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PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS NO APRESENTAÇÃO SUMÁRIO PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS-PCDF NO ADULTO SUSPEITO OU PORTADOR DE COVID-19 PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS – PCDF NA CRIANÇA SUSPEITA OU PORTADORA DE COVID-19 PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS-PCDF NO RECÉM-NASCIDO SUSPEITO OU PORTADOR DE COVID-19 PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS 3-4 5-7 8-54 55-87 88-128 APRESENTAÇÃO Neste ano o mundo foi assolado por uma pandemia, que modificou as nossas vidas e colocou em evidência o trabalho realizado pelos fisioterapeutas nas UTIs brasileiras. Respirar deixou de ser um ato simples, e passou a ser responsabilidade de aparelhos e de profissionais com a expertise necessária. A COVID-19 reforçou o que, em 2010, a ANVISA já evidenciava: fisioterapeutas são essenciais nas unidades de tratamento intensivo. As UTIs brasileiras, os respiradores e os profissionais de saúde entraram em destaque. Foram convocados, sua imprescindibilidade passou a constar em editais para contratação. No entanto, face a uma nova doença, dúvidas são geradas e apesar de o Brasil contar com mais de 300 mil profissionais, nem todos escolheram as unidades de terapia intensiva como local primário de atuação e/ou de formação. No entanto, devido à crescente demanda imposta pelo novo coronavírus, os fisioterapeutas passaram a ocupar a linha de frente do combate à doença, e coube ao Conselho Federal buscar a expertise técnica já existente para compilar um material para orientar o atendimento. 3 Por meio da Portaria n° 155, publicada em março deste ano, foi criada a Comissão Nacional de Teleconsultoria do Sistema COFFITO/CREFITOs, que, além de ofertar atendimentos, elaborou conteúdos para subsidiar os fisioterapeutas brasileiros. A seguir, o profissional poderá encontrar informações referentes aos protocolos e diretrizes clínicas para o atendimento em unidades de tratamento intensivo a pacientes adultos, pediátricos e recém-nascidos, com ou sem suporte ventilatório. Esperamos que o material possa contribuir com o trabalho extraordinário que os fisioterapeutas brasileiros estão realizando, e, caso ainda restem dúvidas, o COFFITO possui canal específico para atendimento dos profissionais, acesse: https://bit.ly/3cxLSaF Boa leitura! Dr. Roberto Mattar Cepeda Presidente do COFFITO 4 Protocolos Clínicos e Diretrizes Fisioterapêuticas (PCDF) nos Distúrbios Cinético-Funcionais Decorrentes da COVID-19 Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Fisioterapêuticas (PCDF) nos distúrbios ciné- tico-funcionais decorrentes da COVID-19 são documentos que têm por objetivo amparar as melhores práticas fisioterapêuticas frente à pandemia da COVID-19 no Brasil, incluindo recomendações de condutas nos níveis de atenção ambula- torial e hospitalar, via teleconsultoria, nos formatos síncronos e assíncronos. As recomendações inclusas nos PCDF foram escritas por um grupo de trabalho do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), formado por fisioterapeutas especialistas nas áreas de Fisioterapia Respiratória, Fisiotera- pia em Terapia Intensiva no Adulto e Fisioterapia em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. Os critérios utilizados foram baseados nas melhores evidências científicas atuais, nas recomendações normativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS), e nos pareceres técnicos-científicos das associações científicas nacionais e internacionais. Por se tratar de uma doença com características clínicas e cinético-funcionais ainda inconsistentes, com recomendações baseadas em estudos de pandemias virais (influenza, SARS, MERS) e muito recentemente sobre COVID-19 propria- mente dita, as recomendações aqui contidas estão em revisão contínua e podem ser modificadas à medida em que surgem novas evidências científicas e clínicas, com estudos de maior robustez. No entanto, é um documento essen- 5 cial para nortear o profissional fisioterapeuta diante de situações clínicas incer- tas, nesse cenário de pandemia. A elaboração e definição dos temas dos PCDF seguiram etapas de elaboração, a partir das seguintes perguntas norteadoras: 1. Quanto às incertezas sobre as melhores práticas: 2. Quanto à probabilidade de que os PCDF poderão contribuir para o enfrentamento à pandemia da COVID-19 no Brasil: a. Há mudanças observadas na prática atual? a. Este formato de teleconsultoria é capaz de reduzir as incertezas existentes? b. Há chance de nortear a prática clínica dos fisioterapeutas nesse cenário da COVID-19? b. Há evidências sugerindo que a prática comum podenão ser a melhor prática? c. Há debate na literatura sobre as práticas? Considerando que esta pandemia tem um alto grau de transmissibilidade, e que os profissionais de Saúde da linha de frente têm sido fortemente infecta- dos, fato que tem gerado um desequilíbrio do sistema de saúde por redução da quantidade de profissionais e aumento da demanda de pacientes, os PCDF foram subdivididos em dois eixos: biossegurança e assistencial. 6 Assistencial: (I) PCDF no adulto com e sem oxigenoterapia e ventilação mecânica (II) PCDF na criança com e sem oxigenoterapia e ventilação mecânica (III) PCDF no recém-nascido com e sem oxigenoterapia e ventilação mecânica 1 7 (I) PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS – PCDF NO ADULTO SUSPEITO OU PORTADOR DE COVID-19 8 1 (I) PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS – PCDF NO ADULTO SUSPEITO OU PORTADOR DE COVID-19 Considerações iniciais: O presente Protocolo Clínico e Diretrizes Fisioterapêuticas (PCDF) tem por objetivo fazer uma síntese das ações e intervenções fisioterapêuticas realizadas em pacientes adultos hospitalizados com diagnóstico confirmado ou suspeito de COVID-19. Este foi guiado nas atribuições do fisioterapeuta com base nas resoluções 4001 e 4022 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), as quais disciplinam as especialidades profissionais de Fisioterapia em Terapia Intensiva e Fisioterapia Respiratória; bem como pelas evidências científicas atuais existentes, e os pareceres e recomendações das associações de especialidades, com atualização contínua ao longo do tempo. A indicação ao acompanhamento fisioterapêutico aos pacientes com suspeita ou com a nova infecção por COVID-19 deve ser criteriosa e destinada àqueles pacientes que, indiscutivelmente terão benefícios com os recursos fisioterapêuticos. Por isso, cabe ao fisioterapeuta uma avaliação minuciosa para identificação do diagnóstico fisioterapêutico e da possível necessidade de acompanhamento com suas intervenções, as quais devem ser sempre correlatas com um objetivo, de preferência mensurável. Esse diagnóstico fisioterapêutico deverá conter os distúrbios de movimento existentes, os quais englobam 9 de função cardiovascular, respiratória, locomotora, bem como as limitações para realização das transferências e locomoção. Abaixo uma síntese dos potenciais candidatos ao acompanhamento com a adaptação das recomendações de Fisioterapia no ambiente hospitalar do estudo de Thomas et al. (2020)3: A infecção respiratória ligada à COVID-19 está principalmente associada a uma tosse seca e não produtiva; o envolvimento do trato respiratório inferior geralmente abrange pneumonite em vez de consolidação exsudativa. Nesses casos, intervenções fisioterapêuticas respiratórias não são indicadas. As intervenções fisioterapêuticas respiratórias nas enfer- marias hospitalares ou na UTI podem ser indicadas para pacientes que confirmaram ou suspeitaram de COVID-19 e, simultaneamente ou subsequentemente, desenvolve- ram consolidação exsudativa, hipersecreção mucosa e/ou secreção de limpeza de difícil remoção. Os fisioterapeutas terão um papel contínuo em fornecer intervenções para mobilização, exercício e reabilitação (por exemplo, pacientes internadoscom comorbidades que evoluem para um declínio funcional significativo e/ou fraqueza adquirida na UTI). 10 As intervenções fisioterapêuticas devem ser realizadas apenas quando houver indicadores clínicos, para que a exposição da equipe a pacientes com COVID-19 seja minimizada. A revisão desnecessária de pacientes com COVID-19 dentro de sua sala seu leito/áreas de isolamento também terá um impacto negativo nos suprimentos de EPI. Os fisioterapeutas devem se reunir regularmente com a equipe multiprofissional, a fim de determinar as indica- ções para a assistência em pacientes com COVID-19, con- firmada ou suspeita, e a triagem deve estar de acordo com as diretrizes estabelecidas/acordadas. A equipe de Fisioterapia não deve entrar rotineiramente nas salas de isolamento, onde pacientes com COVID-19, confirmada ou suspeita, são isolados. Apenas para tria- gem de encaminhamentos. Os fisioterapeutas não devem ser acionados simplesmen- te para a coleta de escarro/secreção para exames. 