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7° T – CMC II – Neurocirurgia – Dr. Rodrigo Ferrari – 07/03/2022 2° Caso Disparador Hidrocefalia Revisão neuroanatomia: Ventrículos cerebrais e produção liquórica: · Os ventrículos laterais se localizam no telencéfalo; · As porções dos ventrículos laterais são: corno frontal, corpo do ventrículo lateral, átrio do ventrículo lateral, corno occipital (ou posterior) e corno temporal (ou inferior). · O III ventrículo se localiza no diencéfalo, entre os tálamos; · O IV ventrículo se localiza atrás do tronco encefálico e a frente do cerebelo · A produção do líquor é dada pelos plexos coroides, uma estrutura presente dentro nos ventrículos cerebrais (ventrículos laterais, III ventrículo e IV ventrículo). OBS: só não há plexo coroide no corno frontal dos ventrículos laterais. OBS: o líquor é produzido nos ventrículos pelos plexos coroides através de uma enzima chamada de anidrase carbônica, que tem a função de filtrar o sangue. Circulação liquórica: · O líquor circula dos ventrículos laterais para o 3º ventrículo através de uma estrutura chamada de forame interventricular ou forame de Monro; · Do 3º ventrículo, vai para o 4º ventrículo através do aqueduto cerebral ou de Sylvius. · Do 4º ventrículo, o líquor sai do sistema ventricular para o espaço subaracnóideo através de 3 aberturas (forames), sendo duas delas laterais (forames de Luschka) e uma mediana (forame de Magendie); · Uma vez no espaço subaracnóide, o líquor percorre por todo o SNC (encéfalo e medula espinhal), até ser reabsorvido pelas granulações aracnoídeas (granulações de Pacchioni), presentes predominantemente no seio sagital superior · Após ter sido reabsorvido, o líquor cai na circulação venosa, sendo que, do seio sagital superior, se dirige para a confluência dos seios (torcula) e segue pelos seios transversos e sigmoide, até alcançar a circulação sistêmica pela veia jugular interna. · Considera-se que o líquor apresenta uma circulação semelhante a circulação sanguínea (plexo coroide → espaço subaracnóideo → reabsorção → seio sagital superior → veia jugular interna). Considera-se então que o líquor é constantemente produzido e reabsorvido, sendo que, entre um processo e outro, irá circular por todo o SNC Hidrocefalia: A hidrocefalia consiste em um distúrbio marcado pelo acúmulo anormal do líquido cefalorraquidiano dentro do crânio gerando ventriculomegalia e consequentemente HIC · A hidrocefalia não consiste em uma doença em si, mas sim em uma condição que é possível de ser desencadeada por diferentes circunstâncias. · Consequentemente, geram-se quadros de hipertensão intracraniana Causas: Os casos de hidrocefalia podem ocorrer a partir de três situações, sendo elas: · Hiperprodução liquórica: · Consiste na causa menos comum de hidrocefalia; · Pode ocorrer nos casos de tumores do plexo coroide (carcinomas ou papilomas do plexo coroide). · Bloqueio do trânsito: · Por obstrução em algum ponto entre os ventrículos. · Déficit de absorção: · Déficit de absorção gerado a partir de um comprometimento das granulações aracnoídeas. Classificação: Os casos de hidrocefalia podem ser classificados de 2 maneiras, sendo elas: · Mediante a classificação de um quadro de hidrocefalia, deve-se sempre classificar o caso dessas duas maneiras (ex.: hidrocefalia congênita e comunicante). Congênita X Adquirida: Congênita: Nesses casos, a criança já nasce com algum problema capaz de dificultar a circulação liquórica e, consequentemente, gerar acúmulo desse líquido. Adquirida: Nesses casos, o acúmulo de líquor é gerado em decorrência de algum fator adquirido, como pode ocorrer, por exemplo, em casos de traumas. OBS: os quadros clínicos dessas duas situações se diferem entre si. Nos RNs, a doutrina de Monro-Kellie não pode ser completamente aplicada, por não possuírem o encéfalo totalmente fechado, não sendo ainda, nesses casos, uma caixa inelástica; desse modo, devido ao fato dos RN possuírem fontanelas, observar-se-á nos casos de hidrocefalia congênita um aumento do volume craniano e a ausência se sintomas de HIC, fato que não ocorre nos casos de hidrocefalia adquirida. Comunicante X Obstrutiva: Comunicante ou Não Obstrutiva: Ocorre nos casos em que o trânsito de líquor entre os ventrículos permanece inalterado, ou seja, quando não existe nenhuma obstrução entre as comunicações