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Discplina: Teoria do Conhecimento Aula 7: Cientificismo filosófico Apresentação Nesta aula, veremos a permanência da ideia de Deus a partir da obra do filósofo francês Nicolas Malebranche (1638-1715). Discutiremos, ainda, sobre o ceticismo e sua influência em autores como Michel de Montaigne (1533-1592) e David Hume (1711-1776), elaborando uma distinção entre conhecimento científico e senso comum. Essa análise será fundamental para compreendermos a formação do discurso científico contemporâneo. Objetivos Identificar a preservação da perspectiva do divino no conhecimento filosófico pós- medievo; Definir ceticismo com base na obra de Montaigne; Analisar o conhecimento científico e o naturalismo em Hume. Natureza do conhecimento humano Como vimos anteriormente, o conhecimento é construído a partir do acúmulo de ideias. Entretanto, ainda que uma teoria supere outra ao longo do tempo, é sempre necessário ter um ponto de partida. Vamos entender melhor a questão? Exemplo Tomemos como base o modelo geocêntrico sobre o qual já discutimos. Ele substituiu o heliocêntrico, mas, foi a partir da existência deste que se pôde formular outra teoria. Na Filosofia, ocorre o mesmo: ainda que tenham sido elaboradas há séculos, as ideias da Antiguidade dão origem a diversos trabalhos na modernidade. Na Idade Média, o grande debate filosófico girava em torno da natureza do conhecimento, cujo ponto de partida era a teologia. Progressivamente, essa teologia foi sendo deixada de lado pela teoria, mas a relação entre fé e razão ainda não havia se tornado irrelevante na Idade Moderna. Embora a Filosofia valorizasse cada vez mais a racionalidade e suas diversas formas de produzir conhecimento, a ideia de um saber que emana da perspectiva divina ainda existia. Uma das questões mais interessantes que permeia esse debate entre fé e razão é sua permanência na formação da teoria do conhecimento. Hoje, quando você pensa no sentido do termo conhecimento, o que vem a sua mente? De forma quase automática, muitos se remetem ao conhecimento científico. Dois séculos de racionalismo nos levaram a tal caminho. Contudo, até chegarmos a essa conclusão, diversas teorias foram propostas e discutidas. Justamente por meio da soma desses pensamentos, nosso sentido moderno de razão e de conhecimento foi construído. Ora, quando pensamos na Idade Média, achamos razoável que as teorias filosóficas formuladas à época tenham como essência a questão do divino, como vimos em São Tomás de Aquino (1225-1274) e, ainda antes, em Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.). Entretanto, quando falamos em modernidade, nós a associamos ao iluminismo – século das luzes. O que é uma aparente contradição evidencia a própria natureza do conhecimento humano e a forma como as sociedades ocidentais se organizam. Deus jamais saiu de cena. Conforme veremos nas próximas aulas, mesmo na contemporaneidade, quando Friedrich Nietzsche (1844-1900) anunciou: “Deus está morto”, a ideia divina perdurou como parte de nosso pensamento e das discussões científicas. Sobre o assunto, Assunção (2009) afirma que: Para o pensamento cristão, Deus era o princípio gerador de todas as coisas. Na leitura cristã, a ordem do meio natural ou do Universo criado estava diretamente ligada à estruturação de uma sociedade ordenada. Conforme o texto bíblico, Deus era um construtor, o artesão do mundo, responsável pela modelação da matéria e pela harmonia dos alicerces sociais, colocando o homem como senhor de todas as criações divinas na Terra. Mesmo depois de elaboradas as teorias racionalista e empirista, ainda era relevante compreender o lugar de Deus no mundo das ideias, como veremos a seguir. Conhecimento como aspecto divino Como vimos na aula anterior, da mesma forma que Leibniz (1646-1716), Descartes (1596-1650) discutiu sobre a questão divina, mesmo sendo cientista, filósofo e matemático. A partir da obra de Descartes, outros pensadores, como Nicolas Malebranche (1638-1715), desenvolveram suas proposições acerca da teoria