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> SP 1 - “Que dá dor no peito?” OBJ. 1: Definir dor torácica aguda. Dor torácica é a sensação de dor ou desconforto percebida de diversas formas, mas com localização na região anterior ou posterior do tórax. A dor torácica na emergência representa um grande desafio para o médico, pois além de queixa frequente, compreende uma variedade de causas, com ampla gama de implicações clínicas. O desconforto torácico ocupa o terceiro lugar nas causas de procura à emergência, representando 10% do total de atendimento. A dor torácica pode ter diversas origens e possui diversos mecanismos diferentes. Uma das formas de diferenciação da origem da dor é a diferença entre a estimulação nervosa somática ou visceral. Somática: As fibras entram na medula espinal em níveis específicos e são distribuídas em dermatomos. A dor costuma ser precisamente descrita, com forte intensidade e bem localizada. Ex: pleurite, costocondrite, zoster. Visceral As fibras entram na medula em múltiplos níveis. Pode se apresentar como desconforto, peso, mal-estar. Não tem localização precisa. Ex: síndrome coronariana aguda, espasmo esofágico. CLASSIFICAÇÃO O desconforto torácico típico ou dor anginosa se refere aquele paciente no qual coexistem 3 características semiológicas: I. Sensação de aperto, peso ou pressão retroesternal (às vezes queimação ou pontada, mas raramente “dor”); II. Início durante esforço físico ou emoções; III. Alívio após repouso ou nitrato sublingual (em 1-5min) Dessa forma, a dor torácica pode ser classificada em 4 tipos (A,B,C,D) pela característica anginosa da dor. 1. Dor TIPO A - DEFINITICAMENTE ANGINOSA: Desconforto retroesternal precipitado pelo esforço, com irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço esquerdo, aliviado pelo repouso ou nitrato. Características que dão certeza de Síndrome Coronariana Aguda, independentemente dos exames complementares. 2. Dor TIPO B - PROVAVELMENTE ANGINOSA: Dor torácica cujas características faz da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, porém com necessidade de exames complementares para a confirmação do diagnóstico. Tem a maioria das características da dor definitivamente anginosa, podendo ser típica sob alguns aspectos, mas atípica em outras. 3. Dor TIPO C - PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não fazem da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, mas devido à existência de múltiplos fatores de risco, doença coronária prévia ou mesmo dor sem causa aparente, necessita de outros exames para excluí-la. Definida como um padrão atípico de dor torácica que não se adapta à descrição da dor definitivamente anginosa. 4. Dor TIPO D - DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não incluem a Síndrome Coronariana Aguda no diagnóstico diferencial. Dor com aspectos evidentes de origem não cardíaca. OBJ. 2: Discutir os diagnósticos diferenciais da dor torácica aguda (epidemiologia, características semiológicas). CAUSAS I. DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA Geralmente associada a pacientes idosos e com hipertensão arterial sistêmica. A dissecção tipicamente inicia com um “rasgo” na túnica íntima da aorta, permitindo ao sangue penetrar a as camadas íntima e a média. Dor intensa 10/10. Dor súbita. Lancinante. Irradiada para o dorso. Pulso assimétrico. ECG: normal ou com alterações isquêmicas e/ou dinâmica do segmento ST-T, mais comumente de parede inferior. RAIO-X DE TÓRAX: inespecífico; aumento do mediastino; duplo contorno do arco aórtico; velamento de hemitórax esquerdo. ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO: “flap” em aorta ascendente; insuficiência aórtica; derrame pericárdico. ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO: local da rotura; extensão da luz falsa; locais de reentrada para luz falsa; insuficiência aórtica; derrame pericárdico; hematoma intramural; úlceras penetrantes. ANGIOTOMOGRAFIA (Protocolo de Síndrome Aórtica Aguda) - Padrão ouro para o diagnóstico. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA DE AORTA (Protocolo de Síndrome Aórtica Aguda). II. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP) O TEP ocorre com a migração de um trombo já existente no sistema venoso periférico, que migra até o lado direito do coração e é enviado para o pulmão, impactando nas artérias pulmonares. Dor súbita pleurítica. (Característica de dor ao inspirar) + hipóxia + dispneia. ECG: padrão S1, Q3 e T3 em alguns casos; pode ter distúrbios de condução de ramo direito; onda P Pulmonale; pode ocorrer fibrilação. RAIO-X DE TÓRAX: sem sinais de congestão; zonas de hipertransparência com áreas de hipoperfusão. LABORATORIAL: Dímero D; gasometria arterial PO2 - menor 80mmHg. ECOCARDIOGRAMA: hipertensão pulmonar e avaliação de função do ventrículo direito. ANGIOTOMOGRAFIA (Protocolo TEP). FATORES DE RISCO: TVP previa (icc, iam, gravidez, idade >40 anos). III. SÍNDROME CORONARIANA AGUDA Isquemia miocárdica que ocorre por obstrução do fluxo coronariano. A doença aterosclerótica é a principal causadora da SCA, pela ruptura de placa ateromatosa e agregação plaquetária, gerando obstrução do fluxo sanguíneo. Dor em aperto, pressão, queimação; Desencadeada por estresse físico ou emocional. Dor aliviada com repouso. Em idosos, diabéticos e mulheres podemos ter como manifestação a dispneia, hipotensão, síncope, diaforese, dor epigástrica e vômitos. IV. PNEUMOTÓRAX O acúmulo de ar no espaço pleural causa compressão do mediastino e deslocação de estruturas torácicas. Pode ocorrer por trauma ou procedimentos como acesso venoso central. Dor torácica de início súbito, em repouso e dispneia. Localizada no hemitórax afetado, sendo do tipo pleurítica. ECG: normal. RAIO-X DE TÓRAX: presença de linha de pneumotórax. V. DOR GASTROESOFÁGICA Pacientes com refluxo gastresofágico pode apresentar desconforto torácico, pirose, definido como uma sensação opressiva, retroesternal ou subesternal. Podendo irradiar-se para pescoço, braços, dorso, muitas vezes associado a regurgitação alimentar. A dor da ulcera péptica se localiza em região epigástrica, mas as vezes pode ser referida em região subesternal ou retroesternal. Geralmente ocorre após uma refeição. A ruptura de esôfago (síndrome de Boerhaave) é grave e pode ser causado por vômitos intensos ou traumas. A dor é excruciante, retroesternal acompanhada de um componente pleurítico à esquerda. VI. DOR OSTEOMUSCULAR A dor osteomuscular, geralmente, possui características pleuríticas pela relação com os movimentos dos músculos e das articulações produzidos pela respiração. A palpação desses locais desencadeia dor. A dor é contínua e localizada. VII. DOR PSICOGÊNICA A dor psicogênica costuma acometer pacientes com depressão ou com transtornos de ansiedade. É difusa, imprecisa e pode estar associada ao abuso de analgésicos. AVALIAÇÃO - ANAMNESE Caracterização da dor: Dor que começa de maneira mais abrupta possui mais associação com dissecção de aorta, pneumotórax e TEP. O desconforto da SCA tipicamente começa gradualmente e piora com esforço. Já na angina estável, a dor parece apenas quando a demanda de oxigênio é aumentada. Qualidade da dor: Pacientes com SCA geralmente relatam um desconforto que pode ser um peso, pressão ou aperto. É uma dor que irradia para membros superiores e que pioram ao exercício. Já a dissecção aguda de aorta o paciente geralmente relata um rasgo no peito. A dor é retroesternal, mas pode ser sentida no dorso. TEP pode se apresentar com diferentes tipos de dor, podendo até se apresentar como dispneia sem dor. Pacientes com pneumotórax geralmente relatam dor em um único lado. Na pericardite, classicamente o paciente relata que a dor é dependente da posição, piorando ao ficar em ortostase e aliviando ao se curvar.Dor bem localizada, que dói à palpação ou movimentação é típico de doenças musculoesqueléticas. Geralmente a história associada é de exercício ou trauma no local. Antecedentes Trauma; cirurgia de grande porte; períodos de imobilização; uso de drogas; tabagismo; histórico familiar. Comorbidades Hipertensão; diabetes; doença arterial periférica; história de neoplasia; doença valvar; gravidez recente. OBJ. 3: Entender o manejo da dor torácica aguda (fluxograma). 1. Dor TIPO A - DEFINITICAMENTE ANGINOSA: Desconforto retroesternal precipitado pelo esforço, com irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço esquerdo, aliviado pelo repouso ou nitrato. Características que dão certeza de Síndrome Coronariana Aguda, independentemente dos exames complementares. 2. Dor TIPO B - PROVAVELMENTE ANGINOSA: Dor torácica cujas características faz da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, porém com necessidade de exames complementares para a confirmação do diagnóstico. Tem a maioria das características da dor definitivamente anginosa, podendo ser típica sob alguns aspectos, mas atípica em outras. 