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teorico 2 Teorias e Técnicas Retrospectivas

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Teorias e Técnicas 
Retrospectivas
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Grace Vasconcellos 
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções do Início da 
Colonização no Brasil
Tombamento no Brasil: Tipologia das 
Construções do Início da Colonização no Brasil
 
 
• Conceituar o tombamento no Brasil;
• Apresentar tipos e funções das construções e dos artefatos usados no Brasil desde o início 
da colonização.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Considerações sobre os Valores Culturais no Brasil;
• Tombamento no Brasil;
• Alguns Tipos e Funções de Construções e Artefatos Usados 
no Brasil Desde o Início da Colonização.
UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Considerações Sobre os 
Valores Culturais no Brasil
Cabe a cada nação definir quais elementos e valores de sua história, de sua cultura de-
vem ser preservados, para que as gerações atuais e futuras compreendam suas próprias 
origens, valorizem-nas, vivenciem-nas, transmitam-nas e perpetuem-nas. 
São inúmeros os elementos e valores que formam a memória cultural de uma nação.
Muitos deles, pouco a pouco, sofrem transformações, são substituídos, perdem a 
função, por isso são esquecidos. Desta forma, os valores culturais vão sendo mudados.
Como exemplos de alguns dos muitos valores culturais que, ao longo do tempo, so-
frem mudanças, podem-se citar:
• Tecnologias e materiais (primitivas, simples ou avançadas): como exemplos, 
materiais e técnicas usados para elaboração de artefatos de uso pessoal, doméstico, 
agrícola, industrial; para desenvolvimento e execução de ferramentas; para desen-
volvimento e execução de diferentes tipos de veículos, diferentes meios de transpor-
te; para o plantio, para a pesca e a criação de animais; para armazenamento e bene-
ficiamento de alimentos; para armazenamento e beneficiamento de matérias-primas 
das mais diversas; para construção de diferentes tipos de edificações, entre outros;
• Tradições sociais, folclore, religiosidade: como exemplos, festas folclóricas, da-
tas significativas (sejam elas individuais, sejam coletivas) e as formas de festejar cada 
uma delas; comidas, bebidas, doces e os modos de elaborá-los; os brinquedos, as 
brincadeiras; as estórias, as cantigas; as superstições, as lendas, os personagens 
fantásticos; as crenças religiosas e seus rituais;
• Artes e expressões artísticas: como exemplos, músicas, instrumentos musicais, 
danças, literatura, pintura, escultura, artesanatos;
• Meio ambiente, monumentos naturais: como exemplos, paisagens; flora; fauna; 
ecossistemas; geografia, quando, por exemplo, uma cidade é inundada para criar 
uma barragem ou por acidentes naturais, um morro é retirado, rios são desviados, 
canalizados, córregos são secos e outros mais.
As definições sobre o que preservar podem ter base em conceitos técnicos apoiados 
em conhecimentos formais nas mais diversas áreas, como arqueologia, historiografia, 
etnografia, sociologia, arquitetura, engenharia, ambientalismo e outras, mas tais defi-
nições podem também ter origem na vontade do próprio povo em manter vivas suas 
memórias, suas tradições, seus costumes, mesmo que por razões emocionais.
O povo é o maior responsável por preservar a memória cultural de uma nação, pois é 
ele que a mantém viva e a alimenta, dia a dia, de geração em geração, mesmo que essa 
memória não esteja registrada em documentos de forma oficial. 
Trocando Ideias...
Pense em alguma tradição, brincadeira ou festa de sua infância que tenha tido algum 
tipo de mudança. Traga essa memória para a discussão com a turma.
8
9
Tombamento no Brasil
O que Significa Tombar um Bem no Brasil?
A legislação sobre tombamento, que organiza a proteção do patrimônio histórico e 
artístico nacional, foi criada pelo Decreto-Lei 25, de 30 de novembro de 1937. Em seu 
artigo 1º, §§ 1º e 2º, diz:
Art. 1º. Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto 
dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de 
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história 
do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, 
bibliográfico ou artístico.
