Buscar

Individualização das pessoas naturais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

É essencial que os sujeitos das diversas relações 
sejam individualizados, perfeitamente identificados 
como titulares de direitos e deveres na ordem civil. 
 Essa identificação interessa não só a eles, mas 
também ao Estado e a terceiros, para maior 
segurança dos negócios e da convivência familiar e 
social. 
 Os principais elementos individualizadores da 
pessoa natural são: 
• Nome: designação que a distingue das demais 
e a identifica no seio da sociedade. 
• Estado: indicador da sua posição na família e 
na sociedade política. 
• Domicílio: é a sua sede jurídica. 
 O vocábulo nome, como elemento individualizador 
da pessoa natural, é empregado em sentido amplo, 
indicando o nome completo. 
 Integra a personalidade, individualiza a pessoa, não 
só durante a sua vida como também após a sua 
morte, e indica procedência familiar. 
Conceito 
 Nome é a designação ou sinal exterior pelo qual a 
pessoa se identifica no seio da família e da 
sociedade. 
 O nome é expressão mais característica da 
personalidade, o elemento inalienável e 
imprescritível da individualidade da pessoa, não se 
concebendo, na vida social, ser humano que não 
traga um nome. É ainda, a designação pela qual se 
identificam e distinguem as pessoas naturais, nas 
relações concernentes ao aspecto civil da sua vida 
jurídica. 
 Destacam-se, no estudo do nome, um aspecto 
público e um aspecto individual: 
• O aspecto público decorre do fato de o Estado 
ter interesse em que as pessoas sejam perfeita e 
corretamente identificadas na sociedade pelo 
nome e, por essa razão, disciplina o seu uso na 
Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73). 
• O aspecto individual consiste no direito ao 
nome, no poder reconhecido ao seu possuidor 
de por ele designar-se e de reprimir abusos 
cometidos por terceiros. 
 Preceitua, com efeito, o Código Civil: 
CC, Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele 
compreendidos o prenome e o sobrenome. 
 Esse direito abrange o de usá-lo e defendê-lo 
contra usurpação, como no caso de direito autoral, 
e contra exposição ao ridículo. 
 O uso desses direitos é protegido mediante ações, 
que podem ser propostas independentemente da 
ocorrência de dano material, bastando que haja 
interesse moral. 
 Ações relativas ao uso do nome 
 Tem dupla finalidade as ações relativas ao uso do 
nome: 
• Retificação: para que seja preservado o nome 
verdadeiro. 
• Contestação: para que terceiro não use o nome 
ou não o exponha ao desprezo público. 
 Dispõe, com efeito, o Código Civil: 
CC, Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por 
outrem em publicações ou representações que a exponham ao 
desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
 
CC, Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio 
em propaganda comercial. 
 Mesmo aqueles que negam a natureza jurídica do 
nome civil admitem a concepção do nome 
comercial como um direito autônomo, exclusivo do 
comerciante, que pode impedir que outro o utilize 
no exercício da profissão mercantil, e suscetível de 
alienação com a transferência do fundo de 
comércio. 
 Diversamente do nome civil, que é inalienável, 
como direito da personalidade, o nome comercial 
integra-se no “fundo” como propriedade incorpórea 
e é cessível juntamente com este. 
O Uso de pseudônimo 
 Pseudônimo ou codinome: é um nome fictício 
adotado, diferente do seu nome civil verdadeiro 
(p.ex. Fernanda Montenegro, José Sarney, etc.). 
 Dispõe, com efeito, o Código Civil: 
CC, Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza 
da proteção que se dá ao nome. 
Individualização da Pessoa 
Natural 
Individualização da Pessoa 
Natural 
 
 O dispositivo “tem a vantagem de proteger 
pseudônimos sempre que adotados para atividades 
lícitas, ainda que não tenham alcançado 
notoriedade, ou a importância do nome”. 
 A tutela do nome alcança o pseudônimo (art. 19), 
propiciando direito à indenização em caso de má 
utilização, inclusive em propaganda comercial, ou 
com o intuito de obter proveito político, artístico, 
eleitoral ou religioso. 
Natureza Jurídica 
 Divergem os autores sobre a natureza jurídica do 
nome. Dentre as várias teorias existentes, 
sobressaem-se as: 
• Da propriedade: o nome seria uma espécie de 
propriedade, tendo como titular a família ou o 
seu portador. Essa corrente é inaceitável pois a 
propriedade é alienável e prescritível, o que 
não se compatibiliza com o nome. 
• Da propriedade sui generis: o nome seria 
uma espécie de propriedade única ou peculiar. 
Essa corrente é inaceitável pois não explica a 
natureza jurídica do nome. 
• A negativista: o nome não apresenta os 
caracteres de um direito, não merecendo 
proteção jurídica. Essa corrente é inaceitável 
pois se o nome serve como designação da 
personalidade, capaz de diferenciar as pessoas, 
não há como lhe negar a natureza de um direito. 
• A do sinal distintivo revelador da 
personalidade: também chamada de teoria do 
estado. O nome não passa de um simples sinal 
distintivo e exterior do estado da pessoa. Essa 
corrente é inaceitável pois “não satisfaz 
porque, em síntese, a possibilidade de mudança 
do nome a infirma, atestando a sua 
artificiosidade”. 
• A do direito da personalidade: A teoria aqui 
aceita. 
 A teoria mais aceita e que melhor define a natureza 
jurídica do nome é a que o considera um “direito 
da personalidade”, ao lado de outros, como o 
direito à vida, à honra, à liberdade, etc. 
 O nome representa um direito inerente à pessoa 
humana e constitui, portanto, um direito da 
personalidade. 
 Desse modo, é tratado no Código Civil de 2002, 
que inovou dedicando um capítulo próprio aos 
direitos da personalidade, nele disciplinando o 
direito e a proteção ao nome e ao pseudônimo, 
assegurados nos arts. 16 a 19 do referido diploma. 
 
