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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁGRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA Relatório 1 – Nutrição Animal e Forragens SINOP – MT SETEMBRO/2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁGRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA ALEXIA DE OLIVEIRA DOMINGUES Relatório 1 – Nutrição Animal e Forragens Relatório apresentado à disciplina de Nutrição Animal e Forragens, como avaliação parcial, no curso de Agronomia. Docente: Kamila Andreatta K. de Moraes. SINOP – MT SETEMBRO/2021 Alimentos Os alimentos são definidos como qualquer material que após a ingestão é capaz de ser digerido, absorvido e utilizado pelo tecido animal. Podem ser classificados na alimentação animal como volumosos e concentrados. Os alimentos volumosos possuem mais de 20% de proteína bruta e compreendem a maioria das forragens como pastos (gramíneas e leguminosas), fenos, silagens (milho, sorgo, girassol, capins, leguminosas), cana de açúcar, e produtos agroindustriais como o bagaço da cana, casca de algodão e casca de café. Esses alimentos são fonte de energia de menor custo e tem menor competição com a alimentação humana. Os alimentos concentrados possuem menos de 20% de fibra bruta e são classificados como energéticos (menos de 20% de proteína bruta) e são fontes de glicerol, açucares, óleo e algumas fontes ricas em amido, em pectina e FDN digestível e podem ser classificados em proteicos (mais de 20% de proteína bruta. MILHO GRÃO É o principal cereal utilizado na alimentação animal. É rico em energia útil e pobre em proteína, aminoácidos essenciais e em cálcio. É composto pelo endosperma, onde encontramos o amido, gérmen ou embrião, de onde retira-se o óleo e o farelo de gérmen, amido e glúten. Derivados do milho Alguns derivados do milho também são muito importantes para a alimentação animal, como a palhada de milho, rolão de milho, milho desintegrado com palha e sabugo, farelo de gérmen de milho e farelo de glúten de milho. SORGO GRÃO O teor de proteína bruta do sorgo é um pouco maior que o milho, porém o nível de aminoácidos essenciais é menor que o milho. Há a presença de taninos, um composto fenólico que interfere na digestão de proteínas. FARELO DE TRIGO É obtido no processamento do grão de trigo, composto por pericarpo, partículas finas e outros resíduos resultantes do processamento industrial. Um dos principais alimentos concentrados energéticos utilizados para bovinos. O valor nutricional é equivalente 80 a 90% do grão do milho. O teor de proteína bruta é consideravelmente maior que o milho, além de ser rico em fósforo e selênio. FARELO DE ARROZ É obtido no processamento do arroz, composto por pericarpo, partículas finas e outros resíduos resultantes do processamento industrial adicionando óleo. Possui alguns fatores limitantes como alto teor de sílica e se rancifica facilmente devido ao seu conteúdo em óleo. CASCA DE SOJA É obtido no processamento do grão de soja para obtenção de óleo e farelo. É disponível em três formas básicas: inteira, moída ou peletizada. É rico em FDN digestível e pectina. A proteína é de rápida degradação ruminal. É utilizado em substituição parcial ou total do milho em dietas com alto grão para ruminantes ou com objetivo de redução de custos (quando conveniente). Em volumosos aumenta o valor energético da ração e em concentrados energéticos reduz o custo da ração. SOJA GRÃO Para os animais ruminantes a soja tem alguns fatores limitantes como o alto teor de extrato etéreo e a presença de urease. Em animais não ruminantes a presença de fatores anti-nutricionais (soja crua e farelo sem tratamento), de inibidores de tripsina, que reduz a digestão de PTN e hipertrofia no pâncreas, a presença hemaglutinas, fatores goitrogênicos e fatores alergênicos são fatores limitantes para esses animais. CAROÇO DE ALGODÃO É obtido através do processamento do algodão. Também apresenta alguns fatores limitantes como alto teor de lipídeos o que limita o uso de grandes