Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SERVIÇO SOCIAL E O DEBATE 
CONTEMPORÂNEO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Neiva Silvana Hack 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Ao longo desta aula abordaremos aspectos relacionados ao serviço social 
organizacional, bem como falaremos sobre as possiblidades de ação nesse 
campo, relacionadas à assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica. 
A atuação do assistente social na iniciativa privada não é uma novidade, 
uma vez que está no cenário brasileiro desde as décadas de 1940 e 1950, com 
a criação do Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Social do Comércio 
(SESC), bem como teve grande expansão nas décadas de 1970 e 1980, em uma 
conjuntura de maior organização política dos trabalhadores. Contudo, esse 
campo de atuação é permeado por demandas que se atualizam cotidianamente, 
não se tratando, portanto, de um espaço compreendido de forma definitiva. Vale 
destacar, contudo, que se trata de um campo com especificidades e 
singularidades, que desafiam o fazer cotidiano, exigindo a construção e 
reconstrução contínua da instrumentalidade dos profissionais que nele atuam. 
(Amaral; Cesar, 2009; Moraes et. al, 2015; Souza; Beleza; Fonseca, 2016). 
Ao longo desta aula, trabalharemos os temas “Serviço Social 
Organizacional: compreendendo este espaço sócio-ocupacional”; 
“Possibilidades de atuação no ambiente organizacional”; “Assistente social 
prestador de serviços”; “Consultoria, assessoria, auditoria e supervisão técnica”. 
Nosso objetivo, ao final da discussão e aprofundamento dos estudos 
sobre cada um dos temas citados, é apreender as diferentes formas de 
participação e contribuição do serviço social como elemento trabalhador e 
empreendedor no campo organizacional. 
Dessa forma, construiremos um debate com base em produções 
anteriores e avançaremos no saber acerca desse tema que ainda é bastante 
complexo e inovador. 
TEMA 1 – SERVIÇO SOCIAL ORGANIZACIONAL – COMPREENDENDO ESSE 
ESPAÇO SÓCIO-OCUPACIONAL 
Discutir o serviço social organizacional na contemporaneidade 
compreende um debate permeado de contradições. Para explorar essa temática, 
poderíamos iniciar com uma questão: seria possível ao assistente social atuar 
de forma ética e crítica em uma organização com finalidade lucrativa e que 
sustenta o desenvolvimento do capitalismo? 
 
 
3 
Essa questão pode levantar tanto respostas positivas quanto negativas, 
devido à sua complexidade. E é justamente com base nessa problematização 
que podemos discutir mais sobre esse espaço de atuação profissional. 
Certamente o ambiente empresarial evidencia as contradições de ser um 
trabalhador inscrito na divisão sociotécnica do trabalho, dentro de uma 
sociedade capitalista. Embora o serviço social tenha sua crítica em relação ao 
projeto de sociedade vigente, é dentro desta que ele atua e onde se estabelece. 
(Iamamoto, 2001; Alves, 2016). 
O significado social da profissão pode ser entendido como a 
compreensão da posição do serviço social na divisão social e técnica 
de trabalho. O serviço social, além de se posicionar em favor da classe 
trabalhadora, faz parte dessa classe, já que seus profissionais são 
assalariados. Assim, o assistente social vive todos os reflexos advindos 
do processo de produção e reprodução da sociedade do capital, 
vivenciando cotidianamente todos os rebatimentos que incidem sobre 
a classe que sobrevive do trabalho. (Alves, 2016, p. 105-106). 
Portanto, como trabalhador nas organizações, o serviço social está 
cooperando para a lucratividade destas e, por sua vez, para a acumulação de 
riquezas dos seus proprietários/acionistas. Contudo, é também nesse espaço 
que pode implementar práticas fundamentadas no seu projeto ético-político e 
defender direitos dos trabalhadores, fomentar o acesso às políticas públicas, 
promover o enfrentamento aos preconceitos. As organizações são, portanto, 
mais do que um espaço de lucratividade, mas um espaço de relações sociais. 
Dessa forma, o campo de trabalho para o assistente social é amplo e, ainda que 
com desafios, a prática ética é possível (Amaral; Cesar, 2009; Moraes et. al, 
2015). 
Caberia também refletir que mesmo aqueles assistentes sociais que 
atuam na esfera pública governamental ou em instituições privadas sem fins 
econômicos também se encontram em espaços permeados de contradições. 
Embora essas não sejam instituições que visem lucro ou, de forma objetiva, o 
enriquecimento de seus líderes, elas também se encontram em um conjunto de 
relações institucionais capitalistas. Já é sabido que o capitalismo 
contemporâneo, desde sua classificação como capitalismo monopolista, é 
dependente do Estado para sobreviver (Netto, 2009). 
Portanto, há, sim, contradições no espaço empresarial, mas não são um 
“privilégio” desse campo de atuação. 
 