11 Quem deve prestar a atenção fisioterapêutica e quais são os cuidados básicos? Os profissionais classificados como alto risco não devem entrar na área de isolamento da COVID-19, caso seja possível. Isso inclui profissionais que: estão grávidas; têm doenças respiratórias crônicas significativas; são imunossuprimidos; profissionais com idade superior a 60 anos; têm condições crônicas graves de saúde, como doenças cardíacas, doenças pulmonares, diabetes e deficiências imunológicas, malignidade disseminada e condições ou tratamentos que produzem imunodeficiências. Considere organizar a força de trabalho em equipes que gerenciarão a assistência aos pacientes de COVID-19 versus pacientes não infecciosos. Preferencialmente reduza ou impeça a movimentação de funcionários entre equipes. Esteja informado e siga as recomendações internacionais, nacionais, estaduais ou da sua instituição para o controle de infecções e disseminação de nova infecção por COVID-19. 12 A seguir serão descritos os Protocolos Clínicos e Diretrizes Fisioterapêuticas (PCDF) para pacientes com COVID-19 ou suspeita com base nos documentos citados: Utilize os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) recomendados. A negativa de atendimento a paciente, por este apresentar diagnóstico ou suspeita da COVID-19, sem motivo relevante (fatores de risco), devidamente comprovada e documentada, está sujeita às sanções decorrentes do descumprimento de preceitos éticos e normativos da profissão4, conforme a Resolução-COFFITO nº 424. Compreende a utilização de oxigênio suplementar (oxigenoterapia) para tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) hipoxêmica na COVID-19. Com base na revisão da literatura e do documento produzido pelo comitê da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR)5. PCDF no Adulto em Oxigenoterapia e nos cuidados pré-intubação orotraqueal (IOT) 2 13 Nos pacientes que apresentem sp02 abaixo de 93%, deverá ser utilizado oxigênio via cateter nasal até 6L/min sem umidificação ou máscara reservatório sem reinalação, para garantir uma Sp02>96% e FR<24 ipm5. Não é recomendado o uso de máscaras com reservatório, máscaras de Venturi, tenda e micro ou macronebulização pelo risco de formação de disseminação da infecção viral6. Alguns critérios que podem auxiliar para definir pela intubação orotraqueal, juntamente à equipe multiprofissional, são Sp02<93% e/ou FR>24 ipm e aumento de trabalho respiratório, após oxigenoterapia a 6L/min. O aumento de trabalho respiratório é um sinal de possível necessidade de intubação, já que este esforço pode gerar uma lesão autoinfligida ao pulmão. Durante pré-oxigenação antes da intubação orotraqueal, deve-se priorizar o uso de máscara de reservatório com o menor fluxo de oxigênio para manutenção adequada da oxigenação, bem como se deve evitar o uso de ventilação assistida através do dispositivo de Bolsa-Válvula-Máscara (AMBU), devido à geração de aerossóis e contaminação do meio.. 14 Com base na revisão da literatura, a recomendação é que a VNI e a CNAF não devem ser estratégias ventilatórias de primeira linha, destinadas aos pacientes com SARS/COVID-19. Nas situações específicas, definidas pela equipe multiprofissional, pode ser feito um teste de resposta à VNI, com duração de 30 minutos, nos pacientes com IRpA hipoxêmica. Nessa situação, devem ser utilizadas máscaras sem válvula de exalação, conectadas a circuitos ventilatórios com ramo duplo, através de filtros trocadores de calor e umidade (FTCU), empregando-se, ainda, filtros de barreira nas extremidades distais dos ramos expiratórios dos circuitos ventilatórios, antes das válvulas exalatórias dos ventiladores mecânicos. Preferencialmente, esses recursos devem ser aplicados em pacientes alocados em leitos de isolamento respiratório com pressão negativa. Em relação aos parâmetros a serem utilizados, deve-se usar pressão inspiratória de até 10 cmH20 acima do nível de PEEP e utilizar níveis de PEEP de até 10 cmH20, com objetivo de minimizar dispneia, manter SpO2 ≥ 93% com uma FiO2 ≤ 50% e frequência respiratória < 24 incursões respiratórias por minuto8. PCDF no Adulto em Ventilação Não Invasiva (VNI) e Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF)) 3 15 Em relação à Cânula Nasal de Alto Fluxo, esta pode até ser mais efetiva do que a VNI para tratamento da IRpA hipoxêmica, porém deve-se ter alguns pré-requisitos8: Dispositivo disponível para uso imediato na unidade; Outras orientações para uso são que a cânula seja adequada para o tamanho das narinas do paciente, bem como que o paciente mantenha a boca fechada para que não haja escape de ar. É importante também que não se postergue a intubação orotraqueal, caso não haja resposta entre um tempo de 30 minutos a no máximo 1 hora. Como orientações para uso da CNAF, recomenda-se: Equipe com treinamento e experiência no uso da técnica; Os equipamentos de proteção individual (EPI) para procedimentos aerossolizantes estejam sendo corretamente usados pela equipe. Iniciar com fluxo de 40L/min e titular valor máximo para uma FR inferior a 25 ipm; bem como que promova alívio dos sintomas de dispneia. Ajustar nível de FiO2, para manter uma spO2 entre 93-97%, com início em 60% de Fi02. 16 Em caso de resposta satisfatória após 1 hora, reduzir Fi02 de forma gradativa para 30%, desde que spO2 entre 93-97%, mantendo oferta de fluxo inicial por 24 horas. •Se manutenção da melhora após 24h de início da terapia, reduzir fluxo em 5L/min a cada 6h, desde que observada um FR < 25 ipm. Retirar CNAF se fluxo < 15L/min e instituir cateter nasal a baixo fluxo para manter uma SpO2 entre 93 a 97%. Caso não ocorra melhora em até 1h de CNAF, está indicada a IOT eletiva e iniciar ventilação mecânica invasiva protetora conforme protocolo específico. Apesar de haver a possibilidade de dispersão de aerossóis, se aplicado com uma equipe devidamente treinada, com paramentação adequada e um ajuste anatômico da cânula nasal às narinas, o dispositivo poderá ser aplicado de forma mais segura. Estudos sugerem que limitar o fluxo a 30l/min pode reduzir a aerossolização. ATENÇÃO 17 Em relação à utilização de dispositivos tipo “câmara, tendas e boxes” para uso com a VNI convencional com aparelhos de BIPAP e CPAP, O COFFITO apoia e compreende como prudente o posicionamento das entidades representativas da especialidade, como a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA E FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA – ASSOBRAFIR, e das demais entidades, como a ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA – AMIB, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DE EMERGÊNCIA – ABRAMEDE e a SOCIEDADE BRASILEIRA PARA A QUALIDADE DO CUIDADO E SEGURANÇA DO PACIENTE – SOBRASP, as quais relatam em seu parecer9: “1 - Na atualidade (Abril/2020) não há estudos científicos que comprovem que a utilização de câmara, tendas e boxes para contenção de aerossóis durantea aplicação de oxigenioterapia suplementar e/ou uso de Ventilação Não Invasiva traga EFETIVA PROTEÇÃO para os profissionais de saúde envolvidos. 2 - Na atualidade (Abril/2020) não há estudos científicos que comprovem que a utilização de câmara, tendas e boxes para contenção de aerossóis durante a aplicação de oxigenioterapia suplementar e/ou uso de Ventilação Não Invasiva traga benefício clínico no atendimento do paciente com infecção, suspeita ou confirmada, por coronavírus.” 18 Nos pacientes que necessitam da ventilação mecânica invasiva é necessário que seja realizado uma estratégia ventilatória com base no conhecimento das duas principais formas encontradas na COVID-19. Essas duas formas ou estágios típicos que ocorrem nos pacientes que evoluem para necessidade de ventilação mecânica são definidas como tipo 1 (L: baixa elastância; não SDRA) e tipo 2 (H: alta elastância; SDRA)10. O seguinte quadro publicado recentemente ilustra os objetivos ao longo do processo de ida da ventilação espontânea para a ventilação mecânica e posterior desmame ventilatório11: -Tipo 1: hipoxemia severa com complacência do sistema respiratório > 50 ml/cm H20; com tomografia computadorizada e alguns infiltrados periféricos, sendo as prováveis causas da hipoxemia a perda da vasoconstrição hipóxia e a desregulação do fluxo sanguíneo. -Tipo 2: hipoxemia severa com complacência do sistema respiratório < 40 ml/cm H20, com tomografia computadorizada e infiltrados bilaterais difusos, indicando a clássica SDRA. PCDF no Adulto em Ventilação Pulmonar Mecânica Invasiva (VPMI):4 19 PERÍODO OBJETIVO OPÇÕES E SUPORTE RESPIRATÓRIO JUSTIFICATIVA Antes da IOT Durante a VM Depois da IOT Tipo 1 (L) Adequada Evitar P-SILI (lesão auto-infligida). Impedir deterioração pulmonar e VILI vórtex Oxigênio suplementar; VNI; CNAF; prona em pacientes conscientes; Meta de esforço não vigoroso. Esforço respiratório excessivo pode causar estresse pulmonar e vascular, resultando em lesão. Minimizar estresse transpulmonar e vascular. Minimizar PEEP, FR e Vt; Ajustra troca gasosa aceitável; Reduzir demanda de oxigênio; Considerar ECMO. Minimizar estresse pulmonar; Otimizar oxigenação; Impedir VILI vórtex. Usar PEEP mais baixo (<10 cm H20; Usar Vt mais liberal (7-9ml/kg se necessário); Considerar posição prona. Menores Vt são desnecessários; Altos PEEP é inefetivo, cria espaço morto e redireciona fluxo sanguíneo de forma adversa. 