§ 1º. Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte 
integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos 
separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo [...].
§ 2º. Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também 
sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e 
paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que 
tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana.
A Constituição Brasileira de 5 de outubro de 1988, por meio do artigo 216, § 1º, 
reforça e amplia o conceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-Lei 25, de 30 de 
novembro de 1937, pois substitui a nominação Patrimônio Histórico e Artístico por
Patrimônio Cultural Brasileiro.
Art. 216, § 1º. O Poder Público, com a colaboração da comunidade pro-
moverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inven-
tários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras 
formas de acautelamento e preservação.
A alteração para Patrimônio Cultural incorporou o conceito de referência cultural e a 
definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os bens de caráter imaterial. 
Após o reconhecimento de que um bem precisa ser mantido como parte do patrimô-
nio cultural nacional, ele passa por um processo de classificação técnica para a definição 
de seu tombamento.
Tombar ou tombamento significa deixar aos cuidados do poder público, seja ele fede-
ral, estadual ou municipal, a guarda de bens de interesse público, por seu valor histórico, 
arqueológico, etnográfico, artístico, arquitetônico, bibliográfico, paisagístico ou turístico. 
O objetivo do tombamento de um bem cultural é impedir sua destruição ou mutila-
ção, mantendo-o preservado para as gerações futuras. 
9
UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Você Sabia?
A palavra “tombo” significando registro, começou a ser empregada pelo Arquivo Nacio-
nal Português (fundado por D. Fernando, em 1375). O Arquivo, estava em uma das torres 
da muralha que protegia a cidade de Lisboa. Com o tempo, o local passou a ser chamado 
de Torre do Tombo, pois ali eram guardados os livros dos registros especiais ou Livros do 
Tombo. Em respeito à origem portuguesa do termo, no Brasil, ele foi mantido em nosso 
“Decreto-Lei de Tombamento”, começando por aí a materialização de nossa preocupa-
ção com a preservação de nosso Patrimônio Linguístico. 
Qualquer pessoa pode solicitar o tombamento de um bem. O processo pode ser ini-
ciado a partir de duas situações:
• Tombamento voluntário: Uma pessoa pede o tombamento de bem de sua proprie-
dade para algum órgão de preservação de patrimônio. Esse pedido passará por análi-
se técnica para verificação se o bem possui os requisitos necessários para fazer parte 
do patrimônio histórico e artístico nacional;
• Tombamento de forma compulsória: Um órgão do serviço de patrimônio, da esfera 
municipal, estadual ou federal define que um bem, de propriedade privada, apresenta 
valor necessário para fazer parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional. 
O proprietário do bem é informado sobre a intenção do tombamento. Se não con-
cordar com o tombamento, o proprietário apresenta argumentação contrária à intenção. 
Se o órgão que apresentou o pedido de tombamento discordar dos argumentos apre-
sentados pelo proprietário, o caso é, então, encaminhado ao Conselho Consultivo do 
Patrimônio Cultural, que tomará a decisão. 
Conheça os objetivos e as atribuições do Conselho Consultivo de Serviço do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: https://bit.ly/3t2AH3e
Os bens culturais, antes de tombados, são classificados de acordo com quatro áreas 
de valor cultural,sendo que para cada área existe um Livro de Tombo. São eles: Livro 
do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, Livro do Tombo Histórico, Livro do 
Tombo de Belas-Artes e Livro do Tombo de Artes Aplicadas.
Os bens culturais somente serão considerados tombados e, portanto, pertencentes 
ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional após terem sido inscritos em um ou mais 
Livros do Tombo.