 
Elementos do nome 
 Proclama o Código Civil: 
CC, Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele 
compreendidos o prenome e o sobrenome. 
 O nome completo compõe-se, pois, de dois 
elementos: prenome (antigamente denominado 
nome de batismo); e sobrenome ou apelido 
familiar (também denominado patronímico, 
nome de família ou simplesmente nome). 
 Em alguns casos, usa-se também o agnome, sinal 
que distingue pessoas pertencentes a uma mesma 
família que têm o mesmo nome (Júnior, Neto, Filho 
etc.) 
 A Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) diz 
apenas que os gêmeos e irmãos que tiverem o 
mesmo pronome deverão ser registrados com 
prenome duplo ou com nome completo diverso, “de 
modo que possam distinguir-se” (art. 63 e parágrafo 
único). 
 Axiônimo: designação que se dá à forma cortês de 
tratamento ou à expressão de reverência, como 
Exmo. Sr., Vossa Santidade etc. 
 Hipocorístico: diminutivo do nome, muitas vezes, 
mediante o emprego dos sufixos “inho” e “inha”, 
que denota intimidade familiar, como Zezinho 
(José), Gabi (Gabriela), Tião (Sebastião) etc. 
 Alcunha: apelido, por vezes, depreciativo, que se 
põe em alguém, geralmente tirado de alguma 
particularidade física ou moral, como, p.ex., 
Aleijadinho, Tiradentes etc. 
 Cognome: palavra que qualifica pessoa ou coisa, 
em regra usada como sinônima de alcunha. 
 Epíteto: pode ser aposto ao nome como designação 
qualificativa, como D. Pedro, “o justiceiro”, p. ex. 
 Títulos de nobreza: conde, comendador e outros, 
usados em alguns países, completam o nome da 
pessoa, servindo para sua identificação. Por essa 
razão, integram-no para todos os efeitos. 
 Títulos acadêmicos, eclesiásticos ou 
qualificações de dignidade oficial, como 
professor, doutor, monsenhor, desembargador etc. 
são, algumas vezes, acrescentados ao nome. 
 Nome vocatório: abreviação do nome, pela qual a 
pessoa é conhecida. Por exemplo: PC (Paulo César 
Farias), Olavo Bilac (Olavo Brás Martins dos 
Guimarães Bilac) etc. 
 As partículas de, do, da, di (De Santi, Di 
Cavalcanti, v.g.) e seus correspondentes em 
idiomas estrangeiros: integram tambémo nome e 
são consideradas sinal de nobreza em certos países. 
 
 
 
