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RECURSOS EM ESPÉCIE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - RESE •Visa impugnar decisões interlocutórias, ou seja, se presta, regra geral, à impugnação de decisões proferidas no curso do processo e que não colocam fim a ele. •Por vezes, esse recurso pode ser utilizado para atacar uma sentença definitiva, ex.: hipótese de reconhecimento de prescrição, decisão que concede ou nega habeas Corpus, etc. •Seu cabimento é restrito às hipóteses EXPRESSAMENTE previstas no CPP, Art. 581 •Cuida-se de modalidade de recurso que se dirige, tão somente, contra decisão de juiz singular, jamais contra decisão de órgão colegiado CPP, Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •Há uma impropriedade técnica na redação do caput do art. 581. Isso porque, o RESE é cabível contra decisão interlocutória. •DESPACHO é ato de mera movimentação processual, que pode ser praticado inclusive por servidores do judiciário, desde que não sejam dotados de caráter decisório, somente poderão ser impugnados por CORREIÇÃO PARCIAL e, apenas se importar em ato tumultuário contra o qual não haja previsão legal de recurso cabível. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA •Renato Brasileiro •Parte MINORITÁRIA da doutrina sustenta que a enumeração das hipóteses de cabimento do RESE previstas no art. 581 é TAXATIVA, não admitindo ampliação para contemplar outras hipóteses. •Corrente MAJORITÁRIA sustenta a possibilidade de interpretação extensiva das hipóteses de cabimento do RESE. (prevalece esta corrente) •Renato Brasileiro p. 1798 complementa •Na verdade, o que NÃO se admite é a ampliação para casos em que a lei evidentemente quis excluir. Exemplificando, na hipótese de recebimento da peça acusatória, não se pode cogitar do cabimento do RESE, já que ficou clara a intenção do legislador de só admitir o recurso quando houver o não recebimento da inicial acusatória (rejeição da denúncia). •Como a lei prevê o cabimento de RESE contra a decisão que não receber a denúncia ou a queixa, não há razão lógica para não se admitir o cabimento do recurso também para a hipótese de rejeição do aditamento. •ANTEÇÃO: NÃO SE TRATA, POIS, DE AMPLIAR AS HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RECURSO, TAMPOUCO DE, USURPANDO A FUNÇÃO DO LEGISLADOR, CRIAR RECURSO ONDE A LEI NÃO PREVÊ, MAS APENAS DE SE INTERPRETAR A NORMA DE FORMA QUE SUA INCIDÊNCIA SE ESTENDA A CASOS NÃO EXPRESSAMENTE PREVISTOS EM LEI. (R. Sanches p. 1593) •Ex.: •A DECISÃO que determina a suspensão do processo de que trata o art. 366 do CPP •CPP, Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. •A lei não prevê recurso cabível para tal decisão. A jurisprudência então se valendo de uma interpretação extensiva admite o RESE com base no inc XVI do art. 581 “XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art312. •Ex.: •Cód de Trânsito Brasileiro art. 294 • Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. • Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. • PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. • CABIMENTO DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE INDEFERE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA NAS HIPÓTESES DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (ART. 366, CPP). • INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO INCISO XI DO ART. 581 DO CPP. • 1. Tendo em conta que o art. 3º do Código de Processo Penal admite expressamente tanto a realização de interpretação extensiva quanto de aplicação analógica na seara processual penal, a jurisprudência tem entendido possível a utilização de interpretação extensiva para se admitir o manejo do Recurso em Sentido Estrito contra decisões interlocutórias de 1º grau que, apesar de não constarem literalmente no rol taxativo do art. 581 do CPP, tratam de hipótese concreta que se assemelha àquelas previstas nos incisos do artigo. • Exemplos disso se tem no cabimento de recurso em sentido estrito contra a decisão que não recebe o aditamento à denúncia ou à queixa (inciso I do art. 581 do CPP) e na decisão que delibera sobre o sursis processual (inciso XI do art. 581 do CPP). 2. "Cabe a aplicação analógica do inciso XI do artigo 581 do Código de Processo Penal aos casos de suspensão condicional do processo, viabilizada, aliás, pela subsidiariedade que o artigo 92 da Lei nº 9.099/95 lhe atribui". (REsp 601.924/PR, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 28/09/2005, DJ 07/11/2005, p. 339 e REsp 263.544/CE, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 12/03/2002, DJ 19/12/2002, p. 457). • 3. Situação em que, não encontrado o réu, o processo penal foi suspenso, conforme determina a primeira parte do art. 366 do CPP, e o Ministério Público pugnou pela oitiva das testemunhas da acusação, ao argumento de que o decurso do tempo pode causar relevante prejuízo à lembrança que elas têm dos fatos, prejudicando o objetivo da persecução penal. • 4. Cabível o manejo de recurso em sentido estrito contra decisão que ordenar a suspensão do processo, as providências de natureza cautelar advindas de tal decisão devem, como ela, ser impugnáveis pelo mesmo recurso. Por consequência, a decisão interlocutória de primeiro grau que indefere pedido de produção antecipada de provas, nos casos de sursis processual, também desafia recurso em sentido estrito. • Precedentes: AgRg no REsp 1.539.695/GO, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 01/06/2017, DJe 12/06/2017; EDcl no HC 283.119/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 14/11/2017; AgRg no REsp 1.618.545/RN, Rel. Ministro ANTÔNIO SALDANHA PALHEIRO, Sexta Turma, Dje de 15.2.2017; REsp 1.630.598/RN, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, Dje de 15.2.2017; REsp n. 1.633.337/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, DJe de 24/11/2016; REsp 1.601.399/RN, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, Dje de 2.9.2016; REsp n. • 1.604.709/RN, Relª. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe de 9/8/2016; REsp 1628262/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2016, DJe 19/12/2016; REsp n. • 1.605.331/RN, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJe de 22/6/2016; • REsp n. 1.535.543/GO, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, DJe de 8/6/2016; REsp 1179202/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 21/09/2011. • 5. Embargos de divergência providos, para reformar o acórdão embargado e dar provimento ao agravo regimental do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, para reconhecer o cabimento do Recurso em Sentido Estrito para impugnar decisão que indefere produção antecipada de prova, nas hipóteses do art. 366 do CPP. • (EREsp 1630121/RN, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2018, DJe 11/12/2018) •ATENÇÃO: deve se ter em mente que a interposição do RESE somente será possível se tal decisão NÃO tiver sido proferida no bojo de uma sentença condenatória ou absolutória. Isso porque, segundo o art. 593, § 4º, quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. Trata-se do princípio da consunção. •Além disso, não se pode perderde vista que muitas hipóteses de cabimento do RESE previstas no art. 581 do CPP foram tacitamente revogadas pela Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84). Isso porque várias decisões listadas no rol do art. 581 do CPP só podem ser proferidas pelo juízo da execução. Ora, a partir do momento em que a LEP passou a prever o cabimento do agravo em execução contra as decisões proferidas pelo juízo da execução (art. 197), houve a revogação tácita dos incisos do art. 581 que preveem o cabimento de RESE. • R. Brasileiro p. 1798/1799 •Portanto, como forma didática de se identificar as hipóteses de cabimento do RESE que ainda estão em vigor, podemos nos socorrer do seguinte raciocínio sugerido pela doutrina: • a) se a decisão é anterior à sentença definitiva de condenação ou absolvição, talvez caiba recurso em sentido estrito: haverá necessidade de se verificar se tal hipótese consta do rol do art. 581 do CPP; •b) se a decisão está inserida na sentença condenatória ou absolutória, é caso de apelação, ainda que conste do rol do art. 581 do CPP. Isso porque, segundo o art. 593, § 4º, quando cabível a apelação, esta impugnação tem o condão de absorver o RESE, ainda que se queira impugnar apenas parte da decisão; • c) se a decisão é posterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória ou da absolutória imprópria, ou seja, aquela que impõe medida de segurança, o recurso adequado será o agravo em execução, previsto no art. 197 da LEP, ainda que conste do art. 581 do CPP. • R. Brasileiro p. 1798/1799 HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RESE • Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • I - que não receber a denúncia ou a queixa; •Havendo a rejeição da denúncia ou queixa e interposição de recurso em sentido estrito, pelo Ministério Público ou pelo querelante, conforme o caso, é preciso intimar o denunciado para que apresente contrarrazões. • É certo que ainda não existe ação penal ajuizada, motivo pelo qual o eventual acusado não foi chamado a integrara relação processual. •Não deveria, em tese, portanto, responder ao recurso, pois nem faz parte do processo. Ocorre que, em homenagem à ampla defesa – aliás, o recebimento ou a rejeição da peça acusatória é de seu legítimo interesse –, sempre se possibilitou que tal situação fosse viabilizada. • Nucci p 1393 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; •ATENÇÃO: contra a decisão que recebe a denúncia ou queixa não há, como regra, recurso algum. Pode-se usar, como alternativa, o habeas corpus para fazer cessar o constrangimento ilegal gerado pelo recebimento de denúncia ou queixa, sem haver a correspondente justa causa para a ação penal. •Nucci ensina que quando houver o recebimento parcial da denúncia ou da queixa, cabe recurso em sentido estrito da parte acusatória Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; •A peça acusatória será considerada inepta quando não atender os requisitos do art. 41 do CPP •CPP, Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. •Nem sempre a inobservância de um dos requisitos do art. 41 do CPP autoriza a rejeição da peça acusatória. Ex.: se ausente o rol de testemunhas da denúncia, por entender o órgão ministerial que a autoria e a materialidade do fato delituoso estão comprovadas por vasta prova documental, a peça acusatória deve ser recebida • Todavia, se ausente a qualificação do acusado, ou se a peça acusatória não descrever o fato delituoso, deve o magistrado rejeitar a peça acusatória. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; •CPP, Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; •A rejeição da peça acusatória com fundamento no art. 395, inciso I, do CPP, só faz coisa julgada formal, na medida em que não há análise do mérito da imputação. Diante dela, a parte acusadora tem a opção de recorrer em sentido estrito (CPP, art. 581, I), ou oferecer nova peça acusatória, desta vez com fiel observância dos requisitos do art. 41 do CPP. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; •CORRENTE MINORITÁRIA - Há posição na doutrina (minoritária) que entende que há uma diferença entre rejeição e não recebimento da peça acusatória. A rejeição seria equivalente ao próprio julgamento antecipado do mérito, fazendo coisa julgada formal e material; já o não recebimento não seria um obstáculo à repropositura da ação, desde que satisfeita a condição. Assim, o recurso de APELAÇÃO seria cabível contra a rejeição e o RESE seria cabível em face do não recebimento da peça acusatória •CORRENTE MAJORITÁRIA - Prevalece, no entanto, o entendimento de que “não recebimento” e “rejeição” da peça acusatória são expressões sinônimas. A propósito, eis o teor da súmula 60 do TRF da 4ª Região: “Da decisão que não recebe ou que rejeita a denúncia cabe recurso em sentido estrito”. •STF Súmula 707 •Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. •Súmula 709 •Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. •Se o recurso for provido, o acórdão do tribunal implica o recebimento da denúncia ou queixa, sendo desnecessário que o juiz de primeiro grau o faça, bastando a este que designe data para audiência, determinando a citação do acusado. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; •ATENÇÃO: JUIZADO ESPECIAL a Lei nº 9.099/95, que prevê que caberá APELAÇÃO contra a decisão de rejeição da denúncia ou queixa (art. 82, caput), a qual deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias. Corroborando a necessidade de intimação do recorrido para apresentar contrarrazões, o art. 82, § 2º, da Lei nº 9.099/95 • Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. • § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. • § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • II - que concluir pela incompetência do juízo; • configurando autêntica decisão interlocutória, pois apenas altera o juízo competente para julgar a causa, sem colocar fim ao processo. •Caso o juiz de ofício decline sua competência, ambas partes estão legitimadas a interpor RESE. •No Inc II também se enquadra o RESE contra decisão que desclassifica a infração penal na 1ª fase do Júri • CPP, Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. •Ex.: na 1ª fase do Júri o juiz sumariante entende que não se trata de crime doloso contra vida tentado, mas de lesão corporal. A via impugnativa adequada contra essa decisão é o RESE. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art74%C2%A71 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • III - quejulgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; • No PP poderão se opostas as exceções de: • **I - suspeição; • II - incompetência de juízo; • III - litispendência; • IV - ilegitimidade de parte; • V - coisa julgada (CPP, Art. 95). • **Com relação à exceção de suspeição não cabe RESE. •ATENÇÃO: cabe RESE contra decisões que JULGAR PROCEDENTE as exceções. Logo, são IRRECORRÍVEIS as decisões que REJEITAM tais exceções ( o que não impede que a matéria seja arguida em preliminar de Apelação CPP, Art. 648, VI) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; • EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO •Quanto à ressalva feita no tocante à exceção de suspeição, não há necessidade de interposição de recurso em sentido estrito, pois, se for aceita a causa de suspeição levantada, segundo dispõe o art. 99 do CPP, deverá o magistrado suspender o curso do processo e enviar os autos ao substituto. Logo, não haveria interesse recursal na interposição do RESE. • caso não reconheça a suspeição aventada, segue-se o disposto no art. 100, caput, do CPP, determinando-se a remessa dos autos apartados, necessariamente, à Instância Superior. Considerando que o RESE é recurso cabível contra decisões proferidas por juiz de 1ª instância, esta via impugnativa não poderá ser usada contra decisão proferida no julgamento da exceção de suspeição (Renato Brasileiro p.1801) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; • EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO do MP •O art. 104 do CPP prevê que, arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 3 (três) dias. •A despeito da irrecorribilidade de tal decisão, a doutrina entende que o órgão do Ministério Público afastado, diante de ilegalidade da procedência da suspeição, poderá, em tese, impetrar mandado de segurança, pois tem direito líquido e certo de atuar no processo. • (Renato Brasileiro p.1801) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • IV – que pronunciar o réu; •nítida decisão interlocutória. A decisão de pronúncia é interlocutória, mesmo porque julga apenas a admissibilidade da acusação, encaminhando o feito à apreciação do Tribunal do Júri •O RESE interposto contra decisão de pronúncia tem o condão de suspender o julgamento (CPP, Art. 584 § 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento). Sequer é possível o início da preparação do processo para julgamento em plenário. O autos somente serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri apenas quando preclusa a decisão de pronúncia • CPP, Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. •ATENÇÃO: o recurso cabível contra a IMPRONÚNCIA é APELAÇÃO (CPP, Art. 416). O mesmo raciocínio também vale para a decisão de absolvição sumária, com a Lei nº 11.689/08, cabe apelação (CPP, art. 416). Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • IV – que pronunciar o réu; •Esse RESE pode ser interposto pela defesa quando o acusado for pronunciado pelo crime capitulado na denúncia, assim como por qualquer outro delito e, nesta hipótese, também poderá recorrer a acusação •v.g.: acusado denunciado por homicídio qualificado que é pronunciado por homicídio simples. •Também é perfeitamente possível que o Ministério Público recorra da pronúncia em favor do acusado, visando à absolvição sumária, desclassificação, etc., desde que tenha se manifestado nesse sentido por ocasião da apresentação das alegações orais. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; • Somente poderão ser impugnadas por meio de RESE as decisões JUDICIAIS relativas à fiança. •As decisões da AUTORIDADE POLICIAL nos casos de fiança não podem ser impugnadas por meio de RESE. • CPP, Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. •Assim, se a autoridade policial conceder fiança em relação à um crime inafiançável (CPP, Art. 323/324), deve o MP pedir a cassação da fiança à autoridade judiciária. Se, nesta hipóteses, o juiz deliberar pela manutenção da finança concedida pelo delegado de polícia, aí sim será cabível o RESE. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; •CONCEDER fiança – refere-se à decisão judicial que, verificando a presença dos pressupostos legais, concede a liberdade provisório ao agente mediante o pagamento de fiança. •NEGAR fiança – se o juiz entender que o acusado não preenche os requisitos necessários à concessão da fiança (ex.: crimes hediondos), deve ser negada a fiança. •ARBITRAMENTO de fiança – diz respeito ao valor fixado pelo juiz a título de fiança, quantum (CPP, Art. 325 parâmetros para fixação da fiança) •CASSAÇÃO DA FIANÇA – ocorre quando o juiz constata que a fiança anteriormente concedida era incabível • INIDONEIDADE DA FIANÇA – ocorre quando o afiançado se omite diante da exigência de seu reforço (CPP, Art. 340) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; •concedida a fiança ou fixado um valor muito baixo, pode o Ministério Público recorrer. •Negada, cassada ou considerada inidônea, cabe ao acusado apresentar seu inconformismo. •Embora quando a decisão seja desfavorável ao réu possa este impetrar HC, pois se está diante de norma que envolve a liberdade de locomoção, previu o legislador a possibilidade de utilização do RESE. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; •Também caberá RESE da decisão que INDEFERIR prisão temporária e/ou medida cautelar diversa da prisão, ou que revoga e/ou determina a substituição de quaisquer medias cautelares de natureza pessoal. •ATENÇÃO: o CPP NÃO prevê o cabimento de recurso contra decisão que DECRETA a prisão preventiva e/ou quaisquer medidas cautelares diversa da prisão. •Não obstante, caberá HC. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; •Esse RESE não é dotado de efeito SUSPENSIVO, ou seja, uma vez revogada a Prisão Preventiva, ainda que o RESE seja interposto, o preso será colocado imediatamente em liberdade. •Vale destacar que alguns julgados têm permitido a interposição, pelo Ministério Público, de mandado de segurança para dar “efeito suspensivo ao recurso em sentido estrito”, que, como regra, não o tem, evitando-se a libertação de pessoa considerada perigosa. •Há precedentes antigos do STJ no sentido de que não se admite a interposição de mandado de segurançapara atribuir efeito suspensivo a este recurso em sentido estrito •CPP ART. 581 •VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art4 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; •CPP, Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: • I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; • II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; • III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; • IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; •V - praticar nova infração penal dolosa. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; •Descumprimento dos deveres processuais previstos nos arts 327/328 do CPP tb acarreta quebramento da fiança •Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada. •Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; •O quebramento da fiança só pode ser determinado por autoridade judiciária e desafia RESE • Só terá efeito suspensivo apenas quanto ao perdimento do valor prestado em fiança (Art. 584, § 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.). Ou seja, o acusado vai ser recolhido na prisão, mas não há a perda imediata de metade do valor da fiança em razão do efeito suspensivo. • Se o recurso for improvido, o réu permanece preso e perde metade do valor da fiança • Se o recurso do PROVIDO, a fiança volta a subsistir na sua integralidade colocando-se imediatamente o agente em liberdade. • esse recurso pode ser interposto até mesmo pelo terceiro que prestou fiança em favor de outrem. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; •Trânsito em julgado a sentença condenatória, não pode o condenado frustrar a efetivação da punição esquivando-se da apresentação à prisão para o cumprimento da pena ou evadindo-se para não ser encontrado pela autoridade encarregada de leva-lo ao cárcere. • Se assim o fizer a fiança será julgada PERDIDA. •CPP, Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. •ATENÇÃO: não obstante, como o perdimento da fiança é decretado, em regra, pelo juízo da execução, porquanto ocorre após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o recurso cabível será o AGRAVO EM EXECUÇÃO, (LEP Lei 7210/84 - Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; • IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; • Nos termos do CP (art. 107) Extingue-se a punibilidade: • I - pela morte do agente; • II - pela anistia, graça ou indulto; • III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; • IV - pela prescrição, decadência ou perempção; • V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; • VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; • IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. • Trata-se de rol meramente exemplificativo •VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; •Consta do art. 107 do CP um rol exemplificativo de causas extintivas da punibilidade. Este rol não é taxativo, devendo nele ser incluídas outras causas previstas na lei penal comum ou especial, tais como o decurso do prazo da suspensão condicional do processo e do livramento condicional. •No ordenamento pátrio, todavia, prevalece o entendimento de que, havendo prescrição – ou outra causa extintiva da punibilidade –, o recurso não será apreciado no mérito, porquanto ausente interesse de agir. Esse argumento é reforçado pela própria natureza jurídica da decisão que julga extinta a punibilidade – segundo entendimento majoritário, declaratória. •VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; •É firme o entendimento jurisprudencial segundo o qual, consumando-se o lapso prescricional ainda que na pendência de recurso interposto pela defesa, deve-se declarar, preliminarmente, a extinção da punibilidade, com prejuízo do exame do mérito da causa. Isso porque, uma vez declarada extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do Código Penal, mostra-se patente a falta de interesse do recorrente em obter a absolvição. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; •Só se admite a interposição de RESE contra a decisão de juiz DE 1ª INSTÂNCIA que conceder ou negar HC. Afinal, cuida-se o RESE de modalidade de recurso que se dirige, tão somente, contra decisão de juiz singular, jamais contra decisões dos órgãos colegiados dos Tribunais. •Ex.: HC impetrado contra ato da autoridade policial •Em que pese o CPP prever o cabimento do RESE contra decisão que negar a ordem de HC. Poderá ser impetrado novo HC à instâncias superiores Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; •Eventual concessão da ordem de habeas corpus por juiz de 1ª instância deverá ser submetida ao reexame necessário (CPP, art. 574, I). Logo, diante da concessão da ordem no julgamento do writ, ainda que a acusação não interponha o recurso em sentido estrito previsto no art. 581, X, do CPP, incumbe ao magistrado determinar o encaminhamento de sua decisão ao reexame do Tribunal a que estiver vinculado, sob pena de não se operar o trânsito em julgado do decisum, nos termos da súmula nº 423 do Supremo. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; •Em que pese o CPP prever o cabimento de RESE contra a decisão que negar a ordem de habeas corpus (CPP, art. 581, X), nada impede a utilização pela defesa, contra a mesma decisão, de habeas corpus, nos exatos termos do art. 648 do CPP. Assim, negada a ordem de habeas corpus pelo magistrado de 1ª instância, poderá ser impetrado novo habeas corpus à instância superior competente. • EX.: se um Tribunal de Justiça denegar a ordem de habeas corpus, o paciente poderá se valer tanto de um recurso ordinário constitucional para o Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, II, “a”), quanto de um novo habeas corpus para o STJ (CF, art. 105, I, “c”). Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; •Art. 77 do CP SURSIS PENAL • Se a decisão de concessão (ou negativa) de sursis penal tiver sido proferida pelo juiz da execução penal, o recurso cabível será o AGRAVO EM EXECUÇÃO (Art. 197 da Lei 7210/84 LEP) •ATNEÇÃO:o RESE deste dispositivo ENCONTRA-SE TACITAMENTE REVOGADO. •A jurisprudência tem admitido, por meio de interpretação extensiva, a interposição deste RESE contra decisão que nega ou revoga suspenção condicional do processo (Art. 89 da Lei 9099/95) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; •TACITAMENTE REVOGADO pela LEP 7210/84 que passou a prever o cabimento de AGRAVO EM EXECUÇÃO contra as decisões proferidas pelo juiz da execução (Art. 197) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; •Em que pese o legislador referir-se à anulação do processo de instrução criminal, é pacífico que o termo aí empregado deve ser interpretado no sentido de FASE JUDICIAL. •ATENÇÃO: é importante que se tenha em mente que a utilização do RESE é residual, ou seja, sua interposição somente será possível se essa anulação NÃO ocorrer em sede de SENTENÇA CONDENATÓRIA ou ABSOLUTÓRIA hipótese em que é cabível APELAÇÃO. •Este RESE pode ser utilizado para impugnar decisão judicial que reconhecer a ILICITUDE DA PROVA e determinar seu subsequente desentranhamento dos autos do processo. • SE INDEFERIDO a anulação do processo, a irresignação poderá ser feita por meio de preliminar de futura e eventual APELAÇÃO. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; •De acordo com o art. 426 do CPP, a lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10/10 de cada ano e divulgada em editais afixados na porta do Tribunal do Júri. Esta lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10/11 da data de sua publicação. •ATENÇÃO: o prazo para interposição do RESE é de 5 dias, porém, o RESE interposto contra lista geral de jurados tem prazo de 20 dias, contados da data da publicação definitiva da lista de jurados •ATENÇÃO: outra parte da doutrina, como Renato Brasileiro, entende que com a atual redação do art. 426 §1º do CPP, que passou a prever instrumento específico para impugnação da lista geral dos jurados – RECLAMAÇÃO de qualquer do povo ao juiz presidente ate o dia 10/11 -, isso significa dizer que houve REGOVAÇÃO TÁCITA DESTE DISPOSITIVO (581 XIV) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; •A APELAÇÃO é denegada quando verificada a ausência dos pressupostos objetivos e subjetivo de admissibilidade recursal. •Esta hipótese de cabimento de RESE (XV) destina-se apenas à impugnação da denegação da apelação pelo juízo A QUO. • Se a apelação for recebida pelo juiz a quo, caberá à parte contrária insurgir-se contra a matéria em suas CONTRARRAZÕES, objetivando convencer o juizo ad quem, no sentido do NÃO conhecimento do recurso •A DESERÇÃO subsiste uma única hipótese no CPP, a saber, a deserção por falta de preparo do recurso do querelante em crimes de ação penal exclusivamente privada. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; •Questão prejudicial (CPP art. 92 e 93) •O CPP prevê cabimento de RESE apenas contra decisão que ordenar a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial. Logo, NÃO CABE RECURSO CONTRA DECISÃO QUE INDEFEIRIR A SUSPENSÇÃO DO PROCESSO. •Com base em interpretação extensiva deste dispositivo (Art. 581 XVI CPP), os tribunais também têm admitido a utilização do RESE contra decisão que determina a suspensão do processo e da prescrição pelo fato de o acusado, citado por edital, não ter comparecido nem constituído defensor (Art. 366 CPP) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XVII - que decidir sobre a unificação de penas; •TACITAMENTE REVOGADO PELO LEP (L 7210/84 ART. 197) Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XVIII - que decidir o incidente de falsidade; •Incidente de falsidade está regulamentado nos art. 145 e 148 CPP. •Se o documento juntado aos autos for falso e o incidente for julgado procedente, o referido documento será excluído dos autos, e remetido juntamente com os autos do incidente ao MP. •Se o incidente for denegado, é porque não há prova da falsidade documental, devendo manter o referido documento dos autos como prova. •Caberá RESE tanto para procedência como para improcedência de incidente de falsidade documental. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: • INCIDENTE DE EXECUÇÃO DA PENA •XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; •XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; •XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; •XXII - que revogar a medida de segurança; •XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; •TAIS HIPÓTESES FORAM TACITAMENTE REVOGADAS PELA LEP http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art774 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. •TACITAMENTE REVOGADO PELA LEI 9268/96 que deixou de prever a possibilidade de conversão de pena de multa em pena privativa de liberdade. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: •XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) •Introduzido pelo pacoteanticrime •Deve ser aplicada interpretação extensiva para fins de também se admitir a interposição de RESE contra decisão judicial que recusar homologação de ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA (lei 12850/13 Art. 4º §8º) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 •CPP, Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) •§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DO RESE •RESE pode ser interposto por petição ou por termo nos autos •Em regra é PROCESSADO POR INSTRUMENTO, ou seja, em autos apartados, com peças trasladadas ou fotocopiadas. Nesse caso incumbe ao RECORRETE indicar no próprio termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DO RESE •Deve juntar a procuração dos advogados constituídos, vez que súmula 115 do STJ diz que É INEXISTENTE RECURSO INTERPOSTO POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS. • Porém, diante da norma do art. 266 do CPP, que prevê que a constituição de defensor no processo penal independe de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório é possível que o advogado junte ao feito cópia do termo de interrogatório ou uma certidão da secretaria da vara informando que sua nomeação se deu no ato de interrogatório •CPP - Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, aparte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. •Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição. •Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo de lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro, nos termos do art. 590 do CPP. •CPP, Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro. Exceções – RESE encaminhado nos próprios autos •O art. 583 do CPP prevê situações em que o recurso em sentido estrito deve ser encaminhado à instância superior nos próprios autos do processo, e não por instrumento: •I – quando interpostos de ofício: subsiste a hipótese de recurso em sentido estrito interposto de ofício pelo juiz apenas em relação à decisão concessiva de habeas corpus Exceções – RESE encaminhado nos próprios autos •O art. 583 •II – quando se tratar de recurso em sentido estrito contra: • a decisão que não receber a denúncia ou a queixa (CPP, art. 581, I), •que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição (CPP, art. 581, III), •que pronunciar o acusado (CPP, art. 581, IV), •que julgar extinta a punibilidade (CPP, art. 581, VIII) e •que conceder ou negar a ordem de habeas corpus (CPP, art. 581, X). Exceções – RESE encaminhado nos próprios autos •O art. 583 •III – quando a remessa do recurso nos próprios autos do processo não prejudicar o andamento do feito: é o que ocorre, por exemplo, com a decisão que determina a suspensão do processo, em virtude do reconhecimento de questão prejudicial, ou pelo fato de o acusado, citado por edital, não ter comparecido, nem constituído defensor (CPP, art. 366). Nesses casos, como o processo está suspenso por força da decisão judicial impugnada, não haverá qualquer prejuízo se os autos originais forem remetidos à instância superior. •CPP Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: •I - quando interpostos de oficio; •II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; •III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. •Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art581 ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DO RESE •PRAZO DO RESE – •deve ser interposto no prazo de 5 dias •RAZÕES/CONTRARRAZÕES em 2 dias • Interposto o RESE os autos serão conclusos ao magistrado (a quo) para o juízo de admissibilidade •DENEGADO O RESE – será cabível CARTA TESTEMUNHÁVEL (CPP, Art. 639,I) •PREENCHIDOS OS PRESSUPOSTOS o RESE será recebido pelo juiz A QUO, que deve notificar as partes, PRIMEIRO O RECORRENTE depois o RECORRIDO, para apresentação das razões e contrarrazões de RESE, cada qual no PRAZO DE 2 (DOIS) DIAS. •O prazo de 2 dias para apresentação das RAZÕES de RESE só terá início após a notificação do recorrente para esta finalidade •CPP, ART. 588 PROCESSAMENTO DO RESE • JUÍZO DE RETRATAÇÃO ou de CONFIRMAÇÃO – apresentadas (ou não) as RAZÕES do RESE, ou autos retornarão ao juiz A QUO para fins de possível RETRATAÇÃO da decisão impugnada •CPP, Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihes parecerem necessários. • Se o juiz a quo CONFIRMAR SUA DECISÃO – deve determinar a remessa do RESE ao juízo AD QUEM. • Se o juiz a quo RETRATAR SUA DECISÃO – a parte prejudicada poderá, por simples petição, recorrer contra a nova decisão, desde que também seja cabível RESE contra ela, hipótese em que NÃO terá mais o juízo de retratação. O recurso será remetido ao Tribunal competente independente da apresentação de novos arrazoados ATIVIDADE DE TREINO RESE_PROCESSAMENTO • se dá por instrumento: formam-se autos apartados, que sobem ao tribunal, enquanto o principal continua na Vara de origem, •NÃO SE DÁ POR INSTRUMENTO: –a) no caso de reexame necessário (concessão ou denegação de habeas corpus); –b) não recebimento de denúncia ou queixa; – c) procedência das exceções; –d) pronúncia; –e) extinção da punibilidade; – f) em hipóteses de inexistência de prejuízo para o prosseguimento da instrução. •Nessas situações, os autos principais sobem ao tribunal para processamento e conhecimento do recurso em sentido estrito. RESE_PROCESSAMENTO • a) apresentação da petição ao juiz a quo;(interposição do RESE no prazo de 5dias) • b) intimação do recorrente para oferecer razões no prazo de dois dias; • c) intimação do recorrido para oferecer contrarrazões no prazo de dois dias; • d) juízo de retratação do juiz a quo: – (1) se houver retratação: a parte contrária poderá recorrer por simples petição; – (2) se não houver retratação: o recurso sobe para o Tribunal; • e) no tribunal abre vista ao procurador-geral, que tem cinco dias para o parecer; • f) relator pede dia para julgamento; • g) anúncio do julgamento pelo presidente; • h) pregão das partes; • i) exposição do relatório pelo relator; • j) sustentação oral por dez minutos; • k) julgamento por maioria de votos, com publicação do acórdão. RESE_ CONFECÇÃO DA PEÇA RAZÕES/CONTRARRÃZÕES •a) Nome