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Metodologias do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Profª Dra. Liliane Pereira Metodologias de ensino de língua materna • Unidade de Ensino: 03 • Competência da Unidade: Conhecer as principais metodologias aplicáveis ao ensino de língua materna. • Resumo: Estudo dos principais métodos e abordagens no ensino de Língua Portuguesa; do uso de tecnologias digitais nas aulas de português; e dos processos de avaliação de aprendizagem em língua materna. • Palavras-chave: Ensino; Língua Portuguesa; Língua materna. • Título da Teleaula: Metodologias de ensino de língua materna. • Teleaula nº: 03 Contextualização da teleaula • Como ensinar a Língua Portuguesa? • Como adequar um método de ensino a um contexto de aprendizagem? • Qual a aplicabilidade de recursos tecnológicos digitais no ensino de Língua Portuguesa? • Como deve ser a avaliação dos alunos no processo de aprendizagem em língua materna? Abordagens para o ensino de Língua Portuguesa (parte I) Alfabetização x Letramento Fonte: Freepik Alfabetização: iniciação no uso do sistema ortográfico; processo de aquisição dos códigos alfabético e numérico; difusão das primeiras letras. Letramento: incorporação funcional das capacidades a que conduz o aprender a ler e escrever. (Houaiss, 2009) Letrar é mais que alfabetizar? Entende-se letramento como sendo “não as próprias práticas de leitura e escrita, e/ou os eventos relacionados com o uso e função dessas práticas, ou ainda o impacto ou as conseqüências da escrita sobre a sociedade, mas, para além de tudo isso, o estado ou condição de quem exerce as práticas sociais de leitura e de escrita, de quem participa de eventos em que a escrita é parte integrante da interação entre pessoas e do processo de interpretação dessa interação.” (Soares, 2002, p. 145) 1 2 3 4 5 6 Letramento como abordagem de ensino Para letrar o aluno, é importante: • pensar a língua em suas diferentes manifestações; • considerar que o uso da língua contempla a interlocução/interação; • valorizar o uso da língua em diferentes contextos; • considerar as diferentes funções da escrita; • inserir o aluno, de fato, nas diferentes práticas sociais que mobilizam a leitura e a escrita. Multiletramentos X Múltiplos letramentos Multiletramentos: remete à multiplicidade de linguagem, uma vez, uma vez que a produção de gêneros multimodais envolve diferentes linguagens, mídias e semioses, bem como à pluralidade cultural. (Cope; kalantzis,2009b). Múltiplos letramentos: surge com o objetivo de se opor à noção de letramento singular, autônomo, que assumiu durante anos papel dominante em muitos círculos governamentais no Reino Unido. (Street, 2012). Abordagens para o ensino de Língua Portuguesa (parte II) O trabalho com gêneros discursivos “[...] cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso.” (Bakhtin, 2010, p. 262) Para inserir os alunos nas práticas sociais, é essencial a abordagem da língua via gêneros discursivos. Os gêneros manifestam-se concretamente por meio de textos. Ensino de Língua Portuguesa pela análise linguística Análise linguística é “[...] o processo reflexivo (epilingüístico) dos sujeitos-aprendizes, em relação à movimentação de recursos lexicais e gramaticais e na construção composicional” dos textos. (Perfeito, 2007, p. 829) O aluno deve ser levado a refletir sobre os usos de sua língua. Fonte: Freepik O eixo de Análise Linguística Envolve os procedimentos e estratégias de análise e avaliação consciente, durante os processos de leitura e de produção de textos (orais, escritos e multissemióticos). Análise e uso de materialidades dos textos, responsáveis por seus efeitos de sentido, determinadas pelos gêneros e pela situação de produção. Fonte: Freepik 7 8 9 10 11 12 Linguagem escrita Serão consideradas as formas de composição dos textos que dizem respeito à coesão, coerência e organização da progressão temática dos textos, influenciadas pela organização