 Prenome é o nome próprio de cada pessoa e serve 
para distinguir membros da mesma família. 
 Pode ser simples ou composto. 
 Irmãos não podem ter o mesmo prenome, a não ser 
que seja duplo, estabelecendo a distinção (LRP, art. 
63, parágrafo único). 
 O prenome pode ser livremente escolhido pelos 
pais, desde que não exponha o filho ao ridículo. 
Prescreve, com efeito a Lei n. 6.015, de 31 de 
dezembro de 1973 que: 
LRP, Art. 55. Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não 
registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus 
portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do 
oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da 
cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz 
competente. 
 Essa regra aplica-se também aos apelidos 
populares, que o art. 58 da LRP, com a redação 
determinada pela Lei n. 9.708, de 18 de novembro 
de 1998, denomina apelidos públicos notórios e 
que pode substituir o prenome oficial. 
 A recusa do oficial em proceder ao registro, por 
dever de ofício, não deve limitar-se ao pronome, 
mas, sim, estender-se às combinações de todo o 
nome quando esdruxulas e ridículas, pois outra 
não pode ter sido a intenção do legislador, que deve 
ser sempre perquirida pelo interprete. 
 Sobrenome é o sinal que identifica a procedência 
da pessoa, indicando a sua filiação ou estirpe. 
 Enquanto o prenome é a designação do indivíduo, o 
sobrenome é o característico de sua família, 
transmissível por sucessão. 
 O sobrenome é conhecido como patronímico, 
sendo ainda chamado de apelido familiar (art. 56, 
LRP). 
 Via de regra é impossível sua alteração, porém há 
exceções. 
 As pessoas já nascem com o sobrenome herdado 
dos pais, não sendo, pois, escolhido por estes, como 
ocorre com o prenome. Adquirem-no, assim, com o 
nascimento. 
 Dispõe, com efeito, a Lei n. 6.015/73: 
LRP, Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, 
o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e 
na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a 
condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. 
 Não mais se justifica, ante o principio da isonomia 
constitucional, que o oficial lance, de ofício, 
somente o sobrenome do pai no registro de 
nascimento do filho. Deve o aludido dispositivo ser 
interpretado à luz da Constituição Federal, 
lançando-se o nome de ambos, genitor e genitora. 
 Ainda de acordo com o art. 55 da LRP, mesmo na 
hipótese de a criança ser registrada somente com 
prenome, o sobrenome faz parte, por lei, de seu 
nome completo, podendo o escrivão lançá-lo de 
ofício adiante do prenome escolhido pelos pais. 
 O registro com indicação do sobrenome, tem 
caráter puramente declaratório. Pode ser o do pai, o 
da mãe ou de ambos. Podendo ser simples ou 
composto. 
 O registro de filhos havidos fora do matrimônio é 
regido pelos arts. 59 e 60 da Lei n. 6.015/73 (LRP): 
não será lançado o nome do pai sem que este 
expressamente autorize. 
 A Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992, obriga 
os oficiais do Registro Civil a remeter ao juiz os 
dados sobre o suposto pai, que será convocado para 
reconhecer voluntariamente o filho. Não o fazendo, 
os dados serão encaminhados ao MP, que poderá 
promover a ação de investigação de paternidade. 
 O reconhecimento dos filhos havidos fora do 
casamento é irrevogável e será feito pelos modos 
previstos no Código Civil: 
CC, Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do 
casamento é irrevogável e será feito: 
I – no registro do nascimento; 
II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em 
cartório; 
III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
IV – por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que 
o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato 
que o contém. 
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento 
do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar 
descendentes. 
 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou, no 
dia 17 de fevereiro de 2012, o Provimento 16, que 
permite às mães, mesmo sem a presença do 
homem, registrar seus filhos. 
 Ainda de acordo com o Provimento, pessoas 
maiores de 18 anos, que não tem o nome do pai no 
registro civil, poderão procurar os cartórios e 
indicar o nome do genitor. Após a indicação, o juiz 
escutará a mãe e notificará o pai. Se o 
reconhecimento não for espontâneo, o MP ou a DP 
irá propor a ação de investigação de paternidade. 
 No mesmo sentido a Lei n. 13.112, de 30 de março 
de 2015, que autoriza a mulher a registrar o 
nascimento do filho em igualdade de condições 
com o homem. A referida lei alterou a LRP, que 
garantia ao pai a iniciativa de registrar o filho nos 
primeiros 15 dias de vida. 
 Atualmente, portanto, o pai ou a mãe, 
isoladamente ou em conjunto, devem proceder ao 
registro no prazo de 15 dias. Se um dos dois não 
cumprir a exigência dentro desse período, o outro 
terá até 45 dias para realizar a declaração. 
Imutabilidade do Nome 
 A imutabilidade do prenome é essencial, devendo 
ser afastada somente em caso de necessidade 
comprovada, e não simplesmente porque ele não 
agrada ao seu portador. A facilitação da mudança 
pode ser realmente nociva aos interesses sociais. 
 A Lei n. 9.708, de 18 de novembro de 1998, deu ao 
art. 58 da Lei dos Registros Públicos a seguinte 
redação: 
LRP, Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, 
a sua substituição por apelidos públicos notórios. 
 O critério adotado é, portanto, o da 
inalterabilidade relativa do prenome. 
 Os apelidos públicos notórios somente eram 
acrescentados entre o prenome, que era imutável, e 
o sobrenome, como aconteceu com Luiz Inácio 
“Lula” da Silva. Agora, no entanto, podem eles 
substituir o prenome se quiserem. 
 Por sua vez, a Lei n. 9.807, de 13 de julho de 1999, 
deu nova redação ao parágrafo único do referido 
artigo, prescrevendo que: 
 LRP, Art. 58. Parágrafo único. A substituição do prenome será 
ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente 
da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em 
sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. 
 Desse modo, as testemunhas de crimes que se 
encontram sob coação ou ameaça e necessitam, 
pois, de proteção, podem pleitear não só a alteração 
de seu prenome como ainda a alteração do nome 
completo (Lei n. 9.807/99, arts. 7° e 9°). 
 Apesar da nova redação dada ao art. 58 da LRP, é 
possível obter-se ainda, a retificação do prenome 
em caso de evidente erro gráfico, como prevê o 
art. 110 da LRP, bem como em caso de exposição 
de seu portador ao ridículo, com base no 
parágrafo único do art. 55 da mesma lei, que proíbe 
o registro de nomes extravagantes. 
 A retificação do prenome em caso de evidente erro 
gráfico e de outros “erros que não exijam qualquer 
tipo de indagação para a constatação imediata de 
necessidade de sua correção” se processa com 
suporte no art. 110 e parágrafos da LRP., com a 
redação dada pela Lei n. 12.100, de 27 de novembro 
de 2009, que preveem para a hipótese um 
procedimento sumário, no próprio cartório, com 
manifestação “conclusiva” do MP e correção “de 
ofício pelo oficial de registro no próprio cartório 
onde se encontrar o assentamento” 
 A mudança de prenome, no caso do parágrafo único 
do art. 55, se o oficial não o houver impugnado por 
expor ao ridículo o seu portador, bem como 
outras alterações, dependem da distribuição, 
perante o juiz, de procedimento de retificação de 
nome, na forma do art. 109 da LRP. 
 Tem a jurisprudência admitido a retificação não só 
do prenome como também de outras partes 
esdrúxulas do nome. 
 A jurisprudência já vinha admitindo a substituição 
de prenome oficial pelo prenome de uso. Se a 
pessoa é conhecida por todos por prenome diversodo que consta de seu registro, a alteração pode ser 
requerida em juízo, pois prenome imutável, 
segundo os tribunais, é aquele que foi posto em uso, 
e não o que consta do registro (p. ex. STJ, 
REsp1.217,166-MA; RT 777/377). 
 Atualmente, portanto, o prenome oficial tanto pode 
ser substituído, conforme o caso, por apelido 
popular, na forma dos exemplos citados e de 
acordo com a lei, como por outro prenome pelo 
qual a pessoa é conhecida no meio social em que 
vive, com base no permissivo criado pela 
jurisprudência. 
 Pode haver mudança do prenome também em caso 
de adoção, pois o art. 47, §5°, do Estatuto da 
Criança e Adolescente, com a redação que lhe foi 
dada pela Lei n. 12.010/2009, dispõe que a sentença 
concessiva da adoção “conferirá ao adotado o nome 
do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá 
determinar a modificação de prenome”. A 
alteração, nesse caso, poderá ser total, abrangendo 
o prenome e o sobrenome. 
 Além das hipóteses permitidas por lei para a 
alteração de prenome a jurisprudência ampliou as 
possibilidades de mudança. Tem os tribunais, com 
efeito, autorizado a tradução de nomes 
estrangeiros para facilitar a integração daqueles 
que vêm se fixar no Brasil. 
 Tem sido admitida a inclusão de alcunha ou 
apelidos notórios, como já referido, para melhor 
identificação de pessoas bem como o acréscimo de 
mais um prenome ou sobrenome materno para 
solucionar problemas de homonímia. 
 É possível alterar o nome completo sem prejudicar 
o prenome (que em princípio é definitivo e 
imutável, salvo as exceções mencionadas) e o 
sobrenome. Permite o art. 56 da LRP que o 
interessado, no primeiro ano após ter atingido a 
maioridade civil (dezoito anos, ou antes, se houve 
emancipação), altere o nome, pela via 
administrativa e por decisão judicial (LRP, art. 
110), desde que “não prejudique os apelidos de 
família”. 
 Justifica-se a inclusão de alcunha ou apelido como 
consequência do entendimento de que o nome de 
uso deve prevalecer sobre o do registro. Em vez de 
substituir o prenome, pode assim o interessado 
requerer a adição do apelido, como no caso do 
Presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva. 
 Decorrido o prazo decadencial de um ano após a 
maioridade, essas alterações ainda poderão ser 
feitas, não mais administrativamente, mas, “por 
exceção e motivadamente”, em ação de retificação 
de nome, conforme preceitua o art. 57 da LRP, que 
permite também, no §1°, a inclusão de nome 
abreviado, usado como firma comercial. 
 A homonímia tem sido uma justificativa utilizada 
e aceita para a referida alteração do nome, pois é 
causadora de confusões e prejuízos. 
 Outrossim, alguns autores entendem que o pedido 
de inclusão do sobrenome materno, sem prejuízo 
do paterno, deve ser deferido sem maiores 
indagações, por encontrar amparo no princípio da 
isonomia constitucional (STJ, Resp1.069.864/DF). 
 Tem sido admitida, inclusive, a inversão dos 
apelidos de família, colocando-se o nome do pai 
antes do da mãe, por inexistir norma escrita 
regulando expressamente a ordem de colocação dos 
nomes de família, mas arcaico costume que não se 
compatibiliza com a nova ordem constitucional 
(STJ, REsp 1.323.677/MA). 
 O sobrenome ou patronímico, contudo, em razão 
do princípio, que é de ordem pública, da 
estabilidade do nome (LRP, art. 57), só deve ser 
alterado em casos excepcionais. 
 “A lei limitou a mutabilidade de modo não 
absoluto”. Desse modo, decidiu o STJ que “o nome 
pode ser modificado desde que motivadamente 
justificado”; “a jurisprudência tem sido sensível ao 
entendimento de que o que se pretende com o nome 
civil é a real individualização da pessoa perante a 
família e a sociedade” (STJ, REsp 6664/SP). 
 A Lei n. 11.924, de 17 de abril de 2009, acrescentou 
ao art. 57 da LRP o §8°, dispondo que: 
LRP, Art. 58. §8° O enteado ou a enteada, havendo motivo 
ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer 
ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado 
o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que 
haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos 
de família. 
 A propósito o TJRJ, ao deferir a substituição de 
sobrenome paterno pelo patronímico do padrasto, 
com a ausência de laços afetivos com o pai 
biológico e família paterna, frisou que as 
circunstâncias do caso demonstram que a 
modificação se faz necessária para a preservação da 
dignidade da pessoa humana (TJRJ, Ap. 0000969-
16.2013.8.19.0079, J. 12-3-2014.) 
 Registre-se que a Lei n. 13.484, de 26 de setembro 
de 2017, deu nova redação ao art. 97 da LRP, 
dispensando a manifestação do MP para a 
lavratura das averbações, salvo se o “oficial 
suspeitar de fraude, falsidade ou má fé nas 
declarações ou na documentação apresentada para 
fins de averbação”. Neste caso, ele “não praticará o 
ato pretendido e submeterá o caso ao representante 
do Ministério Público para manifestação, com a 
indicação, por escrito, dos motivos da suspeita”. 
 A referida lei alterou também a redação do art. 110 
da LRP, desjudicializando o procedimento ao 
dispor que: 
LRP, Art. 110. O oficial retificará o registro, a averbação ou a 
anotação, de ofício ou a requerimento do interessado, mediante 
petição assinada pelo interessado, representante legal ou 
procurador, independentemente de prévia autorização judicial ou 
manifestação do Ministério Público, nos casos de: 
I - erros que não exijam qualquer indagação para a constatação 
imediata de necessidade de sua correção; 
II - erro na transposição dos elementos constantes em ordens e 
mandados judiciais, termos ou requerimentos, bem como outros 
títulos a serem registrados, averbados ou anotados, e o documento 
utilizado para a referida averbação e/ou retificação ficará 
arquivado no registro no cartório; 
III - inexatidão da ordem cronológica e sucessiva referente à 
numeração do livro, da folha, da página, do termo, bem como da 
data do registro; 
IV - ausência de indicação do Município relativo ao nascimento 
ou naturalidade do registrado, nas hipóteses em que existir 
descrição precisa do endereço do local do nascimento; 
V - elevação de Distrito a Município ou alteração de suas 
nomenclaturas por força de lei. 
(§§ 1° a 4° revogados) 
§5° - Nos casos em que a retificação decorra de erro imputável ao 
oficial, por si ou por seus prepostos, não será devido pelos 
interessados o pagamento de selos e taxas. 
 Dispõe o Enunciado 82/2019, da Corregedoria do 
CNJ, que a modificação do nome do genitor no 
registro de nascimento e no de casamento dos 
filhos, em decorrência de casamento, separação, 
divórcio, pode ser requerida em cartório, mediante 
a apresentação da respectiva certidão, sem 
necessário ajuizamento de ação de retificação. 
 O aludido provimento aduz que é “direito da 
personalidade ter um nome, nele compreendido o 
prenome e o sobrenome e que ter o patronímico 
familiar de um de seus genitores consiste no retrato 
da identidade da pessoa, em sintonia com o 
princípio fundamental da dignidade da pessoa 
humana”, acrescentando que também poderá ser 
feito em cartório o acréscimo do patronímico do 
genitor ao nome do filho menor de idade, quando 
houver alteração de nome do genitor ou nos casos 
em que o filho foi registrado apenas com o 
patronímico de outro genitor. Todavia se o filho for 
maior que 16 anos, o acréscimo do patronímico 
exigirá seu consentimento. 
 
