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LLL No HOMEM, após a puberdade, os hormônios gonadotróficos (LH e FSH) continuam a ser produzidos pela hipófise durante toda a vida, e, pelo menos, alguma espermatogênese continua até a morte. Contudo, a partir dos 50 anos o homem vivencia algum declínio gradual da função sexual, e apesar de ser um declínio acentuado, muitos homens mantém a virilidade aos 80/90 anos. A redução da função sexual no homem é chamada climatério masculino, e está associada, em parte, a redução de testosterona, pode envolver ondas de calor, sufocação e distúrbios psíquicos como na mulher. Assim, esses sintomas também podem ser abolidos com a reposição hormonal de testosterona e androgênios sintéticos ou mesmo estrogênio.² O eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG) masculino é regido pela secreção hipotalâmica de GnRH, a qual controla os pulsos de hormônios luteinizante (LH) e foliculoestimulante (FSH) hipofisários. que estimulam as funções gonadais de produção de testosterona e a espermatogênese. Nos ductos seminíferos do testículos estão as células de Leydig que estimuladas pelo LH produzem testosterona, e as células de Sertoli que estão sendo estimuladas pelo FSH a crescerem e secretarem substância espermatogênicas. Altos níveis de testosterona inibem o eixo Hipotálamo- Hipófise, reduzindo a secreção de GnRH e, consequentemente do LH e FSH.¹ Envelhecimento EIXO HHG, ANDROPAUSA, MENOPAUSA, ALTERAÇÕES SOMÁTICAS E INSTRUMENTAIS DA VELHICE E TEORIAS DO ENVELHECIMENTO EIXO HHG E OS CLIMÁTERIOS Lorena Lima, M7 Além disso, na hipófise dois hormônios estimulados pelo FSH nas células de Sertoli, tem efeitos moduladores: inibina B faz feedback negativo, reduzindo o FSH, bem como os níveis de testosterona e a espermatogênese; já a ativina tem efeito de feedback positivo.¹ Imagem: Tortora LLLMaior taxa de tecido adiposo no idoso,levando a maior conversão periféricapela aromatase com consequenteinibição do eixo (Araújo et al., 2011)Hiporresponsividade relativa dasecreção de LH frente à redução nosníveis de testosterona, visto quemesmo em jovens seu aumento não épronunciado na vigência de queda nosníveis de andrógenos (Woerdeman et al., 2010) Resistência à leptina (Chou e Mantzoros, 2014), nos casos associados a obesidade Aumento da SHBG (proteína ligadora de testosterona), o que reduz a fração livre de testosterona, isto é, sua forma ativa. Os níveis de testosterona decaem com a idade pois sua produção decai, No European Male Aging Study (EMAS), realizado em homens entre 40 e 79 anos, a testosterona total (TT) apresentou queda de 0,4% ao ano, enquanto a testosterona livre (TL) teve queda de 1,3% ao ano (Wu et al., 2008). No Baltimore Longitudinal Study of Aging (Harman et al., 2001), a proporção de pacientes com diagnóstico laboratorial de hipogonadismo (testosterona total < 325 ng/d ℓ ) foi de 20, 30 e 50% para homens entre 60 e 69, 70 a 79 e 80 a 89 anos, respectivamente.¹ Em contrapartida, dois estudos (Feldman et al., e EMAS) demonstraram um aumento reacional de LH e FSH com a idade, 0,9% LH e 1,3% FSH, ao ano. Assim, os baixos níveis de testosterona se associam a algum fator gonadal e não uma reação das gonadotrofinas suficiente para compensar essa disfunção.¹ Os fatores presentes no idoso que levam à progressiva supressão do eixo são: Lorena Lima, M7 A: Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos): Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual; Dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual e Diminuição acentuada na rigidez erétil. B: Os sintomas do critério A persistem por um período mínimo de 6 meses C: Os sintomas do critério A causam sofrimento clinicamente significativo D: A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de uma substância/medicamento, ou de uma condição médica geral. DISFUNÇÃO ERÉTIL Embora haja diminuição da atividade sexual com o envelhecimento, o interesse por ela muitas vezes é mantido entre os idosos. Por causa da sua alta prevalência e das consequências sobre a qualidade de vida, a disfunção erétil (DE) é possivelmente o mais importante problema da sexualidade masculina. Ela é definida como a persistente incapacidade de manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória. Os critérios diagnósticos para transtorno erétil (302.72) são os seguintes: