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Técnicas de integração Técnicas de integração ocê agora já sabe derivar funções de uma variável real, usando a “Regra da Cadeia”, sabe usar estes conhecimentos para interpretar se uma dada função é crescente sobre um certo intervalo. Você também aprendeu o significado do símbolo b a dxxf )( que pode ser interpretado como uma “área”. A teoria de integração que você aprendeu culminou em um teorema muito importante. Essa importância está estampada em seu próprio nome: o Teorema Fundamental do Cálculo. Muitas vezes, para calcular uma integral indefinida precisamos usar certos artifícios matemáticos para transformá-la em outra integral mais simples de ser obtida. Neste capítulo será introduzido as técnicas de integração. Você aprenderá a calcular as primitivas de vários tipos de funções. Este conteúdo é clássico e de caráter bem aplicado. Ele lhe permitirá resolver vários problemas interessantes, aumentando assim seu poder computacional. Método da substituição ou mudança de variável A Integração por Substituição é uma técnica (ou método) para resolver integral inspirada na Regra da Cadeia para derivadas. Por isso, compreender sua relação com a Regra da Cadeia torna mais significativa a manipulação algébrica que fazemos ao resolver integrais por esse método. Iniciamos retomando a Regra da Cadeia ( ) ' ' '( ) ( ( )) ( )f g x f g x g x= . Veja que essa expressão nos alerta para o fato de que desmanchar a ação da derivada em um produto de duas funções não corresponderá a desmanchar a ação da derivada em cada um dos fatores e fazer o produto. Em outras palavras, a integral de um produto de funções não é o produto das integrais (de cada um dos fatores). Esse fato contrasta com a regra de integração para a soma de duas funções. Em decorrência da regra da derivada da soma de funções, obtivemos a integral de uma soma gf + somando a integral de f com a integral de g . Demonstração. A prova deste teorema é simples. Vamos usar o Teorema Fundamental do Cálculo e a Regra da Cadeia: O cálculo )())(()())(())((( '''' xgxgfxgxgFxgF == V Teorema 2.1 Se )(xgu = é uma função diferenciável, f é uma função contínua e )()Im( fDg , então CxgFCuFduufdxxgxgf +=+== ))(()()()())(( ' onde F é uma primitiva de f . Capítulo 3 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Salmo 46:1. Técnicas de integração 2 mostra que ( ( ))F g x é uma primitiva da função )())(( ' xgxgf . ■ A técnica da mudança de variável é uma ferramenta poderosa para calcular integrais indefinidas, que permite substituir uma integral relativamente complicada por uma mais simples. Vejamos alguns exemplos. Exemplo. Calcule as integrais indefinidas: 1. ;5 dxe x 2. 3 4 2( 2) ;x x dx+ 3. .)23cos( + dxx Solução. 1. Para calcular 5 ,xe dx fazemos 5u x= . Então, 5du dx= e a nossa integral fica: 5 51 1 1 5 5 5 5x x u ue dx e dx e du e C= = = + Logo, 5 51 5 x xe dx e C= + . 2. No caso de 3 4 2( 2)x x dx+ , fazemos 3 2u x= + , donde temos 23du x dx= . Assim, 3 4 2 3 4 2 4 51 1 1 1 3 3 3 5 ( 2) ( 2) 3x x dx x x dx u du u C+ = + = = + Assim, 3 4 2 3 51 15 ( 2) ( 2)x x dx x C+ = + + . Exemplo. Use o método da substituição para mostrar que Cxtgxdx += secln . Solução. Temos que = dxx senx tgxdx cos . Vamos aplicar o método da substituição para calcular a integral. Fazendo xu cos= , obtemos senxdxdu −= . Assim C x Cu u du tgxdx +=+−=−= cos 1 lnln e, portanto, Cxtgxdx += secln . Até agora, você aprendeu os rudimentos da técnica de integração chamada