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1 Paola Rodrigues Ramos. 2 Isabel Cristina Rodrigues Oliveira. Centro Universitário Leonardo da Vinci -UNIASSELVI- Letras Português (1642 LED) - Prática Interdisciplinar Módulo VI - 07/12/2021. LITERATURA REGIONAL E AS SUAS PECULIARIDADES Paola Rodrigues Ramos Isabel Cristina Rodrigues Oliveira RESUMO A produção desse presente trabalho é constituído com esforços de cunho interdisciplinar como forma de apresentar a literatura regional e as obras que são intituladas como tal. São apresentados alguns nomes de escritores com viés reginalista. E se debruçará sobre a obra de Rachel de Queiroz com o nome O quinze. E, discorrerá pela Literatura Regional e suas caraterísticas peculiares em contraste a Literatura Universal. Palavras-chave: Literatura regional. Literatura universal. O quinze. Rachel de Queiroz. Identidade cultural. 1. INTRODUÇÃO A literatura regional tem característica bem brasileira, sua concepção se dá ao tocante do que é regional, nacional. Essa nacionalidade está presente no personagem do índio, das paisagens, dos grupos sociais, do modo da fala. A literatura regional é considerada regional por inúmeros motivos uns dos tais é a descentralização da área metropolitana que inicialmente era o Rio De Janeiro e São Paulo. Quando os escritores quiseram registrar suas regiões, o local onde viviam, seu povo, seu modo de falar, foi então que começou o movimento Regionalista que foi no século XIX. Os autores começaram a produzir livros com peculiaridades regionais em suas obras. Eles expressavam a realidade social em momentos históricos de determinada localidade, o regionalismo da época foi dividido em duas dimensões rural e urbano. Objetivo da literatura regional foi representar a ´´tensão entre idílio e realismo correspondem outras constitutivas do regionalismo: entre nação e região, oralidade e a letra, campo e cidade, estória romanesca e romance; entre a visão nostálgica do passado e a denúncia das misérias do presente´´ (CHIAPPINI, 1995). 2 Autores que iniciaram o movimento regionalista no país foram: Gonçalves Dias, José de Alencar e Bernardo Guimarães. E os escritos desse movimento que fazem parte da Escola Literária são: Alfredo d`Escragnole Taunay, Franklin Távola, José Lins Rego. A primeira mulher escritora e jornalista a fazer parte da Academia Brasileira de Letras foi a Rachel de Queiroz, ela também recebeu muitas honrarias e umas dessas homenagens que recebeu foi o Prêmio Camões (1993), que é a maior homenagem que um escritor pode receber em Língua Português. Mas a autora não pode ser simplesmente classificada com regionalista, mas sua primeira obra a foi publicar o livro intitulado, O quinze (1930), que narra a história de uma família de retirantes, que tem foco nas questões como a seca do Nordeste, a miséria, a opressão e a avareza dos poderosos diante dos sofrimento dos mais pobres . Visto que seu o romance com estilo regionalista, é parecidos com as narrativas de Graciliano Ramos, José Lins Do Rego e Jorge Amado. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Literatura regional se diferencia da Literatura consagrada pela crítica literária, que é a Universal, que muitas vezes ela é bem avaliada pela elite brasileira. Mas a literatura regional tem muito valor ao que se diz respeito a identidade cultural do país, podemos dizer que a literatura regional tem características genuinamente brasileiras. Desde os primórdios, os primeiros registros sobre a terra brasileira descreve a fauna, a flora, os índios, tudo o que havia por aqui, descrevendo a vida como era a cultura local, mas obviamente ao longo do tempo muitas etnias foram sendo agregadas ao Brasil, pois assim fomos constituídos com muita diversidade de falares, diversidades de cores, a miscigenação, a culinária, os aspetos físicos, as religiões variadas. E a literatura também não seria diferente, a literatura brasileira é bem diversificada exatamente como seu povo. ˊˊA literatura tem cor? Acreditamos que sim. Porque cor remete a identidade, logo a valores, que, de uma forma ou outra, se fazem presentes na linguagem do texto`` (DUARTE, 2019, p. 10, grifos meu). Podemos observar que desde do movimento do Romantismo a literatura regional dava seus primeiros passos até chegar ao movimento Modernista de 30 pela sua emancipação da Europa. E conforme Bosi que descreve o início da regionalidade na Literatura Brasileira. 