Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TBL 9 – PARALISIA FACIAL DANIELA FRANCO NEUROANATOMIA DO NERVO FACIAL A musculatura mímica da face é inervada pelo nervo facial, VII nervo craniano. O núcleo do nervo facial localiza-se na ponte, relativamente próximo ao núcleo abducente. Devido à grande importância da musculatura mímica no homem, sobretudo pelo seu envolvimento na comunicação de emoções e na fala, o núcleo é composto por muitos neurônios que se encontram subdivididos em diversos grupamentos celulares, cada um dos quais sendo responsável pela inervação de certos músculos. Ao deixarem o núcleo, os axônios dirigem-se para trás, contornam o núcleo abducente e voltam-se para diante, para saírem do tronco encefálico pela sua face lateral como nervo facial. Além das fibras motoras, associam-se ao nervo facial fibras aferentes relacionadas de modo especial com a sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua e fibras eferentes parassimpáticas que se dirigem às glândulas salivares e lacrimais. Essas fibras aferentes e eferentes parassimpáticas constituem o nervo intermédio, que com frequência não é facilmente distinguível do facial. No trajeto dentro do espaço subaracnóideo, o nervo facial (e intermédio) situa- se ao lado do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano) até penetrar no meato acústico interno. Dentro do osso temporal, o nervo facial separa-se do VIII nervo e segue pelo canal facial, relativamente estreito, bem próximo à cavidade timpânica, até emergir do crânio, atravessar a glândula parótida e abrir-se como um leque para inervar a musculatura mímica de toda a face. PERIFÉRICO X CENTRAL: O córtex esquerdo manda fibras para inervar núcleos do nervo fácil do lado direto. Inervam os 2/3 superiores e o 1/3 inferior da face. Então o cérebro do lado esquerdo é responsável pela face direita, porém o lado esquerdo do córtex também inerva o andar superior da face do lado esquerdo (do mesmo lado) Vamos supor uma lesão nos nervos depois que sai dos núcleos (lesão periférica), tem acometimento em tudo que inerva aquele lado, paralisa todo um lado. Quando a lesão é central (no córtex) vai paralisar todo o lado oposto, e a parte superior da face do mesmo lado. A nossa mimica facial tem a parte voluntária e a parte da expressão emocional - A parte voluntária tem origem no giro pré central passa pelo trato corticococlear e vai para o facial e vai inervar a musculatura. Na mimica facial também responde de outras partes como vindas do hipotálamo, núcleos da base (quem tem lesão muda a mimica facial apagando a expressão emocional - Parkinson) O andar superior da nossa face é inervado pelos dois nervos faciais, a borda inferior é inervada só pelo nervo facial do lado contrário. Lado direito movimenta o lado esquerdo, e vice e versa no andar inferior. Já no superior é dos dois lados. Se tem um AVC e interrompe o fornecimento de sangue no hemisfério esquerdo do paciente, então os neurônios vão estar prejudicados ai não vai suprir a parte do andar superior nem o inferior do lado direito, em cima ainda tem do outro lado, mas embaixo não movimenta do lado direito. Desvio de rima do lado direito quando há comprometimento central no esquerdo. Se há uma lesão no nervo facial, problema periférico, lado esquerdo não consegue mexer nada no lado esquerdo. Hemifacial paralisada, não consegue fechar o olho ou enrugar a testa. Topografia do nervo fácil periférico: O mais de cima é motor, mais embaixo é sensitivo. Vão se unir no canal do nervo facial, e depois disso emite vários ramos, o primeiro é o nervo petroso superficial (inerva glândulas lacrimais), o segundo ramo é o músculo estapédio (contrai para evitar dores, de ruídos muito altos), o terceiro ramo é o nervo corda do tímpano (inerva glândulas sublinguais, submandibulares, sensibilidade dos 2/3 anteriores da língua. E a porção terminal é a porção motora do nervo (mimica facial). Parte sensitiva: parte gustativa da lingua-2/3 anteriores (especial, mostra sabor) e sensibilidade do meato acústico externo. Parte autonômica (glândulas lacrimais e salivar) PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA E CENTRAL PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA A lesão dos neurônios do nervo