quantidades, pois reduz a digestibilidade e consumo, porém é benéfico no desempenho reprodutivo de vacas. E outro fator limitante é a elevada presença de gossipol, que é tóxico para animais não- ruminantes e ruminantes jovens, e em touros reduz a espermatogênese. O caroço de algodão é utilizado em dietas de ruminantes, é um substituto de forragens e/ou alimentos concentrados, a fibra tem alta efetividade física, o que estimula a mastigação. FARELO DE ALGODÃO O farelo de algodão também obtido através do processamento do algodão e tem grande variação na composição. É utilizado principalmente em dietas de ruminantes e não é recomendado para ruminantes jovens, devido a presença de gossipol. Tem limitação para não não ruminantes, pois tem levado teor de fibra, o que gera menor valor energético, menor disponibilidade de aminoácidos essenciais que o farelo de sola, presença de ácidos ciclopropenos, que causam manchas avermelhadas na clara do ovo, e presença de gossipol. Conceitos e importância da forragicultura Forragicultura: Ciência que estuda as forrageiras, as pastagens naturais/nativas, as pastagens cultivadas e os processos de conservação de forragem. Forragem: partes comestíveis das plantas (junto com os grãos), que podem servir na alimentação dos animais em pastejo, ou colhidas e fornecidas. Pastagem: um tipo de unidade de manejo de pastejo, fechada e separada de outras áreas por cerca ou outra barreira, e destinada à produção de forragem para ser colhida principalmente por pastejo. (conjunto de plantas forrageiras + solo + aguada + cocho + cerca. É toda a infraestrutura do ecossistema.) Ecossistema: Conjunto de organismos vivendo em associação com seu ambiente químico e físico. Implica, portanto, em interrelação ou interdependência entre os vários componentes do ecossistema. Pasto: Alimentação de animal em pastejo Pastejo: Maneira do animal colher a pasto Pastoreio: Manejo dos animais na pastagem Pasto natural: Composto por plantas espontâneas que surgem (sem a influencia do homem) em áreas que foram preparadas para outras culturas anteriormente. Pasto nativo: Formada sem qualquer interferência do homem e sem processo de sucessão. Pasto cultivado: Implantada com os devidos tratos agronômicos. Taxa de lotação: relação entre o número de animais ou de unidade animais (UA) e a área da unidade de manejo por eles ocupados, durante um período específico de tempo (uma estação de pastejo, um verão, etc.). Pode ser fica ou variável. Também ocorre o uso de “lotação” como sinônimo de taxa de lotação. Método de pastejo: Procedimento ou técnica de manejo do pastejo, idealizada para atingir objetivos específicos. Referente à estratégia de desfolhação e colheita pelos animais. Lotação contínua: Método de pastejo onde os animais têm acesso irrestrito a toda área pastejada, sem subdivisão em piquetes e sem alternância de períodos de pastejo sem períodos de descanso. Frequentemente (e erroneamente) expressa por “pastejo contínuo”. Lotação intermitente: Método de pastejo que utiliza subdivisão de uma área de pastagem em dois ou mais piquetes que são submetidos a períodos controlados de pastejo (ocupação) e descanso. Também conhecido como “pastejo rotacionado”, termo não recomendado, uma vez que o que é “rotacionado” (movimento este que nem sempre é obvio) é a lotação (ocupação) e não o pastejo. Piquete: área de pastejo correspondente a uma subdivisão de uma unidade de manejo de pastejo, fechada e separada de outras áreas por cerca ou outra barreira. Massa de forragem: quantidade de massa ou peso seco do total de forragem presente por unidade área acima do nível do solo. Expressa em kg MS/ha. Oferta de forragem: Relação entremassa de matéria seca de forragem disponível por unidade d emassa corporal dos animais, em um ponto qualquer no tempo. Uma relação quantitativa e instantânea entre forragem e animal. O inverso de “pressão de pastejo”. Afeta o desempenho animal, o número de animais por unidade de área e a sustentabilidade da pastagem. Pressão de pastejo: é o inverso da oferta