A disfunção erétil é considerada anormal, não fazendo parte do chamado envelhecimento saudável. Outrossim, a função sexual masculina normal não se limita à capacidade de ter ereção, mas é também uma função da interação de fatores culturais, sociais e psicológicos. LLL A etiologia mais comum e vascular! Homens com fatores de risco para doenças vasculares (HAS, Tabagismo e dislipidemia) tem maiores chances de ter DE, o inverso também é verdade. Fisiopatologia Os corpos cavernosos contêm os chamados espaços lacunares onde o sangue se acumula após o relaxamento da sua musculatura lisa. O fluxo sanguíneo para os corpos cavernosos é trazido pelas artérias peniana e cavernosa. A própria tumescência peniana comprime as vias de drenagem venosa, o que impede o escoamento do sangue e ajuda na manutenção da ereção (Dean e Lue, 2005).¹ A inervação parassimpática, que vem dos plexos sacrais, é responsável pelo processo de ereção, enquanto os nervos da cadeia simpática, ao liberarem norepinefrina, levam à vasoconstrição e à perda da ereção. O relaxamento da musculatura lisa é regulado pelo aumento da concentração intracelular do GMPc, que tem sua produção estimulada pelo óxido nítrico (NO) liberado nas terminações nervosas parassimpáticas causando a vasodilatação necessária ao enchimento do fluxo sanguíneo.¹ A enzima fosfodiesterase 5 rapidamente degrada o GMPc, fazendo com que os corpos carvernosos se contraiam e o fluxo diminua, terminando a ereção. Inibidores da fosfodiesterase 5 ( PDE-5), tais como sildenafil (Viagra ®), vardenafil (Levitra ®) ou tadalafil (Cialis ®) são utilizados no tratamento da disfunção erétil.² Todo esse mecanismo depende do funcionamento adequado da inervação peniana, das artérias e veias, e de uma anatomia peniana intacta. Danos a qualquer uma dessas estruturas podem causar DE.¹ Fatores de riscos e causas Isso porquê a existe uma relação entre a disfunção erétil (DE) e a disfunção endotelial, associada principalmente a Lorena Lima, M7 Associado a doenças endócrinas: hipogonadismo, hipo ou hipertiroidismo, hiperprolactinemia e o diabetes melito. Insuficiência renal e hepática Mal de Parkinson e sequelas de AVE. Mais de 100 medicações estão associadas a DE (anti-hipertensivos, especialmente diuréticos e agentes de ação central).¹ secreção de NO para vasodilatação normal. Outro ponto importante é que, em pacientes que têm sinais clínicos de doença vascular obstrutiva, a DE é um marcador de gravidade. Uma vez determinada a presença da DE, é importante ter em mente que ela não é um diagnóstico em si, e sim a consequência de outras patologias. O passo seguinte, portanto, consiste na determinação de todos os fatores que podem estar contribuindo para DE no paciente em questão. A anamnese deve avaliar, além dos dados diretamente relacionados com a disfunção, as histórias sexual e médica do idoso. Um dos objetivos é determinar se o problema é essencialmente disfunção erétil, ou se existe um componente de perda de libido. Importante ressaltar que o idosos saudável não tem perda completa do apetite sexual e a DE não é fisiológica da velhice! A investigação e manejo desses pacientes é fundamental para qualidade de vida e ainda mais pela correlação com doenças vasculares. É importante ressaltar o benefício das intervenções voltadas à modificação do estilo de vida, especialmente a introdução da dietado Mediterrâneo, o exercício físico, a perda de peso nos obesos e a cessação doo tabagismo.¹ LLL Na mulher, após a puberdade, a cada 28 dias, mais ou menos, hormônios gonadotrópicos (LH e FSH) da hipófise anterior fazem com que cerca de 8 a 12 novos folículos comecem a crescer nos ovários. Um desses folículos finalmente “amadurece” e ovula no 14o dia do ciclo. Durante o crescimento dos folículos, é secretado, principalmente, estrogênio. Depois da ovulação, as células secretoras dos folículos residuais se desenvolvem em corpo lúteo que secreta grande quantidade dos principais hormônios femininos, estrogênio e progesterona. Depois de outras duas semanas, o corpo lúteo degenera, quando, então, os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, diminuem bastante, iniciando a menstruação. Um novo ciclo ovariano, então, se segue.