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1Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 3Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO SUMÁRIO ANATOMIA E BIOMECÂNICA DO JOELHO 05 PROPRIEDADES DA CARTILAGEM ARTICULAR 08 ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL 10 PILATES NA SÍNDROME DA DOR PATELOFEMORAL 13 LESÃO MENISCAL 24 PILATES NO PÓS OPERATÓRIO DA LESÃO MENISCAL 30 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA LESÃO MENISCAL 32 GONARTROSE OU OSTEOARTROSE DO JOELHO 33 TRATAMENTOS ADICIONAIS DA GONARTROSE 41 PILATES NO PÓS OPERATÓRIO DA GONARTROSE 43 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA GONARTROSE 43 PROPRIEDADES DO LIGAMENTO 46 LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 49 TRATAMENTOS NA LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 52 PILATES NO PÓS OPERATÓRIO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 57 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA LESÃO DO LCA 58 ANATOMIA E BIOMECÂNICA DO PÉ 61 ENTORSE DE TORNOZELO 64 INSTABILIDADE CRÔNICA DO TORNOZELO 67 TRATAMENTO DO ENTORSE DE TORNOZELO 67 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NO ENTORSE DE TORNOZELO 69 PÉ PLANO 70 PÉ CAVO 71 PILATES NAS DISFUNÇÕES DO PÉ 72 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NAS DISFUNÇÕES DO PÉ 74 EXERCÍCIOS 75 Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 4Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO O joelho é uma das articulações mais comumente lesionada por estar envolvida em grande parte dos gestos diários e ser uma das primeiras estruturas a absorver o impacto das forças de reação do solo. O Joelho é considerado uma das mais complexas estruturas anatômicas do corpo humano, com seus vários componentes que desempenham diferentes funções. Quando há desequilíbrio ou quando a função desta articulação é comprometida pode-se desencadear lesões nesta estrutura. Além disso, como o joelho é uma articulação intermediária, entre o quadril e o tornozelo, problemas nestas duas áreas podem gerar consequências na função do joelho, interferindo na sua integridade. Em vista de contribuir para uma boa funcionalidade do joelha, a boa compreensão da anatomia e biomecânica desta articulação pode contribuir para o sucesso de intervenções realizadas através do Método Pilates. A articulação do joelho é a maior do corpo humano, composta pelos ossos do fêmur, tíbia e patela. Entre a sua gama de movimentos, ela realiza flexão, extensão, rotação externa e rotação interna, conforme a tabela abaixo: ANATOMIA E BIOMECÂNICA DO JOELHO Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 5Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Mais especifi camente, a articulação tibiofemoral (concavidade da tíbia e convexidade do fêmur) realizam movimentos de fl exão, extensão e leve rotação lateral e medial. Durante a fl exão em cadeia cinética aberta*, a tíbia desliza anteriormente sobre o fêmur, enquanto na extensão desliza posteriormente. Entretanto, em cadeia cinética fechada**, durante a fl exão o fêmur desliza posteriormente sobre a tíbia, enquanto na extensão desliza anteriormente. Figura 1: Vista anterior do joelho *Cadeia cinética aberta: Movimento no qual o segmento distal de um membro se move livremente. **Cadeia cinética fechada: Movimento no qual o segmento distal de um membro recebe apoio peso e o corpo se movimenta sobre a base de apoio. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 6Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO A cápsula articular do joelho auxilia na estabilidade, juntamente com os ligamentos e tem como função produzir o líquido sinovial que nutre a articulação e dá origem às bolsas do joelho. Os ligamentos colaterais dão estabilidade e proteção ao joelho contra os estresses mediais e laterais. O ligamento colateral medial (LCM) se une ao menisco medial evitando o estresse em valgo e a rotação lateral da tíbia sobre o fêmur. O ligamento colateral lateral (LCL) impede o varo e a rotação medial da tíbia sobre o fêmur. Dentre os dois ligamentos o LCM é o mais lesionado com o mecanismo de torção com pé fi xo, podendo atingir inclusive o menisco lateral e o ligamento cruzado anterior, lesão conhecida como tríade infeliz. Os ligamentos cruzados anterior (LCA) e posterior (LCP) dão estabilidade anteroposterior e rotacional para o joelho. A lesão do ligamento cruzado causa instabilidade no joelho e pode ser inclusive incapacitante. O LCA é mais frequentemente lesionado do que o LCP, mais adiante será abordada a lesão do LCA e seu tratamento. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 7Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO A articulação tibiofibular proximal não é uma articulação do joelho verdadeira, mas sua hipomobilidade afeta tanto o joelho quanto o tornozelo e pode causar dor na região lateral do joelho. Caso o aluno tenha hipomobilidade desta articulação, o fisioterapeuta pode realizar mobilização articular anteroposterior. As lesões mais prevalentes do joelho nos estúdios de Pilates serão discutidas mais adiante. PROPRIEDADES DA CARTILAGEM ARTICULAR As articulações sinovias apresentam cápsula articular, cavidade articular com presença do líquido sinovial e a cartilagem articular nas extremidades ósseas. A cartilagem articular é composta de células e matriz extracelular: • Condrócitos • Colágeno tipo II (40%) • Proteoglicanos– GAGs (60%) composto de ácido hialurônico, sulfato de glicosamina, de condroitina e queratina. Os condrócitos são as células inseridas nas lacunas da matriz extracelular e são responsáveis pela síntese de colágeno. A matriz extracelular é composta de colágeno tipo II e proteoglicanos. O primeiro Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 8Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO é responsável pela força tênsil da cartilagem, sendo a malha de sustentação da cartilagem. E o segundo atua na absorção de água durante a compressão e tração da cartilagem. A expansão dos proteoglicanos é limitada pelas fi bras de colágeno. Quando a cartilagem se degenera, são rompidas as fi bras de colágeno. Os condrócitos aumentam a produção de colágeno para manter a integridade da articulação, mas à medida que a síntese e maturação fi cam limitadas, ocorre a degradação da cartilagem e a exposição do osso subcondral, como na síndrome da dor femoropatelar e na osteoartrose, ambas patologias serão abordadas nos próximos capítulos. Figura 3: Propriedades da cartilagem articular Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 9Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL A patela se articula com o fêmur nos movimentos de fl exão (0 a 135°) esta é a sua posição de máxima congruência e, na extensão (0 a -15°) sendo a sua posição de repouso. A patela tem como funções aumentar a efi ciência dos últimos 30 graus de extensão, diminuir o atrito do quadríceps no fêmur e proteger o joelho contra golpes anteriores. Quando o joelho estende a patela desliza no sulco femoral superiormente e quando fl exiona a patela desliza inferiormente, numa excursão entre5 a 7 cm. A patela apresenta cinco facetas: superior, inferior, lateral, medial e ímpar ou terceira faceta (old facet), a geometria da faceta varia entre indivíduos e pode afetar o alinhamento da patela, aumentando as forças compressivas sobre ela. Figura 4: Facetas patelar Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 10Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Os componentes do osso do fêmur são os maiores responsáveis por manter a estabilidade da patela. O sulco femoral é formado pelos côndilos medial e lateral, este é mais elevado e, quando raso a patela se lateraliza, esta pode ser uma das causas da síndrome da dor patelofemoral. A estabilidade passiva também é dada pelos retináculos lateral e medial e pela cápsula articular. A estabilidade dinâmica da patela é dada pelos músculos quadríceps, em particular pelo vasto lateral (VL) e vasto medial (VM). O VL combina-se com o retináculo lateral tracionando a patela lateralmente. O VM é comumente dividido em vasto medial oblíquo (VMO) e vasto medial longo (VML). Estes músculos são responsáveis pela manutenção do alinhamento patelar no sulco femoral. O desequilíbrio muscular entre o VL e VMO é um dos fatores que afetam a biomecânica da patela e pode originar a síndrome da dor patelofemoral. Figura 5: Vista anterior da patela e músculos Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 11Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Durante as atividades diárias a força de reação sobre a patela pode chegar a 7 vezes o peso corporal, conforme a tabela abaixo. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 12Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO PILATES NA SÍNDROME DA DOR PATELOFEMORAL A síndrome da dor patelofemoral também conhecida como condromalácia patelar, estresse femoropatelar ou disfunção patelofemoral é uma patologia frequente nos estúdios de Pilates. Esta doença tem alta incidência nos esportes e na população em geral, estimasse que 7 a 15% da população são acometidas com a síndrome da dor patelofemoral. Nas clínicas ortopédicas o diagnóstico da síndrome da dor patelofemoral chega a 25%. A síndrome da dor patelofemoral é uma alteração cartilaginosa da superfície articular da patela. A cartilagem da patela apesar de ser a mais espessa do corpo humano, é propícia a desgaste que se origina na camada superficial, intermediária e profunda evoluindo para a exposição do osso subcondral. Quando a alteração está em estágio avançado, aumenta a pressão intra-óssea resultando em dor. A lesão da cartilagem articular desencadeia a irritação sinovial sendo outra fonte de dor anterior ou retro patelar. Esta lesão pode ser desencadeada pelos seguintes fatores: • Desalinhamento patelar • Aumento do ângulo Q • Patela alta ou baixa • Pronação subtalar excessiva • Rotação lateral da tíbia Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 13Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO • Anteversão femoral • Joelhos valgos ou varos • Encurtamento do retináculo lateral • Encurtamento dos músculos isquiotibiais e trato íliotibial. O desequilíbrio dos estabilizadores dinâmicos da patela entre os músculos vasto medial oblíquo (VMO) e vasto lateral (VL) é considerado o fator primordial para o surgimento dos sintomas, alterando a cinemática patelar e contribuindo para o aumento das forças de reação e compressão femoropatelar. O tratamento conservador tem efetividade de 75-80% nos pacientes acometidos com a síndrome da dor patelofemoral, os exercícios do método Pilates promovem o equilíbrio neuromuscular através do ganho de força, resistência, flexibilidade e propriocepção. Os exercícios devem dar ênfase no fortalecimento do VMO e da ativação dos adutores. A síndrome da dor patelofemoral é classificada por Outerbridge em IV graus: • GRAU I - Amolecimento da cartilagem • GRAU II - Áreas de fibrilação ou fissura, superfície irregular; fissuras em área menor que 1,3 cm de diâmetro • GRAU III - Áreas de fibrilação com fissuras que se estendem até o osso subcondral; fissuras com diâmetro maior que 1,3cm • GRAU IV - Exposição/erosão do osso subcondral Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 14Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 6: Graus da síndrome da dor patelofemoral O paciente se queixa de dor difusa na região anterior do joelho e durante as atividades diárias como subir, descer escadas e agachar. É incirreto afi rmar que todas as dores na região anterior do joelho são sintomas exclusivos da síndrome da dor patelofemoral. A dor também pode ocorrer na permanência de longo período sentado, sintoma conhecido como sinal do cinema, a crepitação está presente em aproximadamente 62% da população. Nos exercícios de Pilates em cadeia cinética fechada (CCF) a área de contato da patela aumenta conforme o joelho se fl exiona até 90°. As maiores compressões em cadeia cinética fechada da articulação patelofemoral ocorre entre 60° e 90° Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 15Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO e à medida que a fl exão aumenta entre 90° e 120° o estresse diminui. Em CCF as menores compressões acontecem até os 30° e acima dos 90°. Já em cadeia cinética aberta (CCA) o maior estresse articular ocorre nos primeiros 30° e diminui a 90°. A menor quantidade de estresse em CCA ocorre entre 60° e 90° de fl exão. Os exercícios em isometria com elevação da perna retifi cada produzem o mínimo de estresse sobre a articulação patelofemoral. Figura 7: Estresse sobre a articulação do joelho em CCF e CCA As repetições vão depender da manutenção dos princípios do Pilates, do alinhamento correto e da força muscular do quadríceps, nos casos de dor e edema a força máxima do quadríceps diminui. Inicia-se com movimentos de pequenas amplitudes e poucas repetições livres de dor, aumentando à medida que o aluno ganha consciência corporal e habilidade motora. O importante é dar ênfase na qualidade do movimento e não na quantidade. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 16Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO A pelve estabiliza o joelho minimizando o estresse articular da patelofemoral, deve-se dar prioridade para fortalecer os músculos glúteos (médio e mínimo) e rotadores externos (piriforme, gêmeo superior e inferior, obturador interno e externo e quadrado femoral) e durante os exercícios evitar o valgo dinâmico, pois aumenta a pressão sobre a patela. A pronação excessiva do pé causa torção da tíbia e altera a tração do tendão patelar que pode acentuar o valgo dinâmico, todas estas alterações biomecânicas aumentam a força de compressão patelar. Um exercício simples que o aluno com pé pronador pode realizar em domicílio ou em qualquer lugar é de elevar o arco longitudinal medial do pé deixando a pressão no hálux apoiado no solo ou flexão, abdução e adução somente dos dedos. O fortalecimento e o alongamento dos músculos reto femoral, isquiotibiais, tensor da fáscia lata e gastrocnêmios devem ser realizado, estes músculos quando encurtados, tracionam a patela lateralmente. Também pode realizar no final ou início da aula, a autoliberação miofascial através do foam rollerdos músculos acima. Figura 8: Liberação miofascial do trato íliotibial com foam roller Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 17Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Os exercícios proprioceptivos são indicados nas fases tardias da reabilitação e devem ser introduzidos com o mínimo de queixa de dor. O tempo estimado de melhora da dor do aluno com a síndrome da dor patelofemoral é de 2 a 6 meses, contudo, o trabalho de fortalecimento e alongamento muscular deve ser contínuo, pois os sinais e sintomas retornarão assim que o aluno perder a estabilidade dinâmica. Apesar dos pacientes com síndrome da dor patelofemoral ter um bom resultado com o tratamento conservador, nos casos que evoluem para o tratamento cirúrgico é realizada a liberação do retináculo lateral e por via artroscópica, adicionalmente pode ser realizado a terapia com plasma rico em plaquetas (PRP), outros procedimentos cirúrgicos também podem ser realizados como a mosaicoplastia e a patelectomia. Os testes abaixo podem ser realizados com os alunos no estúdio de Pilates para confirmar o diagnóstico médico. Cuidado ao realizá-los, pois eles podem aumentar a dor na articulação femoropatelar. ÂNGULO Q O ângulo Q (quadríceps) é definido pelo ângulo do músculo quadríceps e o tendão patelar, representa a força do quadríceps. O paciente fica em pé com os pés e pelve em neutra e os membros inferiores alinhados, num ângulo reto. Passa uma linha da espinha ilíaca ântero-superior até o ponto médio da patela, o quadríceps deve estar relaxado durante o teste. Outra linha é traçada da tuberosidade da tíbia até o ponto médio da patela. O ângulo formado pelo cruzamento dessas duas linhas é o ângulo Q. Normalmente o ângulo Q é de 13° nos homens e 18° nas mulheres (em função da pelve mais larga). Ângulos menores que 13° ou maiores que 18° podem estar associados com a síndrome da dor patelofemoral. Este teste pode ser realizado diretamente no paciente ou no RX. Alterações no ângulo Q Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 18Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO pode não ser a causa primária da síndrome da dor patelofemoral, mas contribui para a síndrome na presença de outras alterações. TESTE DE APREENSÃO PATELAR Paciente em decúbito dorsal com o joelho a 30° de flexão. Cuidadosamente e lentamente o profissional desloca a patela lateralmente. Se o paciente parece apreensivo e tenta contrair o quadríceps para trazer a patela de volta à posição neutra, o teste é considerado positivo. Figura 9: Ângulo Q Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 19Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO SINAL DE CLARKE Paciente em decúbito dorsal com o joelho estendido, pressionar a patela para baixo, em seguida é solicitado a contração do quadríceps. O teste é considerado positivo se causar dor ou não consegue manter a contração. Pode-se testar em diferentes graus de flexão: 30°, 60° e 90°. Figura 10: Teste de apreensão patelar Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 20Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO TESTE DE OBER Este teste tem como objetivo verifi car o encurtamento do músculo tensor da fáscia lata (TFL). Paciente em decúbito lateral com o quadril fl exionado a 90°, o profi ssional realiza uma leve abdução e uma extensão do quadril depois devagar solta a perna, se o paciente manter a perna elevada o teste é positivo para encurtamento do músculo tensor da fáscia lata. Figura 11: Teste de Clarke tensor da fáscia lata. Figura 12: Teste de Ober Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 21Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA SÍNDROME DA DOR PATELOFEMORAL A revisão sistemática de Alba-Martín et al., (2015) avaliaram os efeitos do tratamento conservador