técnica da mudança de variável. Deve ter notado como o que já aprendeu no seu primeiro curso de cálculo é importante, especialmente a “Regra da Cadeia”. Caso tenha compreendido tudo, ótimo. Mas, não desanime se você sentiu um pouco de dificuldade, afinal de contas, integrar é um pouco mais “dificultoso” do que derivar. Com um pouco mais de tempo e prática você vai dominar, também, este conteúdo. De qualquer forma, insista e releia os exemplos. Para terminar, aqui está uma série de lembretes para fazer bom uso da substituição: • Encontre uma integral simples que fará o papel de ;)( duuf • Faça os eventuais ajustes das constantes para substituir dxxg )(' por du ; • Após integrar, não esqueça de desfazer a substituição, dando a resposta em termos da variável original. Técnicas de integração 3 No cálculo de uma integral definida. Primeiro calculamos a integral indefinida, usando a substituição adequada, e, depois, usamos uma das primitivas para, com o Teorema Fundamental do Cálculo, calcular a integral definida. Porém há uma outra maneira, mais direta, de efetuar este cálculo. A ideia é a seguinte: ao fazermos a substituição, estamos fazendo uma mudança de variável. Basta fazer o correspondente ajuste nos limites de integração. O próximo teorema indica como isso deve ser feito. Demonstração. Como a função f é contínua, o Teorema Fundamental do Cálculo nos diz que ela admite uma primitiva. Seja F esta primitiva. Isto é, )( ),()(' fDxxfxF = . O Teorema Fundamental do Cálculo nos diz ainda que (*) ))(())(()( )( )( agFbgFduuf bg ag −= Por outro lado, a Regra da Cadeia nos dá )())(()())(())((( '''' xgxgfxgxgFxgF == Observe que a função g é de classe 1C . Isto quer dizer que a função 'g é uma função contínua. Assim, a função )())(()( ' xgxgfxy = é uma função contínua e, portanto, satisfaz a hipótese do Teorema Fundamental do Cálculo. Temos assim a seguinte igualdade: (**) ))(())(()())(( ' agFbgFdxxgxgf b a −= Segue-se de (*) e (**) que = )( )( ' )()())(( bg ag b a duufdxxgxgf . ■ Exemplo. Calcule a integral definida dx x x + 2 0 2 1 4 . Solução. O primeiro passo é descobrir qual substituição podemos fazer. Bom, nosso integrando é composto, digamos assim, de dois pedaços: 4x e 12 +x . Ora, como a derivada do primeiro pedaço é x2 , já temos uma escolha = += xdxdu xu 2 12 Consideremos agora a mudança de limites de integração: Enquanto x varia de 0 até 2, u varia de 1102 =+ até 5122 =+ . Assim, podemos efetuar nosso cálculo: 5ln21ln25ln2ln22 1 4 5 2 5 1 2 0 2 =−=== + uu du dx x x Exemplo. Calcule a integral dx x xe 1 ln . Solução. Esta integral parece difícil, mas não é. Pelo menos, não muito. Vejamos. O primeiro passo é descobrir qual substituição podemos fazer. Bom, nosso integrando é composto, digamos Teorema 2.2 Seja g uma função de classe 1C e f uma função contínua. Suponhamos que ( ), ( ) e g , ( )a b D g a b D f Então temos = )( )( ' )()())(( bg ag b a duufdxxgxgf . Técnicas de integração 4 assim, de dois pedaços: x x 1 e ln . Ora, como a derivada do primeiro pedaço é o segundo, já temos uma escolha = = dx x du xu 1 ln Consideremos agora a mudança de limites de integração: Enquanto x varia de 1 até e , u varia de 01ln = até 1ln =e . == == = = 1ln 01ln 1 eg(b) g(a) eb a Assim, podemos efetuar nosso cálculo: 2 1ln 1 01 == ududxx xe Exemplo. Sejam f uma função e ,a b . Mostre que ( ) ( ) ( ) 2 b f x b a f a b x f xa dx − + − + = Calcule 2 cos0 senx senx x dx + e 3 2 3 3 3 3 log4 (log12 )log3 x senx senx sen x dx + − . Solução. Seja ( ) ( ) ( ) I b f x f a b x f xa dx + − + = . Faça u a b x= + − , então du dx= − . Consideremos agora a mudança de limites de integração: Enquanto x varia de a até b , u varia de b até a . Assim, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) I ( ) a b f a b u f a b u f u f a b u f u f a b ub a du du+ − +− + + − + + − = − = ou seja, ( ) ( ) ( ) I b f a b x f x f a b xa dx+ − + + − = . Logo, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2I I I b b b b f x f a b x f x f a b x f a b x f x f x f a b x f x f a b xa a a a dx dx dx dx b a+ − + + − + − + + + − + + − = + = + = = = − e, isto mostra que 2 I b a−= , ou seja, ( ) ( ) ( ) 2 b f x b a f a b x f xa dx − + − + = . Seja ( )f x senx= . Então 2 2 2 (0 ) ( ) ( ) cosf x f x sen x x + − = − = − = e, assim, 2 2 0 2 4cos0 senx senx x dx − + = = . Seja 3u x= , então 23du x dx= . Consideremos agora a mudança de limites de integração: Enquanto x varia de 3 log3 até 3 log4 , u varia de log3 até log 4 . Assim, 3 2 3 3 3 3 log4 log4 1 3 (log12 )(log12 )log3 log3 x senx senu senu sen usenx sen x dx du + −+ − = Técnicas de integração 5 Considere ( )f u senu= . Daí, (log3 log 4 ) (log12 ) (log12 )f u f u sen u+ − = − = − Assim, 3 2 3 3 3 3 log4 log4 log(4 3)log4 log31 1 3 (log12 ) 3 2 6(log12 )log3 log3 x senx senu senu sen usenx sen x dx du − + −+ − = = = Técnicas de integração 6 Integração por partes A integração por partes é uma técnica (ou método) para resolver integrais concebida a partir da regra para derivar o produto de duas funções. Compreender a relação entre a técnica de integração por partes e a regra do produto para derivadas torna mais significativa a manipulação algébrica que fazemos ao resolver integrais por este método. Por isso, retomamos aqui a regra: se gf e são funções diferenciáveis, então )()( )()()()())()(( ''' gDfDxxgxfxgxfxgxf += e a discussão sobre o fato de que a “derivada de produtos não é produto de derivadas”. Implicitamente no enunciado da regra do produto, podemos perceber que desmanchar a ação da derivada em um produto de duas funções não corresponderá em geral a desmanchar a ação da derivada em cada um dos fatores, e fazer o produto, como aconteceu com a soma de duas funções. Em outras palavras: a integral de um produto de funções não é o produto das integrais (de cada um dos fatores). Nesta seção vamos discutir um método para integrar produtos de funções; e como muitas vezes ficamos sem saber qual a técnica de integração escolher para integrar uma função dada, a intenção desta aula é também apoiar você na busca por esta técnica para calcular integrais. Você deve estar lembrado que derivamos o método da substituição aplicando o processo de antiderivação na regra da cadeia. Dessa vez faremos o mesmo com a fórmula da derivada do produto de duas funções para obter a integração por partes. Note que )()( xgxf é uma primitiva de ')()( xgxf . Assim, podemos escrever +=+ 1 '' )()())()()()(( Cxgxfdxxgxfxgxf ou ainda, +−= 1 '' )()()()()()( Cdxxgxfxgxfdxxgxf Observe que ao desenvolver a integral no segundo membro surgirá outra constante de integração. Supriremos a constante 1C na fórmula acima e no final do processo introduziremos uma constante C para representar todas as constantes de integração envolvidas. Desse modo podemos escrever: −= dxxgxfxgxfdxxgxf )()()()()()( '' Vamos reescrever a fórmula da integração por partes, usando uma notação que se torna fácil de ser memorizada. Fazendo )( e )( xgvxfu == , temos dxxgvdxxfdu )(d e )( '' == . Então a fórmula