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Vitoria Araujo Turma 7 - @vitoria_arjo 1 Delirium Conceito • O termo delirium deriva do latim “delirare” que significa “estar fora do lugar” (‘fora de rumo’), sendo usado hoje com o sentido de “estar confuso, perturbado, fora de si”. • Estado Confusional Agudo, Síndrome Cerebral Aguda, Insuficiência Cerebral Aguda, Encefalopatia Metabólica, Psicose Tóxica ou Síndrome Mental Orgânica; • Síndrome clínica caracterizada pelo início súbito (horas a dias) de um distúrbio da consciência e uma mudança na cognição, acompanhados por uma flutuação de sintomas e evidência de uma etiologia orgânica; Critérios diagnósticos A. Perturbação da atenção (capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (menor orientação para o ambiente); B. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia; C. Perturbação adicional da cognição; Epidemiologia • Associado ao aumento de: o Tempo de permanência hospitalar o Risco de institucionalização o Irreversibilidade funcional o Declínio cognitivo o Morbidade e mortalidade *Permanece sendo subdiagnosticado e subtratado. • Prevalência na comunidade: o 18 anos: 0,4% o 55 anos: 1,1% o 85 anos: 13,6% • Taxa de mortalidade após um episódio: o ≤ 3 meses: 23-33% o ≤ 1 ano: até 50% Etiologia • A causa primária de um delirium é a presença de uma condição médica subjacente e/ou uso de drogas (intoxicação ou abstinência); • Fatores de risco: o Características do paciente (predisponentes); o Condição médica (precipitantes); o Intoxicação/abstinência de drogas e uso de medicamentos. • Características do paciente (predisponentes e facilitadores): o Extremos de idades; o Prejuízo cognitivo preexistente; o Lesão cerebral; o Múltiplas comorbidades; o Imunossupressão; o Polifarmácia; o Comprometimento sensorial; o Privação de sono; o Privação sensorial; o Imobilidade; o Desnutrição; o Hipoalbuminemia; o Invasões (sonda vesical de demora, sonda nasoenteral etc.); o Antecedente pessoal de delirium; o Antecedente pessoal de dependência de álcool; Vitoria Araujo Turma 7 - @vitoria_arjo 2 o Período perioperatório. • Condição médica (precipitantes): o Infecções Reação adversa; o Intoxicação por medicamentos; o Distúrbios hidreletrolíticos; o Distúrbios do equilíbrio acidobásico; o Desidratação; o Doenças cardiovasculares (p. ex., infarto agudo do miocárdio); o Doenças cerebrovasculares (p. ex., acidente vascular cerebral); o Insuficiências hepática e renal (uremia, acidose); o Insuficiência respiratória crônica (hipoxemia e/ou hipercapnia); o Doenças endócrino-metabólicas; o Hipoglicemia; o Trauma craniencefálico, o Hematoma subdural; o Neoplasias; o Abstinência (drogas); o Fraturas (p. ex., fêmur); o Procedimentos cirúrgicos o (em especial aqueles de grande porte). *67% dos pacientes com delirium apresentam doença infecciosa como fator principal associado. *Doença terminal também é um fator de risco importante, com incidência de 88%. • Medicamentos associados ao delirium: o Anticolinérgicos e medicamentos com esta ação; o Anestésicos; o Anfetamínicos; o Antialérgicos; o Antibióticos; o Anticonvulsivantes; o Antiespasmóticos; o Anti-inflamatórios; o Anti-hipertensivos; o Antineoplásicos; o Antiparkinsonianos; o Barbitúricos; o Benzodiazepínicos; o Digitálicos; o Imunomoduladores; o Lítio; o Opioides; o Relaxantes musculares; o Simpatomiméticos. • Situações clínicas mais comuns: o UTI cirúrgicas e cardíacas (até 90% em cardiotomias) o Cirurgia por fratura nos quadris (40- 50%) o Queimaduras graves (20%) o AIDS (30-40%) o Pacientes terminais (80%) *Em pacientes criticamente doentes e/ou idosos hospitalizados, pode haver múltiplas etiologias; *Cerca de metade desta população possui uma média de 2,8 etiologias possíveis; As medicações são a principal causa (11-30%) de delirium em idosos hospitalizados. Fisiopatologia • Não está totalmente compreendida, visto que os pacientes que desenvolvem episódios de Delirium estão em quadros de descompensação clínica, entretanto, os estudos indicam uma forte associação com a diminuição dos níveis de acetilcolina. • Podem atuar diminuindo os níveis de acetilcolina: o Excesso de DOPAMINA o Excesso ou deficiência de SEROTONINA o Deficiência de MELATONINA o Excesso de NORADRENALINA • Redução da atividade GABA, aumento atividade de DOPAMINA Vitoria Araujo Turma 7 - @vitoria_arjo 3 Quadro clínico • Subtipos clínicos: o Misto: apresenta características dos subtipos hiper e hipoativo. • Exame físico completo → evidências