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JULIA MINODA | RESUMOS INTERNATO Neutropenia febril . Neutropênico de alto risco para infecções é o paciente com número ≤ 500 neutrófilos/mm3 no nadir (representa o ponto mais baixo da curva de contagem das células sanguíneas) da quimioterapia, ou com menos de 1.000 neutrófilos que ainda não atingiu o nadir‐índice, mas ainda está em queda. O paciente deve ser considerado com febre quando apresenta um pico de 38°C ou pelo menos dois picos de 37,8°C nas 24 horas. Etiologia das infecções Mais de 80% dos agentes que colonizam o paciente neutropênico são organismos da flora bacteriana endógena. Os principais agentes patogênicos em pacientes imunossuprimidos são: - Bactérias Gram‐positivas: Staphylococcus aureus, Streptococcus (alfa‐hemolítico), Enterococcus, Corynebacterium, Listeria sp, Clostridium difficile; - Bactérias Gram‐negativas: enterobactérias (Escherichia coli, Klebsiella, Enterobacter, Serratia), Pseudomonas aeruginosa, Stenotrophomonas maltophilia e os anaeróbios; - Fungos: Candida sp, Aspergillus sp, Zygomycetes, Cryptococcus; - Outros: Pneumocystis jirovecii, Toxoplasma gondii, Strongyloides stercoralis, Cryptosporidium; - Vírus: Herpes simplex, varicela zóster, citomegalovírus, vírus Epstein‐Barr, vírus sincicial respiratório, adenovírus, vírus in- fluenza e parainfluenza. Fatores de Risco O tempo de neutropenia é provavelmente o fator de pior prognóstico mais importante em relação às infecções dos imunossuprimidos. Pacientes neutropênicos por mais de 7 dias são fortes candidatos a infecções mais graves. Outro fator importante na evolução desses pacientes é a presença ou não de foco infeccioso detectável. Os pacientes que evoluem com febre de origem indeterminada (FOI) com culturas negativas, habitualmente têm defervescência do processo mais rápido. O tipo de câncer também pode corroborar para evoluções mais tormentosas, como as leucemias e os linfomas de Burkitt. São fatores de melhor prognóstico a previsão de menos do que 7 dias de neutropenia e poucas ou nenhuma comorbidade. Sempre que for diagnosticada neutropenia febril em um paciente com câncer, caracteriza‐se como uma situação de emergência. Conduta e tratamento - Sempre verificar os sinais vitais e a estabilidade hemodinâmica do paciente. Inicialmente: - Estabelecimento de acesso periférico. - Coleta de hemocultura e provas de função hepática e renal - Iniciar antibiótico de amplo espectro com cobertura anti-pseudomonas - Monitorar o estado hemodinâmico - Solicitar propedêutica conforme suspeição de foco infeccioso. Se instabilidade hemodinâmica: - Garantir uma boa via de acesso venoso - Hemocultura - Soro fisiológico 0,9%, 20 mL/kg aberto, - Antibioticoterapia de largo espectro, o mais rápido possível (piperacilina/ tazobactam 300 mg/kg/dia a cada 8 horas ou meropenem 120 mg/kg/dia, a cada 8 horas, e vancomicina 40 mg/kg/dia a cada 6 horas) - A escolha do antibiótico de largo espectro deve ser feita de acordo com o padrão de sensibilidade de cada serviço. - Após a entrada no hospital, esse paciente pode ter seu prognóstico melhorado, se a primeira dose de ATB for administrada em até 20 min. - É importante que o intensivista esteja ciente do caso e, conforme a evolução clínica, o paciente seja encaminhado para unidade de terapia intensiva (UTI). - Assim que possível, os exames laboratoriais devem ser coletados para tentar determinar o agente etiológico e o local da infecção JULIA MINODA | RESUMOS INTERNATO Paciente estável: - Verificar em história clínica e exame físico a presença de focos de infecção. - É importante não se esquecer de perguntar sobre o hábito intestinal, dor para evacuar e/ou dor à micção. A dor para evacuar sugere lesão anal, o que, nesses pacientes, pode evoluir rapidamente para processo infeccioso regional por Gram‐negativo e/ou anaeróbio, de difícil controle. - Solicitar também radiografia de tórax e verificar a presença de cateter venoso, próteses e outros dispositivos invasivos. - A ultrassonografia abdominal pode ajudar no diagnóstico da tiflite, mostrando distensão e até espessamento de alças. - O material de escarro, urina e fezes deve ser coletado, se indicados. - A hemocultura de sangue periférico e do cateter, se presente, é imprescindível para pesquisa de bactérias, fungos e germes oportunistas, além da pesquisa para vírus, nos casos pertinentes. Pacientes FOI - Soro de manutenção durante as primeiras 24 horas, dada a possibilidade de ocorrer instabilidade hemodinâmica. - Coletar hemocultura e iniciar piperacilina/tazobactam na dose de 300 mg/kg/dia a cada 8 horas ou cefepima 50 mg/kg/dose a cada 8 horas. Considerando que as infecções bacterianas e fúngicas são as complicações infecciosas mais comuns no paciente neutropênico, a introdução e a continuidade da antibioticoterapia empírica, bem como a associa‐ ção de terapia antifúngica, quando pertinente, continuam sendo a melhor conduta para esses pacientes. TERMINAR TRATAMENTO QUANDO ▪ Hemocultura negativa. ▪ Recuperação de neutrófilos. ▪ Afebril há 2-3 dias. ▪ 7 dias de cobertura quando não há foco ou tratamento completo para o foco identificado. SITUAÇÕES ESPECIAIS TÓRAX - prováveis focos infecciosos ▪ Aspergilose invasiva ▪ Pneumocistose - P. jiroveci (bct atípica) ▪ Pneumonia ABDOME ▪ Tiflite - inflamação de intestino/cólon/ceco ▪ Abscesso hepático ▪ Colite pseudomembranosa CATETER ENDOVENOSO ▪ Colonização do cateter por gram-positivo ou gram negativo. - hemocultura em cateter FEBRE PROLONGADA ▪ Alta suspeição para etiologia fúngica.