 
 O nome completo pode também sofrer alterações no 
casamento, na separação judicial e no divórcio, 
na adoção, no reconhecimento de filho, na união 
estável e no caso de transexualidade. 
Casamento 
 Dispõe com efeito o §1° do art. 1.565 do Código 
Civil que: 
CC, Art. 1.565. §1°. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá 
acrescer ao seu o sobrenome do outro 
 O cônjuge, ao se casar, pode permanecer com o seu 
nome de solteiro, mas, se quiser adotar os apelidos 
doconsorte, não poderá suprimir o seu próprio 
sobrenome. 
 Essa interpretação se mostra a mais apropriada em 
face do princípio da estabilidade do nome, que só 
deve ser alterado em casos excepcionais, princípio 
esse que é de ordem pública. “Note-se que a lei não 
permite que a mulher, ao casar-se, tome o 
patronímico do marido, abandonando os próprios. 
Apenas lhe faculta acrescentar ao seu nome de 
família o de seu esposo”. 
 O Código Civil de 2002, aprovado na vigência da 
Constituição Federal, reitera o princípio da 
igualdade dos cônjuges no casamento (CF, arts. 
5°, I, e 226, §5°), permitindo que o marido 
também use o sobrenome da esposa. 
 É possível acrescentar o sobrenome do cônjuge ao 
nome civil durante a convivência conjugal, por 
intermédio de ação de retificação de registro civil, 
conforme os procedimentos do art. 109 da LRP, não 
podendo a opção dada pelo legislador estar limitada 
à data da celebração do casamento (STJ, REsp 
910.094-SC). 
 O cônjuge perde o direito de conservar o sobrenome 
do outro se o casamento for declarado nulo, pois 
somente o casamento válido ou putativo confere 
esse beneplácito. 
 O casamento putativo, ou seja, o casamento que 
embora nulo ou anulável foi contraído de boa-fé por 
um ou ambos cônjuges assemelha-se à dissolução 
do matrimonio pelo divórcio, logo, o cônjuge de 
boa-fé poderá manter o sobrenome do consorte. 
Separação Judicial e Divórcio 
 Dispõe o Código Civil: 
CC, Art. 1.571. §2°. Dissolvido o casamento pelo divórcio direto 
ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; 
salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de 
separação judicial. 
 O CC perfilha o “sistema mitigado de culpa”, pois 
o art. 1.578 possibilita ao cônjuge vencido 
conservar o nome do outro cônjuge como regra, que 
será excepcionada se houver três requisitos 
cumulativos: 
• Ser vencido na ação de separação judicial; 
• Requerimento expresso do vencedor; 
• Não ocorrência de: 
o Evidente prejuízo para identificação; 
o Manifesta distinção entre seu nome de 
família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
o Dano grave reconhecido na decisão 
judicial 
Adoção 
 Lei n. 12.010/2009. 
 O adotado não pode conservar o sobrenome de seus 
pais de sangue, como consequência do 
desligamento dos vínculos de parentesco 
determinado no art. 41, caput, do ECA, sendo 
acrescentado ao seu, obrigatoriamente, o do 
adotante, como dispõe a lei: 
ECA, Art. 47. §5°. A sentença conferirá ao adotado o nome do 
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a 
modificação do prenome. 
 A multiparentalidade tem sido acolhida em casos 
especiais. O TJRS, p. ex., no pedido de adoção 
formulado pelo padrasto da autora, que perdeu o pai 
biológico aos dois anos de idade, reconheceu a 
multiparentalidade, a fim de manter os 
sobrenomes do pai adotante e do biológico. 
Frisou o relator que a pretensão dos autores deveria 
ser acolhida, já que inexiste vedação legal para o 
reconhecimento de duas paternidades quando 
observada a existência de dois vínculos (TJRS, 8° 
C. Cív. Rel. Des. Alzir Felipe Schimitz, j. 16-7-
2015). 
 O STF, no julgamento do RE 898.060, realizado em 
21-09-2016, negou o pedido de reconhecimento 
da preponderância da paternidade socioafetiva 
sobre a biológica, fixando tese de repercussão 
geral. A decisão admitiu a multiparentalidade, com 
a manutenção dos pais afetivos e biológicos, porém 
a existência de pai socioafetivo não tira deveres do 
pai biológico, como o de pagar alimentos 
Reconhecimento do Filho 
 O reconhecimento da paternidade faz com que o 
descendente passe a pertencer ao grupo familiar do 
genitor ou genitora que o reconheceu, com direito 
de usar o apelido familiar do referido grupo. 
 Preserva-se com isso a unidade familiar e evitam-se 
constrangimentos para o filho reconhecido. 
 Também pode haver alteração do nome dos 
descendentes, com o mesmo objetivo, quando 
ocorre alteração do próprio nome dos ascendentes. 
União Estável 
 O CC não disciplina o uso do nome do companheiro 
na união estável ou companheirismo. 
 Deveria, porém, o CC tê-lo feito, porque a hipótese 
é tratada no art. 57, §2° da LRP de forma 
insatisfatória. O texto encontra-se ultrapassado, 
porque refere-se a desquite (rectius: separação 
judicial), que não constitui mais a óbice à 
celebração do casamento após a instituição do 
divórcio no país. 
 Parece acertado, portanto, considerar ter perdido a 
eficácia normativa o art. 57, §2° da LRP com o 
advento do art. 226, §3° da CF. 
 Sendo a união estável reconhecida como entidade 
familiar, qualquer dos companheiros tem o direito 
de usar o sobrenome do outro. 
 Nessa linha decidiu o STJ que é possível a alteração 
de registro de nascimento para a inclusão do 
sobrenome de companheiro, mesmo quando 
ausente comprovação de impedimento legal para o 
casamento, conforme exigia o art. 57, §2°, da LRP 
(STJ, 3° T., REsp 1.206.656/GO, j.16-10-2012). 
Abandono Afetivo 
 O STJ permitiu a exclusão do sobrenome paterno 
nos casos de abandono afetivo do genitor. 
 Afirmou o Tribunal que “o direito da pessoa de 
portar um nome que não lhe remeta às angústias 
decorrentes do abandono paterno e, especialmente, 
corresponda à sua realidade familiar, sobrepõe-se 
ao interesse público de imutabilidade do nome, já 
excepcionado pela própria Lei de Registros 
Públicos. Sendo assim, nos moldes preconizados 
pelo STJ, considerando que o nome é elemento da 
personalidade, identificador e individualizador da 
pessoa na sociedade e no âmbito familiar, conclui-
se que o abandono pelo genitor caracteriza o justo 
motivo de o interessado requerer a alteração de seu 
nome civil, com a respectiva exclusão completa dos 
sobrenomes paternos. Precedentes citados: REsp 
66.643-SP, 4ª T., DJe 21-10-1997, e REsp 401.138-
MG, 3ª T., DJe 26-6-2003” (REsp 1.304.718-SP, 
3°T, DJe 5-2-2015). 
Transexualidade 
 A transexualidade tem sido invocada, também, em 
pedidos de retificação de nome e de sexo no registro 
civil. 
 “Ainda que não se admita a existência de erro no 
registro civil, não se pode negar que a utilização de 
nome masculino por transexual que se submeta a 
cirurgia de mudança de sexo o expõe ao ridículo, 
razão pela qual admite-se a modificação para o 
prenome feminino que o autor da pretensão vem 
se utilizando para se identificar, nos moldes do art. 
55, parágrafo único, c/c o art. 109 da Lei 6.015/73. 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, X, 
inclui, entre os direitos individuais, a 
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da 
honra e da imagem das pessoas, fundamento legal 
autorizador da mudança do sexo jurídico de 
transexual que se submeteu a cirurgia de mudança 
de sexo, pois patente seu constrangimento cada vez 
que se identifica como pessoa de sexo diferente 
daquela que aparenta ser” (RT, 790/115) 
 Na IV Jornada de Direito Civil, realizada pelo 
CJF/STJ, foi aprovado o Enunciado 276, do 
seguinte teor: “O art. 13 do Código Civil, ao 
permitir a disposição do próprio corpo por 
exigência médica, autoriza as cirurgias de 
transgenitalização, em conformidade com os 
procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal 
de Medicina, e a consequente alteração do prenome 
e do sexo no Registro Civil”. 
 O TJRS autorizou a mudança de nome no registro 
civil de transexual, antes mesmo de mudança de 
sexo. “exigir-se que se aguarde a realização da 
cirurgia é, com a devida vênia, atentar contra a 
dignidade da pessoa humana, prevista no art. 1°, III, 
da CF” (TJSP, Ap. 0007491-04.2013.8.26.0196-
Franca). Correta a decisão, visto que a 
transexualidade deve ser constatada em avaliação 
psiquiátrica, e não em exame físico. 
 Esse entendimento foi consagrado pelo STJ em 09 
de maio de 2017, ao proclamar que, à luz do 
principio fundamental da dignidade da pessoa 
humana, o direito dos transexuais à retificação do 
sexo no registro civil não pode ficarcondicionado à exigência de realização da 
operação de transgenitalização. Acrescentou a 
referida Corte que a averbação no registro civil 
deve ser feita no assentamento de nascimento 
original, com a indicação da determinação judicial, 
proibida a inclusão da expressão “transexual”, 
do sexo biológico e dos motivos das modificações 
efetuadas. 
 No dia 15 de agosto de 2018, o STF reafirmou a 
jurisprudência da Corte, permitindo que o 
transgênero mude seu nome e gênero no registro 
civil, mesmo sem procedimento cirúrgico de 
redesignação de sexo. A alteração poderá ser feita 
por meio de decisão judicial ou diretamente no 
cartório. 
 A tese definida, sob o regime de repercussão 
geral, foi a seguinte: “O transgênero tem direito 
fundamental subjetivo à alteração de seu 
prenome e de sua classificação de gênero no 
registro civil, não se exigindo, para tanto, nada 
além da manifestação da vontade do indivíduo, 
o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela 
via judicial como diretamente pela via 
administrativa”. 
 Anote-se que o art. 13 do Código Civil proíbe a 
ablação de órgãos do corpo humano realizado em 
transexuais, malgrado a legitimidade para reclamar 
do ato e de suas consequências, em juízo, seja 
exclusivamente do paciente, que dispõe do próprio 
corpo e poderá dar-se satisfeito com o resultado. 
 O estado constitui a soma das qualificações da 
pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos 
jurídicos. 
 Segundo Beviláqua, é o modo particular de existir. 
É uma situação jurídica resultante de certas 
qualidades inerentes à pessoa. 
Aspectos 
 A doutrina em geral distingue três ordens de estado: 
o individual ou físico, o familiar e o político. 
 
