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Educação Ambiental no Brasil e sua relação com o Serviço Social

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SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rafael Garcia Carmona 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Neste tema, abordaremos a educação ambiental em sentido amplo, ou 
seja, suas origens em âmbito nacional e seus significados. Iremos aprofundar a 
discussão da educação ambiental numa perspectiva crítica e emancipatória, 
tendo como objetivo a reflexão da relação socialmente construída entre homem 
e natureza. 
Também trataremos da sua relação com o serviço social. Dessa maneira, 
será possível realizarmos uma discussão pautados no projeto ético-político 
profissional e na realidade social. Evidenciaremos ainda os desafios postos à 
profissão na aproximação com a problemática ambiental. Esse tema com certeza 
nos levará a refletir sobre como estamos enfrentando as adversidades 
ambientais em nosso cotidiano profissional 
TEMA 1 – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 
É interessante para iniciarmos nosso tema realizar um breve resgate 
histórico de como a educação ambiental se constituiu no cenário brasileiro, pois 
isso nos possibilitará compreender como ela se configura na atualidade. 
Foi a partir da década de 1970 que começam a surgir os primeiros 
registros da educação ambiental no Brasil; contudo somente em meados dos 
anos de 1980 houve significativo avanço, no contexto da redemocratização do 
país. Isso se deu pelo fato de a educação ambiental ser incluída na Constituição 
Federal de 1988, no capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), art. 225, parágrafo 1º, que 
traz, ente outros aspectos, os elementos necessários para que todo cidadão 
tenha direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à 
qualidade de vida de todos: 
Art. 225. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito [direito a um 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à qualidade de 
vida de todos], incumbe ao poder público: 
[...] 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
[...] (Brasil, 1988). 
 Anteriormente, no entanto, o debate ambiental já havia se instaurado à 
época do regime militar no Brasil, mais por pressão internacional, do que por 
movimentos sociais nacionais (Loureiro, 2006). 
 
 
3 
Nas palavras de Loureiro (2006), nesse momento da história, falar em 
meio ambiente era pensar em preservação do patrimônio natural, em um assunto 
técnico voltado para a resolução dos problemas ambientais identificados e em 
algo que impedia o desenvolvimento do país. Nesta perspectiva, a educação 
ambiental, se inseriu nos setores governamentais e científicos vinculados à 
conservação dos bens naturais, com forte sentido comportamentalista, tecnicista 
e voltada para o ensino da ecologia e para a resolução de problemas (Loureiro, 
2006). 
 Neste sentido, destacamos que no momento da sua implementação no 
Brasil, a educação ambiental foi instaurada muito mais numa perspectiva 
ambiental do que educacional. Segundo Loureiro (2006, p. 81), “a falta de 
perspectiva da educação ambiental como um processo [...] histórico, produziu 
uma prática descontextualizada, voltada para a solução de problemas de ordem 
física do ambiente, incapaz de discutir questões sociais”. 
 Uma das características desse processo foi a ausência de reflexão acerca 
do movimento ambientalista e de seu acumulo na luta política, que ocasionou a 
apropriação acrítica da discussão ambiental pelos educadores. 
TEMA 2 – POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
Essa talvez seja a mais importante normativa que trata da educação 
ambiental no Brasil, cujo grande mérito está em apontar diretrizes para o 
desenvolvimento de ações dessa temática. 
No entanto, muitos educadores ambientais acreditam que o conceito de 
educação ambiental expresso nesta política nacional limita a educação 
ambiental a um viés conservacionista. 
Para além dessa polêmica, o conceito trazido pela normativa afirma que 
todos têm direito à educação ambiental e, para a efetivação desse direito, aponta 
as responsabilidades do poder público, das instituições educativas, dos meios 
de comunicação de massa, das empresas e da sociedade. Estabelece ainda os 
princípios básicos da educação ambiental, seus objetivos fundamentais. 
Conceitua também a educação formal e não formal, explicitando que a educação 
ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de 
ensino. 
 
 
 
4 
Saiba mais 
Acesse o link a seguir e conheça a Lei n. 9.795/99, que institui a Política 
Nacional de Educação Ambiental: 
Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 28 abr. 1999. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm >. Acesso em: 29 jul. 2019. 
 