 
 
4 
TEMA 2 – POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL 
Quando abordamos o serviço social organizacional, abre-se um leque de 
possibilidades de intervenção. Mais do que atuar como funcionário em uma 
empresa, o assistente social pode também ter a sua própria empresa e pode, 
como pessoa física ou jurídica, prestar serviços para as organizações. E para 
cada uma dessas colocações profissionais, o conjunto de atividades a ser 
realizado é amplo e pode constantemente ser atualizado, de forma a atender às 
demandas da contemporaneidade. 
Neste contexto, parece surgir um conjunto diverso de frentes de 
trabalho para o assistente social nas empresas, entre as quais 
destacamos: gestão de recursos humanos; programas participativos; 
desenvolvimento de equipes; ambiência organizacional; qualidade de 
vida no trabalho, voluntariado; ação comunitária; certificação social; 
educação ambiental etc. Podemos afirmar que essas frentes de 
trabalho estão relacionadas com os processos macrossociais 
contemporâneos que incidem na vida social e inflexionam as práticas 
sociais, nas quais se inclui a experiência profissional do assistente 
social. (Amaral; Cesar, 2009, p. 2). 
Neste tema, abordaremos as práticas do assistente social efetivo em uma 
empresa, diante dos três principais públicos que atende, e, no tema 3, 
compreenderemos a sua atuação como prestador de serviços. 
2.1 Atuação com os trabalhadores 
Uma das demandas comuns ao serviço social organizacional é a atuação 
com os trabalhadores daquela empresa. Assim, os profissionais são alocados 
em áreas como a de recursos humanos ou de gestão da qualidade de vida no 
trabalho, ou outras similares. Nesses espaços, são demandados a gerir 
benefícios e criar programas voltados ao público interno da organização. 
A demanda originária das empresas ao serviço social constituía-se de 
uma necessidade de controlar os trabalhadores, para que seguissem produtivos. 
À medida que os princípios da própria administração empresarial foram 
amadurecendo e contemplando novos saberes acerca das relações humanas, 
motivação e saúde do trabalho, também as demandas para o serviço social vão 
sendo refinadas. E, ainda, compete ao profissional, dentro desse campo de 
contradições, identificar as melhores estratégias de intervenção profissional, que 
possam assegurar a efetividade do projeto ético-político profissional da 
 
 
5 
categoria, que se afirma em favor da classe trabalhadora (Moraes et. al., 2015; 
Mota, 2010). 
Nesse campo, o assistente social desenvolve atendimento diretos aos 
trabalhadores da organização, bem como desenvolve programas coletivos ou 
campanhas de caráter socioeducativo. Promove e serve como intermediário do 
acesso a benefícios, bem como pode socializar informações acerca de direitos 
e como exercê-los, com base no acesso às políticas públicas. A sua atuação na 
instituição privada não impede que o assistente social recorra à rede de serviços 
públicos para atendimento dos trabalhadores, uma vez que estes possuem 
direitos assegurados por lei, como cidadãos. 
2.2 Atuação com os usuários 
Uma outra característica de atuaçãoé quando essa é demandada para o 
público externo da organização. Isso é comum nos casos em que empresas 
privadas prestam serviços essenciais à população, tais como escolas, hospitais, 
clínicas, casas de repouso, cemitérios, entre outros. Nesses espaços, são 
ofertados serviços similares àqueles encontrados na dinâmica das políticas 
públicas, e, segundo cada área, estão alinhados a estas em maior ou menor 
grau. E será junto aos usuários desses serviços que se dará o maior volume de 
atuação do assistente social. 
Podemos exemplificar: nas escolas particulares, o assistente social tem 
como usuários os alunos e seus familiares e desenvolve programas de 
atendimento individual e/ou coletivo para eles. 
Também quando se trata de atender o usuário da organização em que 
atua, o assistente social pode (e deve) utilizar-se de encaminhamentos para a 
rede de serviços públicos. 
2.3 Atuação com a responsabilidade social e o investimento social privado 
O campo da responsabilidade social compreende uma diversidade de 
atores, que envolvem a rede empresarial, tais como os fornecedores, diretoria, 
gerências, operadores, clientes e comunidade de entorno (Borba; Borsa; 
Andreatta, 2001; Souza; Beleza; Fonseca, 2016). 
O investimento social privado contempla o fomento de iniciativas sociais 
do terceiro setor, que podem ser de iniciativa própria da empresa, tal como 
 