3 No entanto, a pré-história das nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país. É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos sociais nascentes, que captamos as condições primitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com o fenômeno da palavra-arte. E não é só como testemunha do tempo que valem tais documentos: também como sugestão temática e formais. Em mais de um momento a inteligência brasileira, reagindo contra certos processos agudos de europeização[...]. (BOSI, 2021, p.13) O Regional foi uma ideia de identidade cultural, quando esse movimento foi iniciado por Gonçalves Dias que foi em sua época um grande escritor indianista, e ficou muito conhecido por escrever o poema ˊˊCanção do Exílio``, e o poema I-Juca-Pirama. Nessa época o nacionalismo estava muito forte em contra ponto ao que chamamos de Parnasianismo que surgiu no século XIX juntamente com o Realismo e o Naturalismo que é chamada a Literatura Universal. E os escritores da literatura Universal prezam muito pela estética e pela formalidade, eles valorizam o vocabulário culto em suas obras. Com o Romantismo torma-se aguda, no Brasil, a consciência da situação de transplantada de sua cultura e [...], a consciência da "votante de criar uma literatura". Instala-se definitivamente na pauta das discussões a questão da autonomia literária, dando-se o primeiro passo para ruptura. A questão da autonomia literária esteve ligada estreitamente à da autonomia política. ( POZENATO, 2009, p. 40). Tento uma literatura genuinamente brasileira assim carateriza sua identidade sem ligação com a Europa, pois com literatura Regional foi um passo para sua autonomia que o país livre precisava sem a europeização. Segundo POZENATO (2009, p. 41). ´´[...] No Romantismo a preocupação é romper, pela afirmação da particularidade do Brasil, com a cultura europeia: o índio e a natureza são escolhidos como tema por servirem de sinal de ruptura, de afirmação da individualidade nacional.`` O fenômeno que demarcou essa ruptura com a Literatura Europeizada foi justamente em nível cultural, depois na linguagem, posteriormente a temática, explicitamente a linguagem brasileira vai tomando o lugar na literatura regional, e esse fênomeno cultural provocou na consciência e no projeto de estabelecer a língua brasileira e foi nesse período que os escritores Românticos firmaram essas diferenças de linguagens. Em 30 com o movimento Modernista muitos escritores regionalistas foram estabelecidos, e a autora Rachel de Queiroz também publicou seu livro com estilo regional que chama-se, O quinze, em 1930 esse romance narrava a vida de Chico Bento e sua família que moram no Sertão que estavam a fugir da seca e da pobreza. Conforme a contracapa que traz a sinopse sobre o livro, diz que O quinze é uma ação magistralmente conduzida em dois planos, aos quais liga a figura central de Conceição, que pertence ´realmente aos dois. É através da sua experiência, através do que ela sente, que os ricos e os pobres confluem; é Conceição, pela inevitável fusão da personagem com a autora, que, integrando numa humanidade única os dois veios da ação romanesca, a ambos torna 4 reais -pois com efeito a receptividade da personagem é a mesma da romancista: é ela quem dá autenticidade a cada um dos mundo e, tornando-os próximos, evitando o perigo do romance social, com a sabia divisão entre ʻbons pobres̓ e ʻmaus ricosʼ, nos faz sentir, num plano muito superior. Adolfo Casais Monteiro. A seguir o trecho do livro, O quinze que narra o momento logo após ChicoBento vender o que tinha para ir embora com sua família para o Ceará e, do Ceará para o Norte. QUEIROZ (2001 p. 26). 5 Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar. Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse. Depois, o mundo é grande e no Amazonas sempre há borracha... Alta noite, na camarinha fechada que uma lamparina moribunda alumiava mal, combinou com a mulher o plano de partida. Ela ouvia chorando, enxugando na varanda encarnada da rede, os olhos cegos de lágrimas. Chico Bento, na confiança do seu sonho, procurou animá-la, contando-lhe os mil casos de retirantes enriquecidos no Norte. [...] O romance de Rachel é um livro literário com estilo regionalista que narra as dificuldades dos retirantes que tiveram que migrar pelos Estados do Nordeste e Norte do Brasil para fugirem da desgraça iminente devido as secas que ocorreu no século passado, existiu muito preconceito com os retirantes, existiu também campos de concentração para essas pessoas que estavam tentando se estabelecer em Fortaleza. Logo abaixo tem o trecho do livro que narra a miséria e a mortandade que assolou aquele Estado