de forragem. É a quantidade de massa corporal dos animais em relação à massa de matéria seca de forragem disponível. Diferencia-se do conceito “taxa de lotação”, pois este relaciona a quantidade de animais com a área, não levando em consideração a disponibilidade de forragem. Capacidade de suporte: É a máxima taxa de lotação que proporciona um determinado nível de desempenho animal, dentro de um método de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de tempo sem causar a deterioração do ecossistema. “Taxa de lotação obtida na pressão ótima de pastejo”. A capacidade de suporte é flutuante entre anos, e pode ser abordada e discutida dentro de estações ou de períodos do ano. Cenário Pasto é o alimento mais barato e a principal fonte de alimento para o rebanho bovino brasileiro. Os sistemas mais utilizados são extensivos de um modelo extrativista e baixos índices zootécnicos. Cerca de 60 a 80% das pastagens apresentam algum grau de degradação. Considerações sobre morfologia de forrageiras Compreensão e o entendimento das particularidades do manejo das principais plantas forrageiras. As forrageiras são constituídas por um conjunto de órgãos: raiz, caule, folha e flor. RAÍZ A raiz possui funções como a fixação, sustentação, absorção de nutriente e armazenamento. Não apresenta segmentação, nem folhas e gemas. Geralmente é subterrânea e aclorofilada e tem a presença de coifa e pelos absorventes. Possui geocentrismo positivo e fototropismo negativo e tem importância econômica (alimentar e medicinal). As raízes podem ser classificadas quanto a sua origem, que podem ser normais (primárias) e se desenvolvem a partir da radícula do embrião ou adventícias e se desenvolvem a partir do caule, quanto ao habitat se subdividem em subterrâneas (abaixo da superfície do solo), aquáticas (crescem dentro da água) e aéreas (se desenvolvem no caule ou em folhas). Dentro dessa subdivisão ocorrem outras divisões, no caso das subterrâneas são classificadas em axiais, fasciculadas e tuberosas. As axiais apresentam um eixo principal de onde partem ramificações secundárias (dicotiledôneas), nas fasciculadas não existe um eixo principal, há apenas uma massa de raízes de diâmetro semelhante (monocotiledôneas) e nas tuberosas ocorre o acumulo de material de reserva. CAULE O caule possui funções de produção e suporte de ramos, flores e frutos, além da condução da seiva, crescimento e propagação vegetativa. As vezes realiza fotossíntese e reserva de material. Pode ser dividido em nós e entrenós, geralmente possuem geotropismo negativo e fototropismo positivo. Os caules podem ser classificados quanto ao habitat, que podem ser aéreos, subterrâneos e aquáticos. E ainda pela forma de crescimento: rasteiro, decumbente ou ereto. Os aéreos podem ser do tipo haste, colmo e estolão. As hastes consistem em um caule pequeno, tenro, herbáceo ou fracamente lenhificado, pouco resistente, clorofilado e geralmente ramificado desde a base. Os colmos são caules cilíndricos, com nítida divisão entre os nós e entrenós, podendo ser cheios ou ocos. Os estolões crescem paralelamente ao solo, apresentando gemas e enraizamento de pontos em pontos. Os subterrâneos podem ser do tipo bulbo, tubérculo e rizoma. Do tipo bulbo geralmente servem como órgãos de armazenamento e possuem forma discoidal. Os tubérculos são caules arredondados, bastante dilatados pelas reservas que contém, além de possuir gemas. Os rizomas geralmente crescem horizontalmente no solo, difere das raízes por apresentar nós e entrenós bem definidos, emitindo brotações de espaço a espaço. O caule ainda pode ser classificado em relação a sua forma de crescimento. Pode ser de forma rasteira, ou seja, cresce apoiado a superfície do solo, de forma decumbente, em que parte tem crescimento prostrado, mas as pontas se elevam e de forma ereta, que cresce perpendicular a superfície do solo. FOLHA As folhas possuem funções como a realização da fotossíntese, processo muito importante para sobrevivência das plantas, condução e distribuição da seiva, de