de desidratação, sepse ou insuficiência de órgãos; • Medicações devem ser revistas; • Exames laboratoriais; • Exames de imagem cerebral; • Coleta de LCR. • Alguns pacientes manifestam pródromos alguns dias antes; • Os sintomas podem progredir em 1-3 dias; • A duração varia: < 1 sem até > 2 meses; • Em geral, resolvem-se em 10-12 dias; • A maioria se recupera plenamente; • Em idosos, a recuperação completa é menos frequente, e a persistência de déficits cognitivos é comum; • Em pacientes idosos, a ocorrência de delirium aumenta o reconhecimento de quadros demenciais preexistentes; • Idosos com morbidades clínicas que apresentam um episódio de delirium têm maior chance de evoluir para um quadro demencial; • Nove estudos sustentam a associação delirium x deterioração cognitiva posterior; • As razões determinantes desta evolução continuam no plano especulativo; • Uma teoria aceita é a de que estes pacientes tendem a ter mais comorbidades clínicas do que os controles; • Estas comorbidades atuariam como fator de risco tanto para o delirium quanto para alterações vasculares; • Além disso, não se pode excluir a possibilidade de que o delirium possa provocar danos cerebrais; • A ocorrência de delirium pode sinalizar a existência de algum outro acometimento orgânico cerebral subjacente, até então indetectável, que pode estar contribuindo para ocasionar as duas patologias. • O delirium está associado com piores desfechos para pacientes criticamente enfermos, com aumento da duração da ventilação mecânica, da duração da hospitalização e mortalidade • Os pacientes com delirium hipoativo têm o triplo de chance de serem reintubados, e também seu risco de mortalidade em 6 meses é triplicado. *Obs: Mesmo na oferta de um adequado suporte clínico, os pacientes que apresentam delirium durante a hospitalização podem ter grave comprometimento da recuperação funcional global e sequelas neurocognitivas de longo prazo. Investigação diagnóstica • Exames complementares: o Hemograma; o Ureia, creatinina; o Sódio, potássio, cálcio, magnésio; o Urina tipo I, urocultura; o Radiografia simples de tórax; o Tomografia computadorizada de crânio (nem sempre solicitada de o início, mas pode ajudar no diagnóstico diferencial de causas neurológicas) Vitoria Araujo Turma 7 - @vitoria_arjo 4 • Escala RASS: • Confusion Assessment Method (CAM); Diagnóstico diferencial • Muitos sintomas podem ser associados a outras desordens psiquiátricas, como depressão, mania, psicose e demência; • O subtipo hipoativo é, geralmente, diagnosticado como depressão no início; • Sintomas de Depressão Maior podem se sobrepor, tornando difícil a realização de um diagnóstico acurado; • Para distingui-los, uma avaliação do início e a sequência temporal dos sintomas cognitivos e depressivos são particularmente úteis; • O grau de comprometimento cognitivo é mais acentuado e persistente no delirium do que na depressão, com um início mais repentino; • No delirium, os distúrbios da consciência e da atenção estão presentes,enquanto na depressão geralmente não; • Na mania, pode haver achados semelhantes aos subtipos hiperativo ou misto; o O delirium que se apresenta com alucinações vívidas e ilusões deve ser distinguido de uma variedade de desordens psicóticas; o No primeiro, os delírios tendem a ser pobremente organizados e de início repentino; o As alucinações são predominantemente visuais ou tácteis; • Na Demência: o O paciente está em alerta; o O curso é mais subagudo e cronicamente progressivo; o O ciclo sono-vigília parece estar menos prejudicado. Tratamento • O tratamento não farmacológico é considerado a primeira linha de tratamento • O objetivo do tratamento farmacológico é reduzir o desconforto e o estresse, além do comportamento de risco perigoso; Vitoria Araujo Turma 7 - @vitoria_arjo 5 • É importante ressaltar que os medicamentos não tratam o delirium e nem revertem as causas etiológicas subjacentes; • O tratamento ainda necessita de guidelines baseados em evidências bem estabelecidos; • A maioria dos especialistas e dados de literatura consideram o Haloperidol como tratamento de primeira linha em pacientes criticamente enfermos e naqueles com doença avançada; o 0,5 a 1 mg, VO, a cada 30 minutos até controle da agitação *Obs. 1: caso a via oral esteja indisponível: usar SC, IM, EV *Obs. 2: a dose de 2,5 mg a cada 12 horas pode ser deixada como de manutenção o A dose de haloperidol não deveria exceder 24mg/dia;
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