da peça: centro da folha. •b) Dados de identificação: recorrente, recorrido, número do processo e juízo de origem. • c) Saudação: – (1) se for federal: Egrégio Tribunal, Colenda Turma, Eméritos julgadores, – (2) se for estadual: Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Eméritos julgadores – (3) se for JECrim: Douta Turma recursal, Eméritos julgadores. •d) Dos fatos: narrar a infração penal praticada, sem inventar dados, e o andamento processual até o momento da sentença. •e) Do direito: comprovar a tese, de acordo com o enunciado. • f) Do pedido: provimento do recurso + pedido específico. • g) Parte final: termos em que, pede deferimento; data e indicação da OAB. MODELO DE INTERPOSIÇÃO DE RESE – ENDEREÇAMENTO •EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO JÚRI DA ___________ •EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA DO CRIMINAL DA___ •EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA________ VARA DO CRIMINAL DA__ (10 LINHAS) MODELO DE INTERPOSIÇÃO DE RESE – PREÂMBULO _________ (nome), já qualificado nos autos do processo-crime em epígrafe n. _____, vem, por seu advogado infra-assinado, à presença de Vossa Excelência, não se conformando com a respeitável decisão de fls. que _________ (especificar o conteúdo da decisão), com fundamento no artigo 581, inciso _________, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: (2 linhas) Assim sendo, caso Vossa Excelência entenda que deva manter a respeitável decisão, requer seja o presente recurso remetido ao Egrégio Tribunal competente. (1 linha) Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento do presente recurso, com as inclusas razões, pede deferimento. (2 linhas) Cidade, ____ de ___________ de ____. (2 linhas) ______________________________________OAB – sob n. ____ MODELO DE RAZÕES DE RESE (3 linhas) Recorrente: Recorrido: Origem: Autos do Processo n. (3 linhas) Egrégio Tribunal, Doutos Julgadores (3 linhas) No caso em tela, é necessária a reforma da decisão, pois, não se conformando com a respeitável decisão proferida, vem dela RECORRER EM SENTIDO ESTRITO, aguardando que ao final se digne Vossa Excelência reformá-la pelas razões a seguir expostas: (2 linhas) MODELO DE RAZÕES DE RESE RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO DOS FATOS * Narrar os acontecimentos, sem inventar dados ou copiar o problema. Colocar o andamentoprocessual. (2 linhas) DO DIREITO • apontar a tese; • justificar a tese; • doutrina; • jurisprudência; • conclusão. (2 linhas) DO PEDIDO Diante do exposto, requer seja dado provimento ao presente recurso, para tornar sem efeito a decisão impugnada, no sentido de _________, como medida de inteira justiça. (2 linhas) Cidade, ____ de ___________ de ____. (2 linhas) ______________________________________OAB – sob n. ____ MODELO DE CONTRARRAZÕES DE RESE PETIÇÃO DE JUNTADA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO JÚRI DA _____________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA DO CRIMINAL DA ________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO CRIMINAL DA _____________ (10 linhas) _________ (nome), já qualificado nos autos do processo-crime em epígrafe n. _________ , vem, por seu advogado infra-assinado, à presença de Vossa Excelência, não se conformando com o recurso interposto pelo _________ , com fundamento nos artigos 588 e 589, ambos do Código de Processo Penal, requerer a juntada das CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. (2 linhas) Assim sendo, caso Vossa Excelência entenda que deva reformar a respeitável decisão, requer seja o presente recurso remetido ao Egrégio Tribunal competente. (1 linha) Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento das contrarrazões, pede deferimento. (2 linhas) Cidade, ____ de ___________ de ____. (2 linhas) ______________________________________OAB – sob n. ____ MODELO DE CONTRARRAZÕES DE RESE CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (3 linhas) Recorrente: Recorrido: Origem: Autos do Processo n. (3 linhas) Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Doutos Julgadores (3 linhas) No caso em tela, é necessária a mantença da decisão, pois, não se conformando com o recurso interposto por _________ contra a respeitável decisão de fls. proferida em favor do recorrido, vem apresentar CONTRARRAZÕES, aguardando afinal se dignem Vossas Excelências mantê-la, pelas razões a seguir expostas: (2 linhas) DOS FATOS * Narrar os acontecimentos, sem inventar dados ou copiar o problema. Colocar o andamento processual. (2 linhas) DO DIREITO • apontar a tese; • justificar a tese; • doutrina; • jurisprudência; • conclusão. (2 linhas) DO PEDIDO Diante do exposto, requer seja dado provimento ao presente recurso, devendo ser mantida a respeitável decisão, no sentido de _________, como medida de inteira justiça. (2 linhas) Cidade, ____ de ___________ de ____. (2 linhas) ______________________________________OAB – sob n. ___ CASO PRÁTICO “F” foi pronunciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima ocorrido na cidade de Valparaíso de Goiás onde foi processado, não havendo exame necroscópico nos autos. O juiz, ainda assim, entendeu presente a materialidade da infração penal, alegando haver corpo de delito indireto. O réu, que contestara a prova de existência do delito, havia alegado, subsidiariamente, a ocorrência de legítima defesa, igualmente afastada na pronúncia. O magistrado permitiu que o acusado aguardasse o júri em liberdade. Em síntese “F” foi pronunciado porque, no dia 12/03/2016, após uma discussão com a Vítima “G” durante um jogo de futebol que assistiam no Bairro Céu Azul, ambos, F e G, foram para casa juntos pois eram vizinhos, no caminho, segundo consta da acusação, por volta das 23 horas, quando passavam sobre uma ponte entraram em luta corporal e “F” supostamente teria empurrado a vítima “G”, fazendo com que caísse no leito de um rio, desaparecendo nas águas. O acusado teria agido à traição, ao empurrar G por trás, bem como por motivo fútil em razão da discussão anterior por conta briga de torcida de futebol. Em Delegacia de Polícia F confirmou ter entrado em luta corporal com G, confirmou que ao chegar cima da ponte, G atacou F, este para se desvencilhar daquele o empurrou e G acabou por cair no leito do rio. Em investigação policial também foi ouvido a testemunha João dos Anzóis que estava presente no momento e corroborou a versão do réu. Como advogado de “F”, interponha o recurso cabível. (nucci 494) Elementos importantes • Cliente: – F • Crime e Pena: – 121, § 2.