respiração, de captação de luz e transpiração. É um órgão laminar com simetria bilateral e geralmente de coloração verde. Uma folha completa possui pecíolo, limbo e bainha. O pecíolo é uma haste sustentadora do limbo, e este é uma parte laminar e bilateral. A bainha é a parte basilar, que “abraça” o caule. Em monocotiledôneas a presença desse conjunto é a regra e em dicotiledôneas é a exceção. Já uma folha incompleta pode ser séssil ou apeciolada, peciolada mas sem bainha, ou possuir uma folha invaginante, onde a bainha envolve o caule em grande extensão (gramíneas). As folhas podem ser classificadas quanto a divisão do limbo, a inserção no caule e as nervuras. Quanto a divisão do limbo é subdivida como simples – que apresenta apenas um limbo, e como composta – que apresenta dois ou mais limbos. Quanto a inserção no caule pode ser alternada – uma por né, oposta – duas por nó e verticilada – três ou mais por nó. Quanto as nervuras podem ser uninervias – uma só nervura, paralelinervias – nervuras secundárias paralelas a principal (mono) e reticulada – nervuras não paralelas (dicotiledôneas). FLOR Uma organização das espiguetas ao longo da raque (eixo central) forma uma inflorescência e pode ser do tipo racemo ou cacho, espiga e panícula. O racemo ou cacho possui flores com pedicelos (curtos) inseridas no eixo principal de maneira que as flores mais velhas estão mais afastadas do ápice. A espiga é uma flor sem pedicelo inserida no eixo principal e a panícula é um cacho de cachos, ou seja, há uma ramificação da raque. Principais gramíneas tropicais de interesse zootécnico O Brasil tem 80% de seu território em área tropical, ou seja, esse clima tem temperatura média anual acima de 22 °C. As gramíneas apresentam ótimo crescimento com temperaturas entre 30 a 35 °C. Possui maior produção no verão (60 – 80%), devido a temperatura elevada, maior disponibilidade de água e maior intensidade luminosa. As gramíneas dependem de alguns fatores para obter sucesso na pecuária baseada em pastagens, como a adequação na escolha das forrageiras e para isso é necessário avaliar a área que será implantada a cultivar, observando o relevo da área, índices pluviométricos, a umidade do solo, pragas e doenças, características físicas e químicas do solo, intensidade luminosa, entre outros fatores. GÊNERO ANDROPOGON Nome científico: Andropogon gayanus Kunth. cv. Planaltina Nome comum: Andropogon, capim-gambá É uma gramínea perene, que pode alcançar 3 metros de altura. Possui folhas com estreitamento na base, porém, muito abundantes, macias e de coloração azulada. Há a presença de pelos na bainha e lâmina foliar, dando um aspecto aveludado. Sua inflorescência ocorre em pares de racemos. O sistema radicular é bastante vigoroso e profundo. O Andropogon vegeta bem em solos pobres e de pH ácido e prefere solos bem drenados. Adapta-se bem a regiões com 400 a 3000 mm/ano, com temperatura média anual em torno de 25 °C, não tolera alagamento e responde bem a adubação com NPK. Além de apresentar alta resistência a seca, boa tolerância a doenças e ataque de cigarrinhas, possui bom valor nutritivo e boa aceitabilidade quando jovem. Pode apresentar acamamento. A média de produção é de 8 a 14 t MS/há e possui rápido crescimento, porém o manejo é dificultado. GÊNERO BRACHIARIA Família: Poaceae/Paniceae São mais de 90 espécies e mais de 50 milhões de ha no Brasil, aproximadamente85% com B. decumbens e B. brizantha. São plantas pouco tolerantes a baixas temperaturas. Nome científico: Brachiaria decumbens Stapf. cv. Basilisk Nome comum: braquiária, decumbens, braquiarinha É uma gramínea perene, decumbente que forma um denso relvado com 0,6 a 1 m de altura. Suas folhas são rígidas, lanceoladas e pilosas, com 5 a 25 cm de comprimento e 7 a 20 mm de largura, com bainhas pilosas. Possui inflorescência racemosa com 2 a 7 racemos, contendo fila dupla de sementes também pubescentes. Os rizomas se apresentam na forma de pequenas nódulos que emitem muitos estolões, bem enraizados. Apresenta um sistema radicular profundo