da integração por partes pode ser escrita como Ao aprender uma nova técnica, pode acontecer de você ser tentado a usá-la de maneira indiscriminada. A questão é: dada uma integral, como descobrir qual é a técnica mais adequada para resolvê-la? Aqui estão alguns lembretes que podem ajudá-lo a fazer bom uso da integração por partes. ✓ Para aplicar a fórmula (2.1), você deverá dividir o integrando em duas partes = = ? ? dv u (2.1) −= duvvudvu Técnicas de integração 7 ✓ Você precisará integrar dv para obter uma função que fará o papel de v . ✓ A nova integral, vdu, deve ser mais ou tão simples quanto a integral original, dvu . A integração por partes é especialmente útil nas seguintes situações: • ;cos em polinômio dx sencx bx e x ax • ;derivar sei mas integrar, sei não que função dx Uma sugestão que funciona bem na grande maioria das vezes é escolher as funções u e v segundo o critério que descreveremos abaixo. Ele foi publicado como uma pequena nota em uma edição antiga da revista American Mathematical Monthly. Considere o seguinte esquema de funções elementares: No esquema acima, as letras do anagrama LIATE são iniciais de diferentes tipos de funções. Uma estratégia que funciona bem é: ao realizar uma integração por partes, escolher, dentre as duas funções que aparecem sob o sinal de integral, • como função u : a função cuja letra inicial de caracterização posiciona-se mais à esquerda no anagrama; • como formando a diferencial dv : a função cuja letra inicial de caracterização posiciona- se mais à direita no anagrama. Sumarizando, u deve caracterizar-se pela letra mais próxima de L, e dv pela letra mais próxima de E. Muito bem, agora você domina as ideias fundamentais da integração por partes. Para aprofundá-las, é preciso praticar. Aqui estão alguns exemplos que o ajudarão a compreender as explicações acima. Exemplo. Calcule a integral xdxxcos . Solução. Vamos aplicar o método da integração por partes para calcular a integral. Vamos analisar a escolha (Algébrica) cos (Trigonométrica) u x dv xdx = = No anagrama LIATE, A precede T. Note que a integral = xdxdv cos é uma integral direta. Essa escolha de dvu e determina = = senxv dxdu e a fórmula de integração por partes nos dá ++=−= Cxxsenxsenxdxxsenxxdxx coscos Exemplo. Calcule a integral xdxe x cos . Técnicas de integração 8 Solução. Seja = xdxe x cosI . No anagrama LIATE, T precede E. Vamos analisar a escolha, cos (Trigonométrico) e, portanto, (Exponencial) x x u x du senxdx dv e dx v e = = − = = Assim, += senxdxexe xx cosI Note que as integrais senxdxexdxe xx e cos têm o mesmo nível de dificuldade. Isto é, aparentemente, a técnica não nos deu nada de novo. Apesar disso, aplicamos novamente a técnica na nova integral. = = = = cos xx ev xdxdu dxedv senxu Assim, −+= xdxesenxexe xxx coscosI . Note que o integrando original reapareceu no lado esquerdo da igualdade. Assim, podemos somar o integrando I aos dois lados da igualdade, obtendo: '1 )(cos2I Csenxxex ++= Finalmente, trocando 1C por 2C , obtemos a resposta esperada. Csenxx e xdxe x x ++== )(cos2 cosI Vamos, agora, considerar mais uma situação que merece atenção, onde a integração por partes será útil. Nada como um exemplo para ilustrá-la. Exemplo. Calcule a integral arctgxdx. Solução. Qual é a dificuldade inicial? Você quer integrar uma função que você sabe, apenas, derivar. Ótimo, isso é um começo e, você já sabe, na maioria das vezes começar é o mais difícil. Para usarmos a integração por partes só temos uma escolha: 2 1 (Inversa de trigonométrica) 1 1 (Algébrica) du dx u arctgx x dv dx v x == + = = No anagrama LIATE, I precede A. Logo, (*) 1 2 dx x x xarctgxarctgxdx + −= Aqui entra em ação a nossa conhecida substituição simples e encontramos. (**) )1ln( 2 1 1 1 2 2 Cxdx x x ++= + Reunindo as duas igualdades, (*) e (**), obtemos )1ln( 2 1 2 Cxxarctgxarctgxdx ++−= Exemplo. Calcule a integral xdx 3sec . Técnicas de integração9 Solução. As opções para dv são: xdxxdxxdx, dx, 32 sec e secsec .Dentre elas, a expressão mais complexa que sabemos integrar é xdx2sec . Então, escrevemos = dxxxxdx )(secsecsec 23 Vamos analisar a escolha = = = = sec sec sec 2 tgxv tgxdxxdu xdxdv xu e a fórmula de integração por partes nos dá −= xdxtgxtgxxxdx 23 secsecsec Utilizando a identidade xxtg 22 sec1 =+ segue que: +−= xdxxdxtgxxxdx secsecsecsec 33 Adicionando xdx 3sec a ambos os membros da igualdade, chegamos a += xdxtgxxxdx secsecsec2 3 Aqui fazemos uns parênteses no método que vem sendo utilizado e calculamos a última integral, por substituição. Para calcular a integral xdxsec , usamos o artifício a seguir: tgxx tgxxx tgxx tgxxx x + + = + + = sec secsec sec )(secsec sec 2 Assim reescrito o integrando, nossa integral fica: + + = dx tgxx tgxxx xdx sec secsec sec 2 Fazendo tgxxt += sec , obtemos dxtgxxxdt )sec(sec2 += . Assim, CtgxxCt t dt dx tgxx tgxxx xdx 2secln2ln sec secsec sec 2 ++=+== + + = Logo, Ctgxxtgxxxdx +++= seclnsec2 1 sec3 Exemplo. Calcule a integral + dxax n)( 22 , onde . 2 1 −n Solução. Para usarmos a integração por partes, escolhemos: = += = += − 2)( )( 12222 xv xdxaxndu dxdv axu nn e assim, temos )(2)()( 12222222 dxaxxnaxxdxax nnn −+−+=+ Aqui entra em ação a nossa conhecida substituição simples 2222 )( aaxx −+= e encontramos. 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1( ) ( ) 2 ( ) ( )n n n nx a dx x x a n x a dx a x a dx− + = + − + − + Técnicas de integração 10 Note que o integrando original reapareceu no lado esquerdo da igualdade. Assim, podemos somar o integrando I aos dois lados da igualdade, obtendo: dxaxnaaxxdxaxn nnn −+++=++ 12222222 )(2)()()12( Logo, dxax n na n axx dxax n n n −+ + + + + =+ 122 222 22 )( 12 2 12 )( )( Exemplo. Calcule 2 2a x dx− , onde 0a . Solução. Aqui podemos integrar por partes, mas o anagrama LIATE não nos é de serventia, já que a integral envolve apenas expressões algébricas. Seja 2 2I a x dx= − . Para usarmos a integração por partes, escolhemos: 2 2 2 2 x a x du dxu a x dv dx v x − − = = − = = e assim, temos 2 2 2 2 2 2 2I x a x a x dx udv uv vdu x a x dx − = − = = − = − + Agora, fazendo ( ) 2 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ( ) 2 1 2 2 2 1 2 1 I a x ax a x a x a x a x a x a x x a dx dx dx a dx a x dx a dx a arcsen C − − + − − − − − − = = − + = − − + = − + + Portanto, ( )2 2 2 1I I xax a x a arcsen C= − − + + donde, ( ) 22 2 2 2 2 2 x a x a a x dx a x arcsen C− = − + + Um modo mais apropriado de abordar integrais com expressões da forma 2 2x a , ou 2 2a x , será retomado adiante, quando fizermos um estudo de substituições trigonométricas. Para finalizar esta seção vamos calcular uma integral que será de grande importância no estudo do método das frações parciais. Exemplo 2.1. Calcule a integral ++ 122 )( nax dx , onde n é um inteiro positivo. Solução. Seja + = nn ax dx )( I 22 . Para usarmos a integração por partes, escolhemos: = + −= = + = + )( 2 )( 1 12222 xv dx ax nx du dxdv ax u nn e assim, temos )( 2 )( I 122 2 22 dx ax x n ax x nnn ++ + + = Técnicas de integração 11 Aqui entra em