do conhecimento, considerando esse aspecto divino. Nicolas Malebranche | Fonte: https://www. pinterest.pt/ pin/ 85427724161818537/ <https://www.pinterest.pt/pin/85427724161818537/> Saiba mais Nascido em Paris, Malebranche estudou Filosofia e Teologia, e ingressou na Congregação do Oratório, que revelou bastante sobre o posicionamento intelectual desse filósofo. https://www.pinterest.pt/pin/85427724161818537/ Essa congregação surgiu no século XVI, em um contexto de Contrarreforma, em que a Igreja reagia à expansão protestante. O oratório dedicava-se à educação e à propagação dos princípios espirituais da fé católica. A questão educacional dessa ordem estimulava o interesse na natureza do conhecimento, mas foi a leitura da obra de Descartes que marcou, definitivamente, a vida intelectual de Malebranche. Como já estudamos, a obra de Descartes se dedicou a várias áreas do conhecimento, como Matemática e Física. Para o filósofo, as ideias eram um objeto da percepção. Essa análise permitiu a Malebranche desenvolver sua própria teoria do conhecimento, estabelecida em uma de suas principais obras: Recherche de la verité ou A busca da verdade (MALEBRANCHE, 2004). Sobre o assunto, Pricladnitzky (2011, p. 9) afirma que: De um lado, Malebranche, [por meio] de uma análise da apreensão perceptual, conclui que ideias são entidades distintas tanto da mente do sujeito que percebe [quanto] do objeto que as ideias pretendem representar. As ideias são, por sua vez, objetos ontologicamente distintos tanto do ato de percepção – uma operação da mente – [quanto] do objeto externo – o que seria supostamente visado pelo ato de perceber. Malebranche pretende estabelecer, a partir de seu argumento para o caráter indispensável das ideias, que estas são, de fato, entidades representacionais que substituem os objetos materiais no processo de cognição. Além disso, o que também é consequência desse argumento, as ideias são aquilo que é percebido, direta e imediatamente, em todo ato de cognição. 1 file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/aula7.html Essas ideias, mesmo que distintas da mente, são presentes a ela, constituindo-se, para Malebranche, como entidades para as quais as operações da mente estão diretamente direcionadas. Essa teoria de Malebranche é comumente chamada [de] representacionalismo, realismo indireto ou teoria objetual das ideias [...]. Esse representacionalismo em Malebranche ancora-se na perspectiva da onipresença de Deus: Só é possível entender todo o conhecimento produzido a partir de uma relação profunda entre Deus e sua criação humana. Podemos adaptar, aqui, a máxima de Protágoras (481 a.C.-411 a.C.), vista nas primeiras aulas, que indica o homem como a medida de todas as coisas, para o olhar de Malebranche, segundo o qual Deus assume esse papel. Afinal, é a partir Dele que o conhecimento ganha sentido. Comentário Malebranche não foi o único a pensar nessas ideias. Descartes e outros filósofos até consideravam a existência de Deus, mas não se aprofundaram na sistematização do papel divino para o conhecimento. Ceticismo Quando analisamos a trajetória da teoria do conhecimento e da própria Filosofia, é interessante pensarmos como correntes de pensamento aparentemente contraditórias fazem parte de um todo harmônico. Conforme estudamos nas aulas anteriores, há um acúmulo do conhecimento que constrói a Filosofia como campo do saber. Vejamos como isso acontece. Exemplo Tomemos como base teorias supostamente opostas, como o representacionalismo de Malebranche e o ceticismo. Para Malebranche, a existência de Deus é algo palpável que se manifesta racionalmente. Já para os céticos, é importante duvidarmos de todas as informações que não podemos demonstrar empiricamente. Eles propõem, portanto, a dúvida constante, rejeitando a noção de verdade absoluta. Atualmente, ceticismo tornou-se sinônimo de “falta de fé ou de crença”, mas seu sentido filosófico não é exatamente este.O ceticismo surgiu na Grécia e tem como alguns de seus principais representantes Pirro (318 a.C.