com ampla adaptação às variações de solos de baixa a boa fertilidade e responde bem a adubação. Se desenvolve melhor em regiões com precipitação maior que 1200 mm/ano e temperatura média de 30 a 35 °C e apresenta baixa tolerância ao encharcamento. Essa cultivar é muito susceptível ao ataque de cigarrinhas. A média de produção é de 8 a 18 t MH/ha/ano, tem alta tolerância ao pisoteio e ao pastejo intenso, boa aceitabilidade por bovinos e baixa aceitabilidade por equinos, ovinos e caprinos. Nome científico: Brachiaria brizantha Stapf. cv. Marandú Nome comum: braquiarão, brizantão, marandú. Essa cultivar foi lançada em 1984 e é uma das responsáveis pelo maior volume de sementes forrageiras comercializadas no país e responde por 70% das vendas de sementes de capim no Brasil. É uma cultivar perene, subcespitosa, que forma uma touceira pequena a média. Os colmos são eretos e levemente decumbentes. As folhas tem largura de aproximadamente 2 cm e 1 metro de comprimento, de coloração verde-escura com pelos curtos na face superior. Apresenta rizomas curtos. A inflorescência possui de 2 a 16 racemos com espiguetas unisseriadas ao longo da raque. Possui baixa tolerância ao encharcamento e a geadas e adapta-se melhor em regiões com precipitação maior que 1000 mm/ano e temperatura média de 30 a 35 °C. Apresenta boa tolerância a altas saturações por alumínio, são mais adequados em solos com textura média a arenosa, responde bem a adubação e seu sistema radicular é profundo. A média de produção é de 8 a 25 t MS/há/ano. Apresenta problemas com cigarrinhas e rebaixamento com o pastejo intenso. Nome científico: Brachiaria brizantha Stapf. cv. Xaraés Nome comum: Xaraés (MG-5 e Toledo) Essa cultivar foi lançada no ano de 2003 pela EMBRAPA. É uma gramínea perene, que forma uma touceira decumbente com até 1,5 m de altura. As folhas são lanceoladas e longas, de coloração verde-escura, com poucos pelos. Os colmos são finos e radicantes no nó. As inflorescências são grandes com espiguetas unisseriadas ao longo da raque. Em solos de média a alta fertilidade adapta-se melhor e solos de textura média e arenosos são mais adequados, além de responder bem a adubação. Possui baixa tolerância ao sombreamento e boa tolerância a seca e moderada tolerância a cigarrinha. Se desenvolve melhor em regiões com precipitação acima de 800 mm/ano e com a temperatura média é de 30 a 35 °C. Possui alta capacidade de rebrota, alta produtividade de folhas, produção de 8 a 25 t MS/ha/ano, florescimento tardio, bom valor nutritivo e boa aceitabilidade por bovinos, equinos e ovinos. Seu uso é especialmente para pastejo. Nome científico: Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã Nome comum: Piatã Lançada pela EMBRAPA, é uma gramínea perene, sub-cespitosa, que forma touceiras de porte médio. As lâminas foliares são glabras, com até 45 cm de comprimento e 1,8 cm de largura, são áreas na face superior e bordas serrilhadas e cortantes. As bainhas tem poucos pelos e colmos verdes e finos. A inflorescência pode ter até 12 racemos e com pelos longos e claros nas bordas e espiguetas sem pelos. Adapta-se melhor em solos em média a alta fertilidade e responde bem a adubação. Se desenvolve melhor em regiões com precipitação acima de 800 mm/ano. Possui maior taxa de crescimento e maior produção de folhas em relação ao Marandú. Tem boa tolerância às cigarrinhas tradicionais de pastagens, bom valor nutritivo com média de 11% de proteína bruta e boa aceitabilidade. É utilizado para pastagens, eventualmente fenos e ensilagens e em sistemas de ILP. Nome científico: Brachiaria ruziziensis Nome comum: Ruziziensis, capim longo Essa cultivar é muito semelhante a B. decumbens. É uma gramínea perene, semi- ereta que pode chegar até a 1,5 m de altura. As folhas são macias com 6 a 15 mm de largura e de 10 a 25 cm de comprimento, com aspecto aveludado devido a grande quantidade de pelos, de coloração verde-claro. Os colmos são decumbentes, com entrenós curtos. A inflorescência pode ter de 3 a 9 racemos de 4 a 10 cm de comprimento, com