Destacamos os arts. 3º, 4º, 5º e 10. Esses artigos da Política Nacional de 
Educação Ambiental demonstram os avanços da legislação no que diz respeito 
à inquietação para promoção de condutas compatíveis com novos olhares diante 
da questão ambiental. Para Loureiro (2006), a lei se pauta numa defesa das 
abordagens que procuram realizar a práxis educativa por meio de um conjunto 
de atividades curriculares e extracurriculares, permitindo ao educando aplicar em 
seu cotidiano o que é aprendido. 
Embora tenha sido instaurada uma política específica para a educação 
ambiental e tenham emergido diversas mobilizações acerca da sua implantação 
efetiva, o cenário ainda se apresenta frágil, pois as ações se estabelecem mais 
no âmbito formal do que material (não formal), o que dificulta sua implementação. 
Também há que se levar em conta que as ações estatais são marcadas 
por processos de mediação de interesses e conflitos entre diferentes grupos e 
classes. Dessa maneira, Loureiro (2006) chama a atenção para o fato de que as 
políticas públicas, que deveriam prezar pelo bem comum e interesse coletivo, 
não são neutras, ou seja, atendem aos interesses de determinado grupo 
hegemônico. 
Assim, as ações governamentais devem ser elaboradas e executadas não 
somente para a sociedade, mas com a sociedade. Ou seja, deve ser concebida 
com base nas demandas e necessidades sociais da coletividade. 
TEMA 3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CONCEITO EM DISPUTA 
Salientamos que, durante muito tempo, um argumento muito presente na 
educação ambiental foi o de relacioná-la com a preservação das espécies 
vegetais e animais, aproximando-a com a ecologia, afastando-a dos 
determinantes sociais e políticos. Ainda hoje, observamos afirmações de que 
 
 
5 
educação ambiental é o mesmo que ensino da ecologia. Entretanto, 
aparentemente próximas, são temáticas distintas (Reigota, 2009). 
Dessa maneira, devemos ter em mente que a educação tanto pode 
contribuir com a conservação da ordem vigente, reproduzindo os valores da 
classe dominante, quanto pode assumir caráter emancipatório, comprometido 
com a classe trabalhadora, ampliando suas potencialidades. 
Destaca-se que, quando nos referimos à educação e a processos 
educativos nesse tema, estamos nos referindo à educação de modo amplo, não 
nos restringindo àquela formal, que acontece no âmbito escolar. Segundo Castro 
e Baeta (2005, p. 102), “a educação ambiental não pode ser concebida apenas 
como um conteúdo escolar, pois implica uma tomada de consciência de uma 
complexa rede de fatores políticos, econômicos, culturais e científicos”. 
Outrossim, dentre as diversas manifestações da educação ambiental, 
abordaremos aqui duas grandes concepções, que estruturam o debate sobre 
meio ambiente e consequentemente permeiam o debate sobre educação 
ambiental: educação ambiental conservadora e educação ambiental 
emancipatória. 
Para Lima (2002, p. 125), a primeira (conservadora) busca a manutenção 
da estrutura social atual, com todas as suas características e valores 
econômicos, políticos, éticos e culturais. Já a emancipatória visa ao 
compromisso de transformação da ordem socialvigente, de renovação da 
sociedade e de sua relação com o meio ambiente. 
Nesse sentido, demarcamos a importância de a educação ambiental ser 
considerada, antes de tudo, como uma educação política, que pondera as 
contradições políticas, econômicas, sociais e culturais que permeiam a relação 
entre humanidade e natureza. A apreensão da educação ambiental como um ato 
político é o passo mais importante para o enfrentamento aos mecanismos de 
dominação que impedem a participação democrática de todos os cidadãos, 
também na esfera do meio ambiente. Nas palavras de Reigota (2009, p. 13), “a 
educação ambiental como educação política está comprometida com a 
ampliação da cidadania, da autonomia e a intervenção dos cidadãos [...] na 
busca de soluções [...] voltadas para o bem comum”. 
No mesmo caminho, Loureiro (2005) considera que a educação ambiental 
é capaz de possibilitar aos atores sociais uma atuação lúcida e responsável – 
tanto individualmente como coletivamente – no que se refere ao meio ambiente, 
 