 
6 
ocorre com os institutos e fundações empresariais. Podem também ser 
totalmente externas a esta, como os casos em que se investe em projetos sociais 
de organizações da sociedade civil. 
Essa área pode estar relacionada também ao setor de recursos humanos 
ou possuir setor próprio, dentro do organograma definido em cada espaço: 
Em meio ao novo mundo dos negócios, o assistente social – propulsor da 
sensibilização social – poderá contribuir por meio de suas intervenções 
juntamente com outros profissionais inseridos no RH, como administradores e 
psicólogos, com o intuito de atender aos preceitos da responsabilidade social e 
a todos os sujeitos que fazem parte da rede empresarial (acionistas, 
fornecedores, governo, funcionários, consumidores, comunidades e meio 
ambiente) por meio de programas e projetos de responsabilidade social (Souza; 
Beleza; Fonseca, 2016). 
O assistente social é requisitado nessas áreas por seu conhecimento 
sobre as demandas e conjunturas sociais, bem como por suas competências 
relacionadas à elaboração, à gestão e à avaliação de projetos sociais. Trata-se, 
contudo, de área multidisciplinar em que é comum a diversidade de profissionais 
e saberes. É importante destacar que a atuação nessas equipes deve ocorrer de 
forma cooperativa, como o próprio Código de Ética estabelece, sem incorrer, 
entretanto, na perda da identidade profissional (Brasil, 2012). É preciso 
problematizar e delinear quais são as contribuições genuínas do serviço social 
nesse campo. 
TEMA 3 – ASSISTENTE SOCIAL PRESTADOR DE SERVIÇOS 
O assistente social pode também atuar de forma independente no que 
tange ao espaço organizacional. Seu fazer profissional não depende somente da 
consolidação de espaços em empresas já constituídas. O próprio assistente 
social pode ser dono de sua empresa e, com base nela, prestar serviços 
relacionados às competências e às atribuições privativas da profissão. 
Como profissional liberal, cabe ao assistente social a liberdade para atuar 
de forma autônoma, independente de uma relação de empregado-empregador. 
Pode ainda constituir personalidade jurídica, ou seja, abrir uma empresa com 
finalidade lucrativa para exercer atividades profissionais de sua área de 
formação. 
 
 
 
7 
O significado do termo “profissional liberal” gera equívocos, pois muitos 
o confundem com profissionais autônomos, isto é, aqueles que não têm 
vínculo empregatício e trabalham por conta própria. No entanto: os 
profissionais liberais podem ser autônomos, empregados ou 
empresários. O exercício de suas atribuições corresponde à aplicação 
prática do conhecimento técnico em favor de alguém e pode ser dado 
com ou sem vínculo empregatício, mas sempre regulamentado por 
órgãos fiscalizadores. (Lagioto, 2013, p. 2) 
Portanto, nem sempre que abordamos o tema organizações, o assistente 
social está disposto como um trabalhador assalariado. Ele pode ser também um 
empregador, ele pode ser um empreendedor. Nesse caso, a renda do seu 
trabalho é obtida mediante a prestação dos seus serviços profissionais ou 
mesmo da prestação de serviços profissionais. 
São exemplos de atividades autônomas do serviço social: a realização de 
palestras, a elaboração de projetos técnicos, a oferta de capacitações ou 
assessorias. Deve-se considerar que o trabalho autônomo é uma classificação 
reconhecida na legislação previdenciária e trabalhista brasileira, compreendendo 
inclusive tributação e previsões de proteção social. É importante diferenciar 
trabalho autônomo de trabalho informal, trabalho voluntário ou, em termos 
gerais, trabalho precarizado. No trabalho autônomo, está se falando de uma 
prestação de serviços ofertada por uma pessoa física, mediante um contrato ou 
acordo preestabelecido e em acordo com a legislação vigente. 
Quando se fala da prestação de serviços como pessoa jurídica, está se 
tratando de uma relação empresarial, que pode ser de diferentes portes. Uma 
empresa é consolidada a partir do registro de suas atividades no Cadastro 
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ. É possível ao assistente social ser o dono 
da sua própria empresa ou constituir sociedade e dividir a responsabilidade com 
outros profissionais. 
Uma possibilidade vigente no Brasil desde o ano de 2008 é o CNPJ como 
Microempreendedor Individual – MEI. Esse caso se aplica a rendimentos que 
não ultrapassem a R$ 81.000,00 por ano. Outra possibilidade, que já permite a 
previsão de uma lucratividade maior, é o cadastro como Microempresa – ME. Na 
sequência, seguem possibilidades referentes à indicadores de rentabilidade 
ainda mais elevados, como é o caso das empresas consideradas de pequeno, 
de médio ou de grande porte (Conheça..., 2017). 
 