20 PERÍODO OBJETIVO OPÇÕES E SUPORTE RESPIRATÓRIO JUSTIFICATIVA Depois da IOT Tipo 2 (H) Reduzir e distribuir estresse em pulmão e vasos; Otimizar oxigenação; Impedir VILI vórtex. Impedir retorno para pior estado prévio do pulmão causado pela VILI e edema pulmonar. Usar PEEP mais elevado (<15 cm H20); Usar Vt ≤ 6ml/kg; Reduzir demanda de oxigênio; Implementar posição prona. Se comporta e responde como uma SDRA típica. Esforços espontâneos fortes elevam demanda de oxigênio, aumenta edema e promove lesão autoinflingida. Fazer transição de forma cautelosa; Impedir mudanças bruscas; TRE somente na fase final do desmame. Fase Desmame A seguir estão as recomendações atuais para estratégia ventilatória8-14: Modo ventilatório: modo de ventilacão controlada a volume (VCV) ou ventilação controlada a pressão (PCV). 21 Volume corrente alvo: volume corrente ajustado em 6 ml/Kg ou inferior nos pacientes tipo 2. No tipo 1, é possível tolerar 7 a 9 ml/Kg, caso haja hipercapnia, caso a Driving Pressure esteja inferior a 15 cm H20. Drive Pressure: Manutenção da pressão de distensão alveolar (Driving Pressure) inferior a 15 cmH20. Meta de oxigenação: o foco é garantir uma oxigenação compatível com a vida (PaO2 ≥ 60 mmHg, com FiO2 ≤ 60%). Ajuste da PEEP: O relato atual é que os pacientes tipo 1 não se beneficiam de PEEP, já que o problema é mais vascular do que respiratório, diferentemente do tipo 2, que segue o padrão da SDRA. Entretanto, é válido individualizar o PEEP de forma que sua elevação possa garantir um menor nível de Driving Pressure e consequentemente uma possível menor lesão pulmonar. Nos pacientes tipo 2, deve-se fazer uma minititulação da PEEP a partir de 20 cm H20, com redução de 2 em 2 pontos, para identificação da menor Driving Pressure. Nos pacientes tipo 1, pode-se fazer isso com níveis mais baixos, entre 8 e 10 cm H20, já que a resposta a PEEP é menor. 22 Tolerância à hipercapnia permissiva Indicação da manobra de recrutamento alveolar em situações de hipoxemia refratária, não responsiva a outras intervenções (posição prona), como forma de resgate. A recomendação é que seja feita em CPAP e não de forma incremental. Nos casos de hipoxemia severa e refratária (PaO2/FiO2<80), deverá ser discutida com a equipe multiprofissional a indicação da Oxigenação por Membrana Extra Corpórea (ECMO), a qual deve ser, preferencialmente, em centro de referência para a técnica. Devido ao elevado risco de transmissão do vírus da COVID-19 é imprescindível o uso de filtros bacteriológicos ou de barreira (HEPA) com eficiência maior que 99,9% no ramo exalatório do ventilador (entre o circuito e o ventilador no ramo expiratório), o qual deve ser usado para evitar a exalação para o meio ambiente. Esse filtro não exclui o filtro umidificador ou trocador de calor (HME), que deve ser usado entre o tubo orotraqueal e o circuito do ventilador5,15. Uso dos filtros durante a ventilação mecânica 23 Uma consideração importante é a de que, quando existe o filtro HMEF, o qual possui, além da capacidade de umidificação, a capacidade de filtração > 99,9%, não existe a necessidade de uso do HME e nem do HEPA5,15. A OMS recomenda a realização dos procedimentos de aspiração de secreção em pacientes de ventilação mecânica com COVID-19 em sistema fechado de aspiração em todos os casos, devido à geração de aerossóis e à contaminação com o meio durante o procedimento6. Visando minimizar o risco de pneumonias associadas à ventilação mecânica, recomenda-se a manutenção do paciente com cabeceira do leito elevada a 30-45o 6,16. Sistemas de aspiração de secreção em pacientes em ventilação mecânica invasiva Posicionamento terapêutico em pacientes em ventilação mecânica invasiva 24 Intervenção de mudança de posicionamento corporal para posição em decúbito ventral com objetivo de melhorar a oxigenação através do aprimoramento da relação ventilação x perfusão, secundário à aeração mais homogênea do pulmão (atenuação da diferença do gradiente de pressão transpulmonar entre a região ventral e dorsal), redução do shunt e recrutamento das áreas posteriores do pulmão. PCDF para Posição prona no Adulto:5 Em pacientes em ventilação mecânica invasiva, a posição prona está indicada para aqueles com relação PaO2/Fi02 < 150 mmHg, devendo ser realizada por equipe multiprofissional devidamente treinada, e um tempo de no mínimo 16 horas, caso o paciente apresente resposta satisfatória (aumento de 10 mmHg na PaO2, ou 20 mmHg na relação PaO2/FiO2). Este posicionamento deverá ser repetido quando observada uma relação PaO2/FiO2 < 150 mmHg após 6 (seis) horas em posição supina. Serão considerados como critérios de interrupção do posicionamento prono reduções de 20% na relação PaO2/FiO2, após duas tentativas consecutivas de pronação17. A seguir o fluxograma traduzido para uso: Pacientes em VM 25 Figura 1 – Fluxograma de protocolo para posição prona. Adaptado de Oliveira e cols18. Estas informações foram compiladas em recente documento publicado pela ASSOBRAFIR19. 26 Em pacientes em ventilação espontânea com quadros de leve insuficiência respiratória hipoxêmica leve (Fi02 ≥ 28% ou com suporte de oxigênio para Sp02 entre 92-96%), tem sido realizada uma indicação de forma bem criteriosa, devido ao risco de necessidade de medidas mais invasivas, em caso de piora da hipoxemia e/ou aumento do trabalho muscular respiratório. A justificativa para esta intervençãovem através de relatos anedóticos, que identificaram alguns benefícios como a melhora da oxigenação e a redução da necessidade de ventilação mecânica invasiva, com a adoção da posição prona em pacientes conscientes que se mantêm hipoxêmicos apesar da otimização da oxigenoterapia. Pacientes em ventilação espontânea Não há evidências para se recomendar esta estratégia de forma rotineira. A seguir um algoritmo proposto pela Sociedade de Cuidados Intensivos20: Salienta-se a necessidade de monitorização clínica rigorosa do paciente (FC, FR, padrão respiratório, SpO2 e nível de consciência). 27 A escolha dos recursos e técnicas fisioterapêuticas deve ser realizada de acordo com o processo avaliativo prévio, observadas as devidas indicações e contraindicações de cada uma deles, além de considerar os riscos e a individualidade do paciente. O fisioterapeuta que atende pacientes com COVID-19 precisa ser criterioso ao escolher recursos e técnicas que promovam os melhores benefícios da intervenção e, ao mesmo tempo, permitam que o profissional não se torne um agente transmissor do vírus ou se contamine21. PCDF para Intervenções Fisioterapêuticas a serem utilizadas e aquelas que devem ser realizadas com cautela no Adulto: 6 28 Nebulização: deve-se evitar o uso de copo de nebulização para fins de umidificação e fluidificação de secreção pulmonar; evitar inalação convencional com fluxo de oxigênio ou de ar comprimido. Sugere-se o uso de inaladores dosimetrados e espaçadores para a administração de broncodilatadores, devendo ser desinfectados imediatamente após o uso. Técnicas ou recursos para remoção de secreção brônquica: qualquer técnica que possa provocar tosse, como percussão, vibração e compressão torácicas, oscilação oral de alta frequência (Shaker®, Flutter®), oscilação de alta frequência da parede torácica (Vest®), insuflador/exsuflador mecânico (Cough Assist®) é potencial geradora de gotículas/aerossóis e deve ser utilizada apenas quando houver plena indicação e necessidade e com o devido uso de EPI em pacientes com COVID-19. Os seguintes recursos e técnicas devem ser utilizados com cautela pelo fisioterapeuta devido à geração de gotículas e aerossóis: 29 Recomenda-se que a aspiração das vias aéreas fisiológicas ou artificiais, quando indicada e necessária, seja com os devidos critérios observados na avaliação e diagnóstico fisioterapêutico, já que esta conduta apresenta riscos não só de lesão de via aérea, hipoxemia, arritmias, bem como de contaminação dos profissionais. Deve-se buscar preferencialmente formas fisiológicas para depuração da secreção quando possível. Dentre os critérios para indicar a aspiração das vias aéreas estão a identificação da presença de secreção associada a alterações de oxigenação e/ou aumento do trabalho muscular respiratório e/ou alterações da mecânica respiratória. Não é recomendado o uso de sistema de aspiração por sistema de venturi/ar comprimido devido ao risco iminente de geração de aerossóis. Hiperinsuflação manual: evitar o uso do ressuscitador manual como recurso para aumento do volume pulmonar. Para pacientes em ventilação mecânica invasiva, sugere-se alternativamente o uso do próprio ventilador. 30 Observação: Importante ressaltar a necessidade de equipamentos de proteção individual que protejam contra aerossóis (p. ex., máscara N95 e óculos de proteção) sempre que forem ser realizados procedimentos que possam gerar aerossóis. Os seguintes recursos e técnicas devem ser utilizados com cautela pelo fisioterapeuta devido ao gasto energético excessivo: Na unidade de internação, a continuidade à mobilização precoce, iniciada na Unidade de Terapia Intensiva, deve ser mantida e incrementada conforme especificidade biológica do paciente. A reabilitação para sobreviventes de doenças críticas é cada vez mais reconhecida como um componente vital no tratamento da síndrome pós-terapia intensiva22 e não será diferente para os pacientes em recuperação de infecção por COVID-19, justificando assim um acompanhamento fisioterapêutico no pós-alta hospitalar. Mobilização/Recuperação funcional 31 A recomendação é que as estratégias de mobilização e exercícios terapêuticos deverão ser instituídas, sempre que houver viabilidade clínica e recursos humanos e técnicos disponíveis, através de um protocolo sistemático de mobilização, e/ou exercícios terapêuticos precoces, aplicado ao paciente com COVID-1923. Fase 1 – Paciente sedado e com drogas vasoativas Fase 2 – Paciente sedado, sem drogas vasoativas ou com estas em redução: Cinesioterapia passiva de MMSS e MMI; Posicionamento com tórax entre 30 e 45º; Mudança de decúbito de dorsal para lateral durante os atendimentos. Cinesioterapia assistida em MMSS e MMII; Posicionamento com tórax entre 30 e 45º; Mudança de decúbito de dorsal para lateral durante os atendimentos Avaliar critérios para EENM em quadríceps (1 x/dia); Cicloergometria de MMII (1x/dia); Nos pacientes cooperativos, avaliar possibilidade de treino de rolar no leito e sentar. 