através de exercícios físicos e técnicas fisioterapeuticas em pacientes com a síndrome da dor patelofemoral e concluíram que os exercícios de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP), alongamentos e fortalecimentos dos músculos rotadores externos e abdutores do quadril, assim como dos extensores do joelho foram efetivos na melhora da dor e da função de pacientes com síndrome da dor patelofemoral. Os estudos selecionados nesta publicação também concluíram que a combinação de exercícios de fortalecimento para os rotadores externos, abdutores do quadril e flexores de joelho apresentaram valores mais baixos para o nível de dor e função quando comparados com os exercícios de fortalecimento isolado de quadríceps. O estudo randomizado de Yilmaz et al., 2015 tiveram como objetivo avaliar o efeito dos exercícios de estabilização postural (n=22) e os fortalecimentos tradicionais de quadríceps e adutores (n=20) na dor, qualidade de vida e função de pacientes com síndrome da dor patelofemoral. Os autores concluíram que os exercícios adicionais de estabilização postural com o fortalecimento dos músculos transverso do abdome, multífidos, assoalho pélvico e diafragma foram capazes de diminuir a dor, aumentar a função, a força Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 22Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO e a flexibilidade muscular em 12 semanas de tratamento. Em 6 semanas a dor diminuiu em ambos os grupos, mas foi menor no grupo de estabilização postural. O artigo de revisão de Nobre (2011) avaliou os efeitos dos exercícios em cadeia cinética aberta e fechada na síndrome da dor patelofemoral e concluiu que ambas cadeias promovem diminuição da dor e aumento da força muscular, todavia, os exercícios em cadeia cinética fechada têm sido considerados mais funcionais para a reabilitação de indivíduos com dor patelofemoral. O estudo de Baldon et al., (2014) avaliaram os efeitos dos exercícios apenas para quadríceps comparados com o treinamento de estabilização funcional de quadris, joelhos e tronco e concluíram que os pacientes com síndrome da dor patelofemoral se beneficiaram do último tipo de tratamento após 8 semanas. Os autores também destacam que se deve incentivar o alinhamento de membros inferiores nas tarefas diárias e enfatizam o fortalecimento de abdutores, extensores e rotadores laterais de quadris em pacientes com diagnóstico de síndrome da dor patelofemoral. Petersen et al., (2012) pesquisaram o efeito de órteses na estabilização patelar na prevenção da lateralização da patela na síndrome da dor patelofemoral e concluíram que os estudos são limitados e de baixa qualidade metodológica sobre a eficácia das órteses que prometem estabilizar a patela. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 23Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO LESÃO MENISCAL Os meniscos são essenciais para a estabilidade articular do joelho, absorção de impacto, distribuição de forças de contato, lubrifi cação articular e propriocepção. O menisco medial tem formato de “U”, enquanto o menisco lateral tem formato de “C”, eles absorvem cerca de 50-60% das forças compressivas sobre os joelhos. São compostos de fi brocartilagem (condrócitos imersos em fi bras colágenas), formado de 75% de colágeno tipo I. Eles são avasculares, área conhecida de zona branca, exceto na porção mais externaconhecida como zona vermelha - área de aproximadamente 25% da periferia. As lesões meniscais centrais têm baixa regeneração por ser na zona avascular/branca. Figura 13: Vista superior dos meniscos Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 24Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO O menisco medial está conectado ao ligamento colateral medial (LCM) e, muitos pesquisadores associam a prevalência das lesões meniscais mediais ao fato deste ser mais imóvel (se desloca entre 2-5mm) quando comparado com o menisco lateral, este já não sofre muito impacto de posicionamento. Estima-se que 75% das lesões ocorrem no menisco medial e 25% do menisco lateral, 5% dos pacientes tem acometimento bilateral. Depois da remissão dos sintomas agudos, devem ser feitos exercícios em CCF e CCA para preparar o aluno para os movimentos funcionais. Rupturas meniscais que ocorrem externamente tem mais chance de cicatrização e se beneficiam com a técnica de reparo meniscal, infelizmente somente 20% das lesões menicais são reparáveis. Se houver cirurgia de reparo meniscal o tempo de reabilitação é mais prolongado. Figura 14: Zona vermelha e branca dos meniscos Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 25Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 15: Corno meniscal anterior, posterior e corpo. Quando a lesão ocorre no corno posterior, geralmente está associada à degeneração como em atividades repetitivas e de forças em fl exão, enquanto as rupturas lateral e anterior parecem estar associadas a trauma como corridas e mudanças abruptas de direção mais comum em jovens durante a prática esportiva. Os sinais e sintomas de lesão meniscal incluem: dor intermitente na região transversal da articulação femorotibial, edema e bloqueio articular. As lesões meniscais podem ser classifi cadas quanto a sua morfologia: oblíquas ou “fl ap”; verticais ou longitudinais, incluindo “alça de balde” onde o fragmento rompido pode bloquear a extensão total da articulação do joelho; lesões transversas ou horizontais e degenerativas que acometem adultos acima de 40 anos. Cerca de 80% das lesões menicais são longitudinais ou oblíquas. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 26Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 16: Tipos de lesões meniscais As rupturas de menisco podem causar bloqueio agudo da articulação e dor na interlinha articular principalmente na extensão e fl exão máxima. O tratamento de uma lesão meniscal depende da sua localização, estabilidade articular, tamanho, tempo de ocorrência, idade e estilo de vida do paciente. Em casos onde há estabilidade articular, o tratamento conservador pode ser mantido. O Pilates é indicado como tratamento conservador e durante o pós-operatório, os exercícios são supervisionados e planejados individualmente e como resultado melhoram a força muscular, fl exibilidade e a propriocepção, diminuindo a pressão intra articular. Caso os sinais e sintomas persistam, o paciente é indicado para o tratamento cirúrgico, para evitar a evolução para a osteoartrose, perda da funcionalidade e da qualidade de vida. As cirurgias têm evoluído bastante nos últimos anos e o tipo de cirurgia está relacionada ao tempo de reabilitação e aos cuidados com o paciente no pós-operatório. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 27Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO No reparo meniscal ocorre a sutura da área lesionada, geralmente a cirurgia é indicada para pacientes jovens, com comprometimento na área vascular/ zona vermelha, apresentando melhores respostas à cicatrização. O processo de reabilitação nestes casos é mais longo e o paciente retorna às suas atividades normalmente após 4-6 meses. O profissional deve ter cuidado com a reabilitação e respeitar as fases de reparo. Quanto mais precoce a realização do reparo meniscal melhor é o prognóstico. A complicação desta cirurgia é a aderência do nervo safeno tanto pós-operatório quanto durante a cicatrização por aderências. Na meniscectomia parcial ou total é retirada a parte do menisco lesionada ou a retirada total do menisco, esta última cirurgia é pouco realizada pois aumentam as chances de evoluir para a osteoartrose de joelho, uma patologia abordada a seguir. A liberação para atividades após a meniscectomia ocorre entre 4 – 6 semanas. Os testes abaixo podem ser realizados no estúdio de Pilates para confirmar o diagnóstico médico de lesão meniscal, todavia, o padrão ouro para o diagnóstico médico é a ressonância magnética (RN) com acurácia de 90-95%. TESTE DE MCMURRAY Identifica a lesão do corno posterior do menisco. Com o paciente em decúbito dorsal, os quadris a 90º e os joelhos em flexão máxima, o examinador ao lado do joelho a ser examinado palpa a interlinha articular com uma das mãos e, com a outra, segura o pé do paciente, provocando movimentos de rotação interna e externa da perna, alternadamente. A presença de dor com ou sem estalidos, junto à interlinha articular medial após rotação externa, pode caracterizar lesão do menisco medial. Quando se realiza rotação interna com sintomatologia junto à interlinha articular lateral, pode caracterizar a lesão do menisco lateral. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 28Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 17: Teste de McMurray TESTE DE APLEY Paciente em decúbito ventral com o joelho flexionado a 90º. O examinador roda a tíbia lateral e medial. Aplica-se uma força axial junto ao pé à medida em que se realiza-se rotação interna e externa da perna. As lesões são caracterizadas pela presença de dor ou estalidos junto às interlinhas articulares durante a fase de compressão de teste, para o menisco medial em rotação externa e para o menisco lateral em rotação interna. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 29Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 18: Teste de Apley PILATES NO PÓS-OPERATÓRIO DE LESÃO MENISCAL Os tratamentos da lesão meniscal são três: não cirúrgico, reparo meniscal e meniscectomia parcial. Os fatores que determinam o tipo de tratamento são: idade, comorbidades, tipo de lesão e complicações. Pacientes idosos tendem a realizar o tratamento não cirúrgico. A meniscectomia parcial é indicada nos casos de lesão na área avascular e com sinais limitantes para restaurar a funcionalidade, já o reparo de menisco é indicado para lesão na área vascular (periférica), geralmente Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 30Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO esta cirurgia é mais indicada para pacientes jovens que após 2 anos tem 80% de sucesso do tratamento. Durante as 3 primeiras semanas, o paciente permanece com uma órtese para que o joelho fique em extensão durante a noite e após 6-8 semanas a órtese é removida. O profissional deve focar no alongamento de quadríceps e mobilização da articulação femorotibial para ganhar amplitude de movimento em flexão. Os exercícios não devem produzir dor ou edema em qualquer fase da reabilitação. A fase de proteção articular acontece entre a 4ª – 12ª semana de PO. Nas 4 primeiras semanas de PO não se deve realizar flexões acimade 45 graus e, a partir da 8ª semana de PO não realizar exercícios entre 60-70 graus de flexão, pois impõe forças de translação sobre o menisco. Adiar as flexões do joelho por cerca de 8 semanas de PO. Não fazer exercícios que envolvam agachamentos profundos pelo menos durante 4-6 meses. Enfatizar exercícios de estabilização de tronco e progredir com exercícios de fortalecimento de quadril e tornozelo, com ênfase no fortalecimento de abdutores e extensores do quadril. Após 16 semanas evoluir com exercícios funcionais e de coordenação com alinhamento correto de tronco e de membro inferiores. Os exercícios de propriocepção e de equilíbrio podem ser realizados assim que o paciente realizar a descarga de peso total. Também são adicionados os exercícios de fortalecimento de quadríceps como miniagachamentos em isometria, concêntrico e excêntrico. Os exercícios em cadeia cinética aberta somente serão realizados após a 6ª ou 8ª semana de PO. A partir do 6º mês de PO pode evoluir para exercícios funcionais para as atividades exercidas pelo paciente. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 31Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA LESÃO MENISCAL Kak, Park & Park (2015) avaliaram o efeito do glúteo médio em pacientes com lesão meniscal após a artroscopia. Foram 24 indivíduos divididos em dois grupos: experimental (exercícios de fortalecimento de glúteo médio com abdução de quadris, n=12) e grupo controle (n=12). Após 8 semanas foi possível observar no grupo experimental o aumento da força de extensão de joelho de 40% comparada com aumento de 31% do grupo controle e aumento da força de flexão de joelho de 31% comparado com o grupo controle com 18%, comprovando que o músculo glúteo médio controla o movimento do fêmur e estabiliza a pelve, gerando maior força muscular dos músculos extensores e flexores de joelhos. O estudo de Howell et al, 2014 afirmam que no tratamento conservador os exercícios físicos são o foco da lesão meniscal, através do ganho da amplitude de movimento, alongamento de isquiotibiais, fortalecimento de músculos do quadril e joelho, além dos exercícios proprioceptivos. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 32Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO GONARTROSE A gonartrose também é conhecida como osteoartrose (OA) ou osteoartrite do joelho, ela é a doença que mais afeta as articulações que sustentam o peso corporal, aproximadamente 33% das pessoas acima de 65 anos apresentam evidências radiológicas de OA e sua incidência aumenta com a idade. No Brasil estimasse que o número de pessoas acometidas com doenças articulares cresce 20% a cada ano, e 35% dos casos acomete o joelho. A OA é classificada de acordo com sua causa em primária ou secundária: • Primária ou Idiopática: em que a causa é inespecífica. Ela é a mais comum, têm forte relação com a obesidade e com o aumento da idade. • Secundária: é a artrose que ocorre após um trauma, lesão ligamentar ou meniscal do joelho, sequela de infecções ou outras doenças locais ou sistêmicas, como o lúpus, a artrite reumatóide, hemofilia e gota. Embora a cartilagem articular contenha 8 tipos de colágeno, o mais abundante é o colágeno tipo II. A cartilagem possui uma relativa capacidade de regeneração, todavia, extremamente baixa. A matriz extracelular é composta por 60%-80% de água em função da quantidade de proteoglicanos e 80% do seu peso seco é de colágeno tipo II. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 33Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 19: Propriedades da cartilagem articular Quando um peso é descarregado sobre a articulação, a força de compressão sobre a cartilagem articular libera água retida na matriz extracelular através dos proteoglicanos, composto de glicosaminoglicanas (GAGs). Se a descarga de peso continua, as camadas inferiores da cartilagem com presença de colágeno asseguram a proteção contínua, conhecida como fase sólida da aceitação da carga. À medida que envelhecemos a cartilagem fi ca menos espessa e mais quebradiça, produzindo a degeneração da superfície articular. Depois que a cartilagem sofre degeneração, a próxima estrutura envolvida é o osso subcondral. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 34Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 20: Propriedades dos proteoglicanos A cartilagem articular não apresenta inervação, mas no osso e ligamentos ao redor da articulação sim, por isso a dor evolui com a progressão da doença. Como dito anteriormente, a OA é a doença reumatológica mais prevalente nos indivíduos acima de 65 anos e os exercícios podem aumentar a força, a fl exibilidade muscular e diminuir o estresse na articulação do joelho, diminuindo a dor e melhorando a função dos pacientes. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 35Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 21: Degeneração da cartilagem articular A cicatrização da cartilagem articular depende de: - A profundidade da lesão - A maturidade da cartilagem e - A localização da lesão Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 36Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Os pacientes acometidos com OA queixam-se de dor articular profunda, limitação da amplitude de movimento principalmente no início da deambulação, fraqueza muscular e perda da qualidade de vida, levando até a incapacidade física principalmente quando atinge articulações de descarga de peso como joelho e quadril. É mais frequente em mulheres acima dos 40 anos e pós-menopausa. Os hormônios sexuais femininos têm ação na produção de condrócitos e osteoblastos, por isso é mais frequente a OA em mulheres pós-menopausada. No joelho acomete principalmente a porção medial da articulação. Desenvolve- se deformidade no joelho em varo. A sensação que o joelho está deslocando ou faseando é comum entre os sintomas e crepitações. Figura 22: Deformidade da OA de joelho Iniciar com exercícios isométricos em vários ângulos, os exercícios realizados em cadeia cinética aberta ou fechada devem ser na amplitude livre de dor, a progressão deve ser moderada tanto de carga quanto de repetições. Os exercícios não devem exacerbar os sintomas. Alguns alunos sentirão dor se a velocidade for Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 37Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO baixa, nestes casos, aumentar a velocidade e muitas vezes diminuir a resistência. REALIZAR EXERCÍCIOS ISOMÉTRICOS COM FOCO NOS MÚSCULOS QUADRÍCEPS E ISQUIOTIBIAIS. À medida que o aluno evolui realizar exercícios funcionais como subir e descer da box, subir e descer de lado etc. Como o exercício going up front na chair, o movimento deve ser sempre indolor. Figura 23: Exercício Going Up na chair com disco de rotação É importante fortalecer os músculos do quadril e tornozelo, eles também dissipam as forças impostas ao joelho. Agachamentos são permitidos desde que o aluno não sinta dor durante a execução. Pode realizar agachamentos com a bola suíça na parede e sobre o bosu. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com- IP: 179.95.114.229 38Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Na presença de dor articular e de edema ocorre inibição reflexa dos músculos estabilizadores e fraqueza por desuso levando ao suporte inadequado da articulação do joelho, aumentando a suscetibilidade aos traumas. Por isso o bom suporte muscular protege a articulação artrítica. Na OA o equilíbrio também fica comprometido em função dos impulsos sensoriais alterados ou diminuição dos fusos musculares. A propriocepção e o equilíbrio devem ser realizados na amplitude livre de dor. O grau de dor é suficiente para comprometer as atividades de vida diária como a marcha, diminuindo a qualidade de vida. As causas da OA são multifatoriais: excesso de peso, trauma articular, deformidades no desenvolvimento, fraqueza de quadríceps e rotação medial da tíbia. Os pacientes devem ter consciência que a dor pode variar a cada dia. Se possível realizar os exercícios no período vespertino ou noturno uma vez que a dor e a rigidez matinal estão presentes na OA. Caso os exercícios sejam avançados para o aluno, este irá sentir aumento da dor entre 1-2h após o Pilates. Na OA de joelho, não somente os músculos que atravessam esta articulação estão fracos, o fortalecimento lombopélvico e de tornozelos deve ser incentivado, nestas articulações é possível observar a hipomobilidade. A OA se desenvolve lentamente em respostas às sobrecargas mecânicas, no RX evidencia a alteração da arquitetura articular, diminuição do espaço articular, formação de osteófitos, esclerose do osso subcondral e nos exames de ressonância ou artroscopia é possível observar a degradação da cartilagem. A OA pode acometer mais de uma articulação. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 39Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 24: Sinais radiológicos da OA do joelho Figura 25: Alterações anatômicas da OA do joelho Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 40Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Outros sinais são a rigidez matinal, aumento da dor articular com o apoio de peso, crepitação e perda da amplitude de movimento. TRATAMENTOS ADICIONAIS DA GONARTROSE Os suplementos condroprotetores orais como condroitina e glicosamina apresentam resultados na diminuição da dor, melhora da mobilidade e com poucos efeitos colaterais, mas não há consenso científico sobre a sua eficácia. Estas substâncias ajudam a manter a quantidade de água na matriz extracelular, à medida que a doença evolui, o paciente recorre a outros métodos para a analgesia. O transplante autólogo de condrócitos é um tratamento cirúrgico recente e de alto custo, onde são implantados condrócitos na zona da cartilagem articular. As células são retiradas do doador e cultivadas em laboratório para a sua proliferação por 21 dias e reimplatadas no doador. O plasma rico em plaqueta (PRP) é outro tratamento realizado na OA, consiste na retirada de concentrados de plaquetas do próprio sangue do paciente. O coágulo de plaquetas com alta concentração de fatores de crescimento liberada pelas plaquetas potencializa a proliferação dos condrócitos e a produção de matriz cartilaginosa extracelular, aumentando a celularidade, a qualidade e quantidade do tecido cartilaginoso e serve como estrutura de base. Este tratamento não tem unanimidade comprovada sobre a sua eficácia, contudo, alguns estudos sugerem a eficácia clínica no uso do PRP para lesões de cartilagem com melhora da dor e da função. Nos casos em que o tratamento conservador é incapaz de controlar os sinais e sintomas da OA, o médico pode indicar o tratamento cirúrgico. O tipo de procedimento depende de vários fatores como a idade, nível de atividade, grau Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 41Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO de destruição articular, deformidade e restrição da mobilidade. Uma das cirurgias realizada na OA é a artroplastia parcial ou total do joelho cimentada ou não cimentada. Na artroplastia total são substituídas por prótese as áreas de contato articular: tíbia, fêmur e algumas vezes o recapeamento da patela é realizado. Na parcial apenas um dos componentes são substituídos por prótese: fêmur ou tíbia. Figura 26: Degeneração da cartilagem articular e evolução para a artroplastia O tipo de fi xação pode ser cimentada onde a prótese é fi xada co cimento ósseo e, permite descarga de peso total logo após a cirurgia, também não requer a troca da prótese por aproximadamente 20 anos. Já na não cimentada, facilita a troca da prótese geralmente realizada em pacientes mais jovens, contudo, os cuidados com este tipo de cirurgia são maiores, uma vez que se tem de respeitar as fases de reparo ósseo. A descarga de peso acontece com a liberação médica em torno da 6ª semana de pós-operatório. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 42Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO A incisão é feita anteriormente pelo método tradicional ou minimamente invasivo. Não há restrições quanto ao modo de sentar após a artroplastia de joelho, diferente do que acontece quando a cirurgia é no quadril. A caminhada com dispositivos auxiliares ou não, e os exercícios isométricos são realizados no dia seguinte à cirurgia. O tratamento pós-cirúrgico irá depender do tipo de cirurgia, tipo de fixação da prótese, do tempo em que foi feita e da amplitude de movimento atual. Além disso, a reabilitação deve ser cuidadosa e progredir com cautela para proteger o reparo ou enxerto, respeitando as fases do processo de cicatrização. PILATES NO PÓS-OPERATÓRIO DE OSTEOARTROSE No pós-operatório geralmente os exercícios do Pilates são liberados após 2 semanas até 3 meses de pós-operatório e os objetivos são: manter e melhorar a força do membro contralateral, recuperar a amplitude de movimento pré cirurgia, evitar a contratura em flexão, melhorar a estabilidade do tronco e promover a mobilidade funcional. O movimento mais importante a ser recuperado é a extensão de joelho. Deve-se dar ênfase ao fortalecimento dos músculos posteriores da coxa, quadríceps, extensores de quadril e abdutores. É comum a fraqueza muscular dos flexores plantares e flexores dorsais do tornozelo. Os exercícios de resistência muscular com cargas mais elevadas começam a partir da 4ª a 6ª semana de pós-operatório. A partir da fase de apoio de peso total, o aluno pode realizar exercícios proprioceptivos com o uso de acessórios como o bosu. Professores de Pilates habilitados podem realizar a mobilização articular das articulações adjacentes como a femoropatelar e a tibiofibular proximal, uma vez que estas podem apresentar rigidez. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 43Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO O Pilates é um exercício seguro, no qual são recrutados músculos profundos e globais. A estabilidade lombopélvica melhora a dor dos alunos acometidos com a OA de joelho. O planejamento dos exercícios deve ser individualizado, levando em consideração a idade e comorbidades do aluno. A força do quadríceps tem papel importante na preservação do nível de atividade e diminuição do risco da OA progressiva. É preferível fazer exercícios em CCA e com cargas mais leves, caso o aluno sinta dor durante a execução do movimento, solicitar que aumente a velocidade do exercício. Atividade de alto impacto deve ser evitada,como os saltos no Reformer, o professor deve atentar para a deformidade articular e se a biomecânica está inapropriada para a tarefa, nestes casos a maioria dos alunos sente dor durante ou após a aula. O professor deve encorajar os alunos com OA de joelho a reduzir de peso, uma vez que 500g de peso a menos gera diminuição da pressão sobre a articulação de aproximadamente 1500g. Um excelente aliado do Pilates é a hidroterapia ou qualquer outra atividade aquática, isto porque as propriedades físicas da água aumentam a decoaptação articular e promovem a drenagem linfática pela pressão hidrostática. Ou exercício aeróbio sem impacto para o condicionamento cardiorrespiratório. Em geral os pacientes submetidos à cirurgia retornam sua vida normal entre 8 a 10 semanas e em até 4 a 6 meses de pós-operatório. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA OSTEOARTROSE A revisão sistemática de Duarte et al., (2013) teve como objetivo avaliar se os exercícios físicos melhoram os sintomas da OA de joelho em pacientes acima de 50 anos. 101 artigos foram selecionados e os autores concluíram que os exercícios Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 44Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO físicos mais benéficos na melhora dos sintomas da OA foram os aquáticos, isocinéticos, treinamento de força muscular, caminhada, além da educação do paciente. Jegu et al. (2014) compararam os efeitos do fortalecimento muscular de quadríceps no aparelho isocinético Cybex 6000 através de exercícios concêntrico e excêntrico na OA de joelho e após 6 meses os autores concluíram que o exercício excêntrico teve superioridade no aumento de força de quadríceps em comparação com o exercício concêntrico. De modo que na reabilitação, se pode dar mais prioridade a um treinamento excêntrico em pacientes com osteoartrose do joelho. Lange et al., (2008) na sua revisão sistemática, confirmam que na literatura científica, os exercícios especialmente de fortalecimento muscular são benéficos na melhora da função física de pessoas com osteoartrose de joelho. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 45Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO PROPRIEDADES DO LIGAMENTO O ligamento é classificado como tecido conjuntivo regular denso constituído por colágeno. A maioria dos ligamentos é denso, pouco vascularizado e com fibras em paralelo. As principais funções do ligamento são: união de ossos para formar articulações; Restrição de movimentos articulares; Manutenção da congruência e estabilidade articular e promovem mecanismo sensorial articular. Sua constituição é de um terço de água, colágeno, elastina, proteoglicanos e fibroblastos. O colágeno é o componente seco mais abundante (80%) e existem no mínimo 18 tipos de colágeno no corpo humano. Nos ligamentos, tendões e ossos predominam o colágeno tipo I que fornece força e resistência para o ligamento, resistente à carga tênsil. Os proteoglicanos são os principais componentes da matriz extracelular (MEC) e resistem às cargas compressivas e constituem cerca de 1% do peso seco do ligamento. Os proteoglicanos são formados por glicosaminoglicanos (GAGs) como o sulfato de condroitina, sulfato de glicosamina, de queratina e ácido hialurônico A elastina é uma proteína hidrofóbica com alto grau de extensibilidade quando a força imposta é pequena e gradual. A maioria dos ligamentos contém 5% de elastina. Outras proteínas são essenciais na cicatrização do ligamento em caso de lesão, dentre elas a tenascina, fibronectina e laminina, elas formam a rede de defesa Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 46Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO e reparam o ligamento após lesão assim como as células inflamatórios como os neutrófilos e macrófagos que são fundamentais no processo de reparo. Após a fase inflamatória e de proliferação celular, a última fase é a de remodelação onde o colágeno tipo III é convertido de colágeno tipo I, esta etapa pode durar até 18 meses para o ligamento se reparar completamente. LIGAMENTO E DEFORMAÇÃO DE CARGA O gráfico abaixo representa a força tênsil dos ligamentos quando empregada a carga constante deformado até a falha/ruptura. A primeira fase conhecida como fase toe é caracterizada pelo aumento desproporcional do alongamento do ligamento, a força é absorvida pela ondulação do colágeno, à medida que a carga progride ocorre o alinhamento do colágeno para suportar a carga. A tensão é de aproximadamente 4% e está dentro do limite funcional suportado. Na fase II chamada de linear, as fibras de colágeno estão mais alongadas e paralelas umas às outras. Se a carga é removida nesta região, o ligamento retorna ao seu comprimento original sem dano permanente. Na fase III conhecida como microfalha, ocorre a ruptura parcial das fibras de colágeno e a força é redistribuída para as fibras remanescentes, o que aumenta a tendência das fibras se romperem. Na fase IV chamada de falha total, encerra-se a fase de absorção de energia com a força tênsil final e ruptura completa das fibras de colágeno. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 47Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 27: Força de tensão ligamentar Nas atividades diárias usamos cerca de 30% do potencial total do ligamento, fatores externos e internos interferem na força tênsil do ligamento como: idade, frequência de esforço e direcionamento de carga. Os mecanismo de lesão dos ligamentos são classifi cados em: • Trauma de contato ou direto; • Carga dinâmica; • Overuse; • Vulnerabilidade estrutural; Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 48Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO • Baixa flexibilidade; • Desequilíbrio muscular; e • Estirão do crescimento. Lesões do ligamento comprometem a estabilização da articulação, a capacidade de limitar os movimentos e também produz diminuição proprioceptiva. Pode acontecer com uma dose de carga que é além da tensão fisiológica ou por causas cumulativas e baixo tempo de recuperação. LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR Os ligamentos cruzados anterior e posterior são intracapsulares. Eles atuam promovendo a estabilidade articular e são limitadores de movimento. No joelho saudável os estabilizadores estáticos e dinâmicos proporcionam sustentação. Os estabilizadores estáticos são ligamentos, meniscos e cápsula articular. Essas estruturas proporcionam estabilização à articulação dos tecidos capsuloligamentares e desempenham importante papel sensitivo, pois detectam a posição e movimento articular. O ligamento cruzado anterior (LCA) é o principal limitador do deslocamento da tíbia anteriormente e da rotação externa da tíbia em flexão, junto com o ligamento cruzado posterior limitam a rotação, o LCA é o ligamento que mais frequente sofre torções. Entre 30-60 graus de flexão do joelho o ligamento é menos estressado e maior estresse acontece em 90 graus de flexão e na extensão completa. O LCA tem baixa capacidade de regeneração quando rompido, geralmente indicando o tratamento cirúrgico, a última fase de reparo - a remodelação dura entre 12 a 18 meses, mesmo assim a força de tensão é inferior ao ligamento pré-lesão, alcançado Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 49Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DOJOELHO a funcionalidade de 91%. Tanto na lesão do LCA quanto no reparo ligamentar ocorre a perda dos mecanorreceptores (proprioceptores) como os receptores de Golgi. Figura 28: Vista anterior dos ligamentos cruzado anterior e posterior Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 50Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Cabe salientar que a imobilização prolongada impede a organização do colágeno, e os ligamentos respondem aos exercícios sintentizando colágeno e aumentando a força ligamentar pós-lesão. As lesões do LCA podem ser parciais ou totais, 70% das lesões do LCA ocorrem por trauma indireto como a desaceleração aguda em extensão, mudança de direção ou na aterrissagem do salto. Outro mecanismo de lesão do LCA é durante a desaceleração quando o indivíduo fica com o pé no chão e promove uma força de rotação do joelho, ou seja, é ocasionado por uma hiperextensão, ou ainda, rotações com o pé fixo no chão, onde frequentemente são observadas também lesões de ligamento colaterais e mediais, 30% das lesões por trauma direto como a força lateral levando o joelho ao valgo. As lesões do LCA podem ser graduadas em graus: I- Lesão leve, com presença de edema, sensibilidade local, com rompimento de alguns ligamentos sem perda funcional. II- Lesão do tipo moderada, grande parte dos ligamentos encontram-se rompidos seguido de instabilidade articular, não demonstrando perda completa da integridade do ligamento. III- Lesão grave com rompimento completo das fibras ligamentares. Quando o LCA é lesionado, com frequência outras estruturas também são lesionadas como o ligamento colateral medial (LCM) e/ou o menisco medial, quando as três estruturas sofre lesão, o trauma é conhecido como tríade infeliz. Neste caso a reabilitação pós operatória é mais prolongada. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 51Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO LCA Os fatores que indicam a cirurgia do LCA incluem: • Idade • Nível de atividade e alto risco de recidiva. • Episódios frequentes de falseamento (fl exão abrupta) • Lesão de outras estruturas como menisco medial e LCM • Desejo de retornar às atividades pré-lesão e • Instabilidade do joelho causada pela ruptura parcial ou total Na maioria das vezes o LCA precisa de reconstrução cirúrgica. Esta é feita por artroscopia e o médico cirurgião utiliza como autoenxertos o terço central do Figura 29: Auto enxerto do tendão patelar artroscopia e o médico cirurgião utiliza como autoenxertos o terço central do Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 52Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO ligamento da patela ou do tendão da musculatura isquiotibial ou aloenxertos. A cirurgia é indicada logo após a remissão do quadro infl amatório. O autoenxerto do tendão patelar na porção média é considerado “padrão ouro” para a reconstrução do LCA. A força e a rigidez são similar ao LCA, apresenta rápida revascularização (aproximadamente 6 semanas) e boa habilidade de retornar ao estágio de pré lesão. As desvantagens deste tipo de enxerto são: dor anterior no joelho e ao ajoelhar e fraqueza do quadríceps a longo prazo. O autoexerto com tendão do semitendíneo-grácil apresentam menos complicações no local doador, as vantagens são força e resistência maior que o LCA. As desvantagens são: tempo de cicatrização mais longo - aproximadamente 12 semanas, alguns relatam a frouxidão do enxerto pós a cirurgia e perda de força dos fl exores de joelho. Figura 30: Reconstrução do LCA Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 53Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Em casos remanescentes de autoenxerto pode ser realizado o aloenxerto principalmente nos pacientes jovens, os aloenxertos cicatrizam mais lentamente que os autoenxertos. A fisioterapia deve ser iniciada logo após a cirurgia. O tempo de pós-operatório, para recuperação total do atleta, ou do individuo não atleta é o mesmo, variando de seis a oito meses para retorno à sua atividade normal. Muito tem se falado em retorno precoce e reabilitação acelerada, mas devemos sempre respeitar a anatomia e o tempo de recuperação do ligamento. TESTES ESPECIAIS Cuidados ao realizar os testes abaixo, o examinador deve utilizar um ou dois testes para resultado mais acurado; a direção da instabilidade não indica apenas a lesão unidirecional, considerar que estruturas adjacentes são também lesionadas; testar o joelho não comprometido primeiro para referência do avaliador; aplicar a mesma força bilateralmente; deve ser evitado a repetição nos testes rotacionais pois podem lesionar a cartilagem, menisco e aumentar a lesão ligamentar. GAVETA ANTERIOR Em decúbito dorsal com o joelho em 90º de flexão, o examinador senta sobre o pé do paciente e com as duas mãos apoiadas na região posterior do terço superior da tíbia, traciona-a anteriormente. É positivo quando percebe-se a anteriorização da tíbia durante a execução, sem a sensação do “end fell” que o ligamento íntegro produz. Varia de 33% a 70% de positividade. Não é um bom teste na fase aguda. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 54Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Deve ser realizado com a tíbia em neutra e nas rotações interna e externa. Figura 31: Teste da gaveta anterior TESTE DE LACHMANN Deve ser realizado comparativamente com o lado contralateral. Em decúbito dorsal e joelho flexionado a 30º, segura-se com uma das mãos o fêmur e com a outra desloca-se anteriormente a tíbia, provocando o deslizamento entre as superfícies articulares. Como LCA íntegro o examinador percebe uma interrupção abrupta da anteriorização da tíbia. O sinal positivo é caracterizado pela interrupção suave do movimento sugestivo de ruptura do ligamento. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 55Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Figura 32: Teste de Lachmann As imagens apresentadas pela ressonância magnética auxiliam no diagnóstico da lesão do ligamento cruzado anterior, além de ser um exame fi dedigno e não ser invasivo. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 56Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO TRATAMENTOS ADICIONAIS NA LESÃO DO LCA O plasma rico em plaquetas (PRP) e as células-tronco mesenquimais promovem a aceleração do tempo de reparo ligamentar. No entanto o PRP não impede o alargamento da reconstrução ligamentar. Também não se sabe se os efeitos dele são anabólicos, catabólicos ou inibidores e, como pode influenciar o percurso da recuperação, mais estudos devem ser realizados para comprovar a eficácia. Exercícios de estabilização de tronco associados às atividades funcionais diminuem o impacto articular e previnem lesões. Rodriguez- Roiz et al., relataram que 91,9 % dos pacientes retornaram à atividade esportiva regular e 75 % retornaram dentro do primeiro ano pós-operatório. PILATES NO PÓS OPERATÓRIO DO LCA A partir da 6ª até a 8ª semana o paciente deve alcançar a amplitude de movimento completa. Entre a 8ª e a 12ª semana os exercícios de fortalecimento devem progredir, como exercícios para os músculos isquiotibiais isométrico, concêntrico e excêntrico,alongamentos de glúteos também devem ser realizados. Deve-se incluir exercícios de equilíbrio sobre superfícies instáveis para a ativação de músculos estabilizadores. Estudos comprovam que o treinamento proprioceptivo acelera a em até 5 vezes a reabilitação quando comparado com o treinamento convencional. Tanto na lesão ligamentar quanto na cirurgia, ocorre a perda dos proprioceptores por isso são preconizados exercícios de equilíbrio e propriocepção através do treino sensório motor. A ênfase no fortalecimento muscular deve ser dada à cadeia posterior: isquiotibiais e tríceps sural, pois são músculos que impedem a anteriorização da tíbia. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 57Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Cuidado com exercícios que anteriorizam a tíbia como a ponte com os MMII em extensão sobre a bola suíça. A flexão total de joelho deve ser prioridade entre 40 e 60 dias mesmo nos casos de dor. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS NA LESÃO DO LCA O estudo de Lee et al., (2016) avaliaram o efeito do protocolo acelerado de reabilitação pós reconstrução do LCA em 16 jogadores de futebol do ensino médio. Os exercícios do grupo intervenção (n=8) foram realizados em 2 dias de PO e foi composto de 4 fases: 1. Controle do edema e inflamação; 2. Aumento da ADM; 3. Aumento da força e 4. Melhora do equilíbrio e agilidade. Os exercícios foram realizados durante 2h, 5x/semana. Oito dos participantes foram do grupo controle. O grupo intervenção teve melhora da força isométrica nos graus 30 e 60 com efeitos positivos sobre o desempenho na recuperação de pacientes com uma lesão do LCA e seu retorno ao esporte quando comparados com o grupo controle. Após a lesão do LCA e reconstrução ligamentar ocorre inibição do quadríceps e hiperatividade do isquitibial e tríceps sural, particularmente do sóleo. O estudo de Czaplicki, Jarocka & Walawski (2015) teve como objetivo avaliar o torque flexor e extensor (isquiotibiais e quadríceps) de 29 homens pré e pós- cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior. E concluíram que após 6 e 12 meses tanto a força dos músculos flexores quando dos extensores do joelho foi menor quando comparado ao membro inferior saudável. Os autores também concluíram que 12 meses foi insuficiente para retornar ao esporte. Segundo os autores, estes resultados biomecânicos são de relevância clínica, uma vez que avaliou o progresso da reabilitação e incentiva a implementação de modificações necessárias para a otimização de força no treinamento destes grupos musculares. Jalali et al., 2015 avaliaram e efeito da órtese no joelho para evitar a translação anterior da tíbia durante o exercício de afundo através da vídeo fluoroscopia e Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 58Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO concluíram não houve diferença significativa na estabilização articular com ou sem órtese de posicionamento durante a flexão de joelho em 0°, 15°, 30°, 45° e 60° nos pacientes com lesão do LCA. O estudo de Laible & Sherman (2014) destacou os fatores de risco responsáveis pela lesão no LCA e com o prevenir a lesão: • Fraqueza por alongamento dos isquiotibiais; • Anteriorização pélvica; • Fadiga muscular; • Diminuição da propriocepção e força dos músculos do core/powerhouse; • Aumento da dorsiflexão do tornozelo; e • Diminuição dos ângulos de flexão de joelhos, quadris e tronco. Durante as atividade esportivas o que predispõe à lesão do LCA: • Pivot; • Aterrissagem sem flexão de joelho; • Aterrissagem com valgo de joelho; e • Aterrissagem com os pés planos. Os autores afirmam que múltiplos programas de exercícios são mais efetivos para a prevenção como: Pliometria dos membros inferiores , equilíbrio dinâmico, consciência corporal, controle de tronco, aumento da força de isquiotibiais, alongamento muscular e treino proprioceptivo. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 59Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO PÉ O pé e o tornozelo são estruturas complexas que exercem impacto em todo o membro inferior como joelho e quadril. Existem 26 ossos no pé e 33 articulações juntamente com vários músculos intrínsecos e extrínsecos. Lesões nestas estruturas podem afetar a eficiência da biomecânica na propulsão na marcha. Aproximadamente 80% da população apresenta problema no pé. O pé tem com função propulsão e suporte, na primeira atua como uma alavanca flexível na fase de impulsão e na segunda, como uma alavanca rígida que suporta o corpo inteiro com o mínimo de esforço muscular. O pé se adapta às diferentes superfícies irregulares, absorve impacto, dissipa forças de cisalhamento, compressão, rotação e tração. Durante a marcha a carga sobre o pé é de 1.2 x PC, na corrida é de 2 vezes o peso corporal e nos saltos acima de 60 cm é de 5 vezes o peso corporal. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 60Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO ANATOMIA DO PÉ RETROPÉ ARTICULAÇÃO TIBIOFIBULAR É uma articulação do tipo sindesmose e os movimentos são pequenos. Durante a dorsiflexão a fíbula move-se para cima e durante a flexão plantar para baixo. ARTICULAÇÃO TALOCRURAL Também conhecida como a articulação do tornozelo, é do tipo sinovial e dobradiça. Localizada entre o tálus e os maléolos lateral e medial. Na articulação talocrural ocorrem os movimentos de flexão plantar a dorsiflexão. O maléolo lateral é mais distal que o medial, por isso o movimento de inversão é maior que o de eversão. ARTICULAÇÃO SUBTALAR Também conhecida como articulação talocalcanear do tipo sinovial. Os movimentos desta articulação são a inversão e eversão. Nos casos de entorse do tornozelo esta articulação fica hipomóvel. MÉDIOPÉ As articulações do médiopé são também conhecidas como mediotarsais em conjunto permitem que o pé se adapte nos pisos irregulares. Fazem parte do médiopé os ossos do tarso: cuneiformes medial, lateral e intermediário, navicular e cubóide. Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 61Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO ANTEPÉ Fazem parte do antepé os ossos do metatarso e as falanges. As articulações são sinoviais, nas articulações tarsometatarsais e intermetatarsais ocorrem o deslizamento. Já na articulação metatarsofalageanas ocorre a fl exão, extensão, abdução e adução. E na articulação interfalangeanas ocorre a fl exão e extensão dos dedos. Figura 33: Divisão do pé Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 62Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO MÚSCULOS DO PÉ Há 12 músculos extrínsecos e 11 intrínsecos da perna e pé. A divisão dos músculos extrínsecos é baseada na localização numa vista superior: anteriores, posteriores profundo e superficial e laterais. Os músculos anteriores permitem a dorsiflexão os músculos restantes cruzam a articulação posteriormente e são flexores plantares. O músculo tibial anterior é responsável pela inversão e o tibial posterior pela eversão. Os músculos posteriores superficiais incluem: sóleo, gastrocnêmio e plantar. Já os posteriores profundos estão os músculos: tibial posterior, flexor longo do hálux e o flexor longo dos dedos. Os músculos intrínsecos do pé estão contidos apenas no pé e não cruzam a articulação. Sua função é fornecer estabilidade para os dedos,articulação tarsometatarsais e mediopé. ARCOS DO PÉ São três arcos no pé: longitudinal medial e lateral e arco transversal. Figura 34: Arcos do pé Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 63Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO A principal estrutura de formação dos arcos longitudinais é a fáscia plantar. O fibular longo é responsável pelo arco transversal. A ação dos arcos do pé é promover suporte do peso do corpo estático e dinâmico. Quando os arcos não tem equilíbrio, as forças são dissipadas anormalmente e aumenta o estresse sobre outras regiões do pé. Para avaliar o alinhamento dos arcos do pé pode ser realizado o teste da linha de Feiss, sem descarga de peso, traça-se uma linha do ápice do maléolo medial a 1ª articulação metatarsofalangeana. O normal é a linha passar sobre o osso navicular ou perto dela. No caso de pé pronado navicular está abaixo da linha de Feiss e o inverso ocorre quando o pé é supinado. As alterações dos pés serão abordadas mais a adiante no tópico de deformidades comuns dos pés. ENTORSE DE TORNOZELO O entorse de tornozelo é uma das lesões mais comuns sofridas no esporte e durante as atividades diárias. As lesões dos ligamentos laterais do pé contribuem para 15%-25% de todas as lesões nos esportes e são mal tratadas com hiperproteção articular ou subtratadas. A articulação talocrural é onde ocorre o entorse de tornozelo. Durante a dorsiflexão o tálus se posiciona como uma cunha e são mínimos os movimentos de inversão e eversão do tornozelo. No posicionamento de dorsiflexão é onde ocorre maior congruência articular do tálus. Já durante a flexão plantar o tálus tem maior mobilidade e se desliza anteriormente, o que aumenta o risco de entorse de tornozelo em flexão plantar Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 64Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO e inversão que geralmente acontece com o uso de salto alto ou durante a aterrissagem do salto onde a articulação está em fl exão plantar. O entorse de tornozelo acomete os ligamentos laterais entre 80 a 90% quando comparados com os ligamentos mediais. Lateralmente os ligamentos presentes são: o talofi bular anterior, talofi bular posterior e calcaneofi bular. O ligamento talofi bular anterior e o calcaneofi bular são os mais comumente lesionados no entorse de tornozelo. O ligamento talofi bular anterior é o que apresenta menor força tênsil em comparação com outros ligamentos do tornozelo, deve ser por esta razão que ele é o mais comumente lesionado. Estimasse que em 70% dos entorses de tornozelo ocorrem isoladamente a lesão do ligamento talofi bular anterior. Figura 35: Ligamentos laterais do pé Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 65Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO Os fatores de risco extrínsecos para o entorse de tornozelo incluem: erros de treinamento, tipo de esporte, nível de competição, equipamentos (ex. tênis) e condições ambientais. Dentre os fatores de risco intrínsecos para o entrose de tornozelo estão: mau alinhamento estrutural, déficit de força, limitação da amplitude de movimento e frouxidão ligamentar. O entorse de tornozelo é classificados em 3 graus: I- Estiramento microscópico do ligamento sem perda da função. II- Ruptura parcial ou alongamento do ligamento com alguma perda da função. III- Ruptura completa do ligamento com perda total da função. A maioria dos entorses é em inversão e flexão plantar, e podem envolver outras estruturas como a fratura por avulsão do maléolo, distensões musculares, luxação ou subluxações fibulares e outras lesões nos tendões próximo à lesão. Figura 36: Entorse de tornozelo em inversão Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 66Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO INSTABILIDADE CRÔNICA DO TORNOZELO Cerca de 20% das entorses de tornozelo podem evoluir para a instabilidade crônica após seis meses da lesão inicial, acompanhada ou não de frouxidão ligamentar. Os pacientes com instabilidade funcional têm como causa a falha na propriocepção e o tratamento deve ser focado nos exercícios de equilíbrio estático e dinâmico. Os sinais e sintomas da instabilidade crônica incluem: sensação de falseio articular, sinais inflamatórios e perda da função por pelo menos um dia após 6 meses de lesão ligamentar. TRATAMENTO DO ENTORSE DE TORNOZELO O tratamento do entorse de tornozelo é geralmente conservador, principalmente nos graus I e II. O grau III pode ser tratado de modo conservador ou cirúrgico, os testes de gaveta anterior e estresse em inversão confirmam o diagnóstico médico. Após a remissão do quadro agudo é importante a retomada da amplitude de movimento em todos os planos, não apenas no sagital para aumentar a síntese do colágeno tipo I. A reabilitação para o II e III grau é mais lenta que para o I grau. O entorse de grau I limitam as atividades funcionais entre 1 a 3 semanas. O entorse de grau II limitam as atividades entre 4 a 6 semanas. Já o entorse de grau III varia amplamente o período de recuperação, entre 6 semanas a 3 meses ou mais para as atividades funcionais. Após o entorse de tornozelo os exercícios funcionais com controle neuromuscular, força, amplitude Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 67Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO de movimento e propriocepção devem ser incluídos como parte do processo de tratamento. Outras intervenções que podem ser incluídas são: massagem nos tecidos moles, mobilização articular principalmente no médiopé, exercícios de força e equilíbrio são fundamentais no reparo ligamentar. Os entorses de repetição podem evoluir para fraqueza muscular crônica e diminuição da consciência sinestésica. O fortalecimento funcional e exercícios proprioceptivos com controle devem ser foco da reabilitação no Pilates. Os exercícios proprioceptivos podem começar na primeira semana após o entorse com apoio bilateral das diversas partes do pé, evoluir para apoio unipodal e só então acrescentar acessórios instáveis com aumento de tamanho progressivos para evitar a instabilidade crônica. Exercícios de baixa carga e alta repetição auxiliam na produção do colágeno e na cicatrização do ligamento. A força de eversão é importante no momento de inversão durante as atividades com descarga de peso. Exercícios que incluam a inversão e eversão do pé são fundamentais no entorse de tornozelo. Exercícios em CCF em inversão e eversão iniciam com baixa resistência e repetições e podem evoluir para o aumento de carga e frequência conforme a capacidade e tolerância do paciente melhoram. Apesar do uso frequente das órteses pelos alunos que sofreram entorse, seu uso deve se limitar na fase aguda para evitar amplitudes de movimento maiores e edema, já na fase crônica é aconselhável que o paciente evite o uso de órtese durante as aulas de Pilates, pois não há evidências científicas que seu uso previna novos entorses de tornozelo e que estabilize efetivamente a articulação. O tempo médio para que o ligamento atinja a força tênsil é de 12 a 18 meses. Mobilizações articulares nos pés podem ser realizadas caso o professor de Pilates Grupo VOLL - suporte@vollpilates.com.br - IP: 189.6.236.246WELERSON LUIZ DE OLIVEIRA CABRAL - welersoncabral272@gmail.com - IP: 179.95.114.229 68Érika Cássia Barroso Batista PILATES NAS PATOLOGIAS DO JOELHO seja capacitado. É preciso estar
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