² Lorena Lima, M7 sobre o eixo H-H, fazendo com que uma a dois dias após a menstruação os níveis de FSH, primeiro, e depois, LH, voltem a subir. Essa fase de alta de FSH e LH é o crescimento folicular, que dura 11 a 12 dias, com a eventual diminuição deles, contudo, antes disso, ocorre um feedback positivo na hipófise anterior causando um pico de LH- o pico ovulatório, provavelmente pelo alto nível de estrogênio nesse momento (ou o começo da secreção de progesterona pelos folículos). ² A mulher nasce com um número finito de óvulos armazenados nos ovários. Com a idade, sofre depleção dos folículos ovarianos, com consequente falência funcional dos ovários, apesar de existir influência do eixo hipotálamo-hipofisário, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais.¹ A transição menopausal, também denominada perimenopausa, ocorre antes da menopausa caracterizada por irregularidade dos ciclos menstruais com alterações endócrinas acompanhada de sintomas como, por exemplo, fogachos, ressecamento vaginal e distúrbios de sono. A menopausa é uma condição de ocorrência fisiológica devida ao envelhecimento da mulher. O termo é definido como a cessação permanente dos períodos menstruais por 12 meses consecutivos de amenorreia, marcando, portanto, o fim do período reprodutivo (menacme).¹ O declínio funcional dos ovários ocorre gradativamente, englobando um período de transição, denominado climatério, que se estende, sem nenhuma intervenção médica, dos 35 aos 65 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorre entre 45 e 65 anos, situando-se, em média, aos 50 anos. A sua ocorrência antes dos 40 anos é considerada precoce, sendo tida como tardia quando acontece após os 52 anos.¹ Os estrogênios e as progestinas exercem tanto os efeitos do feedback positivo quanto do negativo, na hipófise anterior e no hipotálamo, dependendo do estágio do ciclo ovariano. A inibina tem efeito de feedback negativo na hipófise anterior, enquanto a ativina tem efeito oposto, estimulando a secreção de FSH pela hipófise anterior. Entre a ovulação e a menstruação os hormônios sexuais e a inibina estão em alta, um efeito conjunto de feedback negativo sobre a hipófise e o hipotálamo para suprimir o LH e FSH. Dois a três dias antes da menstruação o corpo lúteo involui, e as concentrações desses três hormônios caem liberando o feedback LLL A multiparidade e o aumento do índice de massa corpórea estão associados ao início tardio da menopausa, enquanto o tabagismo, o tratamento de depressão, a exposição a substâncias químicas tóxicas, a dieta vegetariana, as grandes altitudes, a magreza e a terapêutica com radiação têm sido associados ao seu início precoce.¹ A falência ovariana, com cessação da produção de estrogênios, ainda é acompanhada por pequena produção do hormônio masculino, a testosterona, transformada em estradiol na gordura corporal. Também a glândula adrenal mantém a produção de hormônio masculino, da mesma forma transformado em estrona e estradiol. Ao lado do estroma cortical ovariano, essas são as únicas fontes de produção de estrogênios após a menopausa, que fica bastante aquém da produção que ocorre na fase reprodutiva da mulher.¹ Embora seja um processo fisiológico, a menopausa resulta em profundas modificações no organismo da mulher, determinando, quase sempre, diversos sintomas clínicos, como os vasomotores, além de torná-la suscetível ao aparecimento de doenças, entre as quais destacam-se a osteoporose, as doenças cardiovasculares, a atrofia urogenital, o declínio cognitivo, a depressão e a doença de Alzheimer.¹ Decorrente, portanto, de alterações de ordem morfológica, funcional e hormonal, o climatério é considerado uma endocrinopatia. Assim sendo, o manuseio clínico do climatério se impõe, exigindo do médico conhecimento da sua fisiopatologia, com percepção da necessidade de individualização do tratamento, considerando-se a variabilidade de sintomas de mulher para mulher.¹ Sintomas e efeitos da Menopausa Cérebro e SNC Sabidamente, os estrogênios encontram- se envolvidos na diferenciação dos neurônios, durante a vida fetal, e na formação das sinapses das células nervosas, bem como têm particular ação sobre o hipocampo, o qual desempenha importante papel na memória.¹ Assim, concomitantemente à queda dos estrogênios no período perimenopausal, o volume do cérebro se atrofia, mesmo em mulheres sem qualquer doença evidente. Essa atrofia ocorre no hipocampo e nos lobos parietais, regiões que se associam à memória e à cognição. As queixas de perda de memória e redução na agilidade mental são frequentes na perimenopausa.