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Transtornos de sintomas somáticos e relacionados, conversivos e dissociativos. Introdução Relação do eu com o corpo: o corpo é a manifestação física do indivíduo. É a interface material e corpórea com o mundo exterior, o instrumento para podermos intervir no que está ao nosso redor. Relação do corpo com a mente: O mundo é experimentado pelos órgãos dos sentidos. Alterações do corpo geram estados mentais muito diferentes. Temos dificuldade em encaixar estes pacientes na visão dualista mente / corpo (Descartes): patologia orgânica x patologia mental. As vezes há confusão na comunicação entre profissionais de saúde porque os termos usados na interface entre psíquico e físico são muito numerosos e correspondendo a conceitos diferentes dependendo do tempo histórico e da pessoa que o utiliza. - Hipocondríaco - Somatização - Somatoforme - Psicossomático - Neurastenia - Histeria - Síndrome funcional - Síndrome de Briquet etc. A hipótese do marcador somático (Damásio, 1995) postula que a expressão corporal da emoção pode ocorrer na ausência de consciência e pode influenciar o comportamento e a tomada de decisões. Um modelo (Clark, 1997) postula como interpretações errôneas catastróficas das sensações corporais têm um papel central na ansiedade patológica uma vez que podem desencadear a ansiedade e levar a uma amplificação desses sintomas corporais. - É importante ressaltar que sintomas de ansiedade, emocionais (p.ex., inquietação, medo, angústia), cognitivos (p.ex., pensamentos negativos e de preocupação), comportamentais (p.ex., evitação, apego indevido) e físicos (p.ex., taquicardia, tensão muscular, tontura), são compartilhados por diversos transtornos da ansiedade. - Vulnerabilidades biológicas (índices neurais, marcadores genéticos, interocepção intensificada), psicológicas (influência de experiências de aprendizagem precoce) e estímulos e influências ambientais (experiências de vida). Conceitos - Intercepção: sensação de sinais de dentro do próprio corpo, predominantemente com ênfase em informações aferentes de sistemas e órgãos, geralmente vista como um traço constitucional invariável que é estável por longos períodos - semelhante ao temperamento entre os traços de personalidade. - Sensibilidade interoceptiva: tendência disposicional a ser focado internamente e manter crenças autorreferenciais sobre tendências corporais; - Especificidade interoceptiva: precisão objetiva na detecção de sensações corporais internas (amplamente medidas pelo batimento cardíaco detecção ou rastreamento de tarefas em condições de laboratório) - Noção interoceptiva: consciência metacognitiva de sensibilidade interoceptiva, ou "quão bem você sabe que sabe" (pode ser medido por índices de confiança através de questionários ou ao realizar tarefas de pulsação sob condições de laboratório). Ganho primário e secundário - Ganho primário (é uma defesa psíquica que remete a uma vulnerabilidade - “se eu tenho uma doença eu tenho valor, pois as pessoas prestam atenção em mim”): quando a doença poupa o indivíduo de um conflito psíquico. - Ganho secundário: quando os indivíduos obtêm benefícios externos como dinheiro ou isenção de responsabilidades (busca de atestado, receitas). 1. Transtorno de sintomas somáticos Um ou mais sintomas somáticos que resultam em sofrimento ou disfunção associados a pensamentos, sentimentos ou comportamentos com as seguintes características: - Pensamentos persistentes e desproporcionais sobre a seriedade dos sintomas. - Alto nível de ansiedade sobre a saúde ou os sintomas que se mantém persistente. - Tempo e energia excessivos devotados ao sintoma. - Estado que persiste por mais de 6 meses: crônico. Exame psíquico - Em geral o paciente se queixa de muitos sintomas concomitantes. - Às vezes um único sintoma grave, mais comumente dor, está presente. - O sintoma pode ser específico (ex.: dor localizada) ou não específico (ex.: fadiga). - Descrição dramática e exagerada dos sintomas. - Acreditam que estão seriamente doentes, com consequências catastróficas para sua saúde. - Em