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História e Conceitos de Câncer: Embora exista o registro de um dos mais antigos tumores no ser humano (um maxilar com sinais de linfoma, datado como 4.000 A.C.), não há um primeiro registro científico inaugural que fale sobre a doença, pois egípcios, persas e indianos, séculos antes de Cristo, já faziam menções aos tumores malignos. Mas foi a escola de medicina de Hipócrates na Grécia (pioneiros por separar a medicina da magia) que primeiramente definiu a doença como um tumor duro. Foi justamente um grego, Hipócrates, que cunhou a palavra "câncer". O "pai da medicina", como é conhecido, viveu entre 460 e 370 a.C. e usou os termos "carcinos" e "carcinoma" para descrever certos tipos de tumores. A medicina só começou a ter avanços significativos na Renascença, no século XV, quando floresceram por todos os lados cientistas e artistas, especialmente na Itália. Os incríveis avanços da Biologia Molecular permitiram compreender o câncer a partir das alterações no material genético de suas células. Câncer: O câncer é um nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que tem como finalidade seu crescimento desordenado podendo ou não se multiplicar; assim denominados malignos e benignos. O processo da carcinogênese de modo geral, tem sua evolução muito lenta, podendo levar vários anos para evolução de alguns centímetros. Ressalta-se que, uma única célula não é capaz de se transformar em célula cancerígena por completo. O câncer é uma doença considerada genética, ou seja, é uma mutação em um gene, capaz de modificar a função celular, e por sua vez pode ser passado à células normais. Quando esses genes são transcritos provocam a síntese de proteínas que mostram ganho ou perda de função biológica. Os genes transformados que causam o câncer são chamados de oncogenes. Estes por sua vez têm sido implicados em muitos tipos erros celulares como o crescimento de forma desordenada em seres humanos; A célula tumoral maligna é considerada assim quando a mesma perde o controle de proliferação e de divisão celular, além dessas alterações podemos encontrar algumas mudanças estruturais como é o caso da perda da adesão da membrana plasmática, capacidade de invadir novos tecidos; Células normais: Divisão celular → maturação → envelhecimento → morte/divisão de novas células. Células tumorais: DNA modificado → mutação → divisão celular → perda do controle celular → tumor. Devemos saber que para uma célula perder o controle, existe sistemas que estão sendo prejudicados devido ao erro genético que acontece no DNA das células. Um dos sistemas que perde sua função é o processo de , o qual designa a idade da célula através do número de multiplicações que uma única célula faz. Outro sistema endógeno ao corpo capaz de ser afetado através do DNA modificado da célula, é o poder da célula se auto destruir, processo esse que chamamos de > Em um caso normal no qual a célula não possui um erro genético, esses sistemas funcionam normalmente, ou seja, quando a célula entende que está muito velha para se dividir ela se auto destrói através do ato de Apoptose. Senescência: processo natural que designa a idade da célula através do número de multiplicações feitas, a fim de evitar possíveis erros genéticos. Apoptose: processo de morte celular natural, ao qual a célula entende que sua vida útil terminou. Porque é um mecanismo útil para manter o equilíbrio dos organismos multicelulares. Nossas células morrem e são renovadas a todo o momento, durante toda nossa vida, e isso pode ocorrer por motivos fisiológicos ou patológicos. Sinais intra e extracelulares desencadeiam e controlam a apoptose nos seres vivos. Fases do câncer: Neoplasia: significa “novo crescimento”. Hiperplasia: aumento benigno de um tecido devido à multiplicação das células que o compõem. Displasia: termo utilizado para designar ocorrência de anomalias genéticas de um órgão ou tecido. Câncer in situ: câncer não invasivo, primeiro estágio em que o câncer não originário das células do sangue pode ser classificado. Nesse estágio, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem. Câncer Invasivo: fase no qual o câncer invade outras camadas celulares do órgão e ganha a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo, processo chamado de metástase. > Metástase: processo o qual permite que as células invadam novos tecidos, e isto acontece através da perda da adesão entre as células, ou seja, a célula cancerosa consegue se “desgrudar” das outras células e entrarem na corrente sanguínea e invadir novos tecidos (órgãos). > Angiogênese: capacidade das células cancerígenas de construir vasos sanguíneos próprios, capazes de irrigar o tumor com nutrientes provenientes do sangue. Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito de um agente carcinogênico (agente oncoiniciador) que provoca modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células encontram-se geneticamente alteradas, porém, não é possível se detectar um tumor clinicamente. Exemplos de substâncias químicas carcinógenas: sulfato de dimetila, metilnitrossuréia, cloreto de vinila, aflatoxinas, dimetilnitrosoamina e benzopireno. Estágio de promoção: As células geneticamente alteradas sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e caracteriza-se pela multiplicação descontrolada, sendo um processo irreversível. O câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. > Carcinoma: câncer desenvolvido em células esfoliativas/escamosas, sendo essas encontradas em camadas de células que revestem o corpo e os órgãos internos. > Adenocarcinoma: canceres que se desenvolvem em célula capazes de produzir algum substrato em prol do funcionamento do organismo, geralmente desenvolvido em glândulas. > Carcinóide: câncer que se desenvolve em células que produzem hormônios, principalmente em células do trato gastrointestinal. > Germinativo: câncer que acomete as células que produzem as células gaméticas do corpo, ou seja, o óvulo e o espermatozoide. > Linfomas: câncer que se desenvolve em células do sistema linfático, ou em tecidos linfáticos em qualquer parte do corpo. > Sarcoma: câncer que se desenvolve em vasos sanguíneos, mais precisamente na parte muscular do vaso sanguíneo; Para classificar os casos de câncer em estádios, é preciso basear-se na constatação que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. Estadiar: é um caso de neoplasia maligna e significa avaliar o seu grau de disseminação. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. > O estadiamento pode ser clínico e patológico: estabelecido por meio de dados do exame físico e dos exames complementares propícios ao caso, já no estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico da peça operatória. pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. Sendo assim, os parâmetros de estadiamento devem incluir fatores relacionados ao tumor e ao hospedeiro, tais como: Órgão e tecido de origem tumoral; Classificaçãohistopatológica do tumor; Extensão do tumor primário: tamanho ou volume; invasão de tecidos adjacentes; comprometimento de nervos, vasos ou sistema linfático; Locais das metástases detectadas; Dosagem de marcadores tumorais; Estado funcional do paciente. tumores que se desenvolvem através de erro genético, porém, não perdem seu controle de proliferação e nem de estrutura celular. Desta forma, as células desse tumor são muito parecidas com as células saudáveis do tecido. Geralmente esses tumores ficam encapsulado, ou seja, fechado em envoltório, sem invadir novos tecidos ou células, fácil de cura e geralmente submetido a processo cirúrgico para isso; tumores invasivos, ou seja, eles perdem seu controle de proliferação e de adesão celular, possibilitando assim que a massa celular desse tumor consiga invadir novos tecidos ou órgão próximos. O desenvolvimento desse tumor é rápido e ele não apresenta o envoltório que o encapsula. Etiologia do Câncer: As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas; > Causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. > Causas internas, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas; > De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns bem conhecidos: cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Os fatores de risco podem ser encontrados no meio ambiente ou serem herdados. Em cerca de 80% dos casos está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Ações de prevenção e controle do câncer: O câncer tornou-se um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo dada à sua magnitude epidemiológica, social e econômica. Sua incidência tem aumentado de maneira significativa, de acordo com a previsão da International Union Against Cancer (UICC) (2005), a incidência de câncer no mundo alcançou mais de 15 milhões em 2020. Ele é responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo. É a segunda causa de morte nos países ocidentais, principalmente nos países em desenvolvimento, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares (INCA, 2017). Estatística: De acordo com o INCA (2019), o câncer de próstata é o tipo de câncer mais incidente nos homens, sendo responsável por 31,7% dos casos, seguido por traqueia, brônquio e pulmão, cólon e reto, estômago, cavidade oral, esôfago, bexiga, laringe, leucemias e SNC. No sexo feminino, prevalece o câncer de mama com 29,5% dos casos, seguido por cólon e reto, colo do útero, traqueia, brônquio e pulmão, glândula tireoide, estômago, corpo do útero, ovário, SNC e leucemias. A OMS avalia que cerca de 40% das mortes causadas por câncer poderiam ser evitadas, fazendo da prevenção um elemento primordial dos planos de controle do câncer. A prevenção em saúde determina uma ação antecipada, pautada no conhecimento da história natural da doença, a fim de evitar o seu progresso. Também pode ser definida como, um conjunto de medidas para diminuir ou evitar a exposição a fatores que aumentam a probabilidade de uma pessoa desenvolver doença ou sofrer um agravo, frequentemente chamados de fatores de risco. Fatores de risco: podem ser divididos em causas externas e internas. > As causas externas estão relacionadas ao meio ambiente, constituindo os fatores de risco ambientais, tais como: substâncias químicas, irradiação, vírus e fatores comportamentais; 80 à 90% de todos os casos de câncer estão relacionados aos fatores ambientais. > Já as causas internas, estão relacionadas com os hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas; sendo raros os casos de câncer cuja causa é apenas fatores hereditários, familiares e étnicos. - tabagismo e alimentação 30% das causas; - hereditariedade 15%; - infecção, exposição profissional e, obesidade e falta de exercício 5% das causas; - álcool 3%; raios UV, medicamentos e poluição 2% das causas - outras causas. Prevenção secundária: Há também a prevenção secundária no controle do câncer, podendo ser chamado como rastreamento (screening) que é o exame realizado nas pessoas assintomáticas. Serve para classificá-las como passíveis ou não passíveis de ter uma doença. O diagnóstico precoce, cujo procedimento é utilizado para tentar descobrir o mais cedo possível uma doença, através dos seus sintomas e/ou sinais clínico, principalmente quando associados à presença de fatores de risco. Em 16 de maio de 2013, foi publicada a Portaria nº 874, a qual instituiu a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), e que compete ao Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS), isoladamente ou em conjunto com outras Secretarias, e do INCA/SAS/MS, a estruturação e implementação da Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer, visando a abrangência das ações de prevenção, promoção, controle e recuperação das pessoas.
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