 
6 
o que implica uma definição de educação ambiental pensada como uma práxis 
educativa e social, voltada para a construção de valores, conceitos, habilidades 
e atitudes que. Dessa forma, a educação ambiental “contribui para a tentativa de 
implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, 
pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza” (Loureiro, 2005, p. 69). 
Compartilhamos do mesmo pensamento que Reigota (2009), quando 
pontuamos que não se trata de atribuir unicamente à educação ambiental a 
solução de todos os problemas ambientais do planeta, no entanto há que se 
considerar que a educação ambiental pode influir decisivamente para isso, a 
partir do momento em que os cidadãos – conscientes de seus direitos e deveres, 
e tendo conhecimento da problemática global – atuem nos espaços em que 
vivem. Loureiro (2005, p. 69) também se refere a isso, quando afirma que “a 
Educação Ambiental, por definição, é elemento estratégico na formação de 
ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a 
inserção humana na natureza”. 
Nessa perspectiva, é fundamental enfatizar que a mera sensibilização 
para a problemática ambiental voltada para sua resolução não expressa o 
aumento da consciência ou sensibilização da população e do exercício da 
cidadania por parte dos sujeitos, qualitativamente. Uma cidadania ecológica, 
para ser incorporada, depende de processos coletivos de apreensão do 
significado da questão ambiental para as pessoas, e isso ocorre por meio de 
procedimentos educacionais e culturais, que criarão as bases materiais que 
possibilitarão sua concretização. Dentre esses processos, encontra-se a 
educação ambiental (Loureiro, 2005). 
TEMA 4 – QUESTÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM O SERVIÇO SOCIAL 
A relação entre o serviço social e a questão ambiental reside no fato da 
existência dessa temática como um campo de intervenção, principalmente nas 
demandas dos usuários que abarcam o espaço em que vivem e os recursos 
disponíveis para satisfazer suas necessidades básicas. Desse modo, o 
profissional precisa também considerar esses elementos na sua leitura de 
realidade. 
 Contudo, verifica-se a resistência, tanto por parte dos profissionais do 
serviço social quanto das instituições em relacionar a profissão com a questão 
ambiental. Entretanto, sabe-se que não existe dissociação entre processos 
 
 
7 
sociais e os ambientais, sendo o assistente social um profissional capaz de 
trabalhar com a demandas ambientais devido à sua proximidade com os 
indivíduos, grupos e comunidades e sua relação histórica junto às camadas mais 
excluídas e subalternizada sociedade brasileira. 
O agravamento das condições de produção e reprodução da vida material 
vem apresentando um desafio aos assistentes sociais, ou seja, a implementação 
coletiva do projeto ético-político profissional, que enfrente as condições nas 
quais vivem os trabalhadores e os demais setores subalternos. Assim, 
convocado a registrar suas contribuições no âmbito da questão ambiental tanto 
no plano teórico, quanto no âmbito da intervenção cotidiana, o assistente social 
poderá se inserir nesse campo de forma propositiva, crítica, com ações 
sustentadas nos eixos teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo, 
no qual o projeto ético-político do serviço social constitui ferramenta essencial e 
referência a todos os profissionais que buscam imprimir um diferencial de 
qualidade em seu exercício profissional. 
Do ponto de vista da produção do conhecimento, Carvalho e Silva e Silva 
(2005) evidenciam que a pesquisa acerca da questão ambiental se tornou 
recorrente no serviço social a partir de 2001, havendo relevantes investigações 
sobre movimentos sociais urbanos na gestão socioambiental e jurídica nas 
diferentes cidades brasileiras; diagnóstico socioeconômico e ambiental; 
educação ambiental e indicadores de desenvolvimento local sustentável. 
 Não obstante, é preciso ressaltar que o trabalho com as questões 
relacionadas ao meio ambiente no bojo do serviço social, embora possa parecer 
recente, sempre permeou o campo de atuação. Em face disso, podemos 
evidenciar questões como a ausência de saneamento básico vivenciado por 
grande parte dos usuários, ou ainda, as condições precárias de moradia, como 
encosta de morros ou beira-rios, que são relativos à questão ambiental e que 
que perpassam o trabalho profissional de qualquer assistente social inserido em 
políticas sociais. 
A discussão teórica da questão ambiental se adensa no serviço social 
brasileiro no início da década em curso por meio dos espaços de pesquisa e 
formação profissional. Nas palavras de Silva (2010, p. 147), “o que se constata 
[...] é que a exacerbação da ‘questão ambiental’ [...] vem configurando um novo 
campo de intervenção profissional, mediado pela incorporação dessa temática 
ao universo das empresas, das ONGs e do Estado”. 
 