¹ As ondas de calor constituem o sintoma mais comum da menopausa, ocorrendo em 75% das mulheres na perimenopausa e pós-menopausa, os sintomas podem perdurar entre 1 e 5 min, raramente ultrapassando esse tempo. São decorrentes de instabilidade vasomotora por variação no centro termorregulador hipotalâmico, sugerindo alterações no metabolismo das catecolaminas. A atividade do sistema opioide endógeno reduzido também parece exercer importante papel no transtorno termorregulador, ligado à modulação central dos receptores estrogênicos e à secreção de hormônio luteinizante (LH). O declínio nos níveis de estrogênio e de inibina B, bem como o aumento dos níveis de FSH explicam em parte esse distúrbio de termorregulacão, o qual está associado a alterações dos neurotransmissores cerebrais e da reatividade vascular periférica. Entretanto, isso ainda não está comprovado pois os níveis de estrogênios em mulheres sintomáticas e assintomáticas não difere. ¹ Lorena Lima, M7 LLL As pesquisas também têm demonstrado que os níveis de serotonina reduzem na menopausa. A serotonina é um neurotransmissor que tem papel fundamental na regulação do humor, já quanto a imipramina, uma substância antidepressiva, tem sido demonstrado que sua ação terapêutica sobre a concentração sináptica de serotonina só tem efeito se o estrogênio estiver presente. Além disso, o estrogênio tem efeito competitivo com o triptofano, substância precursora da serotonina, na sua ligação com a albumina, deixando-o livre e disponível.¹ As demências têm se tornado marcantes pelo seu profundo envolvimento social e econômico, a doença de Alzheimer, é 2 a 3 vezes mais prevalente no sexo feminino, provavelmente em decorrência da maior longevidade da mulher em relação ao homem. O Alzheimer tem ligação genética com genes recessivos do cromossomo 19, com fortes evidência inflamatória na sua patogênese. Os estrogênios parecem desempenhar alguns importantes mecanismos de proteção na doença de Alzheimer, como a inibição da formação de placas beta-amiloides nos neurônios, efeitos anti-inflamatórios, produzindo aumento de fluxo sanguíneo cerebral com efeitos neurotróficos e neuroprotetores.¹ O aumento da idade é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de demência. A queda do suprimento neuronal de fatores de crescimento, com o envelhecimento, parece mediar a patologia neural; um desses fatores parece ser o estrogênio, que intensifica a neurotransmissão colinérgica e previne o dano oxidativo celular e a atrofia neuronal. Assim sendo, a terapia hormonal(TH) deveria desempenhar um papel protetor e terapêutico na demência.¹ Lorena Lima, M7 Urogenitais Entretanto, há, ainda, trabalhos que referem inconsistência na melhora das funções cognitivas com suplementação estrogênica. Sabe-se ainda que a queda na atenção, no processamento da memória, aprendizado e memória verbal e na velocidade motora podem ser mais evidentes no primeiro ano após o período menstrual final. Recentemente, foi demonstrado que os estrogênios são capazes de potencializar a ação da levodopa , podendo, talvez, atuar retardando o início da doença de Parkinson, outra doença neurológica progressiva de maior prevalência nos idosos, na qual ocorre redução na produção celular de dopamina por degeneração da substância negra. O estrogênio atua reduzindo a expressão da catecol-O-metiltransferase (COMT), enzima responsável pela degradação da dopamina, podendo ainda reduzir o limiar de resposta da levodopa.¹ O sistema urogenital sofre efeitos deletérios devido queda do estrogênio, o que provoca sintomas em cerca de 1/3 das mulheres. As alterações geniturinárias da menopausa são chamadas de síndrome geniturinária da menopausa, envolvendo alterações nos grandes e pequenos lábios, clitóris, introito e vestíbulo vaginal, vagina, uretra e bexiga. Inclui sintomas de irritação, secura e queimação genital, sintomas sexuais por falta de lubrificação (desconforto, dor, prejuízo na função) e sintomas urinários de urgência, disúria e infecções recorrentes.¹ A vulva perde tecido adiposo, as glândulas de Bartholin se atrofiam, há diminuição da secreção das glândulas sudoríparas e sebáceas. Os pelos pubianos tornam-se escassos e quebradiços. Há, normalmente, retração do introito vaginal, principalmente na ausência de relações.