º, II e IV, do CP pena de R:12 a 30 anos • Ação penal: – Pública Incondicionada • Rito: – Tribunal do Júri • Suspensão condicional do processo: – não é cabível • Momento processual: – prolatada sentença de pronúncia • PEÇA: – recurso em sentido estrito – art. 581, IV do CPP • FUNDAMENTO DA PEÇA: – art. 581, IV, do CPP, • Competência (interposição/razões): – Interposição: juiz de direito da Vara do Júri da Comarca de Valparaíso de Goias – Razões: Tribunal do Justiça do Estado de Goiás • TESES: • PEDIDOS/REQUERIMENTO • Data da peça •MONTE A PEÇA DE INTEPOSIÇÃO DO RECURSO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Júri da Comarca de Valparaíso de Goiás Processo n.º ____ “F”, qualificado a fls. ____, por seu defensor dativo, nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, inconformado com a decisão de pronúncia, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV, do CPP, requerendo seja o mesmo recebido e, levando-se em consideração as razões em anexo, possa haver o juízo de retratação, com a finalidade de impronunciar o acusado. Assim não entendendo Vossa Excelência, requer o processamento do recurso, remetendo-o ao Egrégio Tribunal de Justiça. Termos em que, desnecessária a formação de instrumento, Pede deferimento. Valparaíso de Goias, 25 de fevereiro de 2019 _______________ ABDCEDF OAB Nº REDIJA AS RAZÕES DO RECURSO Razões de recurso em sentido estrito Origem: Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Valparaíso de Goiás Processo n.º ____ Recorrente: “F” Recorrido: Ministério Público Egrégio Tribunal O réu “F” foi pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2.º, II e IV, do Código Penal, porque, no dia 12/032016, no Bairro Céu Azul, por volta das 23 horas, teria empurrado a vítima “G” de um ponte, fazendo com que caísse no leito de um rio, desaparecendo nas águas. O acusado teria agido à traição, colhendo o ofendido por trás, bem como por motivo fútil, consistente em desavença de menor importância, resultado de briga anterior por torcida de time de futebol. A decisão de fls. ____, entretanto, não pode prevalecer. O art. 413, caput, do Código de Processo Penal estabelece dois requisitos indispensáveis para se determinar o julgamento do réu pelo Tribunal do Júri: prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Quanto à materialidade, inexiste, nos autos, prova da existência da infração penal, uma vez que a vítima, na data dos fatos, tal como relatado na denúncia, caiu de uma altura de cerca de cinco metros, nas águas de um rio e desapareceu. Pode estar viva, pois, em momento algum, seu corpo foi encontrado e, consequentemente, submetido a exame pericial obrigatório (art. 158, CPP). Cuida-se de decisão periclitante encaminhar o acusado a julgamento pelo Tribunal Popular sem a prova inequívoca da morte da vítima. Ademais, não consta que G não soubesse nadar ou que tivesse caído de altura mais do que razoávelpara que sua morte fosse altamente provável. Por tais motivos, vislumbra-se a inexistência de prova da materialidade do delito. Quanto à autoria, não se nega ter o réu entrado em luta corporal com o ofendido e, em face disso, ter este caído nas águas do rio. O próprio recorrente, dando mostras de sua sinceridade, desde a fase policial, admitiu esse fato. Entretanto, disse claramente ter agido em legítima defesa, o que não foi satisfatoriamente considerado pelo ilustre julgador. Ambos se desentenderam, realmente, momentos antes, por questões banais. Porém, quem seguiu o acusado pela estrada, quando este se dirigia à sua residência, foia vítima. Ao atingirem a Ponte que passa sobre o Rio do bairro Céu Azul, o ofendido agrediu o réu, que, ato contínuo, entrou em luta com o agressor o qual para desenvencilhar da agressão empurrou G, que possivelmente por perdeu o equilíbrio e caiu no rio. Tal cena foi presenciada pela testemunha João dos Anzóis (fls.____), que confirma integralmente a versão dada pelo réu. Comprovada, sem sombra de dúvida, a legítima defesa, caso a vítima tenha morrido em virtude da queda, somente para argumentar, deveria o réu ser absolvido sumariamente, nos termos do art. 415, IV, do Código de Processo Penal. Por derradeiro, ainda somente para argumentar, caso seja a pronúncia mantida, é de rigor o afastamento das qualificadoras. Não houve motivo fútil, pois este não se configura quando há discussão e agressão física entre réu e vítima conforme pode ser constatado na doutrina, através da lição de ____. Na jurisprudência, do mesmo modo, pode-se citar o seguinte: ____. No mesmo diapasão, inexistiu recurso que impossibilitou a defesa, consistente em traição. Se houve, como já mencionado, luta corporal entre réu e ofendido, torna-se ilógico falar em ataque realizado à socapa. Logo, ambas as qualificadoras merecem ser afastadas, por não encontrarem respaldo na prova dos autos. Do exposto, conclui-se que inexiste prova suficiente da materialidade para a pronúncia. Assim não entendendo esse Egrégio Tribunal, torna-se imperiosa a absolvição sumária do acusado ou, ao menos, sejam as qualificadoras afastadas, pois desse modo far-se-á a tão almejada JUSTIÇA. Do exposto, Caso a vítima tenha morrido em virtude da queda, que seja reconhecida a legítima defesa, caso que pleiteia-se a ABSOLVIÇÃO sumariamente, nos termos do art. 415, IV, do Código de Processo Penal e pela inexistência de prova suficiente da materialidade para a pronúncia. Assim não entendendo esse Egrégio Tribunal, pela absolvição sumária do acusado torna-se imperioso o reconhecimento da não configuração das qualificadoras devendo pois serem afastadas, pois desse modo far-se-á a tão almejada JUSTIÇA. Valparaíso de Goiás, 25 de fevereiro de 2019 ______________________ Slllll OAB -
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