32 Fase 3 – Paciente contactante e sem drogas vasoativas: Fase 4–Paciente contactante, com bom desempenho sentado e FM de quadríceps > 3: Cinesioterapia assistida, ativa ou resistida em MMSS e MMII, conforme nível de FM; Posicionamento com tórax entre 30 e 45º, se ainda estiver em VM; Cicloergometria de MMII (1x/dia); Treino de rolar no leito e de deitado para sentado; Manuseio de tronco na posição sentada. . Cinesioterapia assistida, ativa ou resistida em MMSS e MMII, conforme FM; Treino de transferência de deitado para sentado e controle do tronco; Treino de ortostatismo assistido e marcha assistida. Exercícios físicos terapêuticos: progressão da recuperação funcional após a alta da UTI ou para pacientes oriundos dos serviços de emergência. 33 Observação: são contraindicações à realização de exercício físico de qualquer intensidade: febre, instabilidade hemodinâmica, progressão de imagem pulmonar em 24 a 48 h maior que 50%, pressão intracraniana elevada, falta de cooperação. Devem-se evitar exercícios com intensidade acima de 3 METs ou que induzam à sensação de dispneia maior que 3 na escala de Borg, como cicloergometria com carga acima de 50 W, caminhada acima de 4 Km/h em superfície plana etc. Sugere-se cautela ao realizar exercícios em pacientes com tempo de diagnóstico de COVID-19 ≤ 7 dias e/ou tempo entre o início dos sintomas e o surgimento de dispneia leve ≤ 3 dias, mesmo em pacientes com doença leve, pois esses pacientes apresentam chance de evolução rápida para estados mais graves Os pacientes devem ser encorajados a manterem-se apenas funcionais, realizando exercícios simples ou de atividade de vida diária para evitar gastar muito tempo do dia em atividades e posturas sedentárias. 34 Preparo da alta hospitalar Outras estratégias: assim como para o exercício físico, técnicas como treinamento muscular respiratório e espirometria de incentivo, que podem demandar maior gasto energético, caso sejam utilizadas, devem ter adequado controle de intensidade. A escolha de testes funcionais adequados no momento da alta (UTI e/ou hospital) será determinante para a elaboração do diagnóstico fisioterapêutico e definição dos objetivos para o pós-alta, podendo, assim, auxiliar na mensuração da magnitude do impacto da COVID-19 na capacidade funcional durante o período de internação hospitalar, além de fornecer informações importantes sobre a evolução funcional para uma progressão terapêutica mais adequada ao paciente pós-internação. A avaliação funcional deve partir de testes clínicos validados, de preferência com valores de normalidade para a população brasileira, que possam quantificar grau de dependência funcional e identificar os principais sistemas comprometidos. A condição clínica do paciente e as condições funcionais pré-internação são fundamentais parauma proposição avaliativa e prognóstica mais assertiva. 35 Nesses pacientes, a longa permanência na UTI, principalmente quando combinada a ventilação mecânica prolongada, impacta significativamente na função pulmonar, física (incluindo perda de massa e função muscular, neuropatia e/ou miopatia, fraqueza muscular adquirida na UTI) e no bem-estar emocional, podendo prolongar-se por até 5 anos após a alta hospitalar25. Entre as complicações mais comuns associadas ao paciente com a forma grave da COVID-19 durante o período de hospitalização estão: comprometimento pulmonar, principalmente na difusão e capacidade pulmonar total26, sistema cardiovascular, neuromiopatia com atrofia (periférica, central e respiratória), sarcopenia, redução na capacidade de exercício (endurance), distúrbios do sono, presença de dispneia e fadiga aos esforços, comprometimento da qualidade de vida e transtorno pós-traumático27. . O COFFITO, por meio da Resolução nº 516/202028, editou medida temporária, e por prazo indeterminado, que autoriza o atendimento não presencial nas modalidades: teleconsulta, teleconsultoria e telemonitoramento. A teleconsulta e telemonitoramento são modelagens assistenciais que podem ser úteis no acompanhamento e monitoramento dos pacientes após a alta hospitalar. 36 A teleconsulta consiste na consulta clínica registrada e realizada pelo fisioterapeuta à distância; o telemonitoramento consiste no acompanhamento à distância, por meio de aparelhos tecnológicos, de paciente atendido previamente de forma presencial. Nestas modalidades, o fisioterapeuta pode utilizar métodos síncronos e assíncronos, como também deve decidir sobre a necessidade de encontros presenciais para a reavaliação, sempre que necessário, podendo o mesmo também ser feito, de comum acordo, por outro fisioterapeuta local. Dessa forma, os fisioterapeutas podem programar orientações terapêuticas a serem realizadas após a alta e acompanhar a evolução, tolerância e até mesmo a adesão às condutas prescritas. A indicação do tratamento fisioterapêutico será baseada na avaliação criteriosa para identificação dos objetivos. Recomendamos que, sempre que possível, a avaliação fisioterapêutica e o primeiro atendimento fisioterapêutico sejam realizados preferencialmente de forma presencial. O número de visitas presenciais, a possibilidade de telemonitoramento e a duração do tratamento vão depender da avaliação e da evolução clínica durante o tratamento (adesão/condições/segurança). . 37 A seguir algumas avaliações realizadas e os respectivos instrumentos utilizados: . 38 Os seguintes recursos e técnicas devem ser utilizados com cautela ou evitados pelo fisioterapeuta devido ao potencial risco de dano pulmonar: Hiperinsuflação manual: o uso do ressuscitador manual não é recomendado. Além da geração de aerossóis e do risco de contaminação associado ao uso em pacientes em ventilação espontânea, causam desconexão e despressurização das vias aéreas quando utilizado em pacientes sob ventilação mecânica, predispondo à injúria pulmonar. O desmame ventilatório deverá respeitar alguns critérios já preconizados pela literatura para tratamento de pacientes críticos, como reversão do motivo que levou o paciente para ventilação mecânica, seguido no despertar diário, da avaliação da estabilidade cardiorrespiratória e do desempenho no teste de respiração espontânea. Uma grande particularidade é o risco elevado de contaminação, não sendo indicado o teste de respiração espontânea em tubo “T”, devido a provável maior contaminação do meio com o vírus. PCDF no Desmame ventilatório:7 39 Os seguintes critérios devem ser observados para o paciente ser um candidato à realização de um TRE: Para evitar aerossolização:: Oxigenação e ventilação satisfatórias com FIO2 ≤40% e PaO2>70-80mmHg com PEEP ≤8 cmH2O; pH > 7,34; Capacidade de disparar o ventilador em modo de ventilação com pressão de suporte, e, de preferência, sem sedação contínua; Estabilidade hemodinâmica; Não é recomendado o uso da peça T (ayre) pelo risco de contaminação do ambiente e de profissionais da Saúde; Durante o procedimento de extubação, deve-se colocar o ventilador mecânico em modo de espera e manter o filtro conectado ao TOT; Posteriormente, recomenda-se usar cateter nasal de oxigênio a no máximo 5l/min. Escore de coma de Glasgow > 8. 40 Na interrupção da VM em Pacientes com Traqueostomia (TQT), não se recomenda o uso da peça T (ayre). Sugere-se colocar o ventilador em espera e desconectá-lo do paciente pela peça em Y, mantendo o sistema de aspiração fechado e o filtro conectados à TQT. A Associação Brasileira de Medicina Intensiva propõe uma figura sobre esse processo8: 41 É importante reforçar a necessidade de todos os equipamentos de proteção individual, principalmente durante o procedimento de extubação orotraqueal, sendo orientado que a menor quantidade de profissionais esteja no leito. Recentemente, uma técnica foi descrita pelo departamento australiano de anestesia, a qual visa reduzir a quantidade de liberação de aerossóis durante a extubação, com objetivo de torná-la mais segura. A denominação para esta técnica de extubação é máscara sobre o tubo, sendo que após a máscara usa-se um segundo filtro. O objetivo da colocação do segundo filtro é uma maior proteção após a extubação, devido ao risco de tosse e liberação de gotículas e aerossóis29. A seguir um passo-a-passo para extubação com máscara sobre o tubo: Posicionar cabeceira a 30º; Profissional deverá se posicionar atrás da cabeça do paciente para proteger-se da tosse; Ajustar a máscara oronasal com o tamanho adequado, bem como com o ajuste correto do nível de inflação do coxim da máscara, para uma melhor adaptação; Colocar um segundo filtro após a máscara; 1 2 3 4 42 Desinsuflar o cuff e extubar enquanto mantém a máscara adaptada; Posicionar o tubo orotraqueal ao lado da boca do paciente; próximo ao profissional que irá extubar; Posicionar a máscara facial com o segundo usando as duas mãos para garantir uma vedação na boca e nariz com o tubo orotraqueal saindo sob a máscara facial; Não realizar pressão positiva durante a extubação: ventilador desligado. Considerar extubar no final da expiração; Descartar o tubo e conectar a máscara facial; Manter as duas mãos fixando a máscara após a extubação, devido possível tosse pós-extubação. No pós-extubação deve-se: 8 9 10 5 6 7 Colocar uma máscara cirúrgica no paciente após retirada da máscara facial. Oxigênio suplementar, se necessário, deverá ser entregue com uso de uma máscara cirúrgica por cima; 1 43 A seguir uma figura extraída do artigo citado anteriormente com as quatro fases deste procedimento29. Os profissionais devem confirmar que a integridade do EPI está mantida; O quarto deverá ter as precauções necessárias devido a possível aerolização. 