3. Dor TIPO C - PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não fazem da Síndrome Coronariana Aguda a principal hipótese diagnóstica, mas devido à existência de múltiplos fatores de risco, doença coronária prévia ou mesmo dor sem causa aparente, necessita de outros exames para excluí-la. Definida como um padrão atípico de dor torácica que não se adapta à descrição da dor definitivamente anginosa. 4. Dor TIPO D - DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA: Dor torácica cujas características não incluem a Síndrome Coronariana Aguda no diagnóstico diferencial. Dor com aspectos evidentes de origem não cardíaca. Monitorização: Oxímetro de pulso; Solicitar ECG; Avaliação imediata nos primeiros 10 minutos; Pacientes com piora ou mudança da dor realizar novamente na 03ª hora; Biomarcadores: Solicitar as troponinas ultrassensíveis; Na admissão, na 03ª hora (ABC) e na 06ªhora (opcional). OBJ. 4: Explicar a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, complicações, diagnóstico e tratamento da pericardite. Pericardite é um processo inflamatório do pericárdio que tem múltiplas causas e se apresenta tanto como doença primária quanto secundária. Ela geralmente é benigna e autolimitada, mas pode cursar com derrame e tamponamento cardíaco, o que aumenta sua morbidez. De acordo com sua evolução e forma de apresentação clínica, pode ser classificada em: Pericardite aguda Pericardite crônica Derrame pericárdico e tamponamento cardíaco Pericardite constritiva Pericardite recorrente EPIDEMIOLOGIA De acordo com dados de serviço de emergência, 5% dos pacientes com queixa de dor torácica nas quais foi afastada insuficiência coronariana aguda e 1% daqueles com supradesnivelamento do segmento ST tinham pericardite aguda. Em relação ao derrame pericárdico e tamponamento cardíaco é mais frequente quando a etiologia é por tuberculose ou neoplasias. A pericardite aguda é uma doença que costuma acometer adolescentes ou adultos jovens. Na maioria das vezes, a etiologia é uma infecção viral ou idiopática. ETIOLOGIA As causas de pericardite são divididas em infecciosas e não infecciosas. Entre as infecções pericárdicas, a pericardite viral é a mais comum e seu processo inflamatório deve-se a ação direta do vírus ou a uma resposta imune. Os mais comuns são: enterovírus, ecovírus, Epstein barr, herpes simples, influenza e citomegalovírus (CMV), sendo o último mais frequente em imunodeprimidos e soropositivos. Nos indivíduos soropositivos, a pericardite decorre principalmente de doenças infeciosas, não infecciosas ou neoplásicas (linfoma e sarcoma de kaposi). A pericardite bacteriana manifesta-se geralmente com derrame pericárdico, e sua origem pode estar em situações como pneumonia, empiema, disseminação hematogênica, pós- cirurgia cardíaca ou torácica. É uma das complicações infecciosas do pós-operatório de cirurgia torácica ou relacionada a trauma torácico. Já o envolvimento autoimune do pericárdio acontece especialmente nos casos de lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerodermia, polimiosite e dermatomiosite. A pericardite pós-infarto pode ocorrer precocemente nos 3 primeiros dias do IAM. Além disso, a insuficiência renal é uma das causas mais comuns de doença pericárdica, produzindo derrame em 20% dos pacientes, podendo se manifestar como pericardite urêmica ou associada a diálise. Já as pericardites neoplásicas são devido a invasão tumoral ou linfática ou por disseminação hematogênica. 1. PERICARDITE AGUDA A pericardite aguda classicamente se manifesta como uma síndrome febril com frequente acometimento de vias aéreas superiores, dor torácica e atrito pericárdico. A dor torácica tem características clássicas que sugerem uma pericardite, como a localização precordial ou retroesternal tipo continua, longa duração (horas, dias), irradia para a região cervical e para o trapézio. É uma dor do tipo pleurítica (piora com a inspiração profunda, tosse e espirro), piora com o decúbito dorsal e alivia na posição sentada com o tronco inclinado para frente. Eventualmente é uma dor de caráter constritivo, com irradiação para o braço esquerdo, simulando a dor anginosa. Além disso, o paciente pode queixar-se de uma dispneia. Além de poder ter um quadro gripal (febre, dor no corpo, fadiga) como um pródromo comum da pericardite viral. No exame físico, esse paciente encontra-se geralmente taquicardíaco e um pouco taquipneico. Porém, o achado patognomônico de pericardite aguda é o atrito pericárdico que pode compreender de um a três tempos e pode ser transitório, tem um som áspero (como o ranger entre duas lixas), mais audível com o paciente sentado com