fileira dupla de sementes, raque bastante larga, o que diferencia das outras espécies. Possui baixa tolerância a seca ao fogo, diferente das cultivares vistas até aqui. Responde bem a adubação, e é adaptada a solos de média a boa fertilidade. Se desenvolve bem em regiões de mínima de 1000 mm e tem baixa tolerância a solos mal drenados. Tem uma produção de 14 a 25 t MS/ha/ano. É muito susceptível ao ataque de cigarrinhas e exala um odor peculiar. Tem bom valor nutritivo e alta aceitabilidade. Sua aplicação é em pastagens, ILP e eventuais cortes para fenação e ensilagem. Nome científico: Brachiaria humidicola Nome comum: capim-agulha, pontudinho, espetudinho, quicuio da Amazonia. É uma gramínea perene, semi-ereta, com altura média de 0,6 m podendo chegar até 1,2 m. Possui colmos ascendentes, de cor verde-claro, com entrenós glabros. Os estolões são fortes, longos e enraízam com facilidade. As folhas são ascendentes, glabras, lanceoladas, com ápice acuminado e bordas serrilhadas. A inflorescência tem de 1 a 4 racemos de 3 a 5 cm de comprimento com espiguetas unisseriadas. É pouco exigente em fertilidade de solo, tolera baixo pH e alta saturação por Al. Tem boa tolerância a excesso de umidade, mas não a alagamento prolongado. Boa tolerância a cigarrinha. Seu valor nutritivo é mediano, de 5 a 9% de proteína bruta e média aceitabilidade. A produção média é de 8 a 13 t MS/ha/ano. É muito utilizado para controle de erosão, pastejo, eventual cortes para a fenação e pode ser recomendado para áreas de várzeas. Nome científico: Brachiaria mutica (Forsk.) Stapf. Nome comum: capim-fino, capim-angola, capim-boi, capim-bengo, etc. É uma gramínea perene, semiereta, chegando até 1,5 m de altura. Os colmos são ascendentes e com nós e bainhas bastantes pilosos. Os estolões são compridos e grossos. Forma um relvado denso o que garante uma boa cobertura do solo. As folhas são glabras a pilosas, lanceoladas, com 10 a 30 cm de comprimento e 8 a 20 mm de largura e sua inflorescência tem de 10 a 20 racemos. GÊNERO PENNISETUM Nome científico: Pennisetum purpureum Nome comum: capim elefante, capim Napier É uma gramínea perene, cespitosa, com altura média de 2 a 3,5 m e pode chegar até 6 metros de altura. Os colmos formam touceiras abertas ou não, dependendo da variedade, preenchidos por parênquima suculento. Os colmos tem de 3 cm de diâmetro na base e rizomas curtos. O sistema radicular pode atingir até 4,5 m de profundidade. Folhas pubescentes a glabras, podendo apresentar bainha recoberta de pelos duros. A inflorescência é em panícula sedosa e contraída, cilíndrica. As espiguetas são biflorais e envolvidas por densas cerdas de tamanhos desiguais e de coloração amarelada ou púrpura. Essa cultivar tem preferência por solos mais profundos e bem drenados e altamente exigente quanto a fertilidade do solo. Tem boa tolerância a seca e baixa tolerância a geada e a solos encharcados. Vegeta bem em regiões quentes e úmidas, com precipitação anual superior a 1000mm e temperaturas entre 25 a 40 °C. É muito sensível a cigarrinhas e lagartas. Em sua composição apresenta de 7,5 a 13% de proteínabruta, portanto um bom valor nutritivo e boa aceitabilidade. É utilizado para pastejo em sistema de lotação intermitente, muito utilizado para formação de capineiras e o seu corte para fornecimento de forragem verde e ensilagem. Nome científico: Pennisetum americanum Leeke Nome comum: milheto, pasto italiano, capim charuto É uma gramínea anual, com colmos eretos, cespitosa, com altura média de 2 a 3 m. Suas folhas tem lâminas largas e longas e o sistema radicular muito profundo. Tem preferência por solos arenosos e argilo-arenosos bem drenados. Adapta-se bem em solos de baixa a média fertilidade e responde bem a adubação. Tem crescimento limitado em temperaturas abaixo de 18 °C, a temperatura ideal de 20 a 25 °C e a precipitação é em torno de 125 a 900 mm/ano. Tem boa tolerância a seca e baixa tolerância a geadas, encharcamento e sombreamento. Seu ciclo vegetativo é de 120 a 160 dias. Tem bom valor