de um ventrículo cerebral com o outro. OBS: nesses casos, o problema causal da hidrocefalia se encontra na absorção do líquor (dificuldade de absorção do líquor pelas granulações aracnoídeas). Obstrutiva: Ocorre nos casos onde a comunicação entre um ventrículo cerebral e outro se encontra obstruída, o que dificulta o trânsito do líquor. A obstrução pode ocorrer: · Entre os ventrículos laterais e o III ventrículo, junto ao forame de Monroe; · o Entre o III ventrículo para o IV ventrículo, no aqueduto cerebral (ou aqueduto de Sylvius); · Entre as aberturas do IV ventrículo para o espaço subaracnoideo. Hidrocefalia congênita: Consiste em uma condição na qual o indivíduo já nasce com algum tipo de problema relacionado a circulação liquórica, ou seja, alguma alteração a nível de sistema nervoso central, que é capaz de gerar acúmulo de líquor e, consequentemente, hidrocefalia no RN. Quadro clínico da hidrocefalia congênita: Suturas estão abertas no RN Macrocrania: · Consiste em um aumento significativo do perímetro cefálico OBS: situações como essa contraindicam o parto normal. OBS: o tratamento desses casos é complexo, visto que, devido ao volume de líquor ser grande, existe o risco de precipitar na criança um quadro de insuficiência cárdica mediante a instalação de uma derivação peritoneal. Olhar do sol poente (Síndrome de Parinaud): · Consiste no desvio do olhar conjugado para baixo, que gera, em consequência, dificuldade de elevação do olhar; · O sinal do sol poente se relaciona a Síndrome de Parinaud. Nessa síndrome, em decorrência do quadro de hidrocefalia (acúmulo de líquor) e da dilatação dos ventrículos laterais (principalmente da região posterior desses ventrículos), é gerada uma compressão da lâmina quadrigêmea pela porção posterior do corpo caloso, o que leva ao desvio do olhar conjugado para baixo e, consequentemente, a dificuldade da elevação dos olhos. OBS: a lâmina quadrigêmea consiste na porção posterior do mesencéfalo, onde se encontram os colículos superiores e inferiores, estruturas essas responsáveis pela intercomunicação das fibras do olhar conjugado. OBS: o sinal do sol poente é um sinal de HIC muito sugestivo de hidrocefalia, embora não ocorra em todos os casos. Dilatação de veias do couro cabeludo: · Comum em indivíduos com hidrocefalia ao nascimento; · A hidrocefalia leva a uma inturgescência da drenagem venosa central, o que causa, consequentemente, uma inturgescência da drenagem venosa do couro cabeludo. OBS: é comum nos casos de hidrocefalia congênita, pois, frente ao aumento do volume encéfalo que é observado nesses casos, a pele da região fica mais adelgaçada, o que possibilita a visualização das veias do couro cabeludo, que, por sua vez, se encontram túrgidas. Aumento de diâmetro e tensão das fontanelas: · É o sinal mais clássico apresentado pelo paciente; · As fontanelas (“moleiras”) ficam abauladas. Causas da hidrocefalia congênita: Hipoplasia ou agenesia do aqueduto cerebral: · É a causa mais frequente · O RN nasce com ausência ou estenose parcial do aqueduto cerebral, fato que obstrui a drenagem do líquor do III ventrículo para o IV e, consequentemente, resulta em acúmulo de líquor nas estruturas anteriores ao aqueduto (III ventrículo e ventrículos laterais). OBS: consiste em um quadro de hidrocefalia congênita obstrutiva. Holoprosencefalia: · É menos frequente; · Consiste em uma má formação severa de todo o sistema nervoso central, que pode resultar na formação de quadros de hidrocefalia e até mesmo anencefalia. OBS: consiste em um quadro de hidrocefalia congênita obstrutiva, frente ao severo grau de comprometimento encefálico. Secundária a mielomeningocele: · Consiste em uma malformação do fechamento do tubo neural, que ocorre principalmente na regiãolombossacra; · Essa malformação, por motivos ainda questionáveis, resulta em uma alteração na circulação do líquor, sendo que quase 100% dos pacientes portadores dessa doença terão hidrocefalia em algum momento da vida. OBS: já é esperado que, após a cirurgia de correção do quadro de mielomeningocele, o paciente precise operar logo em seguida devido a instalação de um quadro de hidrocefalia. OBS: consiste em um caso de hidrocefalia congênita comunicante. Hidrocefalia adquirida: Consiste em uma situação na qual o indivíduo, devido a ocorrência de alguma condição durante a sua vida, evolui