 
 
 
8 
Saiba mais 
O caso citado se aplica para rendimentos que não ultrapassem a 
R$ 81.000,00 por ano. Trata-se aqui do valor vigente em 16 de julho de 2019. 
Para informações atualizadas, é preciso consultar Portal do Empreendedor MEI, 
disponível no link a seguir: 
PORTAL DO EMPREENDEDOR – MEI. Disponível em: 
<http://www.portaldoempreendedor.gov.br/>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
A prestação de serviços como pessoa jurídica permite gerar e fornecer 
nota fiscal àqueles que contratam seus serviços. Esse é um critério de legalidade 
exigido nas relações comerciais e que permite avançar em possibilidades de 
oferta de serviços. Ainda que o Recibo de Pagamento Autônomo – RPA seja um 
documento fiscal válido, no cotidiano organizacional e mesmo nas relações com 
o poder público, há uma maior valorização da prestação de contas legitimada 
por notas fiscais. 
É importante destacar que, no processo de abertura de uma empresa e 
de sua formalização, devem ser predefinidas suas atividades principais e 
secundárias. É feita uma escolha acerca do serviço que se pretende ofertar. 
Dentre essas atividades, devem estar compreendidas ações que estejam 
relacionadas, ao máximo, com as competências e atribuições privativas da 
profissão (Brasil, 2012). 
TEMA 4 – CONSULTORIA, ASSESSORIA, AUDITORIA E SUPERVISÃO 
TÉCNICA 
Dentre as ações compreendidas no âmbito do serviço social 
organizacional, podemos aqui dar um destaque às iniciativas de assessoria, 
consultoria, auditoria e supervisão técnica. Todas essas quatro abordagens 
requerem alta especialização do profissional. Contudo, entre si, possuem tanto 
similaridades quanto especificidades. Não se trata de funções exclusivas do 
serviço social, mas são possibilidades também para essa profissão. Quando a 
temática em questão é o serviço social, aí alinham-se comas atribuições 
privativas da profissão, conforme a Lei de Regulamentação da Profissão – Lei n. 
8.662/93 (Brasil, 1993). 
 
 
 