 
8 
Assim, percebe-se que, na medida em que a questão ambiental ganha 
relevância e instrumentos para seu enfrentamento, o serviço social se insere 
significativamente nesse espaço e discussão. 
TEMA 5 – ELEMENTOS PARA PENSAR A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO 
CAMPO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 O exercício profissional do assistente social se constitui principalmente 
pelo caráter educativo que a intervenção pode ter na vida do usuário. Tal 
processo, assim como nenhum processo educativo, não é neutro. Ou seja, a 
intervenção profissional nesse campo pode ser uma ferramenta da ordem 
vigente para apaziguar as sequelas da questão ambiental, que é expressão da 
questão social ou que pode efetivamente provocar uma reflexão crítica sobre os 
fatores constitutivos daquele fenômeno, para além da aparência e seus efeitos 
na realidade social. 
Os assistentes sociais precisam estar cientes do caráter político que a sua 
intervenção assume, na possibilidade de transformação da realidade tanto social 
quanto ambiental. Nunca é demais lembrar que o sistema vigente, fruto de uma 
construção histórica capitalista, é permeado por noções moralmente 
conservadoras e violadoras de direitos humanos. 
 É importante salientar o cuidado necessário ao profissional na 
compreensão da questão ambiental e dos processos sócio-históricos que o 
envolvem, pois uma leitura fragilizada ou aligeirada pode levar o profissional a 
responsabilizar o indivíduo e culpabilizá-lo no que tange às expressões da 
questão ambiental. 
 Outro ponto marcante na atuação do serviço social junto à questão 
ambiental é a exigência por parte da instituição empregadora de uma série de 
requisições técnico-operativas, marcadas por fortes imediatismos e formalismos 
na intervenção profissional. Dessa maneira “a perspectiva gestionária no 
enfrentamento da destrutividade da natureza invoca habilidades profissionais 
sob um viés psicologizante e comportamental, restringindo o discurso ambientalaos objetivos institucionais” (Silva, 2010, p. 155). 
 Assim, a ação profissional, inclusive na área ambiental, muitas vezes se 
limita a atender a demandas institucionais por meio de procedimentos formais e 
burocráticos, não conseguindo caminhar para além das atividades que a 
instituição impõe que se cumpram e que são de seu interesse. 
 
 
9 
 Também não é raro encontrar profissionais que trabalham com projetos 
de intervenção profissional que indagam o comportamento da população para a 
qual suas ações se voltam. Por exemplo, o trabalho com uma população que 
geralmente apresenta comportamentos agressores ao meio ambiente, apesar de 
inúmeras ações educativas realizadas (Silva, 2010), acaba por frustrar o 
profissional, se ele não analisar a dimensão maior da degradação ambiental. A 
esse respeito, Silva (2010, p. 156) argumenta: “como esperar que tais indivíduos 
desenvolvam comportamentos respeitosos ao meio ambiente quando este [...] 
se resume ao espaço doméstico e a natureza é tomada como algo abstrato, 
idealizado?”. 
 O questionamento da autora põe em xeque para os assistentes sociais a 
reflexão sobre o tipo de prática que estamos desenvolvendo no bojo da questão 
ambiental, ou seja, se estamos reproduzindo as práticas autoritárias, 
hierárquicas, culpabilizantes, ou se estamos construindo estratégias 
profissionais capazes de emancipar o usuário e, dessa forma, superar toda 
alienação a que todos estamos submetidos (Silva, 2010). 
 Dessa maneira, faz-se necessário, portanto, identificar as demandas 
imediatas e locais, mas, acima delas, submeter uma reflexão teórica a fim de 
identificar suas causas e projeções, que são historicamente constituídas e não 
apareceram do dia para a noite. Para que isso aconteça, o profissional precisa 
armar-se teoricamente e instrumentalmente, assim “o sistemático 
aprimoramento intelectual representa uma real possibilidade de ultrapassagem 
do teoricismo estéril, quanto do pragmatismo e dos militantismos de toda ordem 
que se insinuam no cotidiano da profissão” (Silva, 2010, p. 159). 
 Outro ponto importante é a abertura para a interdisciplinaridade, que 
também se configura como um caminho para um bom trabalho no 
desenvolvimento das ações profissionais. Essa prática é instigante para o 
assistente social, já que “supõe uma interlocução com múltiplas habilidades e 
competências, o que exige maior nitidez de princípios e respeito ao escopo 
jurídico-político que rege a profissão” (Silva, 2010, p. 159). 
 O assistente social necessita ter clareza da responsabilidade a ele 
incutida como um mediador e transmissor de conhecimentos e/ou 
encaminhamentos à população usuária de seus serviços, pois será pelo seu 
trabalho que os indivíduos poderão adquirir novas compreensões de mundo e 
meio ambiente, das quais comumente se encontram distanciados. 
 