casos mais graves, a preocupação com a saúde pode se tornar o centro da vida do indivíduo e dominar seus relacionamentos interpessoais. - O reasseguramento médico de que não há doença perigosa pode diminuir a ansiedade por curtos períodos ou ser vista como descuido médico. - Labilidade emocional. - Sugestionabilidade. - Negação da associação dos problemas físicos com questões psíquicas. - Recusam-se a abordar seus problemas psicossociais. - Procura constante de aceitação. - Provocam reação de rejeição e irritação no examinador em função da inconsistência e do exagero de suas queixas. Fatores predisponentes - Vulnerabilidade genética e biológica (ex.: maior sensibilidade à dor). - Experiência pregressa com médicos: informações contraditórias ou de preocupação excessiva. - Adoecimento de parentes e amigos. - Presença de patologias sérias ou leves. - Divulgação de informações sobre doenças em meios de comunicação. - Personalidade: tendência de observação de sintomas corporais. - Estressores psicossociais importantes. - História de abuso físico e/ou sexual. Exames complementares - O diagnóstico é clínico: anamnese, exame psíquico e exame físico. - Exames complementares podem ser iatrogênicos, reforçar a crença na doença ou trazer fatores de confusão para o diagnóstico: pedir de acordo com hipóteses diagnósticas bem feitas previamente para o diagnóstico diferencial. Prevalência - Desconhecida: entre 5 e 7% provavelmente. - Maior em mulheres. - Maior em indivíduos com menor instrução e menor nível socioeconômico. - Correlacionado com eventos estressores vitais recentes. - Prevalência semelhante entre culturas diferentes, porém manifestações variam de acordo com a população estudada. - Comorbidade frequente com outros transtornos psiquiátricos: especialmente ansiedade e depressão. Diagnóstico diferencial - Com patologias médicas que apresentam queixas flutuantes em diferentes sistemas e órgãos, como: ● Esclerose múltipla. ● Lúpus eritematoso sistêmico. ● Porfiria aguda intermitente. ● Mitocondriopatias. ● Hiperparatireoidismo. ● Hemocromatose. ● Doença parasitária crônica, etc. - Transtornos mentais: ● Depressão. ● Etilismo. ● Transtorno factício. ● Transtorno do pânico. ● Transtorno de ansiedade generalizada. - Simulação. 2. Trantorno de ansiedade com doenças Preocupação em ter ou adquirir uma doença séria: - Os sintomas físicos não estão presentes, ou são de leve intensidade. Se há outra doença médica associada ou se há risco de desenvolver alguma doença, a preocupação é claramente excessiva ou desproporcional. - Presença de alto nível de ansiedade sobre a própria saúde. - O indivíduo facilmente fica alarmado sobre seu status de saúde. - Comportamentos de busca do serviço de saúde excessivos. - Os sintomas estão presentes há pelo menos 6 meses, porém a doença específica pode mudar com o tempo. Exame psíquico - São os antigos “hipocondríacos”. - Suas preocupações não evanescem com reasseguramento médico ou exames negativos. - Têm histórico longo de busca de atendimento, porém insatisfatório: consultam muitos médicos diferentes, sendo submetidos a múltiplos exames negativos. - A ansiedade sobre a presença de doença assume um papel central na vida do sujeito, trazendo alterações ao seu cotidiano. - Sua auto-imagem e identidade pessoal também se alteram: o tema principal de diálogo com pessoas próximas é a questão médica, a resposta a estressores psicossociais é a busca de ajuda médica: frustrante para os que estão a sua volta. - A pessoa se examina repetidamente (ex.: olha a garganta no espelho), busca novas informações constantemente (ex.: Internet). - Evita situações em que se sinta em risco, como visitar pessoas no hospital ou fazer atividades físicas. Prevalência: - Prevalência de 1-2 anos: 1,3 a 10%. - Semelhante entre homens e mulheres. - O transtorno começa no início e meio da vida adulta. - Em geral: condição crônica recorrente. - História prévia de abuso ou doença grave na infância,estresse psicossocial. - Prevalência semelhante entre culturas diferentes. - Comorbidades: TAG, tr.pânico, TOC e depressão, tr. personalidade e tr. sintomas somáticos. Diagnóstico diferencial - Outras condições médicas: condições neurológicas, endócrinas, oncológicas, etc. - Transtorno de ajustamento. - Transtorno de sintomas somáticos. - Transtorno de ansiedade. - Transtorno obsessivo-compulsivo. - Depressão Síndrome psicótica. 