 É o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, 
altura, saúde (são ou insano), etc. 
 Diz respeito a aspectos ou particularidades de sua 
constituição orgânica que exercem influência sobre 
a capacidade civil (maioridade, menoridade, etc.). 
 É o que indica a sua situação na família, em relação 
ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, 
divorciado) e ao parentesco, por consanguinidade 
ou afinidade (pai, filho, irmão sogro, cunhado, etc.). 
 Malgrado os autores em geral não considerem o 
estado de companheiro, a união estável é 
reconhecida como entidade familiar pela CF. Trata-
se de situação que produz efeitos jurídicos, 
conferindo a quem nela se encontra direito a 
alimentos, a meação, a benefícios previdenciários 
etc. Trata-se, pois, de qualidade jurídica a que não 
se pode negar a condição de estado familiar. 
 É a qualidade que advém da posição do indivíduo 
na sociedade política, podendo ser nacional (nato 
ou naturalizado) ou estrangeiro, como explicita o 
art. 12 da CF. 
 Foi publicada, no dia 25 de maio de 2017, a Lei de 
Migração – Lei n. 13.445/2017, que revogou 
expressamente o Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 
6.815/80) e a Lei n. 818/49. 
 Cumpre distinguir nacionalidade de cidadania. Em 
nosso sistema legislativo o conceito de cidadania 
está reservado à qualidade de possuir e exercer 
direitos políticos. Cidadão e eleitor são, pois, 
palavras sinônimas em nossa Constituição. 
Caracteres 
 O estado liga-se intimamente à pessoa e, por isso, 
constitui a sua imagem jurídica. 
 As principais características ou atributos são: 
 
 Assim como não podemos ter mais de uma 
personalidade, do mesmo modo não é possível 
possuir mais de um estado. Por isso, diz-se, que o 
estado é uno e indivisível, não obstante composto 
de elementos plúrimos. 
 Ninguém pode ser casado e solteiro, ou maior e 
menor p.ex. A obtenção de dupla nacionalidade 
constitui exceção à regra. 
 