com um distúrbio da circulação liquórica e, consequentemente, hidrocefalia. Quadro clínico da hidrocefalia adquirida: Sintomas de hipertensão intracraniana: · Ocorre, pois, nesses casos, o encéfalo desses indivíduos já é uma caixa inelástica, que, por sua vez, não suporta um aumento significativo de volume em seu interior. Déficit do VI par craniano (nervo abducente): · Ocorre devido a compressão desse par de nervos, que, por sua vez, consiste no que apresente o trajeto mais longo dentro do encéfalo (no espaço subaracnóideo); · É gerado um estrabismo convergente bilateral. Papiledema: · Gera déficit visual; · Consiste no edema do nervo óptico visualizado através do exame de fundo de olho; · O edema é gerado resposta ao aumento de pressão no compartimento intracraniano. Obs. Aumento súbito, abrupto não gera papiledema Síndrome de Parinaud: · Gerado em decorrência da compressão da lâmina quadrigêmea, assim como explicado anteriormente; · É menos comum de ocorrer nos casos de hidrocefalia adquirida, quando comparados com os casos congênitos. Causas da hidrocefalia adquirida: Tumor: · O tumor pode ser intraventricular, ocupando toda a cavidade do ventrículo, ou pode ser parenquimatoso (fora do sistema ventricular), empurrando o parênquima e obstruindo as cavidades ventriculares; · As obstruções por tumor causam as chamadas hidrocefalias obstrutivas, pois, nesses casos, há obstrução de algum ponto da circulação liquórica (principalmente ao nível dos ventrículos laterais e III ventrículo), o que dificultam o processo de drenagem do líquor; OBS: consiste em um caso de hidrocefalia adquirida obstrutiva. · A depender do tumor cerebral, pode haver secreção de proteínas ou estimulação de um processo inflamatório no líquor, o que pode comprometer a absorção desse líquido nas granulações aracnoídeas e assim gerar uma hidrocefalia adquirida comunicante. Infecções: · Independentemente do agente etiológico, as infecções podem precipitar quadros de hidrocefalia; · O processo inflamatório generalizado e intenso faz com que o líquor fique mais viscoso, o que promove fibrose das granulações aracnoídeas no seio sagital superior e, consequentemente, dificulta a reabsorção desse líquido. OBS: consiste em um caso de hidrocefalia adquirida comunicante. · Embora não seja comum, as infecções podem eventualmente promover um processo de fibrose no interior dos ventrículos cerebrais e gerar, em consequência, um quadro de hidrocefalia obstrutiva. · Na presença de infecções no sistema ventricular, caracteriza-se um quadro de ventriculite, que é mais comum de ocorrer de forma secundária a neurocirurgias. Hemorragias: · Da mesma maneira que as infecções, as hemorragias provocam um processo inflamatório do líquor (deixando-o mais viscoso), o que leva a obstrução das granulações aracnoídeas. OBS: consiste em um caso de hidrocefalia adquirida comunicante. · Embora não seja comum, podem ocorrer hemorragias no interior dos ventrículos cerebrais (ex.: AVC hemorrágico), com posterior formação de coágulos capazes de obstruir a comunicação entre os ventrículos, promovendo assim um quadro de hidrocefalia obstrutiva. Trauma cranioencefálico. · Os traumas cranioencefálicos são responsáveis por gerar, na maioria das vezes, hemorragias intracerebrais. Diagnóstico: O diagnóstico dos casos de hidrocefalia é feito através de exames de imagem. US transfontanelas: · Consiste no método mais simples de todos; · É mais utilizado em crianças com menos de 1 ano de idade, pois, nesses casos, ainda há a presença das fontanelas OBS: através do ultrassom, identifica-se a presença do quadro de hidrocefalia, sendo que, uma vez confirmada a hipótese, a criança deve então ser submetida a uma TC ou RMN, visando-se o esclarecimento da causa. OBS: caso a criança não apresente hidrocefalia ao US, não é necessário a realização dos exames de TC e RM. Em indivíduos acima de 1 ano, o US transfontanelas não é mais possível de ser utilizado, sendo então necessário um exame de TC ou uma RMN. Tomografia: Na tomografia de um paciente com hidrocefalia, pode-se visualizar: · Dilatação dos cornos occipitais; · Dilatação do III ventrículo; · Dilatação do corno frontal; · Hipodensidade junto a borda do ventrículo (edema transependimário) → é um sinal indireto de hidrocefalia. OBS: em uma tomografia normal, quase não é possível visualizar