3. Transtorno conversivo Presença de um ou mais sintomas de alteração da função sensorial ou motora: - Evidência clínica de incompatibilidade entre os sintomas e condições médicas ou neurológicas conhecidas. - O sintoma ou déficit não é melhor explicado por outra condição médica ou mental. - O sintoma ou déficit causa sofrimento psíquico ou prejuízo social, ocupacional ou em outra área de modo significativo. Sintomas mais comuns: - Abasia. - Afonia. - Fraqueza. - Paralisia. - Cegueira. - Surdez. - Anestesia (especialmente de extremidades). - Quedas. - Anormalidades da marcha. Exame psíquico A presença de sintomas atípicos de doença neurológica ou exames complementares negativos não deve levar ao diagnóstico de conversão Os sinais clínicos mostram incompatibilidade com um quadro neurológico ou testes feitos de maneiras diferentes mostram resultados diferentes. - Exemplos: ● Visão em túnel. ● Tremor de extremidade de membro superior que é modificado quando o paciente está distraído. ● Incapacidade para flexão plantar quando testado na cama, no entanto paciente é capaz de andar com apoio. - Histórias vagas, inconsistentes, sem detalhes específicos. - Labilidade emocional. - Sugestionabilidade. - Se há sensação de rejeição durante a entrevista, podem apresentar os sintomas naquele momento. - Conversão: descrição das queixas de forma calma e tranquila ou de forma dramática e histriônica (dissociação afetiva). - Muitas vezes pode estar associado com sintomas dissociativos (despersonalização, desrealização, amnésia dissociativa) - Sintomas são psicogênicos. - A causa é inconsciente, ou seja, o paciente não sabe que o sintoma é psicogênico. - Sintoma traz benefício ao paciente: ganho primário: solução do conflito psíquico. - Geralmente é a situação com maior investigação para exclusão de causas orgânicas. Prevalência - 5% dos encaminhamentos ao neurologista. - Início pode ocorrer ao longo da vida 2 a 3 x mais comum em mulheres. - História de abuso e negligência na infância. - Pode haver comorbidade com doenças neurológicas (ex.: pacientes com epilepsia têm maior chance de ter crises não-epilépticas psicogênicas) e psiquiátricas (transtorno do pânico, depressão). Diagnóstico diferencial - Ataque isquêmico transitório. - Demência. - Distonias adquiridas e hereditárias. - Doença de Creutzfeldt-Jacob. - Doenças degenerativas dos gânglios da base. - Doenças degenerativas dos nervos periféricos. - Esclerose múltipla. - Epilepsia. - Miopatias adquiridas. - Neurite óptica. - Paralisia parcial das cordas vocais. - Paralisia periódica. - Síndrome de Guillain-Barré. - Síndrome on-off na doença de Parkinson. - Tumor de SNC. - Hematoma subdural. - HIV / AIDS. - Miastenia grave. - Transtorno de sintomas somáticos. - Transtorno factício. - Depressão, transtorno do pânico etc. 4. Transtorno dissociativo Os transtornos dissociativos são caracterizados por uma perda da integração normal da consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor ou comportamento. - Frequentemente estão relacionados a trauma psíquico. - Dissociação: Janet (1907): transformação de um fenômeno psíquico intolerável para outro fenômeno psíquico. - Uma forma de conversão na qual o afeto ou percepção inaceitável é convertido em sintomas psíquicos ao invés de físicos: amnésia, convulsão, fuga etc Exame psíquico - Labilidade emocional, história vaga e inconsistente. - Dissociação: estado de consciência durante a entrevista pode estar dissociado, dificultando a coleta de informações e rompendo o vínculo com o médico: ● Teatralidade. ● Mudanças relacionadas ao comportamento do examinador. ● Desencadeamento dos sintomas por perguntas específicas. ● Verificação de aspectos não orgânicos: desorientação quanto à identidade pessoal, perdas seletivas de memória, comportamento