Os Livros do Tombo são:
• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Onde são inscritos 
bens culturais de valor arqueológico (relacionados à existência de vestígios humanos 
pré-históricos ou históricos); de valor etnográfico ou de referência para determina-
dos grupos sociais; de valor paisagístico (áreas naturais ou criadas pelo Homem, 
como jardins, cidades ou conjuntos arquitetônicos que se destaquem pela relação 
com o território de implantação);
10
11
• Livro do Tombo Histórico: Onde são inscritos bens culturais relacionados a fa-
tos memoráveis da história do Brasil, divididos em imóveis (edificações, fazendas, 
marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, por exemplo) e móveis (imagens, 
mobiliário, quadros e xilogravuras, entre outras peças);
• Livro do Tombo das Belas-Artes: Onde são inscritos bens culturais em função do 
valor de Belas-Artes (consideradas pela História da Arte a partir do século XVI, as 
artes de caráter não utilitário, a arte acadêmica, que imita a beleza natural, sepa-
rando arte do artesanato);
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas: Onde são inscritos bens culturais de valor 
artístico, relativos à função utilitária, como objetos, peças e construções utilitárias 
(alguns setores da arquitetura desde o século XVI), design, mobiliário, artes gráfi-
cas, artes decorativas, por exemplo. No Brasil, o Movimento Modernista de 1922 
é fortemente representado por tapeçarias, pinturas e objetos.
Agora, quais são as informações que aparecem no registro de tombamento de um bem?
Vamos usar como exemplo as informações de tombamento da primeira terra a ser 
avistada por Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500, quando do descobrimen-
to do Brasil, dadas a seguir:
Bem Tombado: Acervo paisagístico do Município de Porto Seguro, es-
pecificamente, do monte Pascoal e do conjunto arquitetônico e paisa-
gístico da Cidade Alta, bem como o marco do descobrimento, o Paço 
Municipal, as ruínas do Fortim, Reduto ou Bateria da Costa, juntamente 
com as duas peças de artilharia alí existentes e o antigo canhão que jaz 
perto da praia; as ruínas da Igreja da Glória; e as igrejas de Nossa Senho-
ra da Pena, da Misericórdia e o cemitério anexo dos Jesuítas, e de Nossa 
Senhora da Ajuda, delimitados no Processo nº 800-T-68 e convertidos 
em monumento nacional pelo Decreto nº 72.107 de 18 de abril de 1973.
Tombamento: Processo nº 800-T, Inscrições nº.s. 45 e 62, Livro Arque-
ológico, Etnográfico e Paisagístico, fls. 11 e 14, e Inscrições nº.s. 414 e 
446, Livro Histórico, fls. 67 e 73. Datas: 15.08.1968 e 01.03.1974.
Histórico: A origem do atual Município de Porto Seguro está ligada aos 
primeiros capítulos da história do Brasil. O monte Pascoal, que integra 
o território do município, foi a primeira terra brasileira avistada, a 22 
de abril de 1500, pelo almirante Pedro Álvares Cabral. A 27 de abril de 
1534 a Capitania de Porto Seguro, sem declaração de limites, foi doada a 
Pedro de Campos Tourinho, que, em 1535, levantou a vila, na foz do rio 
Buranhém. Durante dez anos, como donatário, demonstrou tenacidade 
incansável, desenvolvendo a colônia e fundando outras aldeias. O pri-
meiro núcleo ou povoamento surgiu na parte denominada “cidade alta”. 
Em 1626 foi criada, por Cristóvão Jacques, uma feitoria destinada a ser 
estação naval para a vigilância da costa, na época à mercê dos piratas 
ingleses, franceses, dinamarqueses e holandeses, que vinham fazer o co-
mércio clandestino do pau-brasil. A colonização deve-se aos portugueses 
e jesuítas. Em 1759, a capitania foi incorporada aos bens da Coroa, vindo 
depois a fazer parte da Província da Bahia. O Distrito de Porto Seguro foi 
criado por alvará datado de 20 de outubro de 1795, que elevou a capela 
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UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
(Nossa Senhora) à categoria de freguesia. A vila foi elevada a cidade pelo 
Ato nº 499, de 30 de junho de 1891. Foi restaurada recentemente pelo 
SPHAN através de seu Plano de Recuperação de Cidades Históricas. 