o tronco inclinado. DIAGNÓSTICO Não existe um exame padrão ouro para a confirmação diagnostica de pericardite aguda. Porém o diagnóstico pode ser feito pela relação entre um quadro clinico compatível e exames complementares. Lembre-se, o atrito pericárdico é parte fundamental do diagnóstico. ECG: apesar do pericárdio ser eletricamente silencioso, essa pericardite pode se estender até a região epicárdica, culminando com o aparecimento de um supra desnivelamento de ST, com ST de aspecto côncavo e a onda T positiva e apiculada. ECO: o principal achado nesse exame é o derrame pericárdico. Porém é mais comum a ausência desse derrame ou um derrame leve. RADIOGRAFIA: o rx de tórax geralmente é normal, a não ser se houver um derrame pericárdico de moderada a grande intensidade, levando a presença de uma cardiomegalia. MARCADORES LABORATORIAIS: - Marcadores de necrose miocárdica: Níveis elevados de marcadores miocárdicos são observados em pacientes com pericardite aguda, sendo mais frequente a elevação de troponina I. - Marcadores de atividade inflamatório: Os marcadores de atividade inflamatória de fase aguda como VHS, leucocitose e Proteína C reativa (PCR), encontram-se elevados em aproximadamente 75% dos pacientes, sendo que a ausência desses marcadores na avaliação inicial de pacientes e não afasta o diagnóstico. PERICARDIOCENTESE E BIÓPSIA PERICÁRDICA: A pericardiocentese é um procedimento invasivo utilizado com o objetivo terapêutico e diagnóstico. Ela está indicada na presença de quadro clinico de tamponamento pericárdico como medida salvadora. Já a biopsia pericárdica, está indicada na investigação diagnostica refratária ao tratamento clinico, sem diagnóstico definitivo estabelecido. Os marcadores de alto risco da pericardite aguda são: elevação de enzimas de necrose miocárdica, febre acima de 38oC e leucocitose (elevada possibilidade de pericardite purulenta), derrames pericárdicosvolumosos com ou sem tamponamento cardíaco, pacientes imunocomprometidos, história prévia de anticoagulação oral, disfunção global pelo ecocardiograma, sugerindo miopericardite. Esses marcadores indicam a necessidade de admissão hospitalar. COMPLICAÇÕES Tamponamento cardíaco O saco pericárdico contém uma pequena quantidade de liquido que envolve o coração. Quando uma quantidade significativa de liquido se acumula e ultrapassa a capacidade de distensão do tecido fibroelástico pericárdico, ocorre progressiva compressão de todas as câmeras cárdicas decorrente do aumento da pressão intrapericárdica, redução do volume de enchimento cardíaco e maior interdependência ventricular. O tamponamento cardíaco é a condição na qual o debito cardíaco está significativamente reduzido devido ao enchimento ventricular prejudicado pelas altas pressões intrapericárdicas. O tamponamento cardíaco é provável quando ocorre um rápido acúmulo de líquido pericárdico, principalmente se o líquido for denso. Isso é muito comum quando o líquido é sanguinolento ou purulento. Contudo, o tamponamento pode ocorrer com qualquer tipo de derrame pericárdico. Uma consequência importante desse processo: o aumento progressivo das pressões de enchimento ventricular e atriais leva à síndrome congestiva aguda, com congestão pulmonar e sistêmica, esta última caracterizada principalmente por uma turgência jugular patológica. As primeiras manifestações de um paciente com tamponamento cardíaco normalmente são taquipneia, dispneia e ortopneia. Os dois principais achados ao exame físico são a turgência jugular patológica (normalmente sem o “descenso y”) e o pulso paradoxal (redução da PA sistólica em mais de 10 mmHg e/ou a redução detectável da amplitude do pulso arterial, durante a inspiração). A tríade de Beck, composta por hipotensão arterial + bulhas hipofonéticas + turgência jugular patológica, sinaliza a forma grave de tamponamento, com risco iminente de vida. A principal causa de tamponamento grave é o hemopericárdio traumático, iatrogênico ou por dissecção aórtica. Derrame pericárdico Na maioria das vezes, o derrame pericárdico não causa sintomas ao paciente, nem sinais ao exame físico. Quando de moderada a grande quantidade, pode causar a dor descrita na pericardite subaguda/crônica, uma dor precordial ou retroesternal contínua e de caráter opressivo, geralmente de leve intensidade. Eventualmente, grandes derrames pericárdicos podem comprimir estruturas anatômicas adjacentes, como o esôfago, os brônquios, o parênquima pulmonar, o nervo frênico ou o nervo laríngeo recorrente, levando a sintomas como disfagia, tosse, seca, dispneia, soluços e rouquidão. No rx, o aumento da área cardíaca por derrame pericárdico é difícil de ser diferenciado da cardiomegalia. Algumas pistas para o diagnóstico são o aspecto globular do contorno cardíaco – o coração em moringa. 