infantil, discurso com sotaque estrangeiro etc. 5. Transtorno de identidade dissociativo Disfunção da identidade na qual há 2 ou mais estados distintos da personalidade e em algumas culturas pode ser descrito como possessão. A disfunção é sentida como descontinuidade do self e da possibilidade de agir, acompanhada de alterações do afeto, comportamento, consciência, memória, percepção, cognição e/ou funcionamento sensório-motor. - Há falhas recorrentes na lembrança de eventos diários, informação pessoal importante e de eventos traumáticos que não são consistentes com o esquecimento normal. - Há sofrimento pessoal ou disfunção social, ocupacional ou de outras áreas importantes do funcionamento. - O distúrbio não é parte habitual de práticas religiosas ou culturais. - O distúrbio não é atribuído ao uso de substâncias ou outra condição médica. Prevalência - Comorbidade com depressão, ansiedade, abuso de drogas, auto-mutilação e crises não epilépticas psicogênicas. - Muito comum histórico de maus tratos na infância. - Prevalência nos EUA: 1,5%. - Mais frequente em mulheres do que em homens. - Maior risco de suicídio. - Diferenças entre diversas culturas. Diagnóstico diferencial - Depressão. - TAB. - Transtorno de estresse pós-traumático. - Transtorno psicótico. - Transtorno de personalidade. - Transtorno conversivo. - Epilepsia. - Transtorno factício. - Simulação. 6. Amnésia dissociativa Incapacidade para relembrar informação autobiográfica importante, em geral de natureza traumática, que não é consistente com o esquecimento normal. - Há sofrimento pessoal ou disfunção social, ocupacional ou de outras áreas importantes do funcionamento. - O distúrbio não é atribuído ao uso de substâncias ou outra condição médica. - O distúrbio não é melhor explicado por transtorno dissociativo de identidade, tr. de estresse pós-traumático, tr. de estresse agudo, transtorno de sintomas somáticos ou transtornos neurológicos. Prevalência - Ao longo de 1 ano: 1,8%. - Mais comum em mulheres. - Início súbito. - Associado a maus tratos infantis, vivenciar desastres naturais e ser vítima de violência. - Maior risco de suicídio. - Comorbidade com depressão, transtorno de ajustamento, transtorno de sintomas somáticos. Diagnóstico diferencial - Acidente vascular cerebral. - Demência vascular. - Epilepsia de lobo temporal. - Esclerose múltipla. - Hidrocefalia. - Sequela de neurocirurgia. - Síndrome de Korsakoff. - Trauma cranioencefálico. - Uso de drogas: álcool, alucinógenos, barbitúricos, maconha, cocaína, anfetamina, hipnóticos, inalantes, opiáceos, etc. - Transtorno de estresse pós-traumático, transtorno factício. 7. Despersonalização / Desrealização Presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambos. - Despersonalização: sensação de irrealidade, afastamento ou observação dos próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo e atitudes. - Desrealização: experiência de irrealidade ou distanciamento do ambiente. Durante a despersonalização ou desrealização, a pessoa ainda diferencia o que é a realidade (teste de realidade preservado). Há prejuízo funcional ou sofrimento psíquico. Os sintomas não são melhor explicados por diagnósticos orgânicos ou psiquiátricos. Prevalência - Ocorrência de sensações leves e transitórias são comuns na população. - Prevalência do transtorno ao longo da vida: 2%. - Mesma proporção entre homens e mulheres. - Inicio antes dos 20 anos em geral. - Pode começar abrupta ou insidiosamente. - História de abuso emocional na infância: geralmente trauma mais leve do que em outros transtornos dissociativos. Diagnóstico diferencial - Depressão. - TOC. - Transtornos ansiosos. - Transtorno de ansiedade com doenças. - Transtorno psicótico.