típica (forma de composição) do gênero em questão. Fonte: Freepik Linguagem multissemiótica Quanto aos textos multissemióticos, a análise levará em conta as formas de composição e estilo de cada uma das linguagens que os integram, tais como plano/ângulo/lado, figura/fundo, profundidade e foco, cor e intensidade nas imagens visuais estáticas etc. Fonte: Freepik Tecnologias digitais no ensino de Língua Portuguesa Internet e redes sociais no ensino de Língua Portuguesa Internet + Redes sociais = contato com hipertexto “Por hipertexto entendo ser uma forma híbrida, dinâmica e flexível de linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona e acondiciona à sua superfície formas outras de textualidade.” (Xavier, 2005) Fonte: Freepik Lidando com o “internetês” nas aulas de Língua Portuguesa Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/gramatica/3620167. Acesso em: 24 fev. 2020 Deve-se abordar a adequação dos usos da língua a diferentes práticas sociais. Aplicativos e jogos no ensino de Língua Portuguesa O uso de aplicativos e jogos promove: • a gamificação das aulas; • o engajamento dos alunos; • a relação teoria-prática; e • a ressignificação da aprendizagem. Fonte: https://www.letroca- game.com/. Acesso em: 24 fev. 2020 Exemplo de app de jogo: “Letroca” 13 14 15 16 17 18 O celular nas aulas de Língua Portuguesa Abordagem de diferentes gêneros: • postagens em redes sociais; • memes; • mensagens instantâneas (sms); • comentários on-line... Plataforma para atividades de leitura e de produção textual (oral e escrita). Fonte: Freepik O uso de tecnologias e os multiletramentos Multiplicidade semiótica Multiplicidade cultural Multiletramentos (Rojo, 2012) A aplicabilidade de novas tecnologias digitais no ensino de Língua Portuguesa requer novos saberes, ou seja, novos e multi letramentos. Exercício Exercício Fonte: ENADE 2014 Exercício Como adaptar o ensino de leitura e escrita a essa nova realidade tecnológica? A escolha pela metodologia de ensino 19 20 21 22 23 24 Atividade de interação 1 Dentro das possibilidades metodológicas apresentadas, escolha uma delas e justifique porque é essencial para o ensino de Língua Portuguesa. Metodologias ativas no ensino de Língua Portuguesa Ensino híbrido (Blended learning) Confluência de múltiplas metodologias e recursos para o processo de ensino-aprendizagem. A partir dele, “podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços”. (Moran, 2015, p. 27) Exemplo: O professor aborda as marcas do gênero “meme”, por meio de dispositivos móveis. Gamificação (Gamification) Utilização de elementos/fundamentos de jogos – mecânica, estética e conceito – em atividades que estão fora do contexto de jogo. (Kapp, 2012) Exemplo: O professor propõe diferentes desafios gramaticais, com pontuações diferentes, cuja solução permite o avanço para outros desafios de maior complexidade. Fonte: Freepik Sala de aula invertida (Flipped classroom) Método que inverte a lógica de organização da sala de aula. autoestudo > mediação 1 2 Fonte: http://salainvertida.com.br/o-que-e/. Acesso em: 24 fev. 2020. Aprendizagem baseada em problemas Fonte: Freepik Técnica em que o aluno surge como “autor da sua própria aprendizagem”, atuando “na solução de problemas reais ou simulados dentro de uma dinâmica de grupo”. (Pereira, 2017, p. 129) Exemplo: O professor apresenta um caso de “preconceito linguístico” na escola e solicita uma solução. 