2 3 44 Condutas - Realizar paramentação específica (EPIs) antes de iniciar o procedimento; - Programar o Ventilador Mecânico (assim que o paciente for intubado, conectá-lo à VM); - Dar suporte à equipe assistencial; - Conhecer o protocolo oficial de RCP; - Informar a todos os envolvidos sobre o risco de transmissão do vírus, priorizando menor número de funcionários possível na assistência; - Para a segurança da equipe, nenhum procedimento deve ser realizado sem a instalação prévia de EPIs; Atuação do Fisioterapeuta quando o paciente estiver em respiração espontânea: Recomendações 45 - Deve-se evitar a ventilação com bolsa valva máscara (BVM) pelo elevado risco de aerolização. Em casos de extrema necessidade, a utilização da ventilação manual deve ser realizada por dois profissionais, não permitindo escape de ar, sendo utilizado Cânula de Guedel e Filtro Hepa entre a máscara e a bolsa; - Até que a intubação aconteça, deve-se manter ou aumentar a oferta de oxigênio (cateter de baixo fluxo, máscara facial ou máscara com reservatório semreinalação ou BVM sem ventilar o paciente); - A intubação deve ocorrer o mais rápido possível por profissional médico mais experiente ou pelo time de Resposta Rápida (TRR); - Sobre o uso do aspirador de secreção, a extremidade da mangueira deve ser protegida e não deve ser colocada sobre a cama do paciente ou outras superfícies próximas; - Utilizar filtros de barreira (HEPA ou HMEF) na válvula exalatória do ventilador além do filtro (HME ou HMEF) após “y”, já usual; 46 A ressuscitação cardiopulmonar é um procedimento passível de ocorrer em pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19, sendo de máxima emergência nas unidades hospitalares. O fisioterapeuta poderá auxiliar a equipe durante a RCP, dando prioridade à assistência ventilatória e garantindo oxigenação adequada. A reanimação cardiopulmonar (RCP) em casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 deve seguir os protocolos da American Heart Association (AHA), com algumas recomendações específicas da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE), Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)30-33. Condutas - Preparar os materiais necessários: filtros de barreira e umidificador, sistema fechado de aspiração e materiais para oxigenoterapia (cateter de baixo fluxo, máscara facial ou máscara com reservatório sem reinalação ou BVM); PCDF na Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP): Atuação do Fisioterapeuta quando o paciente estiver em respiração espontânea: 8 47 Condutas - Realizar paramentação específica (EPIs) antes de iniciar o procedimento; - Preparar os materiais necessários - Reprogramar o Ventilador Mecânico; - Dar suporte à equipe assistencial. - Utilizar sistema fechado de aspiração quando conectar o paciente ao ventilador mecânico. - Deve-se manter o paciente conectado ao ventilador mecânico; - Utilizar modo ventilatório PCV ou VCV, garantindo sempre volume corrente em torno de 4 a 6ml/Kg; Atuação do Fisioterapeuta quando o paciente estiver no ventilador mecânico: Recomendações 48 Condutas - Verificar estabilização clínica juntamente com a equipe para o possível retorno à posição supina e iniciar o protocolo de RCP; - Estando o paciente em ventilação mecânica, seguir as recomendações do item 8.2. - Ajustar ventilador: Fr = 10 a 12ipm; FiO2 = 100%; Relação I:E ≤ 1:2; Ti = 1s; PEEP = 5cmH2O ou 0cmH20(ZEEP); Sensibilidade = off ou menos sensível possível; ajustar o alarme = Pressão de pico em 60cmH2O; - Caso seja necessário ventilar com o uso de Bolsa Válvula Máscara (BVM) recomenda-se clampear o tubo para a transição, evitando ao máximo a dispersão de aerossóis; - Caso necessário, utilizar botão de ventilação manual do próprio ventilador evitando a desconexão, ou modo específico pré-determinado com função “RCP/PCR” que ajusta automaticamente os limites de alarme e aciona os parâmetros. Atuação do Fisioterapeuta quando o paciente estiver em posição prona: 49 - Na impossibilidade de retornar para a posição supina, iniciar protocolo de RCP na posição prona, mantendo as mãos entre as escápulas. Se necessário, realizar manobras de contrapressão com a ajuda de outro profissional; - Caso não haja sucesso à RCP ou mesmo quando o paciente se recuperar da PCR, retornar para a posição supina imediatamente. Recomendações 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 BRASIL, Resolução-COFFITO nº 400, de 03 de agosto de 2011. Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia Respiratória e dá outras providências. 2 BRASIL, Resolução-COFFITO nº 402, de 03 de agosto de 2011. Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia em Terapia Intensiva e dá outras providências. 3 Thomas, P; Baldwin, C; Bisset, B; Boden, I; Gosselink, R; , Granger, C. L; Hodgson, C; , Jones, A. Y; E KhoiI, M; Moses, R; Ntoumenopoulos, G; Parry, S. M; Patman, S; Van Der Lee, L. Physiotherapy management for COVID- -19 in the acute hospital setting: clinical practice recommendations Physiotherapy management for COVID-19 in the acute hospital setting: clinical practice recommendations. Journal of Physiotherapy. Disponível em: https://www.s- ciencedirect.com/science/article/pii/S183695532030028X 4 Costa MD; Loiola EAC. Aspectos éticos e legais do atendimento de fisioterapia durante a pandemia da COVID-19. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uplo- ads/2020/04/ASSOBRAFIR_COVID-19_ASPECTOS-ETICOS_2020.04.24-1.pdf 5 Martinez BP; Andrade FMD; Roncalli A; Martins JA; Matte DL; Karsten M. Papel do Fisioterapeuta em diferentes cenários de atuação. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-con- tent/uploads/2020/03/Papel-do-Fisioterapeuta_COVID-19_jus-1.pdf 6 World Health Organization. (�2020)�. Clinical management of severe acute respiratory infection (�SARI)� when COVID-19 disease is suspected: interim guidance, 13 March 2020. World Health Organization. 7 Martinez BP; Andrade FMD; Roncalli A; Martins JA; Cavalheiro LV; Matte DL; Karsten. Intervenção na insufici- ência respiratória aguda. Indicação e uso da ventilação não-invasiva e da cânula nasal de alto fluxo, e orientações sobre manejo da ventilação mecânica invasiva no tratamento da insuficiência respiratória aguda na COVID-19*†. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/covid-19_vni/.- 8 Orientações sobre o manuseio do paciente com pneumonia e insuficiência respiratória devido a infecção pelo coronavirus (SARS-CoV-2) - Versão n.05/2020*. Comunicação official AMIB. Disponível em: https://www.amib.or- g.br/fileadmin/user_upload/amib/2020/abril/24/vm_ai_vjs_v5_abr_2020_final.pdf 51 9 Nota Técnica da ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA – AMIB, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DE EMERGÊNCIA – ABRAMEDE, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA E FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA – ASSOBRAFIR E SOCIEDADE BRASILEIRA PARA A QUALIDADE DO CUIDADO E SEGURANÇA DO PACIENTE – SOBRASP. Sobre o Uso de cápsula acrílica e sobre o uso de dispositivos acessórios, câmara, tendas e boxes, para proteção da equipe multiprofissional no atendimento a pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por Coronavírus (SARS-CoV-2) em ambientes hospitalares. Comunicação official AMIB/AS- SOBRAFIR/ABRAMEDE/SOBRASP. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/04/ASSOBRA- FIR_COVID-19_NT_AMIB_ABRAMEDE_SOBRASP.pdf 10 Gattinoni L, Chiumello D, Rossi S. COVID 19 pneumonia: ARDS or not?Crit Care. 2020 Apr 16;24(1):154. doi: 10.1186/s13054-020-02880-z. 11 Marini JJ, Gattinoni L. Management of COVID-19 Respiratory Distress.JAMA. Published online April 24, 2020. doi:10.1001/jama.2020.6825 12 Chacko B, Peter JV, Tharyan P, John G, Jeyaseelan L. Pressure-controlled versus volume-controlled ventila- tion for acute respiratory failure due to acute lung injury (ALI) or acute respiratory distress syndrome (ARDS). Cochra- ne Database Syst Rev. 2015 Jan 14;1:CD008807. doi: 10.1002/14651858.CD008807.pub2. 