[...] 
Descrição: Marco do descobrimento – implantado pelo pai de Duarte 
Coelho, que partiu de Lisboa a 10 de junho de 1503, encarregado da 
missão de reconhecimento da costa. Voltando a Lisboa no dia 18 de 
junho de 1504, deixou assentado o marco. Trata-se de uma peça em 
mármore português, com 3m de altura e 30cm de largura. Apresenta no 
topo e numa das faces a Coroa portuguesa e na oposta a Cruz de Malta 
[...]. (CARRAZONI, 1987, p. 62)
Vamos entender melhor o que cada um dos itens do registro do tombamento significa?
A primeira informação dada é sobre o bem tombado, quando é feita a descrição do 
bem tombado. Em nosso exemplo, foram vários os bens tombados.
A segunda informação dada é sobre o tombamento. 
Lembra que tombar significa registrar? Então, esse item apresenta o número do pro-
cesso para o tombamento do bem, o número da inscrição no Livro Tomo, em qual folha 
do Livro Tomo foi feita a inscrição e, finalmente, em qual Livro Tomo. No nosso caso, as 
inscrições foram feitas em dois livros: no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico 
e no Livro Histórico.
Mas por que dois livros? 
A explicação é que, juntos, os bens inscritos caracterizam um conjunto arquitetônico 
(as construções) e paisagístico (acervo paisagístico do município de Porto Seguro, espe-
cificamente o monte Pascoal), que correspondem ao Livro Arqueológico, Etnográfico 
e Paisagístico. Mas não podemos deixar de levar em conta que todos, a começar pelo 
monte Pascoal, têm um importante significado em nossa história, por isso a inscrição 
no Livro Histórico.
A terceira informação é o histórico, onde a origem do bem tombado é dada, ca-
racterizando sua relação com a memória cultural e, portanto, sua importância como 
patrimônio nacional.
A quarta informação dada é a descrição, onde são detalhados os aspectos formais 
e físicos do bem tombado, como função (no nosso caso, é o Marco do Descobrimento), 
dimensões, materiais utilizados, detalhes construtivos, estado de conservação e quais-
quer outras informações necessárias para que o bem seja plenamente descrito. Nesse 
tombamento, por serem muitas as edificações tombadas, somente o Marco do Desco-
brimento foi citado.
Como visto, qualquer pessoa pode pedir o tombamento de um bem. Porém, você, 
como profissional que lida diretamente com o interesse e a preocupação da manutenção 
de nossos bens culturais, precisa perceber com mais clareza as características que po-
dem vir a dar valor aos bens.
12
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As próximas informações serão dadas com a intenção de informar e descrever os 
diferentes tipos de construções, artefatos e suas respectivas funções, existentes desde 
nosso período colonial, para que você tenha mais condições de perceber valores, sejam 
eles pela época de implantação ou uso; seja pelo que significava dentro de um contexto 
social, econômico e tecnológico; seja por sua função, que pode não existir mais nos dias 
de hoje; seja por representar uma tecnologia em desuso ou até o princípio de uma tecno-
logia ainda em uso, mas que sofreu alteração de materiais; ou por outras características 
que o tornem significativo ao patrimônio histórico. 
Você Sabia?
O órgão responsável pelo patrimônio histórico nacional teve seu nome alterado algumas 
vezes desde sua fundação em 1937: SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional (de 1937 até 1946); DPHAN – Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Na-
cional (1946 até 1970); e Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 
como é conhecido hoje em dia.
Alguns Tipos e Funções de
Construçõese Artefatos Usados
no Brasil Desde o Início da Colonização
O renomado arquiteto Carlos Lemos, em seu livro “O que é Patrimônio Histórico”, 
coloca que: 
Aos poucos a arquitetura portuguesa foi se adaptando às condições locais 
e foi determinando partidos compatíveis aos materiais disponíveis e, prin-
cipalmente, ao clima tão diversificado do país. 