facial, quer do corpo celular localizado no núcleo, quer dos axônios em qualquer parte do trajeto, causa paralisia facial periférica. Há paralisia de toda a musculatura mímica de uma hemiface, a rima bucal desvia-se para o lado sadio devido à redução do tono no lado afetado e o olho mantém- -se aberto pela ação do músculo elevador da pálpebra (oculomotor). Movimentos como franzir a testa, assobiar e exibir os dentes como num sorriso tornam-se impossíveis do lado afetado. Quando a lesão acomete fibras do nervo intermédio, pode haver déficit da gustação dos dois terços anteriores da língua e redução da secreção lacrimal. A forma mais comum de paralisia facial periférica é a paralisia de Bell, em que muito provavelmente o nervo é acometido por processo inflamatório de etiologia virai dentro do canal facial. Lesões situadas no tronco encefálico podem afetar o núcleo do nervo facial ou suas fibras, condicionando paralisia facial periférica do lado da lesão, como ocorre em processos vasculares ou tumorais, por exemplo. Se a lesão for suficientemente extensa, poderá comprometer o trato corticospinal e causar síndrome piramidal nos membros do lado oposto. A associação de paralisa facial periférica de um lado e paralisia dos membros contralaterais (hemiparesia alternada) é altamente sugestiva de lesão da ponte. De modo eventual, as fibras do nervo abducente podem ser comprometidas causando estrabismo convergente ou o núcleo abducente pode ser afetado, associando-se paralisia do olhar conjugado para o lado da lesão. CAUSAS DE PARALISIA PERIFÉRICA: idiopática ou secundária à herpes-zóster, otite média, sarcoidose e Guillain Barré. Os sinais e sintomas comuns da paralisia de Bell são: fraqueza dos músculos de um lado do rosto com paralisia da pálpebra superior que leva a dificuldade de fechar o olho e dificuldade para piscar, pode levar a ressecamento do olho com lesões da córnea. Pode ocorrer ainda desvio da boca para o lado contrário ao da paralisia (boca torta), pois, a boca desvia para o lado bom que é o lado que a musculatura contrai. Pode cursar com diminuição do paladar na parte anterior da língua e salivação excessiva levando o paciente a babar. Pode apresentar dor atrás do ouvido e ruídos altos podem causar desconforto no ouvido do lado afetado, uma condição chamada hiperacusia. As mudanças causadas pela paralisia de Bell afetarão a aparência do seu rosto, incluindo como você sorri. Essas mudanças são muitas vezes óbvias para os outros e podem fazer com que as pessoas com paralisia de Bell se sintam angustiadas e evitem atividades sociais. Fatores de risco: estresse, fadiga extrema, mudança brusca de temperatura, > 40 anos, trauma, infecção pela bactéria Lyme, herpes, distúrbios de glândula parótida, otite média, tumores, baixa imunidade. Reação inflamatória que envolve o nervo facial, em que o edema provoca uma compressão no nervo dentro de um canal ósseo estreito, localizado atrás da orelha. Ocorre então um bloqueio da transmissão dos impulsos nervosos para os músculos responsáveis pela mímica facial. Fazer “calor” (dá vasodilatação) em ambos os lados da face para aliviar dor (do lado paralisado) e relaxar a musculatura hipertensa (do lado bom). Contraindicado uso de gelo. Exame físico: desvio dos traços fisionômicos, apagamento dos sulcos, lagoftalmo (rima palpebral mais aberta), epífora (secreção lacrimal), sinal de Bell, sinal de Negro. Quando tentamos fechar o olho na Paralisia de Bell, por que a pálpebra fica aberta? pálpebra fica aberta na paralisia fácil pois quemmantém ele aberto é o oculomotor (III par). e não fecha, pois quem faz isso é o nervo orbicular, que é ramo do VII par (facial - que está paralisado). Complicações: lesões de córnea, cegueira, lacrimejamento, sincinesia – bocejar de sono e movimentar o olho (olho aberto causa tudo isso). PARALISIA FACIAL CENTRAL A principal aferência do núcleo facial provém do córtex cerebral através do trato corticonuclear. A porção dorsal do núcleo, que inerva a metade superior de uma hemiface, recebe aferências corticais dos hemisférios ipsi e contralateral. A porção ventral do núcleo, responsável pela inervação da musculatura mímica da metade inferior da hemiface, recebe apenas impulsos do hemisfério contralateral. Lesões