13 Amato MB, Meade MO, Slutsky AS, Brochard L, Costa EL, Schoenfeld DA et al. Driving pressure and survival in the acute respiratory distress syndrome. N Engl J Med. 2015 Feb 19;372(8):747-55. doi: 10.1056/NEJMsa1410639. 14 Santa Cruz R, Rojas JI, Nervi R, Heredia R, Ciapponi A. 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DOI: 10.1056/NEJMoa1214103. 18 Oliveira VM, Piekala DM, Deponti GN, et al. Safe prone checklist: Construction and implementation of a tool for performing the prone maneuver. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(2):131–41. 52 18 Oliveira VM, Piekala DM, Deponti GN, et al. Safe prone checklist: Construction and implementation of a tool for performing the prone maneuver. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(2):131–41. 19 Borges DL; Rapello GVG; Andrade FMD. Posição prona no tratamento da insuficiência respiratória aguda na COVID-19*†. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uplo- ads/2020/03/ASSOBRAFIR_COVID-19_PRONA.v3-1.pdf 20 Bamford P, Bentley A, Dean J, Whitmore D, Wilson-Baig N. ICS Guidance for Prone Positioning of the Conscious COVID Patient 2020. 21 Furlanetto KC; Hernandes NA; Mesquita RB. Intervenção na insuficiência respiratória aguda. Recursos e técnicas que devem ser utilizadas com cautela ou evitadas em pacientes com COVID-19. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/04/ASSOBRA- FIR_COVID-19_Usar-com-cautela-ou-evitar_2020.04.15.pdf 22 Connolly B, 2018 Cochrane Database Syst Rev. 2015 Jun 22;(6):CD008632. doi: 10.1002/14651858.CD008632. 23 Martinez BP; Andrade FMD. Estratégias de mobilização e exercícios terapêuticos precoces para pacientes em ventilação mecânica por insuficiência respiratória aguda na COVID-19*†. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/04/ASSOBRA- FIR_COVID-19_Mobilização_2020.04.01-1.pdf 23 Martinez BP; Andrade FMD. Estratégias de mobilização e exercícios terapêuticos precoces para pacientes em ventilação mecânica por insuficiência respiratória aguda na COVID-19*†. Comunicação oficial ASSOBRAFIR. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/04/ASSOBRA- FIR_COVID-19_Mobilização_2020.04.01-1.pdf 24 Schujmann DS, Teixeira Gomes T, Lunardi AC, Lamano MZ, Fragoso A, Pimentel M. Impact of a Progressive Mobility Program on the Functional Status, Respiratory and Muscular Systems of ICU Patients: A Randomized and Controlled Trial. Crit Care Med. 2019 Dec 19. doi: 10.1097/CCM.0000000000004181. 25 Herridge MS, Tansey CM, Matte A, et al. Functional disability 5 years after acute respiratory distress syndro- me. The New England journal of medicine. Apr 7 2011;364(14):1293-1304. 26 -Abnormal pulmonary function in COVID-19 patients at time of hospital discharge, European Respiratory Journal 2020; DOI: 10.1183/13993003.01217-2020 27 Liu et al, 2020) Liu K, Zhang W, Yang Y, Zhang J, Li Y, Chen Y. Respiratory rehabilitation in elderly patients with COVID-19: A randomized controlled study. 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Disponível em: http://abramede.com.br/wp-content/u- ploads/2020/03/RCP-ABRAMEDE-SBC-AMIB-05-210320.pdf 33 Morakami FK et al. Recomendações para atuação dos Fisioterapeutas na Reanimação Cardiopulmonar em casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 – ASSOBRAFIR.2020. Disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-con- tent/uploads/2020/03/ASSOBRAFIR_COVID-19_RCP_V2-1.pdf 54 (II) PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS – PCDF NA CRIANÇA SUSPEITA OU PORTADORA DE COVID-19 55 1 PCDF na criança em Oxigenoterapia: Os sinais e sintomas de COVID-19 em crianças são semelhantes aos de infecções respiratórias virais comuns ou qualquer outra doença da infância, e o tratamento clínico dos casos suspeitos de COVID-19 está fundamentado nas manifestações de gravidade. A necessidade de oxigenoterapia nas infecções respiratórias infantis é frequente e no cenário da COVID-19 algumas recomendações são feitas, especialmente para evitar a dispersão de aerossóis no ambiente, protegendo as equipes interprofissionais e demais pacientes durante a condução destes casos. Essas recomendações são derivadas de relatos e estudos realizados no atendimento de pacientes adultos e adaptadas ao cenário infantil. (II) PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES FISIOTERAPÊUTICAS – PCDF NA CRIANÇA SUSPEITA OU PORTADORA DE COVID-19 56 Quadro clínico da criança com infecção respiratória não grave: - Infecção do trato respiratório inferior não grave acompanhada de tosse e/ou sinais de desconforto respiratório e, - taquipneia em função da idade - respirações/min (rpm): Menor de 2 meses: ≥ 60 rpm; De 2 a 11 meses: ≥ 50 rpm; De 1 a 5 anos: ≥ 40 rpm; Maior de 5 anos: > 30 rpm; Adolescentes: ≥ 24 rpm; - Ausência de sinais clínicos que caracterizam pneumonia grave. 57 Nestes casos, em lactentes, crianças e adolescentes que necessitam de oxigênio suplementar para manter SaO2 ≥ 94% e, idealmente, manter a PaO2 entre 100 a 250 mmHg, deve-se optar por: (*) adaptação de acordo com as características de cada paciente. Vale ressaltar que a umidificação não é necessária com as taxas de fluxo de oxigênio padrão, pois os mecanismos nasais naturais aquecem e umedecem o oxigênio inspirado. - CATETER NASAL de O2 com fluxo de até 4L/min. - Caso haja falha do cateter de O2 em manter SaO2 alvo, deve-se aumentar a oferta de oxigênio e preferir MÁSCARA NÃO REINALANTE (tamanho adulto ou infantil*), com fluxo no máximo de 10 a 15 L/min. 58 Para evitar a dispersão de aerossóis no local de atendimento, recomenda-se: -EVITAR sistemas de nebulização ou inalação que utilizam fluxo de oxigênio elevado, como máscara de Venturi ou máscara de Nebulização. -EVITAR realizar inalação com medicação no pronto atendimento, e preferir os sistemas com spray e espaçador. 59 60 2 PCDF na criança em Ventilação Não Invasiva (VNI) e Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF): 2.1 Ventilação mecânica não invasiva (VNI): A VNI vem sendo utilizada em fases iniciais da doença, de acordo com as necessidades de cada paciente. A ASSOBRAFIR, em uma revisão da literatura, recomenda que a VNI deve ser realizada com cautela, não sendo indicada como estratégia ventilatória de primeira linha nestes pacientes, principalmente pela liberação indevida de aerossóis no ambiente e risco de contaminação. Recomenda-se então que estes pacientes estejam em quartos sob pressão negativa. O uso da Ventilação Não Invasiva (VNI) e da Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF) é citado por algumas referências científicas publicadas anteriormente como contra indicado, visto que há um grande potencial de aerossolização e dispersão de gotículas, porém existem locais onde tal uso é uma opção, devido à dificuldade de acesso à IOT ou em pacientes que ainda não apresentam hipoxemia grave. Nestes casos, a 61 proteção da equipe assistencial deve ser redobrada. No caso da VNI, as interfaces Helmet ou Total Facedevem ser utilizadas. São indicadas máscaras sem válvula de exalação com conexão a circuitos ventilatórios de ramo duplo, filtro trocador de calor e umidade, além de filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) na extremidade distal do ramo expiratório, antes da válvula exalatória do ventilador mecânico. É importante ressaltar que, nessas técnicas, o alto fluxo do gás é menos contido do que na ventilação mecânica invasiva, o que pode contribuir para a dispersão do vírus aerossolizado. Em pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica, indica-se que seja realizado um teste de resposta de 30 minutos na VNI, verificando- -se os sinais vitais e de desconforto respiratório. Se o paciente estiver estável, manter na ventilação não invasiva com os devidos cuidados e monitoração e, após 2 horas, reavaliar se há reversão do quadro. Caso haja, considerar o desmame da VNI utilizando CNAF ou oxigenotera- pia. Caso não apresente melhora do quadro, considerar IOT precoce e VMI. 62 a) imagem de tórax com infiltrados consistentes e doença aguda parenquimatosa; b) suplementação de oxigênio para manter SpO2 ≥ 88% e índice de oxigenação (IO) < 4 ou índice de saturação de oxigenação (ISO) < 5, com FiO2 < 0,6. c) monitorar a eficácia da VNI por meio da SpO2/FiO2 - Índice de saturação de oxigenação (ISO), em que o nível de FiO2 deve ser guiado para se manter a SpO2 ≤ 97%. 2.1.2 Parâmetros recomendados 2.2 Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF): As recomendações da VNI são definidas por: A cânula nasal de alto fluxo deve ser utilizada por no máximo 1 hora para verificação de resposta. Os sinais de melhora são a diminuição da frequ- ência cardíaca e respiratória em 10 a 20%, a necessidade de FiO2 para menos de 50% e a melhora nas saturações de oxigênio. 63 Pacientes com piora da hipercapnia, acidemia, fadiga respiratória, insta- bilidade hemodinâmica ou com estado mental alterado devem ser con- siderados para ventilação mecânica invasiva precoce. Simulações recentes sugerem que a velocidade do fluxo de gás expirado dos pacientes que recebem terapia com Cânula Nasal de Alto Fluxo pode ser substancialmente mais lenta quando usada uma máscara cirúrgica por cima da cânula de alto fluxo. Com a redução na dispersão de partículas, ocorre uma diminuição moderada na capacidade de des- carga, sugerindo incremento da taxa de fluxo se o paciente estiver exi- bindo aumento do trabalho respiratório. - Para as CNAF recomenda-se que a SpO2/FiO2 > 264 (FiO2 < 0,35 – 0,40). - Após 2 horas de utilização da CNAF, reavaliar se há reversão do quadro, caso haja, considerar o desmame, com redução de 1 a 2l/m a cada 1 hora, até 5 l/m, posteriormente oxigenoterapia. - A intubação orotraqueal é recomendada se não há melhora na oxigenação com SpO2 92 – 97% e FiO2 < 0.4. 