-272 a.C.). Por isso, sua vertente filosófica também é conhecida como Escola de Pirro. Pirro | Fonte: https://brasildelonge. files. wordpress.com/ 2016/04/ pirro-1.jpg <https://brasildelonge.files.wordpress.com/2016/04/pirro- 1.jpg> Ceticismo A influência do ceticismo pode ser notada não só na Filosofia, mas em outros campos do conhecimento, como a História, que também remonta a Grécia com Heródoto (485 a.C.-425 a.C.). Considerado o pai da História, ele privilegiava o testemunho como fonte para recuperar os acontecimentos, mas, quando duvidava de seu informante, adotava a mesma posição do filósofo cético, buscando indícios que comprovassem a informação que lhe havia sido transmitida. https://brasildelonge.files.wordpress.com/2016/04/pirro-1.jpg Essa importante corrente de pensamento foi retomada, sobretudo, no Renascimento, com filósofos como Michel de Montaigne (1533-1592). Vamos conhecê-lo melhor? Michel de Montaigne | Fonte: https://www. tes.com/ public/news -images/ michel-de- montaigne.-011.jpg <https://www.tes.com/tesv2/files/styles/news_article_ml_x1/public/news images/michel-de-montaigne.-011.jpg? itok=wQf-sZnV> Ceticismo na obra de Montaigne Como homem de seu tempo, Montaigne tinha inúmeros interesses e, hoje, é estudado sob a perspectiva de diferentes saberes – desde a educação até a literatura. Na Filosofia, Montaigne adotou o ceticismo e, a partir dessa corrente, discutiu sobre os princípios da razão e do conhecimento. https://www.tes.com/tesv2/files/styles/news_article_ml_x1/public/news-images/michel-de-montaigne.-011.jpg?itok=wQf-sZnV De acordo com esse filósofo, a Filosofia é construída em sua essência a partir da dúvida, que leva à investigação e à racionalidade. Em uma de suas principais produções – Os ensaios (MONTAIGNE, 2010) –, ele cita outro importante pensador – Dante Alighieri (1265-1321) –, autor de um dos mais relevantes trabalhos literários da história: A Divina Comédia. Escrita no século XIV, a obra narra, em forma poética, a chegada do próprio autor ao que seria o pós-morte no conhecimento do inferno, do purgatório e do paraíso. “Os ensaios”, uma das principais obras de Montaigne. Leitura Para entender melhor o assunto, leia o texto Dante Alighieri e a representação do pós-morte <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/28968/15668 /28968/15668 > . Montaigne retoma uma passagem do Inferno de Dante, em que este afirma: E, não menos que saber, duvidar me agrada. (DANTE, Inferno, XI, 93) Neste caso, o uso da fala de Dante reforça a aproximação de Montaigne com o ceticismo, cujo método se baseia na dúvida para a construção do conhecimento. A respeito da experiência, o autor afirma que: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/28968/15668 Não há desejo mais natural que o desejo de conhecimento. Ensaiamos todos os meios que podem nos levar a ele. Quando nos falta a razão, empregamos a experiência [...]. A experiência tem por diversas práticas produzido as artes, com o exemplo mostrando o caminho, que é um meio muito mais fraco e menos digno. Mas a verdade é coisa tão grande, que não devemos desprezar nenhum intermediário que nos leve a ela. A razão tem tantas formas que não sabemos a qual recorrer. (MONTAIGNE, 2010, p. 491) O desejo de conhecer é, portanto, inerente ao espírito humano, mas cada tempo histórico tem um parâmetro distinto do que é conhecimento. Sabemos que os gregos buscavam conhecer a partir da natureza. Filósofos como Malebranche buscavam o saber a partir de Deus, e Montaigne, a partir da dúvida. Vamos entender melhor, a seguir, como se chegou ao conhecimento científico. Conhecimento científico Embora distintas no método e no paradigma, as concepções de conhecimento científico e naturalismo possuem um ponto em comum: o sentido de racionalidade, a partir do qual se constrói a ciência e o discurso científico. Mas a ciência não é a única forma de conhecimento. As primeiras definições do saber eram baseadas no senso comum, que, mesmo após inúmeros avanços científicos, continua existindo nas sociedades atuais. Antes da ciência e até mesmo da Filosofia, quando