essas estruturas (cornos frontais bem fechados, III ventrículo quase que não aparece, cornos occipitais só são identificados pela calcificação fisiológica do plexo coróide) OBS: a TC, embora consista em um exame suficiente para o fornecer o diagnóstico de quadros de hidrocefalia, é menos específica do que a RMN, sendo que, muitas vezes, não consegue fornecer com maior precisão de detalhes a causa do quadro. · Considera-se que a TC é um exame sensível, mas pouco específico. Ressonância magnética: Consiste em um exame mais específico do que a tomografia, sendo que é capaz de fornecer com maior precisão de detalhes a causa da hidrocefalia Observa-se na primeira imagem uma ressonância na janela T1 (o líquor se apresenta escuro) e, na segunda imagem, observa-se uma ressonância na janela em T2 (o líquor se apresenta branco). Na primeira imagem, observa-se a imagem em corte coronal e, na segunda, observa-se a imagem em corte sagital. Esse caso se trata de uma hidrocefalia obstrutiva, visto que o IV ventrículo se apresenta de tamanho normal, enquanto que os ventrículos laterais se apresentam bastante dilatados (o corpo caloso está bem delgado e “jogado” para cima), assim como o III, provavelmente devido a uma obstrução a nível do aqueduto cerebral. Tratamento dos casos de hidrocefalia: Retirada do fator obstrutivo: Consiste na melhor maneira de tratamento dos casos de hidrocefalia, desde que haja a presença de um fator obstrutivo que esteja dificultando a circulação liquórica (ex.: tumores). OBS: esses casos se relacionam quase estritamente os quadros de tumores, sendo que não condizem com a maioria dos casos hidrocefalia. Nos casos em que esse tipo de tratamento não pode ser empregado, ou, uma vez que o fator obstrutivo não tenha sido identificado (idiopático), pode-se então optar pela realização de dois diferentes tipos de correção, que serão descritos a seguir. Sistemas de derivação –DVP (peritoneal/atrial/pleural): De maneira geral, todos os pacientes com hidrocefalia poderiam ser tratados a partir da instalação de um sistema de derivação, sendo que, nesse método terapêutico, visa-se desviar o liquido que se encontra acumulado nos interior dos ventrículos para outra cavidade corpórea. A maioria dos desvios é feito para o peritônio, sendo que, só são feitos desvios para o átrio ou para a pleura na presença de alguma condição patológica que impeça o desvio do líquor para o peritônio Nesse procedimento, é introduzido um cateter no interior do ventrículo lateral através do osso occipital ou frontal, que será capaz de desviar o líquor para o peritônio, para o átrio ou para a pleura, com o auxílio de uma válvula conectada na ponta do cateter (sistema de drenagem). OBS: a ponta do cateter ventricular idealmente deve ser posicionada no corno frontal do ventrículo lateral, pois, nessa estrutura não existe plexo coroide, que, por sua vez, seria capaz de obstruir a válvula. OBS: existem dois tipos de válvula, uma que drena a partir de uma variação fixa de pressão, chamada de standard, que pode ser de alta, moderada ou baixa pressão, e outra que drena a partir de uma variaçãoprogramável de pressão. Terceiro-ventriculostomia endoscópica (TVE): Esse procedimento é visto como opção caso o paciente apresente um fator obstrutivo a nível do aqueduto cerebral até os forames de Luschka ou de Magendie. A terceiro-ventriculostomia endoscópica consiste em um método melhor que o de sistema de derivação, visto que o paciente não permanece com nenhum tipo de prótese ou dispositivo após a realização do procedimento, o que reduz significativamente as chances de infecção ou obstrução Método: Realiza-se uma perfuração no osso frontal, introduz- se o endoscópio no ventrículo lateral (ventrículo lateral direito, na maioria das vezes), que passa pelo forame do Monro até III ventrículo. Promove-se uma abertura na base (assoalho) do III ventrículo, atrás do infundíbulo e a frente dos corpos mamilares, para que o líquor que se encontra acumulado nos ventrículos possa escoar pela abertura (sinal da bandeira), circule pele espaço subaracnóide e seja, por fim, reabsorvido nas granulações. OBS: esse método só é uma opção caso a obstrução esteja a nível do aqueduto cerebral, ou do IV ventrículo, ou dos forames, não sendo possível de ser feita caso a obstrução se localize diretamente no III ventrículo ou nos