64 65 66 3.1 Ventilação Mecânica Invasiva: Os objetivos da Ventilação Mecânica (VM) frente à Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) são tratar a causa subjacente, fornecendo oxigenação e ventilação adequadas e proteger os pulmões da Lesão Pulmonar Induzida por Ventila- dor (VILI). A ventilação protetora evita sobredistensão (volutrauma e barotrauma), minimiza a abertura e fechamento cíclicos dos alvéolos (atelectrauma) e reduz os efeitos prejudiciais dos me- diadores bioquímicos no pulmão e nos órgãos distais (biotrau- ma). Sendo assim, o padrão para suporte de VM na população pediátrica é geralmente PCDF na criança em Ventilação Me- cânica Invasiva: Consistente com o estudo da ARDS Network, e as diretrizes do PALICC, que recomendam volumes correntes (VC) ajustados de acordo com a complacência respiratória do paciente. Dessa maneira, sugere-se: 67 VC = 3–6 ml/kg para pacientes com complacência respiratória reduzida. VC = 5–8 ml/kg para pacientes com complacência respiratória preservada. Pressão de platô inspiratório limitada em 28 cmH2O. Outro componente importante da VM na SDRA é a Pressão Expiratória Final Positiva (PEEP). A PEEP cria uma estratégia de pulmão aberto, im- pedindo o colapso pulmonar e o atelectrauma causado pela reabertura de alvéolos colapsados a cada ciclo respiratório. Com a escassez de estudos pediátricos, os únicos disponíveis (não incluin- do pacientes com COVID-19) para titulação de PEEP mostraram que não aderir à tabela da ARDSnet de baixa PEEP/FiO2 foi associado ao aumento da mortalidade. Recomendamos uma avaliação conjunta do estado hemodinâmico e respiratório durante a titulação da PEEP para que não haja instabilidade. Estudos indicam que níveis de PEEP inferiores ao modelo da ARDS Ne- twork foram associados a uma maior mortalidade. O PALICC recomenda fortemente: PEEP até 15 cmH2O ou mais para PARDS graves. 68 Outra sugestão para titulação da PEEP que pode ser utilizada também na população pediátrica seria uma titulação de PEEP chamada decremental. Esse tipo de titulação busca o menor nível de PEEP para uma menor pressão de distensão alveolar, ou seja, avaliação do Driving Pressure (DP). Esse valor deve ser ajustado para parâmetros < 15 cmH2O. Assim, uma estratégia chamada de “mini titulatação da Peep” com o objetivo de encontrar esse menor nível pressórico. Para a titulação de manobra inicia-se com PEEP em 18 cmH20 e progres- sivamente reduz-se de 2 a 2 cmH2O a cada 2 minutos (sem manobra de recrutamento prévia). O objetivo da titulação é encontrar o menor valor de DP (<15 cmH20 associado a pressão platô < 28 cmH20) a cada redução da PEEP. Para minimizar a potencial toxicidade do suporte ventilatório necessário para oxigenar e ventilar os pacientes com PARDS, deve-se considerar hipoxemia e hipercapnia permissivas (de PARDS moderados a graves para minimizar a VILI, mantendo o pH 7,15–7,30). Seguindo as recomenda- ções do PALICC para níveis de oxigenação, sugere-se: Saturação de pulso (SpO2) de 92% a 97%. PEEP > 10 cmH2O para PARDS graves. FiO2 suficiente para SO2 92-96%. 69 3.1.1 Posição Prona: Em caso de PaO2/FiO2 < 150, IO > 12 ou OSI ≥ 10, considerar a posição prona. Com relação a esta técnica, aconselha-se: Antes da mudança da posição prona para supino é recomendável a cole- ta/avaliação da gasometria arterial para determinar se esta posição será descontinuada ou mantida para manutenção e uma boa relação PaO2/- FiO2. É importante destacar a necessidade de cuidados durante a adoção da posição prona tais como evitar a desconexão do circuito do ventilador e a monitorização do paciente com oximetria de pulso e, se possível, capno- grafia. Considera-se como falha da posição prona: Tempo de aplicação da postura: 12 - 18h por dia. Interrupção da técnica: PaO2/FiO2 ≥ 150; OI < 12; OSI < 10. Períodos prolongados de posição prona (> 24h) podem ser considerados. -a queda da SpO2 < 10% do basal ou SpO2 < 90% após 10 min, - piora hemodinâmica grave (arritmias, PCR), - suspeita de extubação não planejada, e - SpO2/FiO2 < 221 ou PaO2/FiO2 < 150 na gasometria arterial após 1 hora da instituição da posição. 70 Na abordagem da hipoxemia refratária, considerada quando P/F < 150; IO > 12; OSI ≥ 10 com FiO2 > 60%, sugere-se: Nos casos em que persista a hipoxemia refratária, mesmo após a utiliza- ção de outras técnicas, como a ventilação protetora, a posição prona e óxido nítrico, avaliar a possibilidade do uso de Oxigenação por membrana Extracorpórea (ECMO). A prevenção de dispersão de aerossol para o ambiente deve ser realizada por meio da utilização de um filtro de barreira, seja este um HMEF (Filtro Bacteriano e Viral com Trocador de Calor e Umidade) instalado no Y do circuito ou de um filtro HEPA acoplado à válvula expiratória do ventilador. A umidificação ativa deve ser evitada devido à possibilidade de conden- sação no circuito ventilatório, que acarretaria risco de oclusão do filtro HEPA. Nestes casos, recomenda-se substituí-lo por um filtro trocador de calor e umidade acoplado à peça Y. - Óxido Nítrico iniciando com 40ppm. - Titulação da PEEP. - Ventilaçãode Alta Frequência Oscilatória (VAFO) caso exista baixa complacência pulmonar. 3.2 Cuidados com a Ventilação Mecânica Invasiva: 71 Importante enfatizar que não é recomendado associar umidificação ativa com o filtro trocador de calor e umidade pelo fato de ambos terem a mesma função. À data desta publicação, não é completamente elucidado se um filtro HEPA junto à saída expiratória do ventilador será redundante. Embora este filtro possa oferecer proteção adicional, recomendamos que cada caso seja avaliado individualmente (verifique a eficiência em filtração viral do HMEF que será utilizado e com base nessa informação, assim como peso e comprometimento pulmonar do paciente, pondere os riscos e benefícios em adicionar mais um filtro no sistema). O filtro HEPA possui internamente um maior volume de espaço morto, sendo este variado, de acordo com marcas e modelos. São inúmeros disponíveis no mercado. Dessa forma, alguns filtros podem ser indicados somente para pacientes adultos, enquanto outros podem ser específicos para pediatria ou mesmo híbridos (cada fornecedor especifica a faixa de volume corren- te em que o paciente deve estar inserido para utilizar aquele produto e/ou discrimina seu uso pretendido). A questão espaço morto é válida para qualquer outro tipo de filtro. Além disso, é imprescindível verificar o tempo máximo de troca do(s) filtro(s), visto que isso não é totalmente padronizado. Ainda assim, um filtro com prazo apropriado, porém ocluído por condensado ou sujidade, pode ter seu funcionamento comprometido e deve ser substituído de maneira antecipada. Com um prazo de 72 troca expirado, um filtro pode acentuar a resistência expiratória e im- pactar em aumento do trabalho respiratório do paciente, além de poder não cumprir sua função primária. Recomenda-se ao fisiotera- peuta avaliar de maneira intensiva qualquer sinal (direto ou indireto) de aumento de resistência de via aérea. Independentemente do cenário eleito, é fundamental realizar a monta- gem do sistema de maneira completa, antes mesmo de realizar a veri- ficação do equipamento e do circuito ventilatório (“calibração”). A reali- zação de um teste completo (incluindo avaliação de complacência e resistência do circuito) permitirá que o ventilador compense o volume compressivo e realize a monitoração de uma maneira mais confiável, além de reduzir eventuais interferências em performance. Com relação ao procedimento de aspiração, recomenda-se a utilização de sistema fechado, a fim de evitar desconexão do circuito de ventila- ção mecânica. Por último, porém não menos importante, é imprescindível reforçar que o fisioterapeuta deve seguir todas as normas preconizadas em paramentação, para sua proteção e de todos ao seu redor. Este é um fator primário para o seguimento de qualquer outro tipo de assistência. 73 Recomendações Adicionais A devida paramentação pelo fisioterapeuta é reforçada neste documento, pela sua própria proteção e dos demais ao seu redor; Recomenda-se realizar aspiração em sistema fechado, evitando assim des- conexões do circuito ventilatório; Sobre umidificação de vias aéreas, recomenda-se utilizar um HMEF (filtro bacteriano e viral, com trocador de calor e umidade) no Y do ventilador. Atenção: alguns filtros são somente trocadores de calor e umidade; A adição de um filtro HEPA à válvula expiratória do ventilador deve ser pon- derada frente a diversas questões (tamanho do paciente, comprometimen- to pulmonar, eficiência em retenção viral do HMEF já utilizado, espaço morto do(s) filtro(s) e prazo de troca deste(s); O fisioterapeuta deve avaliar de maneira intensiva qualquer sinal de aumento de resistência em via aérea (direto ou indireto) e suas possíveis complicações; É fundamental preparar o ventilador com os acessórios que serão utilizados e realizar a verificação completa do equipamento e do circuito ventilatório ("calibração"). O teste minimiza interferências em performance e torna a monitoração mais fidedigna. 