¹ LLL A vagina apresenta-se menos rugosa e elástica, muda sua flora bacteriana, perdendo bacilos de Döderlein, que são substituídos por flora inespecífica, incluindo organismos patogênicos encontrados em infecções do sistema urinário. O pH torna-se mais elevado, em geral acima de 6, mais um fator para originar quadros infecciosos. Caracteristicamente, há atrofia do útero, das trompas e dos ovários. Todo o sistema de sustentação do assoalho pélvico torna- se atrófico e menos elástico, com redução da musculatura pélvica e do tecido colágeno, o que ocasiona prolapso genital.¹ A deficiência estrogênica leva à redução do fluxo sanguíneo para a vagina e a vulva, sendo a maior causa de redução da lubrificação vaginal e da atividade sexual. Além disso, pode determinar neuropatia do nervo pudendo, resultando em menor sensibilidade do clitóris e da área vulvar, processo que parece ser reversível com o uso de estrogênio. A produção de androgênio se reduz e pode resultar em perda de libido, porém os estudos dos efeitos da reposição androgênica sobre a função sexual na mulher são conflitantes.¹ Quanto ao sistema urinário, a parede da uretra torna-se delgada, e a musculatura pélvica ao redor pode enfraquecer. Há redução do tecido conjuntivo que envolve a uretra e a bexiga, região rica em receptores estrogênicos. Consequentemente, há perda de elasticidade e atrofia da mucosa uretral e do colo vesical, com menor irrigação sanguínea e menor resposta muscular. Essas alterações propiciam o aumento da frequência e urgência urinária, associadas ou não à disúria. Além disso, outra ocorrência comum é a incontinência urinária, particularmente ao esforço, quase tão frequente quanto os quadros de instabilidade do músculo detrusor.¹ Lorena Lima, M7 Alterações do tecido conjuntivo Osteoporose pós-menopáusica A infecção urinária é mais frequente no período pós-menopausa, sendo a infecção vaginal, o resíduo pós-miccional e a deficiência imunológica creditados ao hipoestrogenismo os fatores que mais contribuem para que ocorra. Os quadros infecciosos recorrentes levam a fibrose e estreitamento da uretra.¹ Atrofia e conteúdo colágeno da pele e dos ossos reduz-se pela deficiência estrogênica, contribuindo para o envelhecimento e a formação de rugas na pele devido ao aumento de extensibilidade e perda de elasticidade. Com o envelhecimento a pele se torna mais frágil, suscetível ao trauma, com maior facilidade de contusão e lacerações.¹ Sem dúvida, a deficiência estrogênica é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento da osteoporose. Após a menopausa, a densidade mineral óssea diminui cerca de 2,5% por ano, contra 0,13% no período pré-menopausal. Nos primeiros anos da menopausa ocorre redução de massa óssea de 3% ao ano, mantendo-se uma taxa anual de 1 a 2%.¹ A ação estrogênica incide diretamente sobre os ossos, por meio dos receptores estrogênicos e por efeitos sobre o colágeno. Nessa fase, os efeitos positivos dos estrogênios sobre a calcitonina, metabolismo da vitamina D e absorção de cálcio estão diminuídos. ¹ O hipoestrogenismo é a maior causa de desenvolvimento de colapso espontâneo de vértebras. O osso trabecular forma somente 20% do esqueleto e compreende a substância dos corpos vertebrais e de grande parte do colo do fêmur, sendo também de maior atividade metabólica, sofrendo remodelação em cerca de 25%, enquanto o osso cortical em apenas cerca de 3%.¹ LLL Lorena Lima, M7 O limiar de fratura depende de diversos fatores, como características genéticas, uso de determinados medicamentos, estado nutricional, atividade física, e todo um conjunto de hábitos que constituem um estilo de vida. As mulheres altas e magras têm maior risco para o desenvolvimento de osteoporose, bem como as fumantes e as que tomam hormônio de tireoide.¹ A TH é um importante recurso na prevenção da osteoporose decorrente de hipoestrogenismo, diminuindo o turnover ósseo com consequente prevenção da perda óssea. Os benefícios da reposição hormonal são tanto maiores quanto mais precocemente for iniciado o tratamento e mesmo doses baixas são benéficas. Entretanto, iniciar TH depois dos 60 anos com o único propósito de prevenção de fratura osteoporótica não é recomendado.¹
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