2. PERICARDITE RECORRENTE É a complicação mais comum da pericardite aguda. Em 20-30% dos casos, semanas ou meses após o primeiro episódio, o paciente apresenta uma recorrência dos sintomas (dor pericárdica), algumas vezes, de forte intensidade. O tratamento, a princípio, pode ser o mesmo do primeiro episódio, dando preferência para os AINEs, em associação ou não com corticoides ou colchicina. Em casos de dor intratável, podemos recorrer à pericardiectomia, eficaz em uma minoria de pacientes, apenas. A colchicina, na dose de 1 mg/dia, pode ser utilizada na profilaxia de recorrências por até dois anos 3. PERICARDITE CONSTRICTIVA É um tipo de pericardiopatia na qual o pericárdio está endurecido e exerce um efeito limitante ao enchimento ventricular diastólico, desencadeando uma síndrome congestiva. O pericárdio vai ficando progressivamente mais rígido e espesso, formando uma verdadeira “carapaça” em volta do coração. Os dois pericárdios (parietal e visceral) se fundem, obliterando o espaço pericárdico. O quadro clínico costuma manifestar-se com uma síndrome congestiva sistêmica, predominando a turgência jugular patológica, a hepatomegalia congestiva, a ascite e o edema de membros inferiores e da genitália. TRATAMENTO Como na maioria das vezes a pericardite aguda é de causa viral ou idiopática, o tratamento está focado no controle dos sintomas e na prevenção das recidivas após resolução espontânea do quadro. A princípio, todos os pacientes com pericardite aguda devem ser internados para observação. Além de ter que investigar sinais de tamponamento cardíaco. AINES e colchicina O esquema terapêutico de escolha na atualidade consiste na associação de um Anti-Inflamatório Não Esteroidal (AINE), como ibuprofeno ou indometacina, com a colchicina. O objetivo principal do tratamento é o alívio da dor e a resolução do processo inflamatório. Os AINH devem ser utilizados nas doses antiinflamatórias: o Ácido acetil salicílico (AAS), 500 a 750mg a cada 6 ou 8 horas, por 7 a 10 dias, seguido de redução gradual de 500 mg por semana, por três semanas; o ibuprofeno, 400 a 800mg a cada 6 ou 8 horas, por 14 dias; o Indometacina, 75 a 150 mg ao dia. Na pericardite pós-infarto agudo do miocárdio, deve-se evitar o uso de indometacina, por estar relacionada à redução do processo cicatricial da área infartada; O tempo de tratamento da pericardite com AINH é em torno de 14 dias, usualmente, podendo ser guiado pelos níveis séricos da PCRT como marcador de atividade inflamatória. A retirada dos AINH deve ser progressiva e lenta para reduzir a possibilidade de recorrência. A colchicina, por outro lado, tem a capacidade de prevenir as recidivas, sendo mantida geralmente por mais três meses após a suspensão do AINE. A dose é 0,5 mg de 12/12 horas ou 0,5 mg a cada 24 horas nos pacientes com menos de 70 kg. Vale dizer que se o paciente se mostrar refratário ao tratamento inicial com AINE + colchicina, devemos substituir essa dupla pela corticoterapia com prednisona em doses anti- inflamatórias (0,25- 0,5 mg/kg/dia). Devemos ressaltar que o uso de anticoagulantes está contraindicado em todos os casos de pericardite aguda, pelo menos em sua fase sintomática, devido ao risco de hemopericárdio com consequente tamponamento cardíaco. Nos casos em que a anticoagulação é extremamente necessária (ex.: prótese valvar metálica), o paciente deve receber heparinização venosa durante a internação, pois caso haja hemopericárdio, podemos neutralizar a ação anticoagulante com sulfato de protamina. O paciente com tamponamento cardíaco e hipotensão arterial deve receber reposição volêmica e, às vezes, suporte inotrópico (dobutamina) enquanto é preparado para um procedimento de retirada de líquido pericárdico. Um procedimento de alívio pode ser feito em caráter semi- eletivo, caso o paciente esteja com a hemodinâmica estabilizada, ou em caráter emergencial, se for um tamponamento fulminante. Neste último caso, uma pericardiocentese imediata de alívio deve ser feita, levando-se o paciente em seguida para o centro cirúrgico, caso haja suspeita de hemopericárdio agudo. OBJ. 5: Avaliar os custos durante a avaliação da dor torácica aguda (dados de diagnósticos incorretos).
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