ação a nossa conhecida substituição simples 2222 )( aaxx −+= e encontramos. + − + + + = +122 2 2222 )()( 2 )( I nnnn ax dx a ax dx n ax x Ou seja, 1 2 22 I2I2 )( I +−+ + = nnnn nanax x . Assim, podemos escrever nnn na n ax x na I 2 12 )(2 1 I 22221 − + + =+ Logo, + − + + = + + nnn ax dx na n ax x naax dx )(2 12 )(2 1 )( 222222122 Por exemplo, ( )1 22 2 1 I x dx arctg C x a a = = + + e ( )2 1 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 1 1 1 1 I I I 2 2 ( ) 2 2 x x dx x arctg C a x a a x a a x a a = + = = + + + + + Até agora, nossos exemplos e exercícios têm sido integrais indefinidas. A integração por partes, no entanto, também se aplica, diretamente, a integrais definidas. Demonstração. Como )()()()())()(( ''' xgxfxgxfxgxf += para todo bax , , então )()( xgxf é uma primitiva de )()()()( '' xgxfxgxf + . Além disso, como )()( e )()( '' xgxfxgxf são integráveis, então )()()()( '' xgxfxgxf + é integrável. Pelo Teorema Fundamental do Cálculo, ))(())(()()())()()()(( ''' agfbgfdxxgfdxxgxfxgxf b a b a −==+ Logo, =+ b a b a b a xgxfdxxgxfdxxgxf )()()()()()( '' Ou seja, −= b a b a b a dxxgxfxgxfdxxgxf )()()()()()( '' . ■ Exemplo. Se Rbaf →,: possui derivada integrável, ponha 2 ba m + = e prove que ( ) dxxfmxxf ab bfaf b a )()( 2 )()( ' −+− =+ Solução. Temos que −−=−=− b a b a b a b a afbfmdxxxfdxxfmdxxxfdxxfmx )(# ))()(()()()()()( '''' Agora, usando a integração por partes, Teorema 2.3 Se Rbagf →,:, possuem derivadas integráveis, então onde ,)()()()()()( '' −= b a b a b a dxxgxfxgxfdxxgxf )()()()()()( agafbgbfxgxf b a −= . Técnicas de integração 12 = = = = )( )( ' xfv dxdu dxxfdv xu obtemos −= b a b a b a dxxfxxfdxxxf )()()( ' Ou seja, )#(# )()()()(' −−= b a b a dxxfaafbbfdxxxf Substituindo (##) em (#) obtemos ))()(( )()()()()( ' afbfmdxxfaafbbfdxxfmx b a b a −−−−=− Assim, ( ) ( ) ( ) ' 2 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ( ) ( )) ( ) ( ) ( ( ) ( )) ( ( ) ( )) b a a b b a f x x m f x dx bf b af a m f b f a bf b af a f b f a f b f a + − + − = − − − = − − − = + e portanto, ( ) dxxfmxxf ab bfaf b a )()( 2 )()( ' −+− =+ Técnicas de integração 13 Exercício resolvido: Calcule a integral ln2 x dx . Solução. Temos que ln 22 e= e, portanto, ( ) ( ) ln ln2 ln ln2 ln2 ln ln ln22 x x x xe e e x= = = = Isto mostra que ln ln2 ln2 11 ln2 1 2 x dx x dx x C+ + = = + ou ainda, lnln 2 ln2 1 2 xx xdx C + = + Exercício resolvido: Calcule a integral 1 x dx e+ . Solução. Temos que 1 1 1 1 1 1 1 x x x x x x x x x x dx e e e e dx e dx e e e e e dx dx x+ − + + + + + + = = − = − Agora, fazendo a mudança de variável 1 xu e= + , temos xdu e dx= e, portanto, 1 ln x x e dx du ue u C + = = + Logo, 1 ln(1 )x xdx e x e C + = − + + . Exercício resolvido: Calcule 23 5 dx x x+ . Solução. A ideia, neste caso, é de completar quadrados: Como ( ) 2 23 3x x = e 5 6 2 3 5 3k x x k= = Então podemos fatorar o denominador em ( ) ( ) 22 6 5 252 5 25 6 12 12 3 5 3 x x x x + − + = + − = Assim, ( ) 2 23 5 6 5 25 12dx dx x x x+ + − = . Nossa substituição, à primeira vista, não era tão óbvia: fazer 6 5u x= + . Isto, à primeira vista, pareceria absurdo, mas agora parece muito razoável. Após a substituição, 6du dx= . Portanto, 2 2 2 51 5 53 5 25 25 2 2 lndx du du u ux x u u C+ −+ − − = = − = − + ou seja, 2 6 101 5 63 5 lndx x xx x C+ −+ = − + . Exercício resolvido: Calcule a integral 2 dx x x x− . Solução. Temos que ( )2 3 2 2 3 4 1 23 2 1 211 dx dx dx dx x x x x x x xx x− − −− = = = Agora, fazendo a mudança de variável 1 4u x= , temos 34u du dx= e, portanto, 3 3 4 1 2 3 2 2 4 1 1 1 4 4dx u du du x x u u u arcsenu C − − − = = = + Logo, 2 1 44 ( )dx x x x arcsen x C − = + . Exercício resolvido: Calcule a integral 3 4 5x x x x dx . Técnicas de integração 14 Solução. Note que 1 1 1 1 1 1 1 1 11 2 3 2 3 4 2 3 4 52 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 3 2 3 4 2 3 4 5 1 1 1 1 2! 