ventrículos laterais. · Nesses casos, não há anatomia para possibilitar a passagem do neuroendoscópio. OBS: em casos de hidrocefalia comunicante, esse procedimento também não é visto como opção, pois, nesses casos, o comprometimento se encontra nas granulações Derivação ventricular externa (DVE): Consiste em um tratamento temporário, que é utilizado diante da impossibilidade de instalação de um sistema definitivo de tratamento, devido a presença de um quadro infeccioso grave e vigente ou um quadro de sangramento agudo ventricular. · Nos casos de infecção a derivação faria com que a infecção de espalhasse pelo organismo e, nos casos de hemorragia, coágulos poderiam obstruir o dreno. OBS: a derivação ventricular externa pode ainda ser utilizada no pré-operatório de pacientes descompensados com hidrocefalia, como forma reverter os sintomas de HIC causados pelo acúmulo de líquor. OBS: o cateter é introduzido invariavelmente no osso frontal, de preferência a direita, sendo que a bolsa coletora é posicionada em uma altura específica para que possa drenar uma quantidade estipulada de líquor a partir de uma determinada variação de pressão. · Deixa-se a bolsa a nível do meato acústico externo. · Esses pacientes devem ficar em repouso absoluto no leito, sendo que, caso precisem levantar, o sistema precisa ser fechado antes Hidrocefalia de pressão normal (HPN): · A HPN também é conhecida como hidrocefalia do adulto ou como Síndrome de Hakin-Adam (1965); · Ocorre em pacientes acima dos 60 anos de idade (idosos); · Antes de ser uma hidrocefalia, a HPN corresponde a um quadro de demência, sendo o paciente pode evoluir mesmo após o tratamento ter sido instituído. Sinais e sintomas: Essa síndrome apresenta uma tríade clínica clássica, formada por: · Distúrbio de marcha: · Incontinência urinaria; · Distúrbio cognitivo (única forma tratável de demência). OBS: normalmente, a evolução dos sintomas obedece essa sequência. OBS: esses distúrbios são enxergados normalmente como casos de demência. OBS: a marcha apresentada pelo paciente é semelhante a que ocorre nos casos de Parkinson (marcha em pequenos passos). · Pacientes que apresentam marcha em pequenos passos e que não possuem Parkinson apresentam grandes chances de estarem apresentando HPN. Fisiopatogenia: O cérebro pulsa de acordo com o ritmo cardíaco e com a frequência respiratória, sendo que é por meio desses movimentos que líquor circula. O indivíduo idoso, acima dos 60 anos de idade, apresenta normalmente um cérebro mais atrófico, que diminui de volume e apresenta menos expansividade e pulsatilidade. Desse modo, os movimentos que possibilitam a circulação do líquor diminuem consequentemente, o que leva a uma certa estase desse líquido. · Se a velocidade de circulação do líquor diminui, consequentemente, a velocidade de reabsorção também diminui. Sendo assim, o líquor passa a se acumular de forma lenta e progressiva, levando a dificuldade de marcha, incontinência e a distúrbios cognitivos Diagnóstico: · Quadro clínico sugestivo (o paciente acima de 60 anos de idade precisa apresentar pelo menos 2 sintomas da tríade clássica, sendo um deles o distúrbio de marcha); OBS: se o quadro clínico abrir com deficiência cognitiva, o prognóstico do paciente é pior. · Tomografia computadorizada ou Ressonância magnética para confirmação diagnóstica. OBS: nesses casos, é possível observar dilatação ventricular global (de TODOS os ventrículos) → hidrocefalia comunicante. OBS: é preciso tomar cuidado, pois todos os idosos apresentam dilatação ventricular devido a atrofia do cérebro, sendo que, o que definirá essencialmente a presença de HPN é a presença das alterações apenas quando associadas a clínica do paciente. Tap-test: · É feito diante da suspeita de HPN (clínica e alteração do exame de imagem); · Consiste em uma punção lombar para a retirada do líquor (de 30 a 70ml em 3 dias subsequentes ou em 1 único dia); · Nesse teste, é observado se o paciente apresenta melhora clínica após a remoção do líquor, principalmente da marcha (resposta mais rápida); · Se o paciente apresentar melhora, confirmar- se o diagnóstico de HPN, e, com isso, deve- se indicar o tratamento definitivo. Tratamento: É feito uma derivação ventrículo-peritoneal (DVP) por se tratar de uma hidrocefalia adquirida comunicante
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