9 
4.1 Assessoria 
A assessoria é prestada em uma área em que o profissional possui 
experiência, conhecimento aprofundado e atualizado. Podemos recorrer a 
exemplos de outras áreas: assessor financeiro, assessor jurídico, assessor de 
imprensa etc. Esses exemplos nos orientam para a compreensão de que aqueles 
que demandam pela assessoria precisam de uma orientação específica, 
especializada e na qual possam confiar. E, ainda, os demandantes da assessoria 
reconhecem que o assunto não é plenamente de seu domínio e por isso 
contratam alguém que possa orientá-los na tomada de decisões, na definição de 
novas estratégias, na gestão de seus empreendimentos. Portanto, ao assessor 
é indispensável o conhecimento abrangente e a responsabilidade técnica acerca 
do tema sobre o qual se dispõe assessorar (Matos, 2010). 
No âmbito empresarial, a assessoria pode ser ofertada em qualquer um 
dos espaços anteriormente citados. O assessor pode ser um empregado efetivo, 
bem como um prestador de serviços. 
No quadro efetivo, o assessor pode atuar diretamente junto aos gestores, 
cooperando nos processos decisórios, mas pode também intervir junto às 
equipes, contribuindo para que as ações sejam realizadas com maior coerência 
no que tange à sua área de especialidade (Matos, 2010). 
Como prestação de serviços, a assessoria pode ser ofertada tanto a 
empresas quanto ao poder público, movimentos sociais e organizações de 
usuários. Nesse caso, a dimensão empresarial que destacamos é o serviço 
prestado como pessoa jurídica. 
4.2 Consultoria 
Acerca da consultoria, a prestação de serviços ocorre de maneira 
semelhante à assessoria, exigindo especialização, experiência, atualização e 
responsabilidade técnica. Contudo, o grande diferencial reside na dedicação de 
tempo e no desdobramento do acompanhamento da ação. 
A consultoria prevê uma intervenção mais focada na problemática para a 
qual foi requisitada. Será realizada de forma intensa, em um período curto de 
tempo. A assessoria pressupõe acompanhamento, que pode se dar por um 
período determinado de tempo (exemplos: seis meses, um ano, dois anos etc.), 
ou de forma permanente. Por isso, é comum que haja assessores como 
 
 
10 
integrantes de equipes efetivas, tanto no ambiente corporativo quanto na gestão 
pública. Contudo, o consultor é um agente (em geral, externo), com dedicação 
pontual e específica. 
4.3 Auditoria 
A auditoria é um campo ainda pouco explorado pelo serviço social, mas 
que pode ganhar muito mais espaço quando se fala do desenvolvimento do fazer 
profissional na iniciativa privada. 
Os processos de auditoria estão relacionados à conferência do rigor no 
cumprimento de propostas de trabalho previamente estabelecidas. 
Auditoria é um exame sistemático das atividades desenvolvidas em 
determinada empresa ou setor, que tem o objetivo de averiguar se elas 
estão de acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas 
previamente, se foram implementadas com eficácia e se estão 
adequadas. (Significados, 2016). 
As auditorias podem ser realizadas em diferentes áreas, tais como a 
contabilidade e as finanças, a responsabilidade social e ambiental, entre outras. 
Podem ser demandadas pelo próprio auditado, como uma forma de controle e 
conseguinte comprovação da qualidade dos seus processos, como podem ser 
requeridas como uma forma de fiscalização de documentação, uso de recursos 
e eficiência nos processos. 
Essas intervenções podem ser realizadas tanto por equipe interna quanto 
externa (Significados, 2016). O serviço social pode compor essas equipes e 
contribuir com seu conhecimento técnico especializado. 
4.4 Supervisão técnica 
A supervisão técnica, da mesma forma que as demais abordagens 
anteriormente apresentadas, exige alta qualificação do profissional. Um 
diferencial importante no caso da supervisão técnica é que esta pressupõe uma 
relação de autoridade e, pode-se dizer, até mesmo de hierarquia entre supervisor 
e supervisionados. Em uma relação entre assessor/consultor e aqueles que 
demandam seus serviços, há um processo cooperativo, em que é realizada uma 
orientação, são apontados caminhos, são esclarecidas as diferentes 
perspectivas de análise sobre determinada situação, podem ser sugeridas 
algumas atitudes e decisões, contudo cabe ao assessorado acatar ou não todo 
 