No campo da arquitetura foi se consolidando uma série de exemplares defini-
dos como brasileiros, próprios da firmação cultural da colônia miscigenada, 
onde as marcas culturais de europeus, índios e negros se fundem no cotidia-
no, não só na casa propriamente dita, como nos equipamentos, ferramentas, 
artefatos de uso cotidiano, comidas, hábitos. (LEMOS, 2010, p. 17)
Engenho
Nome dado a uma grande propriedade rural, que tem como finalidade a extração do 
caldo da cana-de-açúcar e, a partir disso, a produção de vários produtos, como o açúcar 
(cristal, demerara, mascavo), melado, mel-de-engenho, rapadura, álcool e água ardente.
O primeiro engenho de que se tem notícia no Brasil foi instalado em 1516, na Feitoria 
de Itamaracá (litoral de Pernambuco), confiada ao administrador colonial Pero Capico – 
o primeiro “Governador das Partes do Brasil”. 
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UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
No Brasil colonial, o engenho produzia açúcar para suprir as necessidades europeias, 
sendo constituído por dois grandes setores: o agrícola (formado pelos canaviais) e o pro-
dutivo (constituído por um conjunto de edificações, sendo algumas delas a casa-grande 
(residência), senzala, capela, moenda, casa de farinha, paiol).
Casa-grande
A chamada casa-grande, localizada próxima ao engenho (área produtiva), era a resi-
dência do proprietário do engenho; em geral, pessoa de grandes posses e prestígio polí-
tico. Por conta da importância do engenho naquela localidade, a casa-grande funcionava 
como o centro político-social e econômico da região. 
Senzala
As senzalas eram grandes alojamentos destinados ao abrigo dos negros escravizados 
que atuavam nas propriedades de qualquer tipo e função. Eram, geralmente, constru-
ções lineares, com somente uma das fachadas com aberturas (janelas e portas). 
Moenda
Nome dado tanto ao equipamento que esmaga a cana-de-açúcar e extraía o chamado 
caldo de cana quanto ao local de instalação do equipamento. 
O equipamento moenda era construído com cilindros de madeira, com ranhuras 
profundas em cada um, instalados de forma paralela entre si. Esses cilindros eram mo-
vimentados e entre eles colocava-se as canas-de-açúcar, quando as esmagava/espremia, 
gerando o caldo. Dependendo de seu tamanho e sua capacidade, a moenda poderia ser 
movida por força humana (uma ou mais pessoas), por força animal (um ou mais animais, 
podendo ser mulas, burros, bois, cavalos) ou por roda d’agua que movimentava a moen-
da, como a representada na Figura 1.
Figura 1
Fonte: multirio.rio.rj.gov.br
O descarregamento e a moagem da cana em um engenho de açúcar. Aqua-
rela sobre papel com traços de carvão, Frans Post, 1640. Domínio público, 
Museu Real de Belas Artes de Bruxelas.
14
15
Você Sabia?
A moenda (equipamento) permanece com os mesmos princípios de partes e funções. 
Porém, com a evolução da tecnologia e dos materiais, agora é feita de metal e não mais 
de madeira, passou a ser impulsionada por motores. 
Se em sua região existe o “caldo de cana”, também conhecido como “garapa”, saiba que 
é com as moendas que ele é feito.
Moinho
Construção destinada à moagem de grãos, como milho, feita com grandes pedras 
circulares, denominada mós.
Monjolo
Monjolo, que pode ser visto na Figura 2, é uma máquina hidráulica rústica destinada 
ao beneficiamento e à moagem de grãos secos; não necessita de mão de obra humana 
para funcionar. De construção e formas simples, é, na verdade, o resultado de grande 
engenhosidade, ainda usado nos dias de hoje.