3! 4! 5! 3 4 5 x x x x x x x x x x + + + + + + + + = = = Mas, 1 1 1 1 1 1! 2! 3! 4! 5! 1e= + + + + + + e, portanto, 3 2 14 5 1 1 e e e x x x x dx x dx x C− − − = = + Exercício resolvido: Seja f uma função contínua em ,a a− . Mostre que a) Se f for par , isto é, ( ) ( )f x f x− = , então 0 ( ) 2 ( ) a a a f x dx f x dx − = . b) Se f for ímpar , isto é, ( ) ( )f x f x− = − , então ( ) 0 a a f x dx − = . Solução. a) Vamos escrever a integral dada como a soma entre a integral de a− a 0 e a integral de 0 a a , então temos 0 0 ( ) ( ) ( ) a a a a f x dx f x dx f x dx − − = + Na primeira integral vamos mudar a variável para u x=− , então du dx= − e trocando os limites de integração, segue que 0 0 ( ) ( ) a a f x dx f u du − = − − Como a função f é par, temos 0 0 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) a a a a f x dx f u du f u du f u du − = − − = − = onde na última igualdade invertemos os limites de integração, o que acarreta uma mudança de sinal da integral. Portanto, temos que 0 0 0 ( ) ( ) ( ) 2 ( ) a a a a a f x dx f u du f x dx f x dx − = + = pois na integral definida podemos usar qualquer variável para escrever o integrando. b) A verificação segue os mesmos passos do item a), onde usamos que a função f é ímpar e, portanto, obtemos 0 0 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) a a a a f x dx f u du f u du f u du − = − − = = − donde 0 0 ( ) ( ) ( ) 0 a a a a f x dx f u du f x dx − = − + = Exercício resolvido: Mostre que 1 211 cosn n nn n n sen xdx xsen x sen xdx− −−= + , onde 2n é um inteiro. Conclua que 2 2 21 0 0 n nn n sen xdx sen xdx −−= . Solução. Neste caso, podemos integrar por partes, mas o anagrama LIATE não nos é de serventia, já que a integral envolve apenas expressões algébricas. Seja I nn sen xdx= . Para usarmos a integração por partes, escolhemos: Técnicas de integração 15 1 2 ( 1) cos cos n nu sen x du n sen x xdx dv senxdx v x − − = = − = = − Assim, 1 2 2I cos ( 1) cosn nn x sen x n sen x xdx − −= − + − Uma vez que 2 2cos 1x sen x= − , temos 1 2I cos ( 1) ( 1)n n nn x sen x n sen xdx n sen xdx − −= − + − − − ou seja, 1 2I cos ( 1) ( 1)In nn nx sen x n sen xdx n − −= − + − − − . Nessa última equação isolamos a integral desejada, levando o último termo do lado direito para o lado esquerdo. Então, temos 1 2I cos ( 1) ( 1)In nx sen x n sen xdx n− −= − + − − − ou 1 2I cos ( 1)n nnn x sen x n sen xdx − −= − + − . Assim, 1 211 cosn n nn n n sen xdx x sen x sen xdx− −−= − + ou ainda, 1 11 2I cos I n n n nn n x sen x− − −= − + . Temos que 2 22 1 211 00 0 cosn n nn n n sen xdx x sen x sen xdx − −−= − + Como 2 11 0 cos 0n n x sen x −− = , então 2 2 21 0 0 n nn n sen xdx sen xdx −−= . Exercício resolvido: Calcule a integral 2016 6048xe xe dx+ . Solução. Seja 2016 6048I xe xe dx+= . Temos que 2016 20166048 2016 3I ( ) x xe x e xe e dx e e dx= = Agora, fazendo a mudança de variável 2016xt e= , temos 20162016 xdt e dx= e, portanto, 21 2016 I tt e dt= Usando o método de integração por partes, temos ( )2 2 2 2t tt e dt e t t C= − + + Logo, ( ) 20162016 6048 4032 2016 2016 2 2 xx ee x x xee dx e e C+ = − + + . Exercício resolvido: Seja 2 0 I nn sen xdx = . a) Mostre que 