 
11 
esse conjunto de orientações. Na relação entre supervisor e supervisionado, 
existe uma margem de poder decisório do supervisor, ao qual os demais 
integrantes da equipe devem acatar. 
Conforme já afirmado, percebemos que há uma confusão na categoria 
profissional de se compreender a supervisão profissional como 
assessoria, sendo que Vieira (1981) já alertava que a diferença está no 
grau de autonomia que a assessoria pressupõe, pois a supervisão 
profissional, por mais democrática que seja, tem – pelo local que ocupa 
na organização – um poder de mando. (Matos, 2010, p. 36-37) 
Guerra e Braga (20029) ainda diferenciam o processo de supervisão 
devido ao vínculo do supervisor, que tende a ser um vínculo efetivo e disposto 
em uma ordem hierárquica no desempenho de sua função junto aos demais. 
TEMA 5 – ATITUDE PROATIVA 
O universo empresarial inspira e exige dos profissionais uma atitude 
proativa. Ao participar desse setor da sociedade, como profissional, seja como 
empregado ou como prestador de serviços, lhe são exigidas habilidades 
indispensáveis nesse espaço, tais como a criatividade, capacidade de 
comunicação e de estabelecer bons relacionamentos interpessoais. Isso se dá 
por tratar-se de um espaço em que vigoram as leis de mercado e a livre 
concorrência. Por um lado, não há a estabilidade assegurada ao servidor público, 
por exemplo. Por outro, existe um inúmero conjunto de novas possibilidades de 
intervenção a cada dia. (Matos, 2010; Mota, 2010) 
Um grande diferencial entre a esfera estatal e a esfera privada é que a 
primeira é regida por um princípio de previsibilidade e a segunda desfruta do 
poder da livre iniciativa. O princípio da previsibilidade implica que qualquer ação 
do poder público só pode prosseguir se esta estiver prevista em lei. Um gestor 
não pode implementar uma nova ideia se esta não estiver contemplada na 
legislação vigente e, muito menos, se contrariar os pressupostos legais. Nem a 
execução dos recursos financeiros disponíveis ao poder público é possível se 
não estiver de acordo com o aprovado, junto ao Poder Legislativo, nas leis 
orçamentárias municipais, estaduais ou federais (Derani, 2004). 
Apesar de se exigir da iniciativa privada que não atue em desacordo com 
a lei, aquela dispõe de toda a liberdade para criar novas formas, novas 
propostas, novos caminhos, novos produtos e serviços. Vemos expressões disso 
 
 
12 
em nosso cotidiano e não é diferente quando o assunto é serviço social. É 
sempre possível inovar. 
No que tange aos profissionais que atuam na esfera pública ou mesmo 
nas organizações da sociedade civil, há grande exigência de proatividade para 
que seu exercício profissional ocorra da maneira mais ética e com melhores 
resultados. Contudo, aqui, focamos a discussão na proatividade indispensável 
para fazer parte do cenário do serviço social organizacional. Evidencia-se, nesse 
campo, a disputa pela sobrevivência, pelo reconhecimento, pela “sobrevivência 
no mercado”. 
Um profissional que decide criar sua empresa e prestar serviços de 
assessoria e consultoria não pode dar sua missão como cumprida quando a 
empresa está criada, pois terá que trabalhar, como gestor, para assegurar que 
esta cumpra sua missão e visão, que seja lucrativa, que expanda, que represente 
um empreendimento de sucesso e, enfim, que lhe assegure um crescimento na 
carreira. 
Vale destacar que, como trabalhador, essa é a sua forma de vender sua 
força detrabalho e, consequentemente, de assegurar o seu sustento. O exercício 
profissional cotidiano do serviço social se dá dentro de uma conjuntura capitalista 
e, dentro desta, sobrevive (Alves, 2016). 
NA PRÁTICA 
A vivência prática desta aula será orientada com base numa proposta de 
pesquisa breve. 
Recomendamos que você procure conhecer, entre seus contatos, 
profissionais assistentes sociais que atuem em ambientes empresariais. 
Procure identificar, junto a um ou mais desses profissionais, qual é a 
perspectiva dele(s) de contribuição do serviço social nas organizações. 
Assim, você poderá unir o saber construído ao longo desta aula com 
outras experiências cotidianas. 
FINALIZANDO 
Ao longo desta aula, abordamos o serviço social organizacional. Pudemos 
compreender que o espaço organizacional é um campo legítimo de atuação dos 
assistentes sociais, embora possua particularidades e seja permeado de 
 