É uma gangorra (feita completamente de madeira) com braço que tem em uma extremi-
dade uma concha e na outra um pesado pilão (estaca). Essa concha recebe um fluxo d’agua 
que cai sobre ela, enchendo-a, e conforme ela vai sendo abaixada pelo peso da água, o pilão 
na outra extremidade é elevado. Quando a concha fica na posição mais baixa possível, de 
forma natural, a água que está dentro dela sai e, com isso, o pilão cai dentro de um tronco 
escavado (cocho), contendo grãos secos, que, com o impacto do pilão, são descascados ou 
moídos, dependendo da necessidade e do tempo que permanecerem no pilão. Esse movi-
mento permanece autônomo, cadenciado e constante enquanto houver o fluxo de água.
Outra função atribuída ao monjolo é a de que o som do impacto do pilão ecoava pela 
região e espantava animais que pudessem tentar “roubar” o conteúdo em beneficiamento 
de dentro do cocho.
Figura 2 – Monjolo em Caldas Novas (Goiás)
Fonte: Wikimedia Commons
15
UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Você Sabia?
De acordo com o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), o monjolo chegou 
ao Brasil vindo do Japão, da China e da Indochina. No Japão de hoje, é elemento fre-
quente e marcante na composição dos tradicionais jardins japoneses, sendo, no entanto, 
pequenas e delicadas peças construídas de bambu ou madeira finamente esculpida, com 
a função de gerar delicados e cadenciados sons que compõem a poética desses jardins. 
Casa de Farinha
Edificações destinadas à produção de farinha de mandioca. A mandioca era lavada, 
descascada e raspada, e a massa resultante da raspagem era espremida em uma prensa 
(toda feita de madeira) para que todo o líquido saísse dessa massa. 
Essa massa úmida era então colocada sobre uma superfície circular, como pode ser 
observado na Figura 3, que era a cobertura de um forno à lenha construído com tijolos de 
barro ou pedras. A massa era movimentada de forma constante sobre essa superfície quen-
te, com o auxílio de uma espécie de “rodo” de madeira, que espalhava a massa até que es-
tivesse seca e pronta (farinha de mandioca crua) ou torrada (farinha de mandioca torrada).
Figura 3 – Casa de Farinha
Fonte: Wikimedia Commons
Rancho, Galpão ou Telheiro
Conhecidos por qualquer desses três nomes, eram grandes espaços construídos so-
bre esteios (pilares) de madeira, muitas vezes sem paredes, somente com cobertura, 
onde se concentravam diferentes tipos de atividades, como manutenção e ajustes de 
ferramentas ou equipamentos, prática de manufaturas e serviam até para a realização 
das refeições dos trabalhadores que não estivessem no campo. 
16
17
Venda
Estabelecimento comercial instalado em edificação de bom porte e tamanho, com 
áreas de escritório, depósito, prateleiras e balcão para venda (daí o nome da edificação) 
de secos e molhados, de ferramentas e, por vezes, de animais. Eram vendidas bebidas, 
consumidas lá mesmo, o que acabava por reunir os homens do local, os mascates (ven-
dedores que iam de vilarejo em vilarejo) e os tropeiros. Era um local de convívio social, 
onde as conversas aconteciam e as ideias eram trocadas e difundidas pelas pessoas 
comuns do local.
Pouso de Tropeiros
Construções que forneciam descanso para os homens, curral para os animais; alguns 
pousos ofereciam serviços de ferraria (ferraduras – colocação, acerto), de selaria (manu-
tenção dos artefatos de couro dos animais, como selas, arreios). Nesses pousos, eram 
conseguidas armas e munições; os tropeiros se informavam sobre novos caminhos e até 
negociavam entre si. Era um importante ponto de encontro social.
Você Sabia?