2 2 2 1 2I I In n n+ + . b) Mostre que 2 2 2 I 2 1 I 2 2 n n n n + + + = e conclua que 2 1 2 I I lim 1n nn + → = . c) Mostre que 6 6 2 22 2 4 4 1 3 3 5 5 7 2 1 2 1 2 lim n n n n n − + → = . Essa fórmula geralmente é escrita como um produto infinito: 6 62 2 4 4 2 1 3 3 5 5 7 = que é chamado produto de Wallis. Solução. a) Para 2 0 x , temos que 0 1senx . Assim, 2 2 22 2 2 1 2 2 2 2 1 2 0 0 0 n n n n n nsen x sen x sen x sen xdx sen xdx sen xdx + + + + e, isto mostra que 2 2 2 1 2I I In n n+ + . Técnicas de integração 16 b) Temos que 2 21 0 I nnn n sen xdx −−= . Para 2n = , temos 2 1 1 2 2 2 20 I dx = = . Para 2n = , temos 2 23 3 131 4 4 2 4 2 2 4 20 I sen xdx = = = Pelo Princípio de Indução Finita, suponha que 13 5 (2 1) 2 2 4 6 (2 ) 2 I k k k − = para todo k , com 2k . Mostraremos que o resultado vale para 2 2k + . Temos que 2 13 5 (2 1) (2k 1)22 1 2 1 2 2 22 2 2 2 2 4 6 (2 ) (2k 2) 20 I I kkk k k kk k k sen xdx − ++ + + + + + = = = Logo, 13 5 (2 1) 2 2 4 6 (2 ) 2 I n n n − = para todo n , com 2n sendo n par. Então 135 (2 1) (2 1) 2 4 6 (2 ) (2 2) 22 2 135 (2 1) 2 2 4 6 (2 ) 2 I 2 1 I 2 2 n n n nn n n n n n − + ++ − + + = = Agora, como 2 2 2 1 2I I In n n+ + , temos que 2 2 2 1 2 2 I I I I 1n n n n + + . Neste caso, temos 2 1 2 I2 1 2 2 I 1n n n n ++ + Como 2 1 2 2 lim 1n n n + + → = e lim1 1 n→ = , então pelo Teorema do Confronto, segue que 2 1 2 I I lim 1n nn + → = . c) Inicialmente vamos calcular a razão 2 1 2 I I n n + . Para 3n = , temos 2 2 2 3 3 30 I senxdx = = . Para 5n = , temos 2 34 2 4 5 5 3 50 I sen xdx = = Pelo Princípio de Indução Finita, suponha que 2 4 6 (2 ) 2 1 3 5 7 (2 1) I k k k + + = para todo k , com 3k sendo n ímpar. Mostraremos que o resultado vale para 2 3k + . Temos que 2 2 4 6 (2 ) (2k 2)2 12 2 2 2 2 3 2 12 3 2 3 3 5 7 (2 1) (2k 3)0 I I kkk k k kk k k sen xdx +++ + + ++ + + + = = = Logo, 2 4 6 (2 ) 2 1 3 5 7 (2 1) I n n n + + = para todo n , com 3n sendo n ímpar. Então ( )( ) 2 4 6 (2 ) 35 7 (2 1)2 1 135 (2 1) 2 2 4 6 (2 ) 2 I 2 4 6 (2 ) 2 4 6 (2 ) 2 I 3 5 7 (2 1) 1 3 5 (2 1) n nn n n n n n n n ++ − + − = = Mas, 2 1 2 I I lim 1n nn + → = , então ( )( ) ( )( )2 4 6 (2 ) 2 4 6 (2 ) 2 4 6 (2 ) 2 4 6 (2 )23 5 7 (2 1) 13 5 (2 1) 2 3 5 7 (2 1) 13 5 (2 1)lim 1 limn n n nn n n n n n + − + − → → = = . e rearranjando os termos, obtemos 6 6 2 22 2 4 4 2 1 3 3 5 5 7 2 1 2 1 lim n n n n n − + → = . Isto mostra que 6 62 2 4 4 2 1 3 3 5 5 7 = Técnicas de integração 17 1. Calcule as integrais definidas usando o método da mudança de variável. a) 2 3 2 10 x x dx + . b) 22 3 1 xxe dx . c) 2 2 3 ln 31 x x dx . d) 23 0 2 3xx dx . 2. Calcule 3 8 2cos 3 1 sen x x x dx + +− . 3. Calcule a integral ln x xx dx . 4. Calcule as integrais. a) xxe dx . b) ln nx xdx . c) xarctgxdx . d) arcsenxdx . e) 21 x dx− . 5. Ao calcular a integral dxx , um aluno de Cálculo 2 procedeu da seguinte maneira. Fazendo 1 x u = e dv dx= podemos tomar v x= , teremos 2 1 x du dx= − , e pelo método de integração por partes, 2 1 1( ) 1dx dx x x xx x x dx= − − = + Sendo J dxx= , temos então J 1 J= + , logo 0 1= . Onde está o erro no argumento do aluno? 6. Mostre que 2 2 2 2 2 2( ) 2( ) x dx x dx x k x k x k+ + + = − + , e calcule as integrais 2 2 2 2( ) x dx x a+ e 2 2 2 2( ) x dxa x− . 7. Mostre que 2 2 2 2 2 1 2( ) 2 ( ) dx x dx kx k k x k x k+ + + = + , e calcule as integrais 2 2 2( ) dx x a+ e 2 2 2( ) dx a x− 8. Calcule a integral 1ln ln(ln )x x dx+ . 9. Calcule a integral ( )4 6 2 1 x x dx + .
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