25 26 27 28 29 30 Aprendizagem baseada em projetos Fonte: Freepik “Metodologia em que os alunos se envolvem com tarefas e desafios para desenvolver um projeto ou um produto”, integrando diferentes conhecimentos e promovendo a interdisciplinaridade.” (Porvir, 2015) Exemplo: O professor solicita o planejamento de uma ação para promoção do respeito à diversidade linguística na escola. Aspectos avaliativos do ensino de Língua Portuguesa Percursodo ensino de Língua Portuguesa Planejamento Execução Avaliação Avaliação das práticas de oralidade “Do ponto de vista da avaliação, o aluno competente é aquele que, ao analisar um gênero oral, consegue perceber e relacionar aspectos de natureza extralingüística, paralingüística e lingüística atuando conjuntamente na construção das significações.” (Melo; Cavalcante, 2007, p. 92) Verificar aspectos ligados à variação linguística e às marcas composicionais de cada gênero. Avaliação das práticas de escrita “Avaliar uma redação não é simplesmente observar se ela está escrita de modo correto, não é acionar a gramática como árbitro absoluto, mas é observar os fenômenos em uso (inclusive os relacionado à análise lingüística) e os efeitos de sentido provocados pelo texto, tendo em vista seu espaço de circulação.” (Marcuschi, 2007, p. 73) Preparar escritores letrados, autônomos, críticos e situados historicamente. Avaliação das práticas de leitura “A avaliação [...] deve, sim, incluir a verificação da capacidade de leitura do aluno. Precisamos saber se o aluno compreende o que lê, porque isso é relevante para a vida em nossa sociedade letrada e porque, como professores, temos a responsabilidade de promover o desenvolvimento da competência leitora de nossos alunos.” (Beserra, 2007, p. 49) A leitura deve estar atrelada a outras práticas de linguagem, escritas e orais. 31 32 33 34 35 36 Avaliação das práticas de análise linguística “Ainda que ocupe, eventualmente, momentos específicos do tempo escolar, a AL não pode ser um fim em si mesma, tampouco pode ser avaliada isoladamente, pois corre-se o risco de fragmentar, de forma equivocada, o complexo fenômeno da linguagem.” (Mendonça, 2007, p. 108) Avaliar a análise linguística significa avaliar o percurso reflexivo do aluno ao lidar com as práticas de linguagem. Métodos de avaliação aplicáveis ao ensino de Língua Portuguesa Avaliação diagnóstica Trata-se de uma avaliação analítica, a partir da qual o professor “verificará o conhecimento prévio de cada aluno para saber se ele domina os pré-requisitos de conhecimentos e/ou habilidades necessários para o início de um novo estágio de aprendizagem”. (Pereira, 2017, p. 139) Avaliação pedagógica, e não classificatória. Fonte: Freepik Avaliação por competências e habilidades Fonte: Freepik A avaliação no contexto da abordagem por competências e habilidades “remete a situações em que o aluno precisa tomar decisões e resolver problemas, sempre analisando uma situação e mobilizando o que já sabe para agir ou reagir de modo adequado”. (Pereira, 2017, p. 99) Avaliação interativa e reflexiva. Avaliação somativa x Avaliação formativa Avaliação somativa “[...] se relaciona mais ao produto demonstrado pelo aluno em situações previamente estipuladas e definidas pelo professor, e se materializa na nota.” (Sordi, 2001, p. 173) Avaliação formativa “Os resultados do aluno [...] não são mais importantes do que o avanço do aluno durante o processo, portanto, esse tipo de avaliação é processual e não pontual.” (Riolfi et al., 2008, p. 201) Fonte: Freepik Multiplicidade de instrumentos/recursos avaliativos no ensino de Língua Portuguesa • Provas, testes, simulados; • produção de textos (diferentes gêneros); • interpretação de textos; • resolução de situações-problema; • composições multimodais; • debates e exposições orais; • [...] Adequação aos objetivos pedagógicos e ao contexto de ensino. 37 38 39 40 41 42 Estratégias para o planejamento das aulas Situação-problema Para atender a esse objetivo pedagógico, como será a sua abordagem metodológica? Você é um professor de Língua Portuguesa, que, pela primeira vez, atuará no Ensino Médio. O conteúdo a ser trabalhado nas próximas semanas abarca as famigeradas orações subordinadas, sempre considerado complexo e “enfadonho” pelos alunos. Você pretende, então, preparar aulas diferentes, que fujam ao tradicional. Problematizando a Situação-Problema O ensino de gramática deve ser observado com base nos seguintes aspectos: • uso contextualizado da língua; • mobilização de textos reais, de diferentes