Tropeiros, condutores de tropa, arrieiros, bruaqueiros, carreteiros: os tropeiros ou con-
dutores de tropas eram aqueles que levavam cargas das mais diversas de uma região 
para outra, mesmo que distantes, usando mulas, burros ou cavalos, com as cargas co-
locadas sobre os animais. O termo “Arrieiro” vem de “arre!”, interjeição usada para in-
citar os animais a andarem, e “Bruaqueiro” vem de “bruaca”, saco de couro usado para 
transportar cargas no lombo deanimais. No Sul do Brasil, são também conhecidos como 
“Carreteiros”, por usarem carretas (carroças) para o transporte das cargas.
Casa de Morada
Construções destinadas ao abrigo e à moradia. Podiam ser térreas (apenas um pavi-
mento) ou sobrados (dois pavimentos). No período colonial, tinham também a finalidade 
de hospedagem, venda de alimentação e produtos, manufatura de ferramentas e tece-
lagem com teares. Era muito comum o uso de sobrados para fins de comércio, sendo 
instalado no térreo o comércio (a loja) e a moradia no pavimento superior, também 
chamado de sobreloja (acima da loja).
Passo
Os passos são pequenas capelas, com apenas um altar, esculturas ou pinturas, sen-
do que cada uma representa um passo da Paixão de Cristo, tendo sido introduzidos no 
Brasil no século XVII pela ordem dos frades carmelitas. Na cidade de Congonhas do 
Campo (MG), são notáveis os Passos de Aleijadinho.
17
UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Consta que, à noite, os passos eram iluminados por candeeiros, lamparinas, tochas 
ou velas, com o objetivo de zelar pelas noites ocupadas por todos os vultos que as cren-
dices populares pudessem imaginar.
Você Sabia?
Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) foi um importante e significativo arquiteto, 
escultor e entalhador mineiro, do Brasil colonial, nascido em Ouro Preto no dia 29 de 
agosto de 1730, ou mais provavelmente em 1738, e que morreu em Ouro Preto em 18 de 
novembro de 1841. Muitas são suas obras, mas as principais são a Igreja de São Francisco 
de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Capela 
Construção religiosa de origem católica, de pequeno porte, geralmente sem torres 
ou com apenas uma torre. O nome capela corresponde a qualquer templo que não seja 
uma igreja matriz. 
No litoral brasileiro, as capelas e igrejas foram construídas pelas grandes ordens reli-
giosas, enquanto em Minas Gerais, pelas irmandades religiosas.
Em propriedades particulares, como um engenho, pela origem portuguesa e por 
conta de a maioria dos senhores de engenho e suas famílias serem católicas, uma das 
primeiras atitudes tomadas quando da edificação da propriedade do engenho era a 
construção da capela, dedicada ao santo(a) padroeiro(a) e protetor(a) da família, que era 
usada para rezas diárias, casamentos, batizados, velórios, cerimônias religiosas especiais 
e missas frequentes.
Igreja
Templos de origem católica construídos com verba quase toda vinda da Europa e 
pertencentes às ordens religiosas.
No entanto, em Minas Gerais, o ciclo do ouro mudou a forma de se financiar a cons-
trução das igrejas, que passaram a ser construídas em grande número, aplicando-se os 
conceitos arquitetônicos, estéticos e artísticos do barroco. 
Segundo o renomado arquiteto Lúcio Costa (1902-1988), em Minas Gerais, o barroco 
atravessou três períodos fundamentais: o romântico (1695-1715), o gótico (1720-1740) e o 
barroco mineiro, que apresentava características particulares e próprias que o diferencia-
ram do barroco original europeu (Itália, início do século XVIII).
Mosteiro
Os mosteiros são construções religiosas, também chamadas de conventos ou monas-
térios, nas quais vivem os monges e as monjas em comunidades.
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Cercas
Feitas de madeira (locais ou não), de bambu, usadas para a separação de áreas da 
propriedade.
Pátio
Pátios são áreas descobertas, calçadas ou não, na entrada, no interior ou ao lado de 
uma construção.