na seca histórica na década 1915, que a escritora Rachel viveu na sua infância. FOTOGRAFIA 1: PÁGINA DO LIVRO FONTE: Paola Rodrigues Ramos (2021) 5 A literatura regional documentou acontecimentos históricos importantíssimos, relatou como era a vida dos nossos antepassados, muita rica de informações da identidade cultura, registros imaterial de uma sociedade, considerada património imaterial do país, que traz significado reflexivo sobre nossa sociedade brasileira, que podemos entender melhor o presente como tal é. Pois através da Literatura Regional conseguimos conhecer melhor a população pelo o qual o Brasil é constituído, e pelos olhos e pelos sentimentos expostos que os autores transcreveram ao texto com suas experiências podemos perceber que acontecimentos históricos ˊˊ afetaram de tal modo os autores e as correntes teóricas de analise de textos, que voltou a ter relevância a literatura eventos ligados a fatores históricos e sociais (SANTOS, 2019 p. 122, grifos meu). E com a Literatura Regional podemos saber por quais caminhos a sociedade percorreu até chegar o que somos hoje em dia, com a literatura popular brasileira cria-se uma identidade cultural genuína e original. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia utilizada neste trabalho foi uma pesquisa bibliográfica por meio de livros didáticos e livro literário. Materiais usados no trabalho são fontes bibliografias que argumentam sobre a literatura brasileira, também para o enriquecimento da pesquisa tem o livro O quinze com estilo regionalista que foi uma riquíssima fonte literária de informação sobre o tema. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho abordou sobre sobre o tema Literatura Regional que é muito importante para a identidade literária brasileira, um importante património cultural imaterial, que com suas peculiaridades em ser como é, reflete a população que aqui no Brasil habita e, com todas as suas heterogeneidades e, com todas as suas cores, etnias, crenças, religiões, desigualdades sociais e também desigualdades de gênero. A Literatura deve ser fonte de reflexão, fonte de inspiração e fonte de criatividade a literatura regional é muito profunda em relação ao seu contexto social, ela revela muito sobre a realidade da sociedade que muitas das vezes é ignorada pela elite e também pela literatura. Esse estilo, essa temática pode ser trabalhada em literatura na escola, porque o regional concentra-se em questões sociais e políticas e, caso for trabalhada em sala de aula deve atentar-se a faixa etária dos alunos para que a analise do texto seja bem feita e bem aproveitada. Pois algumas questões que nos 6 livros com estilo regionalistas tem uma linguagem que requer atenção, calma e bom conhecimento sobre questões sociais como desigualdade social, pobreza, injustiça, supressão dos direitos humanos, discriminação e criminalidade. E algumas dessas questões são narradas sobre a escravidão, sobre os indígenas, e também encontramos tema sobre a seca como foi narrado no livro o quinze de Rachel de Queiroz, em aulas de literatura deve ser abordado esses assuntos com alguns critérios e saber a que se destina esse estilo e, para não ocorrer o preconceito que muitas dessas obras sofrem, pois a linguagem é considerada difícil de compreender, principalmente por alunos com repertório vocabular reduzido pela falta de leitura ou pelo difícil acesso as obras literárias. REFERÊNCIAS BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 53. ed. São Paulo: Cultrix, 2021. 13 p. CHIAPPINI, Lígia. Do beco ao belo: dez teses sobre o regionalismo na literatura. 1995. Disponível em:<https://bibliotecavirtual.fgv.br/ojs/index.php/article/view/1989>. Acesso em: 04 nov. 2021. DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura Afro-Brasileira: 100 autores do século XVIII ao XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Pallas Editora e Distribuidora Ltda, 2019. 10 p. POZENATO, José Clemente. O Regional e o Universal na Literatura Gaúcha. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. 40 p. POZENATO, José Clemente. O Regional e o Universal na Literatura Gaúcha. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. 41 p. QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. 70. ed. São Paulo: Editora Siciliano, 2001. 26 p. SANTOS, Abraão Júnior Cabral e. Teoria da Literatura II. Indaial: Uniasselvi, 2019. 122 p. Paola Rodrigues Ramos RESUMO 1.INTRODUÇÃO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3. MATERIAIS E MÉTODOS
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