gêneros; • observação dos efeitos de sentido decorrentes de cada construção enunciativa; • promoção constante da análise linguística; • garantia do percurso uso - reflexão - uso. Resolvendo a Situação-Problema Estratégias para o planejamento das aulas: • fazer uso de metodologias ativas; • mobilizar diferentes recursos, inclusive tecnológicos digitais; • mediar o olhar do aluno sobre a composição linguística de textos reais; • propor atividades que exijam a reflexão e a resolução de situações-problema... Importante: A gramática deve ser tratada de forma natural, como componente da organização da língua. O ensino da Língua Portuguesa Atividade de Interação Como propor uma aula dinâmica que leve em consideração o contexto no qual o aluno está inserido e que, ainda, atenda ao que está na BNCC? 43 44 45 46 47 48 Revisão Revisão final • O ensino de Língua Portuguesa é perpassado por múltiplas estratégias e abordagens pedagógicas. • Os diferentes métodos de ensino de Língua Portuguesa devem contemplar a reflexão sobre a língua. • Os recursos tecnológicos digitais permitem a abordagem de novas e múltiplas linguagens. • Por meio de metodologias ativas, o ensino de Língua Portuguesa pode ser reconfigurado. Referências BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. BESERRA, N. S. Avaliação da compreensão leitora: em busca da relevância. In: MARCUSCHI, B.; SUASSUAN, L. Avaliação em Língua Portuguesa: contribuições para a prática pedagógica. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 45-60. FERRAREZI JUNIOR, C. Sintaxe para a educação básica. São Paulo: Contexto, 2012. HOUAISS, A. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. KAPP, K. M. The gamification of learning and instruction: game- based methods and strategies for training and education. San Francisco: Pfeiffer, 2012. Referências MARCUSCHI, B. O texto escolar: um olhar sobre sua avaliação. In: MARCUSCHI, B; SUASSUAN, L. Avaliação em Língua Portuguesa: contribuições para a prática pedagógica. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 61-74. MELO, C. T. V.; CAVALCANTE, M. B. Superando os obstáculos de avaliar a oralidade. In: MARCUSCHI, B.; SUASSUAN, L. Avaliação em Língua Portuguesa: contribuições para a prática pedagógica. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 75-94. MENDONÇA, M. R. S. Análise linguística: por que e como avaliar. In: MARCUSCHI, B.; SUASSUAN, L. Avaliação em Língua Portuguesa: contribuições para a prática pedagógica. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 95-110. Referências MORAN, J. "Educação híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje". In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Orgs.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015, p. 27-46. ORLANDI, E. P. Discurso, imaginário social e conhecimento. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 61, p. 52-59, jan./mar. 1994. PEREIRA, O. A. Metodologias do ensino de língua portuguesa e literatura. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2017. PERFEITO, A. M. Concepções de linguagem e análise lingüística: diagnóstico para propostas de intervenção. In: ABRAHÃO, M. H. V.; GIL, G.; RAUBER, A. S. (Orgs.). Anais do 1º Congresso Latino-Americano sobre Formação de Professores de Línguas Florianópolis. UFSC, 2007. p. 824-836. Referências PORVIR. Aprendizagem baseada em projetos. 28 ago. 2015. Disponível em: https://porvir.org/. Acesso em: 24 fev. 2020. POSSENTI, S. Questões de linguagem. São Paulo: Parábola, 2011. RIOLFI, C. et al. Ensino de língua portuguesa. São Paulo: Thomson Learning, 2008. ROJO, R. Pedagogia dos multiletramentos: diversidade cultural e de linguagens na escola. In: ROJO, R.; MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012, p. 11-31. SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramentosna cibercultura. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002. 49 50 51 52 53 54
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