o homem começou a se organizar em sociedade e a dominar a natureza, a primeira maneira de obter conhecimento era a partir da observação. Você deve estar se perguntando: Mas observação exatamente de quê? Simples: do mundo que o cercava. Por meio da observação e da prática, conhecimentos foram produzidos, acumulados e repassados por gerações. Para entender melhor a questão, vamos esclarecer essa ideia. Exemplo Tomemos como base um agricultor do início da Idade Média, por volta do século V. Ele não possuía um calendário escrito em que podia verificar as estações do ano ou os ciclos lunares. Não tinha um conhecimento sofisticado de técnicas agrícolas, de plantio e cultivo. Além disso, não dispunha de produtos químicos para proteger sua lavoura nem de maquinário para otimizar sua colheita. Anda assim, ele sabia quando e o que era possível plantar no solo disponível, quando colher, quando deixar a terra descansar e quando começar o trabalho de arar. Mas de onde vinha essa informação? Ora, das gerações anteriores: seus antepassados passaram a observar o clima, desenvolveram técnicas próprias de arar o solo e aprenderam na prática quando deveriam começar a colheita. Séculos depois, passamos a explicar esse processo – que foi aprendido a partir do fazer cotidiano – por meio da ciência. Se, por um lado, o senso comum – assim como o conhecimento científico – tem origem na observação, por outro, não é um conhecimento verificável em sua essência. Se as técnicas de plantio são parte do senso comum, as superstições também o são. Quem nunca ouviu alguma destas afirmações? 01 Cruzar com gato preto traz má sorte. 02 Passar embaixo de uma escada ou quebrar um espelho traz azar. 03 Tomar manga com leite faz mal. Essas asserções são parte do senso comum e não têm nenhuma comprovação científica. São resquícios de práticas e tradições que permaneceram em nosso imaginário e que, hoje, fazem parte de nossa cultura. Logo, o senso comum não é um conhecimento verificável em si e não é sistemático, o que o distingue do conhecimento científico. Trata-se de duas naturezas de saber diferentes. Observe, na tabela a seguir, as peculiaridades de cada uma: Conhecimento científico Senso comum Busca a comprovação. Fundamenta-se no hábito e na cultura, e não necessita ser comprovado. Baseia-se na observação e no experimento. Baseia-se na tradição, ainda que tenha se desenvolvido a partir da observação não científica. É um conhecimento sistemático. É um conhecimento assistemático. Podemos observar essas distinções bem como a influência do ceticismo na obra do filósofo David Hume (1711-1776), do século XVIII, conforme veremos a partir de agora. Naturalismo em Hume Hume compartilhava com John Locke (1632-1704) a ideia de que não existem ideias inatas – diferente do que afirmava Descartes. Por isso, ele era considerado um dos defensores do empirismo. Leitor das obras de Malebranche, Hume discordava deste quanto à questão religiosa e seu papel no conhecimento humano. Sua obra focava no estudo da natureza humana e buscava reformar o pensamento filosófico, que devia se desenvolver em torno de paradigmas empíricos. De acordo com a teoria de Hume, o conhecimento humano é formado por ideias, que têm origem nas impressões. Vamos explicar esse raciocínio. Exemplo Quando pensamos em algo – como chocolate, por exemplo –, podemos evocar de memória seu gosto e seu cheiro. Sabemos como estes são, porque já experimentamos o produto. Portanto, lembramos da percepção do que é um chocolate. Esse conhecimento se origina de nossas impressões, adquiridas por meio dos sentidos – neste caso, paladar e olfato. A partir deles, formulamos a ideia do queé o chocolate em si. Assim, Hume (1995) afirma que o homem é racional por natureza e desenvolve o conhecimento por meio da ciência. Suas obras foram um complexo filosófico que influenciou inúmeros autores contemporâneos, como Immanuel Kant (1724- 1804) – tema da próxima aula. Atividade 1 - A partir da teoria do conhecimento proposta por Hume, relacione as noções de conhecimento científico e senso comum aos exemplos listados, indicando o número correspondente: I. Conhecimento científico II. Senso comum a) Fazer simpatias de Santo Antônio. b) Realizar pesquisas de DNA. c) Calcular a probabilidade matemática. d) Pular sete ondas no Ano Novo. e) Implementar o modelo heliocêntrico. f) Cortar o cabelo de acordo com o ciclo lunar. g) Aplicar a lei da gravidade. h) Cobrir espelhos em tempestades. 