 O estado civil, como visto, é um reflexo de nossa 
personalidade e, por essa razão, constitui relação 
fora de comércio: é inalienável e irrenunciável, 
em consequência. 
 Isso não impede a sua mutação, diante de 
determinados fatos estranhos à vontade humana ou 
como emanação dela, preenchidos os requisitos 
legais. Assim, menor pode tornar-se maior, solteiro 
pode passar a casado, etc. Modificam-se, nesses 
casos, os elementos que o integram, sem prejuízo 
da unidade substancial, que é inalterável. 
 
 Não se perde nem se adquire o estado pela 
prescrição. O estado ´elemento integrante da 
personalidade e, assim, nasce com a pessoa e com 
ela desaparece. 
 Se, por um lado, não se perde um estado pela 
prescrição, por outro, não se pode obtê-lo por 
usucapião. 
 
 O estado civil “recebe proteção jurídica de ações de 
estado, que têm por escopo criar, modificar ou 
extinguir um estado, constituindo um novo, sendo, 
por isso, personalíssimas, intransmissíveis e 
imprescritíveis, requerendo, sempre, a intervenção 
estatal. É o que se dá com a interdição, separação 
judicial, divórcio, anulação de casamento, etc., que 
resultam de sentença judicial” 
 A noção de domicílio é de grande importância no 
direito. Como as relações jurídicas se formam entre 
pessoas, é necessário que estas tenham um local, 
livremente escolhido ou determinado pela lei, onde 
possam ser encontradas para responder por suas 
obrigações. 
 Todos os sujeitos de direito devem ter, pois, um 
lugar certo no espaço, de onde irradiem sua 
atividade jurídica. Esse ponto de referência é o seu 
domicílio. 
 O vocábulo “domicílio” tem significado jurídico 
relevante em todos os ramos do direito, 
especialmente no direito processual civil. 
Domicílio da pessoa natural 
 O código atual trata conjuntamente do domicílio da 
pessoa natural e da pessoa jurídica no Titulo III do 
Livro I da Parte Geral. 
 
 Pode-se dizer que domicílio é o local onde o 
individuo responde por suas obrigações ou o local 
em que estabelece a sede principal de sua residência 
e de seus negócios. 
 É em ultima análise, a sede jurídica da pessoa, 
onde ela se presume presente para efeitos de direito 
e onde pratica habitualmente seus atos e negócios 
jurídicos. 
 O Código Civil define domicílio no art. 70: 
CC, Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
 Dispõe, ainda: 
CC, Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
 O conceito de domicílio civil é composto, pois, de 
dois elementos: 
Residência 
 A residência é apenas um elemento componente do 
conceito de domicílio, que é mais amplo e com ela 
não se confunde. 
 Residência é simples estado de fato, sendo o 
domicílio uma situação jurídica. A residência é a 
radicação do indivíduo em determinado lugar. 
 Morada ou habitação, não devem ser confundidas 
com a residência, é o local que a pessoa ocupa 
esporadicamente, como a casa de praia ou o hotel 
que passa uma temporada p. ex. É uma mera relação 
de fato, de menor expressão que a residência. 
 Uma pessoa pode ter um só domicílio e mais de 
uma residência. Pode ter também mais de um 
domicílio, pois o CC admite a pluralidade 
domiciliar. Para tanto, basta que tenha diversas 
residências onde “alternadamente, viva”, como 
dispõe o art. 71, ou além do domicílio familiar, 
tenha também domicílio profissional, como 
prescreve o Código Civil: 
CC, Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares 
diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que 
lhe corresponderem. 
 Admite-se também que uma pessoa possa ter 
domicílio sem possuir residência determinada ou 
em que seja de difícil identificação. Preleciona 
Gomes que, nesses casos, para resguardar o 
interesse de terceiros, vem-se adotando a teoria do 
domicílio aparente. A propósito, preceitua o CC: 
CC, Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não 
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
 É o caso, p. ex., dos ciganos e andarilhos ou de 
caixeiros viajantes, que passam a vida em viagens e 
hotéis e, por isso,não têm residência habitual, 
considera-se domicílio o lugar onde forem 
encontrados. 
 Alguns autores preferem a expressão “domicílio 
ocasional”, ou ainda “domicílio presumido”. 
 
Ânimo Definitivo 
 É o segundo elemento componente do conceito de 
domicílio. 
 Consiste na intenção de se fixar em determinado 
local, de forma permanente. 
 As pessoas podem mudar de domicílio, para que a 
mudança se caracterize, não basta trocar de 
enderenço, é necessário que estejam imbuídas da 
“intenção manifesta de o mudar”, como exige o art. 
74 do CC. Essa intenção de mudar é aferida por sua 
conduta e, segundo dispõe o Código Civil: 
CC, Art. 72. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com 
a intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar 
a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde 
vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as 
circunstâncias que a acompanharem. 
 Essas circunstâncias podem ser, p. ex.: a matrícula 
dos filhos em escola da nova localidade, a 
transferência de linha telefônica, posse em cargos 
públicos, abertura de contas bancárias, etc. 
 Perde-se o domicílio, porém, não só pela sua 
mudança, mas também por determinação de lei 
(quando venha a ocorrer uma hipótese de domicílio 
legal que prejudique o anterior) e pela vontade ou 
eleição das partes, nos contratos, no que respeita à 
execução das obrigações deles resultantes (art. 78). 
 
