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PRÁTICA PENAL – TESE 08
O Ministério Público do Estado de Santa Catarina denunciou Zé Pequeno, nascido no dia 15 de maio de 2000, pela suposta prática da conduta tipificada no artigo 157, caput, do Código Penal.
Retira-se da inicial acusatória que Zé Pequeno, por volta das 14 horas do dia 1º de junho de 2019, adentrou no estabelecimento Pãozinho Quente, localizado no centro de Capivari de Baixo, e anunciou assalto. Portando um revólver calibre 22 e demonstrando bastante agressividade, obrigou a atendente a lhe entregar os R$ 300,00 que estavam no caixa. Antes de sair, já com a quantia no bolso, apontou a arma na direção de um casal de clientes que estava na padaria e disse que os mataria, assim com a respectiva família, caso alguém o “caguetasse”. Zé Pequeno fugiu de bicicleta, mas acabou sendo encontrado e preso em flagrante por policiais militares quando rondava conhecido ponto de tráfico. O valor foi recuperado, mas a arma não foi apreendida.
A defesa técnica, em resposta à acusação, argumentou que Zé Pequeno estava em outro local no momento dos fatos, não sendo o autor do crime. Disse também que não há tipicidade material, vez que insignificante o valor subtraído. Numa eventual hipótese de condenação, sustentou que seria necessária a desclassificação para furto, pois a não apreensão da arma supostamente utilizada é razão suficiente para afastar a “grave ameaça” imputada pela acusação. Ao final, numa eventual condenação por roubo, arrazoou a defesa que não houve consumação e, portanto, deveria ser considerada a forma tentada, com a redução máxima de pena que lhe é própria.
Na fase de instrução, foram ouvidas como testemunhas de acusação a atendente e o casal de clientes, todos reconhecendo Zé Pequeno como autor do assalto e confirmando os demais fatos narrados pela peça acusatória. A atendente Lurdes falou que desenvolveu crise de pânico após o assalto, muito por conta da agressividade do acusado, e teve que pedir demissão do emprego, exibindo documentos médicos e a rescisão trabalhista que foram anexados ao processo. Mané Galinha, o cliente que testemunhou o ocorrido, disse em juízo que é atirador esportivo e pode afirmar, com a indispensável certeza, que era um revólver calibre 22 a arma portada pelo réu na prática delituosa.
As duas testemunhas arroladas pela defesa não presenciaram os fatos e nada de concreto falaram a propósito da imputação. Ambas apenas relataram que o réu é rapaz “direito” e “trabalhador”.
Interrogado, Zé Pequeno afirmou que estava na casa da mãe no momento dos fatos e encontra-se desempregado. Alguns minutos depois, ainda em depoimento, afirmou que estava na casa de um amigo no dia e hora do crime narrado. Questionado a respeito da contradição, confundiu-se e não soube esclarecer. 
A ficha de antecedentes mostra que Zé Pequeno responde a outra ação penal, ainda em fase de instrução, por suposto roubo praticado em meados de maio de 2018. Consta na certidão, mais, uma condenação definitiva por ato infracional análogo a furto que remonta aos idos de junho de 2016. 
Finda a instrução, as partes concordaram com a apresentação de alegações finais via memoriais, consenso que constou expressamente no termo de audiência ao final subscrito por todos os presentes.
O Ministério Público, nas suas derradeiras alegações, foi pelo afastamento das teses de defesa e reiterou a denúncia, ao final pedindo, além da condenação, o cômputo da condenação por ato infracional como mau antecedente, a agressividade do réu como desfavorável culpabilidade e a outra ação penal em curso como caracterizadora de reincidência. 
Já a defesa, por sua vez, arguiu preliminar de nulidade processual baseada na quebra do rito processual, pedindo nova instrução porque as alegações finais haveriam de ser apresentadas de forma oral e não por escrito. No mais, além de repetir os argumentos da resposta à acusação, disse não haver prova suficiente da autoria e sustentou, com base na eventualidade, a inaplicabilidade da majorante decorrente do uso de arma de fogo porque não apreendido o suposto artefato.
Após as alegações finais da defesa, os autos vieram conclusos para julgamento. Na condição de Juiz/Juíza de Direito da Vara Criminal de Capivari de Baixo, com base nas presentes informações e sabendo que o réu encontra-se livre, respondendo em liberdade desde que aplicadas medidas cautelares diversas da prisão na audiência de custódia (monitoração eletrônica, proibição de ausentar-se da comarca e de aproximar-se das testemunhas, recolhimento domiciliar no período noturno e comparecimento quinzenal em juízo, tudo sem notícia de transgressão até então), analise e sentencie o caso narrado.

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