programas e projetos são desenvolvidos por 
ONGs e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e 
fundações de direito privado, mediados pelas parcerias público-privados e que, 
na operacionalização destes programas e projetos, contratam profissionais de 
serviço social. (Montano, 2002, citado por Iamamoto, 2009b) 
Na cena contemporânea, vale destacar também os espaços de 
assessoria e consultoria aos movimentos sociais, sindicatos rurais e urbanos, 
espaços que não são tão novos, porém apresentam novas configurações, 
como também o trabalho de assessoria à formulação e à execução de políticas 
e programas. 
 Relaciona-se aqui uma ampla expansão dos espaços profissionais de 
inserção no “ensino superior público ou privado, vindo a constituir uma nova 
geração de professores e pesquisadores em Serviço Social” (Mota, 2014, p. 
698) para atuar tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância nos 
cursos de graduação e pós-graduação, programas e projetos de extensão, 
coordenação de cursos e unidades de ensino. 
Por fim, vale ressaltar que o contexto descrito neste ponto necessita de 
novos estudos, pesquisas e produção do conhecimento para consolidar o 
significado do serviço social como uma especialização do profissional na 
sociedade em tela, inscrita na divisão social e técnica do trabalho social, cujas 
sistematizações e análises subsidiem e instrumentalizem a formação e o 
exercício profissional na contemporaneidade (Iamamoto, 2007, citado por Mota, 
2014, p. 699). 
Saiba mais 
Acesse o link a seguir e leia o texto da professora Ana Elizabete Mota e 
saiba mais sobre o conteúdo estudado: 
MOTA, A. E. Espaços ocupacionais e dimensões políticas da prática 
profissional. Revista Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n. 120, p. 694-
 
 
11 
705, out./dez. 2014. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n120/06.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
NA PRÁTICA 
Agora que você estudou o conteúdo proposto, elabore uma pesquisa no 
seu campo de estágio. Se você não estiver fazendo estágio, pode fazer em 
outra instituição da cidade ou região sobre o serviço social e o espaço 
sócio-ocupacional de atuação profissional. Identifique se esse local de trabalho 
profissional pode ser considerado um novo espaço de atuação ou não. 
Após desenvolver a pesquisa, elabore um breve relato e compartilhe 
com seus colegas da faculdade, com seu orientador educacional, com seu 
supervisor de campo e aproxime do debate da contemporaneidade 
identificando: 
 As possibilidades e os limitadores deste espaço sócio ocupacional; 
 Se é um trabalho interdisciplinar; 
 Se o profissional desenvolve pesquisa e sistematiza suas atividades. 
 Pense em outros indicadores para desenvolver sua pesquisa e amplie 
sua apreensão sobre a realidade. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos principalmente temáticas relacionadas ao serviço 
social na contemporaneidade, as demandas profissionais relacionadas a essa 
temática e também as expressões da questão social e sua relação com o 
trabalho profissional. 
Estudamos também a temática da pesquisa e da produção do 
conhecimento e brevemente as transformações pelas quais a sociedade vem 
passado nas últimas décadas e as interferências dessas mudanças na 
profissão de serviço social. 
Na sequência, o estudo sobre o trabalho interdisciplinar do assistente 
social na contemporaneidade nos instrumentaliza para atuarmos com as 
demais áreas do conhecimento no processo de intervenção e entendermos que 
não estamos sozinhos nesse processo. 
 
 
12 
Por fim, não menos importante, tratamos da prática profissional e dos 
espaços de atuação profissional, os novos e os não tão novos espaços de 
intervenção profissional no cenário contemporâneo. 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
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2001. Brasília, 2001. 
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MOTA, A. E. Espaços ocupacionais e dimensões políticas da prática 
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