 O primeiro domicílio da pessoa, que se prende ao 
seu nascimento, é denominado domicílio de 
origem e corresponde ao de seus pais, à época. 
 O domicílio pode ser: 
Domicílio Único e Domicílio 
Plúrimo 
 Uma pessoa pode ter um só domicílio denominado 
domicílio único ou familiar, ou mais de um, pois 
nosso Código admite a pluralidade domiciliar. 
 Configura-se o domicílio plúrimo quando a pessoa 
natural tem diversas residências, onde 
alternadamente vive (CC, art. 71). 
 Configura domicílio plúrimo quando além do 
domicílio familiar a pessoa tem também domicílio 
profissional. Se a exercitar em lugares diversos, 
cada um deles constituirá domicílio para as relações 
que a corresponderem (CC, art. 72). 
Domicílio Real e Domicílio 
Presumido 
 As pessoas tem, em geral, residência fixa, 
considerada domicílio real. 
 Algumas pessoas passam a vida em viagens e 
hotéis, sem terem residência habitual. Neste caso, 
ter-se-á por domicílio o lugar onde forem 
encontradas (CC, art. 73), presumindo-se ser este o 
seu domicílio (domicílio presumido) 
Domicílio Necessário ou Legal e 
Domicílio Voluntário 
 O domicílio necessário ou legal é o determinado 
pela lei, em razão da condição ou situação de 
certas pessoas. Nesses casos, deixa de existir 
liberdade de escolha. O art. 76 do CC relaciona 
tais pessoas, enquanto o parágrafo único indica os 
respectivos domicílios, conforme o quadro a 
seguir: 
 Observa-se, no tocante ao incapaz menor, 
tutelado ou curatelado, que o domicílio 
obrigatório lhe é imposto em razão do estado de 
dependência em que se encontra e, no caso do 
preso, em decorrência de sua situação especial. 
Nos demais casos, a atribuição provém da 
profissão ou atividade exercida. 
 Há outras hipóteses de domicílio necessário na lei 
civil: 
• O de cada cônjuge será o do casal (art. 1.569). 
• O agente diplomático do Brasil que, citado no 
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem 
designar onde tem, no país, o seu domicílio 
poderá ser demandado no Distrito Federal ou 
no último ponto do território brasileiro onde o 
teve (art. 77). 
• O viúvo sobrevivente conserva o domicílio 
conjugal enquanto, voluntariamente, não 
adquirir outro (RF, 159/81). 
 No sistema de pluralidade domiciliar acolhido 
pelo nosso direito, as pessoas não perdem 
automaticamente o domicílio que antes possuíam 
ao receber, por imposição legal, o novo. Tal 
poderá ocorrer se porventura se estabelecerem 
com residência definitiva no local do domicílio 
legal. P. ex. uma pessoa mora em Rio Grande e 
passa em um concurso público na mesma cidade, 
essa pessoa terá na realidade dois domicílios, 
podendo ser procurado em qualquer um deles. 
 O domicílio voluntário pode ser geral (escolhido 
livremente) e especial (fixado com base no 
contrato, sendo denominado, conforme o caso, foro 
contratual ou de eleição). 
• Domicílio voluntário geral ou comum: é 
aquele que depende da vontade exclusiva do 
interessado. Qualquer pessoa, não sujeita a 
domicílio necessário, tem a liberdade de 
estabelecer o local em que pretende instalar a 
sua residência com ânimo definitivo, bem 
como de muda-lo quando lhe convier (CC, art. 
74). 
• Domicílio voluntário especial: pode ser o do 
contrato, a que alude o art. 78 do CC, e o de 
eleição, disciplinado no art. 63 do CPC. 
• Foro de contrato: é a sede jurídica ou o local 
especificado no contrato para o cumprimento 
das obrigações dele resultantes. Se refere ao 
lugar da celebração do negócio jurídico. 
• Foro de eleição: é o escolhido pelas parte para 
a propositura de ações relativas às referidas 
obrigações e direitos recíprocos. Prescreve o 
art. 63 do CPC que as partes “podem modificar 
a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde será proposta 
ação oriunda de direitos e obrigações”. Se 
refere a base territorial-judiciária, escolhida 
pelas partes, onde deverão ser distribuídas 
futuras ações decorrentes do negócio jurídico 
celebrado. 
 Concernente ao foro de eleição, há possibilidade de 
a parte por este favorecida abrir mão do benefício e 
ajuizar a ação no foro do domicílio do réu. A 
jurisprudência tem proclamado, com efeito, que a 
eleição de foro não inibe que o credor prefira o for 
do domicílio do devedor quando diverso no credor 
(STJ, REsp 10.998/DF; TJRJ AgI 
001.124.505.262.011.881.190.000). 
 Outra questão acerca do foro de eleição é a que 
versa sobre a não admissão do for de eleição nos 
contratos de adesão, salvo demonstrando-se a 
inexistência de prejuízo para o aderente. Com 
efeito, a sua validade pressupõe a observância do 
princípio da igualdade dos contratantes, não 
respeitado nos contratos dessa espécie. 
 O STJ tem considerado ineficaz a clausula de 
eleição de foro em contratos de adesão: 
• “Quando constitui um obstáculo à parte 
aderente, dificultando-lhe o comparecimento 
em juízo” (REsp 41.540/RS). 
• Se é “abusiva, resultando especial dificuldade 
para a outra parte” (REsp, 40.998-8/RJ). 
• Se o outro contratante “presumivelmente não 
pôde discutir cláusula microscopicamente 
impressa de eleição de foro” (REsp 
34.186/RS). 
 O STJ, considerando o art. 51, IV, do Código de 
Defesa do Consumidor declara nula de pleno direito 
a cláusula abusiva, que coloque o consumidor em 
desvantagem exagerada ou seja incompatível com a 
boa-fé e a equidade, tem proclamado: “A cláusula 
de eleição de foro inserida em contrato de adesão 
não prevalece se ‘abusiva’, o que se verifica 
quando constatado que da prevalência de tal 
estipulação resulta inviabilidade ou especial 
dificuldade de acesso ao Judiciário. Pode o juiz, de 
ofício, declinar de sua competência em ação 
instaurada contra consumidor quando a aplicação 
daquela cláusula dificultar gravemente a defesa do 
réu em juízo” (RSTJ, 140/330 e 129/212. No 
mesmo sentido: RT, 774/319, 780/380, 794/331). 
 O Código de Processo Civil dispõe: 
CPC, Art. 63. § 3° Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, 
se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que 
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do 
réu. 
 A declaração de ineficácia não deve, todavia, ser 
proclamada de forma indiscriminada, mas à luz das 
circunstâncias do caso concreto. Assim, quando 
não há prejuízo para o aderente, que é, p. ex. 
empresa de considerável porte, tem sido admitido 
o foro de eleição em contrato de adesão, não 
cabendo ao juiz suscitar o ofício a sua 
incompetência (STJ, 2°S., CComp.13.632-6/MG). 
Domicílio da pessoa Jurídica 
 A rigor, a pessoa jurídica de direito privado não tem 
residência, mas sede ou estabelecimento, que se 
prende a determinado lugar. 
 Trata-se de domicílio especial, que pode ser 
livremente escolhido “no seu estatuto ou atos 
constitutivos”. Não o sendo, o seu domicílio será “o 
lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e 
administrações” (CC, art. 75, IV). 
 Proclama o STF: 
STF, Súmula 363. A pessoa jurídica de direito privado pode ser 
demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que 
se praticou o ato. 
 O Código Civil admite a pluralidade de domicílio 
dessas entidades prescrevendo: 
CC, art. 75, §1°. Tendo a pessoa jurídica diversos 
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será 
considerado domicílio para os atos nele praticados. 
 Desse modo, se a pessoa jurídica tiver filiais, 
agências, departamentos ou escritórios situados em 
comarcas diferentes, poderá ser demandada no 
foro em que tiver praticado o ato. Assim também 
dispõe o art. 53, III, a e b, do CPP. 
 As pessoas jurídicas de direito público interno, 
têm por domicílio a sede de seu governo. Assim o 
domicílio da União é o Distrito Federal; dos 
Estados, as respectivas capitais; e do Município, o 
lugar onde funcione a administração municipal. 
 Dispõe o Código de Processo Civil, em 
consonância com o art. 109, §§ 1° e 2° da 
Constituição Federal: 
CPC, Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as 
causas em que seja autora a União. 
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser 
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato 
ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no 
Distrito Federal. 
 