- Uso de substâncias psicoativas. - Condições orgânicas. Princípios do tratamento para os diagnósticos anteriores Objetivo principal do tratamento: redução de danos associados à busca por diferentes médicos, uso excessivo de medicação e exames e procedimentos médicos desnecessários. Estratégias fundamentais: a. Estabelecimento de relação terapêutica ● Demonstrar interesse pelos sintomas. ● Expressar compaixão pelo sofrimento imposto pelos sintomas. ● Validar os sintomas somáticos como expressão de sofrimento. ● Prestar atenção a sentimentos de irritação ou rejeição por parte do médico que provocam deterioração do vínculo. ● Busque suporte psíquico para si mesmo: alguns médicos podem responder com hostilidade às queixas do paciente. b. Comunicação do diagnóstico ● Não afirmar que não há problemas físicos: utilizar o sistema nervoso como órgão no qual está o problema: prover um diagnóstico médico aceitável para o paciente. ● Evitar a desmoralização. ● Estabelecer uma base para a compreensão dos sintomas. ● Apresentar estressores psicológicos como fatores de piora do problema e não como sua causa. c. Manejo clínico ● Faça exame físico direcionado para a queixa, mas foque sua busca em sinais ao invés de sintomas. ● Evite pedir exames complementares, a não ser quando constatar sinais de doença. ● Cuide de doenças subjacentes, sejam elas graves ou leves. ● Seja pró-ativo: marque consultas regulares breves (ex.: mensais) e evite consultas fora de dia. ● Tente ser o único médico do paciente e minimize seu contato com outros serviços e especialistas. ● Informe aos colegas sobre seus objetivos e tenha planos de contingência para momentos nos quais você está ausente. d. Emprego de psicofármacos ● Trate transtornos psiquiátricos primários. ● Uso dos psicofármacos nas situações de comorbidade com outros transtornos mentais. e. Intervenção no ambiente ● Orientação de intervenção em crise para que os pacientes possam ser ajudados a resolver os problemas psicossociais com os quais se defrontam: técnicas comportamentais para situações de estresse. f. Abordagem psicoterápica ● Após a comunicação terapêutica e a formação de uma aliança com o médico, estará mais preparado para ser encaminhado para psicoterapia. 8. Transtorno factício Falsificação de sinais e sintomas físicos ou psíquicos, ou indução de doença: a pessoa produz de propósito as alterações em seu corpo (ex.: dá informação falsa de que é portador do HIV, pode contaminar uma lesão real, coloca sangue em uma amostra de urina, etc.). - O indivíduo se apresenta aos outros como doente, deficiente ou machucado. - A situação não é acompanhada de ganhos exteriores aparentes. - O principal objetivo é assumir o papel de doente. - Prevalência desconhecida (estima-se em 1% dos pacientes hospitalares). - Curso intermitente Início da vida adulta. - Diagnóstico diferencial: transtorno de sintomas somáticos, simulação, transtorno conversivo, transtorno de personalidade borderline, condições orgânicas. Explicações psicológicas: - Satisfação em manipular os cuidadores (profissionais de saúde representam autoridade). - Gratificação perversa através de procedimentos diagnósticos e terapêuticos (masoquismo). - Necessidade de atenção e cuidado através da relação médico-paciente. - Dificuldade em ver a própria experiência emocional como real. - Noção frouxa do próprio self. - Possibilidade de não precisar se deparar com problemas atuais. - História prévia: insegurança emocional, abuso ou negligência na infância. Tipo mais extremo de transtorno factício: Síndrome de Munchausen - Caracterizada por auto indução de doença, pseudologia fantástica (mentira patológica) e migração frequente de cidade ou de serviço de saúde. - Geralmente estes casos são de homens de classe socioeconômica mais baixa, com desajuste social de longo tempo. - Por procuração: indução de doença em terceiro, crianças em especial. 9. Simulação O indivíduo produz intencionalmente a doença ou exagera enormemente os sintomas de uma doença presente para conseguir recompensas externas: evitar o serviço militar, conseguir ganhos financeiros, evitar processos jurídicos ou obter substâncias psicoativas etc. Quando se deve pensar em simulação? - Contexto médico-legal. - Discrepância importante entre os achados físicos e a queixa. - Falta de cooperação do paciente para a terapêutica. - História psicossocial sugere transtorno de personalidade antissocial.
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