nutritivo e boa aceitabilidade, bom perfilhamento após o corte, boa tolerância a cigarrinha e sua producal chega até 12 t MS/ha. É utilizado para pastejo, produção de grãos, uma opção para ILP, o seu corte é usado para fornecimento de forragem verde, fenação e ensilagem. GÊNERO PANICUM Nome cientifico: Panicum maximum Nome comum: capim Mombaça, colonião, aruana, massai, etc. Essa cultivar possui uma ampla diversidade morfológica, dependendo do cultivar. É uma gramínea perene e cespitosa, formando touceiras. Seus colmos são eretos atingindo de 0,5 a 4,5 m de altura. Os nós podem ser pubescentes ou pilosos e as folhas são lanceoladas. Sua inflorescência é em panícula aberta, sem arroxeada ou não. A lâmina e a bainha foliar podem ser pubescentes ou glabras e o sistema radicular geralmente profundo. Geralmente é exigente quanto a fertilidade do solo e prefere solos mais leves, férteis, bem drenados e responde bem a adubação. Vegeta bem em regiões com precipitação variando de 650 a 1000 mm até 3000 mm/ano e tem pouca tolerância a temperaturas baixas, encharcamento e alagamentos. A produção anual é de 10 a 40 t de MS/há e tem bom valor nutritivo e aceitabilidade pelos animais. A propagação ocorre por meio de sementes e é recomendada para sistemas mais intensivos, pastejos, etc. Principais leguminosas tropicais de interesse zootécnicos GÊNERO MEDICAGO Nome cientifíco: Medicago sativa L. Nome comum: Alfafa, lucerne É uma leguminosa perene e herbácea, com rizomas curtos e os talos são eretos atingindo de 0,5 a 1 m de altura. O sistema radicular é muito profundo podendo chegar até 8 m. As vagens são espiraladas com 2 a 6 sementes, com cores que podem variar do amarelo ao marrom, em forma de rim a ovóide. É altamente exigente em fertilidade do solo, adaptada a solos alcalinos, requer solos profundos, argilosos e bem drenados. A precipitação da região deve ser acima de 700 mm/ano e é pouco tolerante ao encharcamento. Tem boa tolerância a seca e a temperatura ideal é em torno de 27 °C. Tem alto valor nutritivo, cerca de 20% de proteína bruta e sais minerais e alta aceitabilidade pelos animais. A produção anual é de 15 a 20 t MS/ha. Não suporta pastejo intenso, quando pastejada pode causar timpanismo em ruminantes e é muito atacada por pragas e doenças, o que torna o cultivo caro. É utilizada para adubação verde, pastejo e corte para fenação e ensilagem. No Brasil é utilizado principalmente para fenação, pois promove um feno de alta qualidade. GÊNERO CALOPOGONIUM Nome cientifico: Calopogonium mucunoides Desv. Nome comum: Calopogônio, calopo, feijão soja, falso oró É uma leguminosa vigorosa perene, herbácea e rasteira. É volúvel e trepadora, que forma uma densa massa de folhagem emaranhada com até 50 cm de altura. Os caules são suculentos, cobertos com pelos longos e coloração ferruginosa. A inflorescência possui racemos axilares, com 4 a 12 flores, e pedúnculos pilosos. As flores de coloração azul a arroxeadas. As vagens são curtas e retas, deiscentes, cobertas por pelos grossos também de coloração ferruginosa, contendo de 3 a 8 sementes. Adapta-se bem em vários tipos de solos, preferindo os argilosos com pH entre 4,5 e 5,0. Tem boa tolerância a saturação por alumínio e boa adaptação ao clima tropical quente e úmido. A tolerância a seca também é satisfatória. A produção anual é trono de 4 a 6 t MS/ha. É uma fixadora de nitrogênio e quando consorciada, geralmente são com gramíneas cespitosas. Muito utilizada para cobertura de solo e controle de erosão, adubação verde e em consórcios, pois é bem aceita no período da seca ou quando fenada. GÊNERO CAJANUS Nome científico: Canajus cajan Millsp. Nome comum: guandu, feijão guandu, É uma leguminosa anual e perene (em torno de 5 anos), arbustiva e ereta, com 1,5 a 3 m de altura. Possui um sistema radicular profundo, com folhas trifoliadas, com folíolos lanceolados elípticos, racemos axilares com até 10 cm. As flores normalmente são amarelas e as vezes com estrias vermelhas. AS vagens são achatadas, indeiscentes, pubescentes, contendo 