CPC, Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as 
causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. 
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o 
demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do 
autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no 
de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. 
 
 Registro civil é a perpetuação, mediante anotação 
por agente autorizado, dos dados pessoais dos 
membros da coletividade e dos fatos jurídicos de 
maior relevância em suas vidas, para fins de 
autenticidade, segurança e eficácia. 
 Tem por base a publicidade, cuja função específica 
é provar a situação jurídica do registrado e torna-la 
conhecida de terceiros. 
 No registro civil, efetivamente, pode-se encontrar a 
história civil da pessoa, a biografia jurídica de cada 
cidadão. 
 A matéria é regida pelo Código Civil, que se limitou 
a determinar o registro dos fatos essenciais ligados 
ao estado das pessoas, e pela Lei n. 6.015 de 31 de 
dezembro de 1973 – Lei dos Registros Públicos. 
 O CC, efetivamente, apenas indica os atos sujeitos 
a registro público: 
CC, Art. 9°. Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 O registro civil, por sua importância na vida das 
pessoas, interessa a todos: ao próprio registrado, a 
terceiros que com ele mantenham relações e ao 
Estado. Os principais fatos da vida humana, como 
o nascimento, o casamento, o óbito, a separação 
judicial e o divórcio, são ali retratados e fixados de 
forma perene. 
 São averbados em registro público: 
• As sentenças que decretarem a nulidade ou 
anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da sociedade 
conjugal. 
• Os atos judiciais ou extrajudiciais que 
declararem ou reconhecerem a filiação (CC, 
art. 10). 
 Averbação é qualquer anotação feita à margem do 
registro para indicar as alterações ocorridas no 
estado jurídico do registrado. 
 São obrigados a fazer a declaração de 
nascimentos, pela ordem: os pais; o parente mais 
próximo; os administradores de hospitais ou os 
médicos e parteiras; pessoa idônea da casa em que 
ocorrer o parto; e as pessoas encarregadas da guarda 
do menor (LRP, art. 52). 
 O Registro Civil está a cargo de pessoas que 
recebam delegação do poder público e são 
denominados Oficiais do Registro Civil das 
pessoas naturais. 
 Outras pessoas têm, também, competência para 
exercer essas funções, como o comandante de 
aeronaves, que pode lavrar certidão de nascimento 
e dos óbitos que ocorrerem a bordo (Código 
Brasileiro de Aeronáutico, art. 173), bem como as 
autoridades consulares (LINDB, art. 18). 
 A Constituição Federal de 1988 dispõe que são 
gratuitos para os reconhecidamente pobres, na 
forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) 
a certidão de óbito (art. 5º, LXXVI). Por sua vez, 
o Código Civil proclama, no art. 1.512: “O 
casamento é civil e gratuita a sua celebração”. 
 O Provimento n. 52, de 14 de março de 2016, da 
Corregedoria Nacional de Justiça autoriza o registro 
automático, sem necessidade de permissão 
judicial, de nascimento dos filhos de casais 
heterossexuais e homoafetivos nascidos por meio 
de técnicas de reprodução assistida, como 
fertilização in vitro e gestação por substituição 
(“barriga de aluguel”). Neste último caso, não 
constará no registro civil da criança o nome da 
gestante. 
 Se os pais forem casados ou viverem em união 
estável, basta que um deles vá ao Cartório fazer 
registro munido com os documentos exigidos. Se a 
reprodução assistida for realizada após a morte de 
um dos doadores, deverá ser apresentado, ainda, 
termo de autorização prévia específica do 
falecido para o uso do material biológico 
preservado, lavrado por instrumento público. 
 A Lei n. 6.015/73 sofreu várias alterações 
produzidas pela Lei n. 13.484, de 26 de setembro de 
2017. Destacam-se: 
• As certidões deverão conter a data do assento 
e, por extenso, a do nascimento, bem como 
mencionar expressamente a naturalidade 
(LRP, art. 19, §4°) 
• Os ofícios de Registro Civil das Pessoas 
ganharam o qualificativo de “ofícios da 
cidadania” e receberam autorização legal para 
“prestar outros serviços remunerados, na 
forma prevista em convênio, em 
credenciamento ou em matrícula com órgãos 
públicos e entidades interessadas” (art. 29, 
§3°). 
• O assento de nascimento deverá conter a 
naturalidade do registrando, a qual “poderá 
ser do Município em que ocorreu o 
nascimento ou do Município de residência da 
mãe do registrando na data do nascimento, 
desde que localizado em território nacional, e 
a opção caberá ao declarante no ato do 
registro do nascimento” (art. 54). 
• O elemento da naturalidade também deverá 
figurar agora das certidões de casamento (art. 
70). 
• A certidão de óbito poderá ser lavrada pelo 
oficial registrador do “lugar do falecimento 
ou do lugar de residência do de cujus quando 
o falecimento ocorrer em local diverso do seu 
domicílio” extraída após a lavratura do 
assento de óbito, em vista do atestado médico, 
se houver no lugar, ou, em caso contrário, de 
duas pessoas qualificadas que tiverem 
presenciado ou verificado a morte (art. 77). 
• É dispensada a manifestação do MP para a 
lavratura das averbações, salvo se “o oficial 
suspeitar de fraude, falsidade ou má-fé nas 
declarações ou na documentação apresentada 
para fins de averbação”. Nesse caso, ele “não 
praticará o ato pretendido e submeterá o caso 
ao representante do MP para manifestação, 
com a indicação, por escrito, dos motivos da 
suspeita” (art. 97) 
• A retificação do registro, da averbação ou da 
anotação será feita pelo oficial “de ofício ou a 
requerimento do interessado, mediante 
petição assinada pelo interessado, 
representante legal ou procurador, 
independentemente de prévia autorização ou 
manifestação do Ministério Público”. 
 Essa última alteração, como se observa, 
desjudicializou o procedimento e terá cabimento 
nas hipótesesde: 
• “Erros que não exijam qualquer indagação 
para a constatação imediata de necessidade de 
sua correção”. 
• “Erro na transposição dos elementos 
constantes em ordens e mandados judiciais, 
termos ou requerimentos, bem como outros 
títulos a serem registrados, averbados ou 
anotados, e o documento utilizado para a 
referida averbação e/ou retificação ficará 
arquivado no registro no cartório”. 
• “Inexatidão da ordem cronológica e sucessiva 
referente à numeração do livro, da folha, da 
página, do termo, bem como da data do 
registro”. 
• “ausência de indicação do Município relativo 
ao nascimento ou naturalidade do registrado, 
nas hipóteses em que existir descrição precisa 
do endereço do local do nascimento”. 
• “elevação do Distrito a Município ou alteração 
de suas nomenclaturas por força de lei”.

Outros materiais