 
13 
contradições. Destacamos, contudo, que essas contradições também estão 
presentes em outros espaços, uma vez que a prática profissional se consolida 
dentro de uma sociedade capitalista, na qual o assistente social é também um 
trabalhador inscrito na divisão social e técnica do trabalho. Abordamos também 
que, quando se refere ao âmbito organizacional, o assistente social pode atuar 
como empregado efetivo, prestador de serviços de forma autônoma e pode 
também ser empresário e, dessa forma, prestar seus serviços técnicos. 
Destacam-se, dentre estes serviços, a assessoria, a consultoria, a auditoria e a 
supervisão técnica. São atendidos pelos profissionais, no âmbito organizacional, 
tanto gestores quanto trabalhadores e usuários. 
Por fim, concluímos que o espaço organizacional impulsiona o assistente 
social a manter-se proativo, construindo sempre novas alternativas para a 
continuidade, a efetividade e a qualidade do seu trabalho. 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ALVES, M. O. Desafios históricos do serviço social. Curitiba: InterSaberes, 
2016. 
AMARAL, A. S. do. CESAR, M. J. O trabalho do assistente social nas empresas 
capitalistas. In: CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. ABEPSS – 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Serviço Social: 
direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. 
Disponível em: 
<http://cressrn.org.br/files/arquivos/G2cm832r29W2oX2IHY6P.pdf>. Acesso 
em: 22 jul. 2019. 
BORBA, E. R. L.; BORSA, L. R.; ANDREATTA, R. Terceiro setor, 
responsabilidade social e voluntariado. Curitiba: Champagnat, 2001. 
BRASIL. CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. Código de Ética do 
Assistente Social. Lei n. 8.662/93 de Regulamentação da Profissão. 10. ed. 
rev. e atual. Brasília: CFESS, 2012. Disponível em: 
<http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf>. Acesso em: 22 jul. 
2019. 
CONHEÇA todos os tipos de empresas antes de abrir a sua. Contabnet, 4 ago. 
2017. Disponível em: <https://contabnet.com.br/blog/tipos-de-empresa/>. 
Acesso em: 22 jul. 2019. 
DERANI, C. Política pública e a norma política. Revista da Faculdade de Direito 
UFPR. v. 41. n. 0. 2004. Disponível em: 
<https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/38314>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
GUERRA, Y.; BRAGA, M. E. Supervisão em serviço social. In: CFESS – 
Conselho Federal de Serviço Social. ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino 
e Pesquisa em Serviço Social. Serviço Social: direitos sociais e competências 
profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. Disponível em: 
<http://cressrn.org.br/files/arquivos/46m757L928C08m9UzW7b.pdf>. Acesso 
em: 22 jul. 2019. 
IAMAMOTO, M. V. Trabalho e indivíduo social. São Paulo: Cortez, 2001. 
LAGIOTO, N. Autonomia profissional x trabalho assalariado: exercício 
profissional do assistente social. Revista Conexão Geraes, v. 2, n. 3, 2013. 
 
 
15 
Disponível em: <https://cress-mg.org.br/publicacoes/Home/PDF/57>. Acesso 
em: 22 jul. 2019. 
MATOS, M. C. de (Org.). Assessoria, consultoria e serviço social. 2. ed. São 
Paulo: Cortez, 2010. 
MORAES, S. B. de et al. A efetivação do serviço social na empresa: cotidiano e 
desafios profissionais. VII Jornada Internacional de Políticas Públicas – 
JOINPP. 25 28 ago. 2015. São Luiz: UFMA. Disponível em: 
<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo2/a-efetivacao-do-
servico-social-na-empresa-cotidiano-e-desafios-profissionais.pdf>. Acesso em; 
22 jul. 2019. 
MOTA, A. E. da. O feitiço da ajuda: as determinações do serviço social na 
empresa. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 
NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social. São Paulo: Cortez, 
2009. 
PORTAL DO EMPREENDEDOR MEI. Qual o faturamento anual do 
microempreendedor individual? Portal do Empreendedor MEI, 2019. 
Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/duvidas-frequentes/o-
microempreendedor-individual-mei/4-qual-o-faturamento-anual-do-
microempreendedor-individual>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
SIGNIFICADOS. Significado de auditoria. Significados, 18 maio 2016. 
Disponível em: <https://www.significados.com.br/auditoria/>. Acesso em: 22 jul. 
2019. 
SOUZA, A. B. L. de.; BELEZA, M. C. M.; FONSECA, R. S. da. O papel do 
assistente social na área de recursos humanos frente aos fatores motivacionais 
dos trabalhadores da indústria brasileira. 4º Simpósio Mineiro de Assistentes 
Sociais, 19-21 maio 2016. Belo Horizonte: CRESS-MG; ABEPSS; ENESSO. 
Disponível em: <https://cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/3f/3f5cb125-c96a-
4247-99ed-3bfecd8cac42.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2019.