supra nucleares unilaterais causam a paralisia facial central, em que apenas a motricidade mímica da parte inferior da hemiface contralateral é comprometida. A mímica da porção superior é pouco ou nada afetada, devido à inervação bilateral. Desse modo, a extensão da paralisia na hemiface pode guardar relação inversa com a gravidade do pro cesso lesionai. Nas lesões periféricas, que quase sempre são menos graves, a extensão é maior que nas lesões centrais, usualmente mais graves. CAUSAS DE PARALISIA CENTRAL: AVC, compressão e tumor. INVESTIGAÇÃO EXAME: pede para paciente fechar e abrir os olhos, enrugar a testa, assoviar, assoprar, sorrir. Solicita- se ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as pálpebras bem forte, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma ou músculo cutilar do pescoço. Sinal de Bell: paralisia de hemifacial, o paciente tenta fechar os olhos, porém como está paralisado a pálpebra não se fecha do lado acometido. Reflexo Glabela: percute na região, e tem que ter resposta de não piscar. Se estiver com lesão vai piscar ETIOLOGIAS • Mais comum é paralisia de Bell • Infecções virais como a paralisia de Bell e síndrome de Ramsay Hunt; • Causas cirúrgicas: por exemplo, durante a remoção do neuroma acústico, tumor do nervo facial ou a glândula parótida; • Causas bacterianas, como a doença de Lyme ou após uma infecção do ouvido médio; • Condições neurológicas, como neurofibromatose ou síndrome de Guillain- Barré; • Lesões traumáticas, como fraturas no cérebro, crânio ou face; • Trauma de nascimento: por exemplo, fórceps; • Condições congênitas, como um desenvolvimento anormal do nervo facial ou muscular no útero; • Síndromes genéticas raras. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da paralisia é clínico, mas a eletroneuromiografia da face e exames de imagem podem ajudar. ELETRONEUROMIOGRAFIA: Confirmar a existência de uma lesão do nervo facial. Caracteriza quanto ao tipo (se o comprometimento consiste em axonal, desmielinizante ou bloqueio de condução). Quantificar a denervação motora e fornecer informações prognósticas (qual a chance de recuperação: parcial ou completa). Um pequeno estímulo elétrico no nervo facial, na frente da orelha, gera uma contração muscular registrada por eletrodos de superfície em diferentes músculos faciais (músculo orbicular do olho, músculo nasal, músculo orbicular da boca). A comparação entre o lado comprometido e o lado saudável ajuda a quantificar a extensão do comprometimento e a acompanhar a evolução. EXAMES DE NEUROIMAGEM: como ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC) de crânio, principalmente de região temporal e de parótida, podem ser realizadas mediante um quadro sugestivo de causa central ou secundária, a fim de buscar a presença de lesão estrutural, sendo a acurácia da RM maior do que a da TC. TRATAMENTO • Medicamentos como agentes antivirais e corticoides. • Proteção ocular e colírios para prevenir lesões da córnea e conjuntiva, que são muito frequentes nesses casos, também deve receber grande atenção. • Posteriormente, caso o paciente evolua com assimetria faciais, a aplicação de toxina botulínica pode ser utilizada no lado sadio melhorando a estética facial. Nas paralisias faciais centrais o tratamento depende da causa. Lembre-se que qualquer caso de paralisia facial deve ser avaliado por um médico com urgência. A participação de profissionais como fisioterapeuta, fonoaudiólogo e neurologista, de forma simultânea e complementar, contribui para o processo de tratamento, especialmente na recuperação de movimentos expressivos, melhora da fala, mastigação e deglutição. TRATAMENTO: Na central trata-se a causa base central, por exemplo, em AVC, trataremos ele. Na periférica usaremos Corticoide (começar até o 3º dia do início dos sintomas) para TODOS os pacientes, pois trata-se de uma neuropatia inflamatória. Se dúvidas diagnósticas, fazer exame de imagem. Em caso de paciente com herpes zoster ou quadros mais severos (paralisou tudo e o paciente mal movimenta a face), dar Aciclovir. Tratamento para evitar lesão de córnea – lubrificante ocular (1h em 1h, no máximo de 3h em 3h) + oclusão de olhos ao dormir com pomada lubrificante. Fisioterapia e fonoaudiologia.
Compartilhar