 
10 
 Para que isso aconteça, não existe nenhuma fórmula ou receita pronta 
que indique como fazer, por isso cabe aos assistentes sociais o registro de suas 
ações, tanto no âmbito teórico quanto no da intervenção, pois ainda há a 
escassez de materiais referentes à atuação do serviço social na questão 
ambiental. Assim, mais profissionais poderão embasar-se em práticas cada vez 
mais comprometidas com a justiça social e um meio ambiente igualitário para 
todos (Silva, 2010). 
NA PRÁTICA 
Como vimos nesta aula, a educação ambiental no Brasil possui 
particularidades, que estão expressas na Política Nacional de Educação 
Ambiental. Desse modo, qualquer trabalho, seja ele investigativo, seja 
interventivo, deve pressupor essa normativa. Também é importante considerar 
as concepções em disputas acerca da educação ambiental. Para avançar na 
compreensão dessa temática, você está convidado a levantar junto ao seu 
campo de estágio quais expressões da questão ambiental os usuários dos 
serviços vivenciam de maneira direta e indireta? 
Essas expressões compõem o plano de trabalho profissional do 
assistente social e o diagnóstico acerca da realidade social? 
FINALIZANDO 
Esta aula trouxe um campo de atuação bastante desafiador ao assistente 
social, seja pela sua natureza complexa, seja pela invisibilidade das expressões 
ambientais no âmbito do exercício profissional, pois, como vimos, todos nós, 
inclusive nossos usuários, estamos inseridos no ambiente, portanto somos parte 
do chamado meio ambiente e dessa forma vivenciamos de maneira concreta as 
adversidades ambientais. Outrossim, destacamos que, devido à condição de 
pobreza e subalternidade, os usuários dos serviços em que atuamos vivenciam 
de maneira ainda mais direta a degradação ambiental, seja pela atividade 
econômica (catadores de materiais recicláveis), seja pela condição de moradia 
(em áreas de preservação permanentes, ausência de saneamento básico etc.). 
Lançarmos nosso olhar para esses elementos que compõem o modo de vida de 
cada sujeito é essencial para construirmos intervenções qualificadas e 
eticamente comprometida. 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
CARVALHO, D. B. B.; SILVA e SILVA, M. O. Recursos humanos e atividades de 
formação dos programas de Pós-Graduação na área de Serviço Social. In: 
_____. (Org.). Serviço Social, pós-graduação e produção do conhecimento 
no Brasil. São Paulo: Cortez, 2005. 
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 28 abr. 1999. 
CASTRO, R. S.; BAETA, A. M. B. Autonomia intelectual: condição necessária 
para o exercício da cidadania. In. LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; 
CASTRO, R. S. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2. 
ed. São Paulo: Cortez, 2002. 
LIMA, G. F. C. L. Crise ambiental, educação e cidadania: os desafios da 
sustentabilidade emancipatória. In: CASTRO, S. de.; LAYRAEGUES, P. P.; 
LOUREIRO, C. F. B. (Orgs.). Sociedade e meio ambiente: a educação 
ambiental em debate. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 
LOUREIRO, C. F. B. (Orgs.). Educação ambiental: repensando o espaço da 
cidadania. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005. 
_____. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. 2. ed. São Paulo: 
Cortez, 2006. 
REIGOTA, M. O que é educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 
2009. 
SILVA, M. G. Questão ambiental e desenvolvimento sustentável: um desafio 
ético político ao serviço social. São Paulo: Cortez, 2010. 
	Conversa inicial
	REFERÊNCIAS
	SILVA, M. G. Questão ambiental e desenvolvimento sustentável: um desafio ético político ao serviço social. São Paulo: Cortez, 2010.

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