74 75 O desmame ventilatório pode ser definido como a redução gradual dos parâmetros ventilatórios, atribuindo um tempo de respiração espontânea que permite que o paciente assuma o controle da ventilação. Este processo pode durar entre 40 a 50% do tempo total de utilização da ventilação mecâ- nica (VM). A extubação envolve a remoção do tubo endotraqueal. Este momento ge- ralmente coincide com a determinação de que o paciente é capaz de reali- zar trocas gasosas efetivas sem o suporte ventilatório ou com o suporte adicional mínimo. No entanto, a extubação tem preditores de sucesso e/ou falhas específicas, geralmente relacionadas à capacidade de proteger as vias aéreas, ao gerenciamento de secreções e à permeabilidade das vias aéreas superiores. O termo falha de extubação representa um conjunto de condições que determinam a necessidade de reintubação e restauração da VM nas primei- ras 24 a 72 horas após a remoção do tubo endotraqueal. Com relação ao Teste de Respiração Espontânea (TRE), embora alguns estu- dos sugiram que o uso de um suporte de pressão mínima superestima o sucesso da extubação, outros estudos sugerem o uso do CPAP, com pouca evidência científica. Apenas um trabalho conseguiu chegar a um parâmetro pressórico relacio- nando-o ao tamanho da cânula endotraqueal. Neste, o protocolo se baseada na seguinte descrição: 3 PCDF no desmame ventilatório em pacientes pediátricos: 76 COT tamanho 3.0 – 3.5 - pressão suporte 10 cmH2O COT tamanho 4.0 – 4.5 - pressão suporte 08 cmH2O COT tamanho > 5 - pressão suporte 05 cmH2O Entretanto, esses dados foram rebatidos por outro estudo que chegou à conclusão de que a Ventilação Pressão Suporte (PSV) pode superestimar a capacidade do paciente em tolerar o TRE, ou seja, a pressão suporte pode “ajudar” ainda mais o paciente em tolerar carga de trabalho. Sendo assim o mais indicado seria realizar o TRE em modalidade CPAP 5 cmH2O. Devido a essa ausência de dados, recomenda-se a escolha entre as duas modalidades, seja ela em PSV ou CPAP, por um período de 30 minutos para que se possa avaliar o trabalho ventilatório e a possibilidade de extubação. 77 78 A Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) é um procedimento passível de ocorrer em pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19, sendo de máxima emergência nas unidades hospitalares. O fisioterapeuta poderá auxiliar a equipe durante a RCP, dando prioridade à assistência ventilatória. A RCP nesses pacientes demanda atenção especial devido à maior produ- ção de aerossóis durante as manobras de compressão torácica e ventilação, oferecendo risco importante de contaminação à equipe assistencial, espe- cialmente quando o paciente ainda não está com a via aérea avançada e isolada. A RCP refere-se à combinação de compressões torácicas, desfibrilação e gerenciamento de vias aéreas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lista a RCP como procedimento médico aerossolizador. Uma meta-análise publi- cada em 2013 demonstrou que a intubação está associada ao aumento da infecção por prestadores de serviços de Saúde. Esse documento tem como objetivo apresentar as recomendações publica- das até o momento no que diz respeito ao atendimento à Parada Cardior- respiratória (PCR) em crianças e adolescentes com a COVID-19, na qual o desafio é conciliar a meta de maximizar a sobrevida do paciente sem com- prometer a segurança dos profissionais de Saúde. 4 PCDF na Ressuscitação Cardiopulmonar Pediátrica: 5.1 Ressuscitação Cardiopulmonar 79 É essencial que os profissionais protejam a si e a seus colegas de exposições desnecessárias. Profissionais expostos que contraem COVID-19 reduzem a já escassa mão de obra capacitada disponível para atendimento. Um documento apresentado por estudiosos foi o Código Azul Protegido (Protected Code Blue), que é uma resposta de emergência a uma doença com incidência de mortalidade elevada em um paciente com uma doença respiratória transmissível suspeita ou confirmada.O conceito de Código Azul Protegido foi desenvolvido durante uma crise em 2003 de infecção viral no Canadá, quando muitos profissionais de Saúde foram expostos ao coronavírus SARS, resultando em vários óbitos. Foi construído então este Código com a intenção de prestar atendimento ao paciente, mas com maior segurança ao profissional de Saúde. No cenário de carga comunitária significativa da doença, deve-se considerar a decisão de tratar todas as paradas cardíacas como protegidas. 5.2 Proteção da equipe e utilização de Equipamentos de Proteção Indivi- dual (EPIs) 80 Todas as medidas apropriadas para impedir os atendimentos à RCP de forma desprotegida devem ser provisionadas antes que a PCR ocorra. A pronta disponibilidade de EPIs promoverá menor retardo para o início das compressões torácicas. Conjuntos de EPIs devem estar disponíveis no carrinho de ressuscitação ou parada, para pronto uso. Não devem ser realizadas compressões torácicas ou procedimentos de vias aéreas sem instalação prévia do EPI completo. A Paramentação adequada deve ser composta por: capotes impermeá- veis, máscara N95 ou semelhante, óculos de proteção e/ou protetor facial (face shield ou front shield), luvas e gorro. Lembramos que o uso de luvas não substitui a higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel por pelo menos 20 segundos. O número de funcionários no local do atendimento deve ser restrito (se for um quarto individual comum). Comunicar claramente o status do paciente com relação à COVID-19 a qualquer profissional antes que ele entre em cena ou receba um pacien- te para transferi-lo para outro local. 5.2.1 Estratégias a serem utilizadas: 81 5.3 Reconhecimento e abordagem da PCR O reconhecimento da PCR em pediatria segue-se por alguns marcadores: a apneia ou respiração agônica (gasping) configura parada respiratória, e ausência de pulsos em grandes artérias, parada circulatória. Outros sinais acessórios também devem ser considerados: respiração irregular, frequên- cia dos batimentos cardíacos muito baixa (a partir de 60 batimentos por minuto considera-se parada cardiorrespiratória em pediatria), cianose e palidez cutânea. A partir da detecção de rebaixamento do nível de consci- ência, ausência de pulso central e de respiração efetiva, indica-se o início da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) - por compressão e monitorização do ritmo cardíaco e ventilação, lembrando que o tempo de PCR do paciente deve ser contabilizado e a assistência deve ser prestada o mais rápido possí- vel. Se não houver via aérea avançada, iniciar compressões na proporção 15:2. Comprimir com profundidade maior ou igual a um terço do diâmetro torácico anteroposterior e permitir retorno completo do tórax. Minimizar interrupções das compressões. Evitar ventilação excessiva. Alternar o socorrista a cargo das compressões a cada 2 minutos. 82 5.4 Via aérea avançada 5.4.1 Estratégias Minimize a desconexão do circuito fechado. Opte pelo tubo com balonete (cuff) se disponível. Uma vez que a via aérea avançada for posicionada, administre uma ventilação a cada 6 segundos (10 ventilações/min) com compressões torácicas contínuas. Antes de intubar, utilizar o dispositivo bolsa-máscara com filtro HEPA/H- MEF, selando-o firmemente. Minimize a duração da ventilação bolsa- -máscara e use duas mãos para segurar a máscara e garantir vedação adequada e eficaz para ventilação bolsa-máscara. Assim que o paciente for intubado, deve-se conectá-lo no ventilador mecânico, não se esquecendo da instalação de filtros HEPA e HME ou HMEF e sistema fechado de aspiração. Posicione seguramente o filtro HEPA, se disponível, a qualquer aparelho de ventilação mecânica ou manual no caminho do gás exalado antes de ventilar. 83 A prevenção da geração de aerossóis em via aérea supraglótica e em ventilação bolsa-máscara é menos confiável do que com o tubo traque- al. Ventilar após intubação traqueal somente após insuflação do balone- te para minimizar o risco de gerar aerossol. Assegure uma pressão ade- quada no balonete para prevenir vazamentos. Uma vez estabelecido circuito fechado, deve-se minimizar as descone- xões para reduzir a geração de aerossóis. Em pacientes sob ventilação mecânica, deve-se manter o paciente conectado ao ventilador em circuito de ventilação fechado, com fração inspirada de oxigênio a 100%, modo assíncrono, frequência de 1 (uma ventilação) a cada seis segundos (em torno de 10-12 por minuto). É im- portante o ajuste e monitorização do alarme de pressão máxima de via aérea. 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Sistematização da assistência de pacientes com COVID-19 no serviço de emergência pediátrica. São Paulo; 2020 [acesso em 03 maio 2020]. Disponível em: https://www.sbp.com.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA. Covid-19 Ventilação Mecânica em Pediatria. São Paulo; 2020. CARLOTTI, A. P. C. P.; CARVALHO, W. B.; JOHNSTON, C.; RODRIGUEZ, I. S. et al.COVID-19 Diagnostic and Manage- ment Protocol for Pediatric Patients. 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