2 a 9 sementes, arredondadas de cor branca até castanho a preto. Possui tolerância a seca, baixa tolerância ao frio, a geadas, fogo e sombreamento. Vegeta bem em vários tipos de solos e em regiões com precipitação anual de 500 a 2000 mm e temperaturas em torno de 35 °C. Não tolera encharcamentos e alagamentos e alta tolerância a seca. Tem bom valor nutritivo e boa aceitabilidade. A produção anual é em torno de 7 a 14 t MS/ha. Dependendo do objetivo, é possível um consorciamento com várias gramíneas. É utilizado em adubação verde, para fixação de nitrogênio, na alimentação humana, na fabricação de farinha, utilizado na alimentação de aves, em pastagens, em cortes para fenação e ensilagem. GÊNERO LEUCAENA Nome científico: Leucaena leucocephala de Wit. Nome comum: Leucena, Caola É uma leguminosa perene, arbustiva a arbórea, podendo alcançar até 20 m de altura, com um sistema radicular profundo, que pode chegar até 10 metros de profundidade. As folhas são bipinadas, com 4 a 9 pares de pinas. Em solos arenosos a argilosos, desenvolve-se bem. Não tolera encharcamento e alagamentos, tem baixa tolerância a alta saturação por alumínio. Em regiões com precipitação anual de 650 a 1500 mm vegeta bem e com temperatura em torno de 25 °C a 30 °C. Conservação de forragens A conservação de forragens, tem por objetivo conservar o valor nutritivo da forragem verde para uso em períodos de menor disponibilidade de pasto, ou para fornecimento em tempo integral. O valor nutritivo da forragem conservada depende das perdas do valor nutritivo no processo de conservação e o valor nutritivo no momento do corte. Os métodos utilizados para conservação de forragens é a fenação, ou seja, a desidratação, reduzindo o teor de umidade, e a ensilagem, onde ocorre a fermentação. ENSILAGEM Ensilagem: É o processo de conservação de forragem verde em meio anaeróbico, em depósitos denominados silos, por meio da redução do pH. Conjunto de todas as operações: corte, desintegração, transporte, compactação, vedação, retirada da silagem e fornecimento aos animais. Silagem: É o produto da fermentação anaeróbica controlada de determinada forragem verde, em uma estrutura denominada silo. Silo: estrutura de armazenagem Os pontos fundamentais do processo de ensilagem é anaerobiose e a queda do pH. A ensilagem possui quatro fases durante o processo: fase aeróbica, anaeróbica, estável e a fase de descarga. A fase aeróbica é a primeira, onde ocorre a presença de oxigênio na massa que está sendo inserida no solo. O excesso desse oxigênio pode causar degradação indesejável da proteína, produção excessiva de calor e promove o crescimento de leveduras e mofo. A causa do excesso de oxigênio na massa no silo é a lenta operação de distribuição da forragem no silo, em falhas no processo de compactação da forragem e no fechamento tardiodo silo. A segunda fase é a anaeróbica, onde ocorre a fermentação. Inicia-se após o declínio do oxigênio no silo e ocorre por cerca de 4 semanas. Ocorre através das atividades de bactérias anaeróbicas produtoras de ácido acético e bactérias produtos de ácido lático heterofermentativas. O produto final é o ácido acético, ácido lático, etanol e CO2. O substrato utilizado nesse processo são os carboidratos solúveis. Então ocorre a redução do pH e as enterobactérias são reduzidas e há um aumento das bactérias produtoras de ácido lático. Os níveis de ácido lático aumentam e o pH é reduzido drasticamente. A terceira fase é a de estabilidade anaeróbica e é caracterizada pela diminuição na atividade biológica e bioquímica no interior do silo. A quarta fase é de instabilidade aeróbica e ocorre durante a fase de abertura do silo. É caracterizada pela penetração do ar na massa ensilada e ocorrências de reações aeróbicas. Os produtos finais do processo de ensilagem são ácidos orgânicos (ácido lático, acético, butírico), CO2 e gases através da conversão de carboidratos solúveis, e através da degradação de proteínas e aminoácidos, é obtida a amônia.
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