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1 Flávia Demartine Hab. Médicas VI Suturas SÍNTESE É o conjunto de manobras manuais e instrumentais, através do uso de fios e outros materiais, que visa restabelecer a condição anatômica funcional dos tecidos. FERIDAS • As feridas são consequência de uma agressão por um agente ao tecido. • Uso de torniquete é descrito em 400 A.C. • Sutura é documentada desde o terceiro século A.C • Aparecimento da pólvora agravou os ferimentos • O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das feridas quanto à necessidade de desbridamento, aproximação das bordas e curativos. • Lister, em 1884, introduziu o tratamento anti- séptico • Evolução datada de 3000 anos A.C., onde as feridas hemorrágicas eram tratadas com cauterização. • Século XX, evolução da terapêutica com o aparecimento da sulfa e da penicilina ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE • Um adulto é revestido por aproximadamente 2m2 de pele, com aproximadamente 2 mm de espessura. Isto faz da pele o maior órgão do corpo, pois representa 15% do peso corporal, é formado por camadas distintas com características e funções diferentes: Derme, Epiderme e a Hipoderme subcutânea e órgãos anexos como: folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas e unhas. • A. Primeira Camada (Epiderme): é a camada mais externa da pele, constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, tendo como célula principal o Queratinócito, células achatadas ricas em queratina, substância responsável pela proteção. A epiderme está em constante renovação. As células mais antigas são substituídas por outras mais novas e em média a cada 12 dias ocorre esta renovação. • Segunda Camada (Derme): é a camada da pele, localizada entre a epiderme e a hipoderme, formada de tecido conjuntivo que contém fibras proteicas, vasos sanguíneos e linfáticos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As fibras são produzidas por células chamadas fibroblastos, que podem ser elásticas, que permitem a elasticidade e conferem maior resistência à pele. • Terceira Camada (Hipoderme): é a terceira e última camada da pele, formada basicamente por células de gordura e faz conexão entre a derme e a fáscia muscular. Permite que as duas primeiras camadas deslizem livremente sobre as outras estruturas do organismo e atua como reservatório energético; isolamento térmico; proteção contra choques mecânicos; fixação dos órgãos e modela a superfície corporal. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS 1. Quanto ao agente causal: Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado Perfurante – são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos 2 Flávia Demartine Hab. Médicas VI Lácero-contusas - Os mecanismos mais frequentes são a compressão, Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro- cortantes que possuem gume e ponta, Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele, Equimoses e hematomas – na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele. 2. Grau de contaminação: Limpas – são as produzidas em ambiente cirúrgico Limpas-contaminadas– potencialmente contaminadas, Contaminadas - presença de sinais flogísticos, Infectadas – apresentam sinais nítidos de infecção. CICATRIZAÇÃO • Inflamação, • Proliferação, • Maturação. Curso temporal do aparecimento de diferentes células na ferida durante a cicatrização. Macrófagos e neutrófilos são predominantes durante a fase inflamatória (máximo nos dias 3 e 2, respectivamente). Linfócitos aparecem mais tarde e atingem o máximo no dia 7. Os fibroblastos são as células predominantes durante a fase proliferativa. Deposição de matriz na ferida ao longo do tempo. A fibronectina e o colágeno tipo III constituem a matriz 3 Flávia Demartine Hab. Médicas VI inicial. O colágeno tipo I acumulasse posteriormente e corresponde ao aumento da resistência à ruptura da ferida. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO ■ Primeira intenção, ■ Segunda intenção, ■ Terceira intenção. FENÔMENOS • Granulação • Contração • Retração FATORES QUE INIBEM A CICATRIZAÇÃO ■ Infecção ■ Isquemia: – Circulação – Respiração – Tensão local ■ Diabetes melito ■ Radiação ionizante ■ Idade avançada ■ Desnutrição ■ Deficiências vitamínicas: – Vitamina C – Vitamina A ■ Deficiências de minerais: – Zinco – Ferro ■ Fármacos exógenos: – Doxorrubicina (Adriamicina) – Glicocorticosteroides COMPLICAÇÕES ■ Hematoma ■ Seroma ■ Infecção de Ferida ■ Deiscência de Ferida TRATAMENTO DA FERIDA ■ Classificação das feridas: 1. Perda de substância, 2. Penetração da cavidade, 3. Perda funcional, 4. Presença de corpo estranho, 5. Necessidade de exames auxiliares ■ Anti-sepsia: 1. Limpeza com soro fisiológico, 2. Polvidine tópico, 3. Tintura a 10% (PVPI – Polivinil Pirrolidona), 4. Clorexidine (aquosa, alcoólica, degermante), 5. Álcool iodado, 6. Éter. PREPARAÇÃO DE KITS CIRÚRGICOS ■ Os instrumentos e os tecidos a serem usados em cirurgia devem ser limpos de contaminação grosseira. ■ Podem ser limpos manualmente ou com equipamentos de limpeza ultra-sônica e desinfetantes logo após terem sido usados. Depois de lavados, devem ser secos, montados em caixas ou embalados individualmente, e esterilizados. ■ A esterilização pode ser com vapor ou gás, e a embalagem deve ser escolhida de acordo com o método de esterilização, pois ela irá potencializar o método empregado e preservar o material estéril. Desta forma, a embalagem deve ser impermeável a micróbios e durável. ■ Os kits de instrumentos, a dobradura dos aventais e dos campos cirúrgicos devem ser embalados de maneira que possam ser facilmente desembalados sem quebrar a técnica estéril. ■ Há controvérsias quanto ao prazo de expiração da esterilização. Isto porque eventos, e não o tempo, contaminam os materiais. Demonstrou-se que se os itens forem embalados, esterilizados e manipulados adequadamente, permanecerão esterilizados. Ocorrerá contaminação se o pacote for aberto, molhado ou rasgado. CONDIÇÕES PARA UMA BOA SUTURA ■ Anti-sepsia e assepsia ■ Hemostasia perfeita ■ Abolição do “espaço morto” ■ Bordas das feridas limpas e regulares ■ Ausência de corpo estranho e tecido morto ■ Posição anatômica correta 4 Flávia Demartine Hab. Médicas VI ■ Tração moderada dos nós ■ Escolha correta dos instrumentais e materiais de sutura MATERIAIS DE SUTURA ■ Fios ■ Grampos ■ Grampeadores ■ Adesivos sintéticos e biológicos PROPRIEDADES DOS FIOS DE SUTURA Fio de sutura é uma porção de material sintético ou derivado de fibras vegetais ou estruturas orgânicas, flexível, de secção circular e com diâmetro muito reduzido em relação ao comprimento FIO IDEAL ■ Boa segurança no nó; ■ Adequada resistência tensil; ■ Fácil manuseio; ■ Baixa reação tecidual; ■ Não possuir ação carcinogênica; ■ Não provocar ou manter infecção; ■ Manter as bordas da ferida aproximadas até a fase proliferativa da cicatrização; ■ Ser resistente ao meio no qual atua; ■ Esterilização fácil; ■ Calibre fino e regular; ■ Baixo custo. CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS ■ Fio absorvível ■ Alguns, classificados como inabsorvíveis são biodegradáveis. ■ Subclassificações podem ser baseadas: 1. Origem da matéria prima: – Mineral, – Vegetal – Sintético) 2. No número de filamentos: - Mono - Multifilamentado 3. Ou ainda, no tratamento superficial e tingimento na degradação enzimática MATERIAIS INABSORVÍVEIS ■ De origem animal, vegetal ou mineral: – Seda – Linho – Algodão – Aço, ■ À exceção do aço, são de ótimo manuseio. ■ Sintéticos: – Nylon – Perlon – Poliéster – Polipropileno ■ São os mais inertes detodos os fios. MATERIAIS ABSORVÍVEIS ■ De origem animal ou orgânico – Categute (“significa intestino de gato”) ■ Sintéticos: ➢ Multifilamentados: - Ácido poliglicólico - Poliglactina 910 ➢ Monofilamentados - Polidiaxone APRESENTAÇÃO DOS FIOS ■ Comprimento padronizado ■ Agulhados ou não ■ Com uma ou duas agulhas CALIBRE DOS FIOS ■ Designado por codificação ■ Origem na produção de vestuário PROPRIEDADES DOS FIOS Características Físicas ■ Configuração física: monofilamentados ou multifilamentados ■ Capilaridade: captação de líquidos ■ Absorção de fluidos ■ Aderência bacteriana ■ Diâmetro ■ Força tênsil ■ Força do nó ■ Elasticidade ■ Plasticidade ■ Memória Características de Manuseio ■ Pliabilidade: facilidade para dobrar o fio ■ Coeficiente de atrito: deslizar pelos tecidos Características de reação tecidual ■ Todo fio de sutura é um corpo estranho ao tecido vivo, portanto, quanto maior o fio, maior a reação. Por isto deve-se utilizar o fio mais fino possível. Reação inflamatória ao fio ■ Trauma da incisão (diérese) ■ Trauma da passagem da agulha (síntese) ■ Efeito isquemiante do nó ■ Natureza do fio utilizado CONSEQUÊNCIAS 5 Flávia Demartine Hab. Médicas VI ■ Fenômenos precoces – “Cutting out” – Retardo na cicatrização – Bridas ou aderências – Infecção ■ Fenômenos tardios – Abcesso local – Fístulas – Eliminação periódica e espontânea SELEÇÃO DO MATERIAL PARA SUTURA ■ Baseado em: – Propriedades biológicas do fio – Situação clínica SELEÇÃO DO FIO ■ Pele: monofilamento de náilon e prolipropileno ■ Subcutâneo: absorvíveis sintéticos ■ Fáscia: absorvíveis sintéticos (CATEGUTE ESTÁ EM DESUSO!) ■ Músculo: sintéticos absorvíveis, sintéticos não absorvíveis; no miocárdio, náilon ou polipropileno ■ Vísceras ocas: categute, absorvíveis sintéticos e não absorvíveis monofilamentados ■ Tendões: náilon, aço inoxidável, polidioxanona, poligliconato ■ Vaso sanguíneo: polipropileno, náilon, poliéster revestido ■ Nervos: náilon, polipropileno PORTA AGULHAS Mais usados: - Mathieus - Mayo-Hegar AGULHAS DE SUTURA ■ Podem variar de acordo com: – Necessidade do tecido a suturar – Tipo de fio – Localização da área a ser suturada Características ■ Possuem três partes distintas: – Fundo (área traumática) – Corpo (cilíndrico, achatado, trapézio, triangular) – Ponta (cônica, triangular ou bifacetada,lanceolada) Classificação ■ Em relação ao trauma: – Traumática – Atraumática ■ Em relação à curvatura: – Retas – Semi-retas – Curvas CLASSIFICAÇÃO DAS SUTURAS ■ Profundidade: – Superficial – Profunda ■ Plano Anatômico: – Por planos – Em massa – Mista ■ Fio usado: – Absorvível – Inabsorvível ■ tipos de ponto: - Simples - Especial ■ Finalidade: - Hemostática - Aproximação - Sustentação - Estética ■ Espessura do tecido: – Perfurante total – Perfurante parcial ■ Sequência dos pontos: – Separados – Contínuos ■ Posição das bordas: – Confrontamento, aproximação ou aposicional – Invaginante ou de inversão – Eversão TÉCNICA ADEQUADA 6 Flávia Demartine Hab. Médicas VI ■ Manipulação e apresentação das bordas da ferida ■ Colocação da agulha no porta agulha ■ Montagem do fio na agulha (se esse não for agulhado) ■ Sentido da sutura ■ Transfixação das bordas da ferida ■ Confecção do nó ■ Secção do fio PADRONIZAÇÃO DA SUTURA ■ A distância entre um ponto e outro (A-A) não deverá ser maior que o próprio ponto (A-B). ■ Sutura em órgãos ocos: A) Seromucosa B) Muscular C) Mucosa SUTURAS EM PONTOS SEPARADOS ■ Ponto simples separado: mais usados ■ Sutura de relaxamento: igual ao ponto simples, mas a cada 2 ou 3 pontos, faz-se um ponto cuja distância da borda da ferida é maior. ■ Sutura em “U” deitado ou Wolff ou ponto do colchoeiro: parecida com o ponto simples, mas ao atravessar as bordas da ferida, a agulha volta, com uma separação aproximada de 1 cm em sentido inverso ao anterior, unindo-se os cabos; ■ Sutura em “U” em pé ou Donatti: As 4 perfurações se encontram na mesma linha. ■ Sutura em “X” ou de Sultan: para regiões de resistência e submetidas a grandes tensões. ■ Sutura de Lembert: sutura clássica, invaginante. ■ Sutura de Swit: sutura simples separada invertida. ■ Sobreposição de Mayo: utilizada para correção de hérnias. Introduz-se a agulha a 1,5 a 2 cm da borda do anel. O ponto de saída da agulha tem aproximadamente metade da borda do anel. A agulha é introduzida no interior do anel a 1 cm da borda e paralela a borda 1 cm, voltando na outra borda 1,5 a 2 cm. ■ Ponto simples ■ Ponto Donatti ■ Ponto Chuleio ■ Ponto Intradérmico 7 Flávia Demartine Hab. Médicas VI
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