Bebedouro
Entalhados em cantaria, entalhados em madeira, construídos com pedras sobrepos-
tas ou de outras formas, sempre com água corrente, com a função de dessedentação de 
animais (eliminar a sede). 
Você Sabia?
Cantaria é a técnica de cortar de forma geométrica as pedras, para que sejam usadas 
nos mais diversos elementos em construções, como degraus, placas de pisos, adornos 
ou ornamentos de fachadas, sobre portas, sobre janelas e muitos outros.
Paiol 
Construção suspensa do solo por colunas de madeira ou pedras, com a função de ar-
mazenar produtos agrícolas secos, como trigo e milho. Para o armazenamento de café, 
o termo usado pode ser “tulha”.
Pinguela ou Estiva ou Ponte
Estruturas construídas em madeira ou pedras, com o objetivo de se ultrapassar valas, 
cursos d’agua e banhados.
Chafariz
Como as cidades não possuíam água encanada, os chafarizes eram construídos em 
vários pontos, com a função de fornecer água potável para uso doméstico da população. 
Possuem uma ou mais bicas de onde sai a água potável. Em Minas Gerais, foram cons-
truídos com apuradas técnicas construtivas e de cantaria, como no caso do Chafariz dos 
Contos (Ouro Preto, 1745) e do Chafariz São José (Tiradentes, 1749). Os chafarizes po-
diam ter variadas dimensões. No caso do Chafariz São José, na Figura 4, é possível per-
ceber a enorme dimensão dessa construção. Nesse chafariz, sobre a bica central, também 
é possível ver uma prática muito comum em construções como igrejas, edifícios públicos 
e até em moradias, que é a marcação da data de construção na fachada da edificação.
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UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Figura 4 – Chafariz de São José (1749) – Cidade de Tiradentes (MG)
Fonte: Wikimedia Commons
Observe que sobre a bica central está inscrita a data de construção do cha-
fariz, prática comum nas edificações antigas.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Assita ao vídeo sobre a criação e as funções do Iphan (abaixo das definições sobre 
o Conselho Consultivo), bem como as atribuições do Conselho Consultivo do Patri-
mônio Cultural.
https://youtu.be/B6FxZj2iqzg
Aleijadinho – A Arte de um Gênio 
Assista ao vídeo sobre a história de Aleijadinho, sua arquitetura e arte. 
https://youtu.be/3y_HHF9N9U4
Moinhos que fazem História
Assista ao vídeo e conheça mais sobre os moinhos antigos que funcionam até hoje. 
https://youtu.be/MQxhGALC0v4
 Leitura
Decreto-Lei 25, de 30 de Novembro de 1937
https://bit.ly/3opgGju
Decreto-Lei 6.292 de 15 de Dezembro de 1975
https://bit.ly/3poGNIT
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UNIDADE Tombamento no Brasil: Tipologia das Construções 
do Início da Colonização no Brasil
Referências
BARROS, A.; BARROS, J.; MARDEN, S. Restauração do Patrimônio Histórico: uma 
proposta para a formação de agentes difusores. São Paulo: SENAI-SP Editora, 2019.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado, 1988. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/hand-
le/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf>. Data de acesso: 15/07/2020.
________. Decreto-Lei 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do 
patrimônio histórico e artístico nacional. Rio de Janeiro, 1937. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm>. Data de acesso: 14/07/2020. 
________. Decreto-Lei 6.292 de 15 de dezembro de 1975. Dispõe sobre o tom-
bamento de bens no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6292.htm>. 
Data de acesso: 14/07/2020. 
CARRAZONI, M. E. (coord.). Guia dos Bens Tombados Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Expressão e Cultura, 1987.
LEMOS, C. A. C. O que é Patrimônio Histórico. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2013. 
2. reimp. (Coleção Primeiros Passos; 51).
MAYUMI, L. Taipa, canela-preta e concreto. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2008.
Sites Visitado
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: 
<http://portal.iphan.gov.br/>. Data de acesso: 16/07/2020.
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