2. (Adaptado de: ENEM - 2016) Leia o fragmento de texto a seguir: “Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos”. (LAÉRCIO, 1988) Conforme o trecho sugere, o ceticismo caracteriza-se por: a) Defender a impossibilidade de obter alguma certeza. b) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade. c) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz. d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente. e) Agir de forma virtuosa e sábia, a fim de enaltecer o homem bom e belo. 3. (FGV - 2013) As relações entre ciência e senso comum sempre foram polêmicas – seja porque buscamos ver no primeiro conceito a evolução do segundo, seja porque ambas as noções foram definidas como formas de conhecimento excludentes entre si. Tendo em vista essas correlações, é correto afirmar que o conhecimento científico: a) Tem o poder de explicar tudo, face às dúvidas e crendices do senso comum. b) Estabelece uma ruptura com o senso comum ao exigir constante crítica do passado. c) Supera o senso comum, quando alcança resultados indubitavelmente provados. d) Concorda com o senso comum ao basear suas afirmações no registro direto dos dados sensoriais. e) Elimina a especulação pela comprovação e transforma o discurso do senso comum em fato observável. 4. (Adaptado de: ENEM - 2015) Leia o fragmento de texto a seguir: “Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes (ouro e montanha) que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo – animal que nos é familiar”. (HUME, 1995) Como você percebeu, Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que: a) Os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação. b) O espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível. c) As ideias fracas resultam de experiências sensoriais, determinadas pelo acaso. d) Os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória. e) As ideias têm como fonte específica as impressões, cujos dados são colhidos na empiria. Notas Ontologicamente Relativo à ontologia, que vem do grego: ontos = ser + logos = estudo 1 Trata-se do estudo do significado do ser a partir de sua etimologia. Referências ASSUNÇÃO, P. de. A natureza brasílica entre a visão emblemática e a revolução científica: da necessidade humana de conhecer o mundo entre os séculos XVI e XVIII. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. FERREIRA, A. de O. Liberdade e Filosofia: da Antiguidade a Kant. Curitiba: InterSaberes, 2013. HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995. ______. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004. LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: UnB, 1988. MALEBRANCHE, N. A busca da verdade. São Paulo: Discurso Editorial, 2004. MONTAIGNE, M. Os ensaios. São Paulo: Penguim Companhia, 2010. PRICLADNITZKY, P. F. Visão em Deus: uma análise da Recherche de la Verité III, II, 1- 6. 2011. 83 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Próximos Passos Crítica à razão pura de Kant; Conceito de representação para Arthur Schopenhauer; Pragmatismo de Charles Sanders Peirce. Explore mais Leia os textos: O método cético da oposição e as fantasias de Montaigne; <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 512X2012000200004> Naturalismo, ceticismo e empirismo em David Hume: seus compromissos epistêmicos para além do fundacionalismo. <https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/6818/pdf> Material complementar http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2012000200004 https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/6818/pdf VERDAN, A. O ceticismo filosófico. Florianópolis: UFSC, 1998.
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