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CARREIRA, LIDERANÇA E TRABALHO EM EQUIPE LITERA EDITORA Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Apresentação da Disciplina Introdução GESTÃO DE CARREIRA Conceito e Evolução Significado de carreira Tipos e compreensão de carreira Carreira organizacional e carreira sem fronteira Desafio para a elaboração de plano de carreira Evolução do conceito de carreira O movimento intercompanhia e a identificação dos tipos de carreira Papel das pessoas em relação à carreira e marketing pessoal Identificação das âncoras de carreira Ações para o planejamento da carreira Concluindo o plano de carreira Introdução DILEMAS EM RELAÇÃO À CARREIRA Transição de carreira e âncoras de carreira Principais motivos para a transição de carreira Para entender a identidade profissional Reconfiguração da identidade profissional Peculiaridades, vantagens e limitações da carreira paralela Conceito de carreira paralela Evolução do conceito e peculiaridades Limitadores Vivência prática: mapeamento das experiências profissionais e pessoais importantes para o desenvolvimento Listando as características e interesses pessoais Reconhecendo as âncoras de carreira Desenvolvendo o planejamento de carreira Sumário Sumário Introdução DINÂMICAS DAS RELAÇÕES ENTRE AS PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES Mediação: pessoas x organizações Paradoxos Interdependência Alinhamento dos objetivos: pessoais e profissionais Surgimento dos conflitos Relações intercambiáveis entre empresas e funcionários Estratégias de evitação ou não enfrentamento do Conflito Desenvolvimento pessoal e planejamento de carreira O novo contrato psicológico Sem planejamento, com desajustes Por que cumprir o contrato psicológico? Introdução TENDÊNCIAS NA GESTÃO DE CARREIRA Redes sociais Conceitos e sustentabilidade da rede social interorganizacional Comunicação e processo de comunicação Comunicações eletrônicas Orientação de carreira: coaching e mentoring Definição e aplicação do coaching Conceito e tipos de mentoring Rede social de desenvolvimento: um substituto do programa de coa- ching? A revolução opt-out Conceito A diversidade geracional e o movimento opt-out O desenvolvimento da carreira e o opt-out Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Introdução LIDERANÇA Conceito Importância da liderança A evolução das teorias de liderança e eventuais inconsistências Para um mundo virtual, uma nova liderança Tipos de liderança Demais teorias contingenciais Teorias de liderança com leves traços de século XXI As organizações e os modelos de liderança Imagens mentais das organizações – Modelos de Morgan A organização que aprende – Peter Senge Organizações: exercer poder ou aprender, qual é a melhor prática? As organizações do terceiro milênio Introdução LIDERANÇA E O MUNDO CONTEMPORÂNEO Liderando em meio à complexidade dos problemas do cotidiano Conceito de complexidade e sua composição do cotidiano A era da informação e do conhecimento O que é desenvolvimento na era da informação? Peculiaridades do ambiente de negócios Novo ambiente de negócios A repercussão das mudanças nas organizações Olá, Organização! Quem é você neste mundo de mudanças? (renumerar no original a partir daqui. Lá salta de 6.2.2 para 6.2.4) Minha empresa é tradicional ou é uma organização que aprende? Competências requeridas do líder/gestor O que é aprendizado de competência global? Competência – o “fazer” da gestão Desconstruindo o modelo de Katz Sumário Introdução LIDERANÇA E O COMPORTAMENTO HUMANOS NAS ORGANIZAÇÕES Quem é o melhor líder? O racional ou o emocional? O líder e o trabalho como fatores motivacionais. Vivência prática: aplicação e análi- se do Motivograma As relações entre autoridade e responsabilidade Vivência prática: desenvolvimento e avaliação das combinações de dois estilos de liderança. Construção da grade gerencial de Blake e Mouton. Introdução LIDERANÇA E A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Os efeitos do desenho de cargos na escolha do estilo de liderança Conceito e surgimento de cargo Significado de desenho de cargo e modelos de desenho de cargo Como o desenho do cargo pode ser um fator motivacional? Enriquecimento dos cargos A liderança e a condução da avaliação de desempenho O que é avaliação de desempenho, seus objetivos e quais são os benefícios e malefícios em sua utilização? Métodos de avaliação de desempenho Etapas e tendências da avaliação de desempenho Avaliação qualitativa direta Liderar voltado à tarefa x liderar voltado à pessoa A influência da liderança voltada à tarefa nos resultados das avaliações de desempenho A liderança voltada à pessoa e seus efeitos na avaliação de desempenho Contexto: estratégia, estrutura, comportamento e desempenho Introdução LIDERANDO A SI MESMO Desafios de um mercado competitivo Força, oportunidade, fraqueza e ameaça O sentimento de pertencimento. Entre os princípios e a conduta da organização Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Sistema de valores e organizações Comprometimento Responsabilidades no relacionamento – líder e liderado Delegação de responsabilidades Introdução TRABALHO EM EQUIPE Conceito, tipos e importância Diferença entre grupos e equipes O processo de comunicação e conflitos x negociação Introdução OS PARADIGMAS DE LIDERAR A MUDANÇA Liderando a mudança e delegação de autoridade e responsabilidade Novas iniciativas para as pessoas Empowerment Gerando a mudança Como gerar mudanças nas organizações Mudança e continuidade, criando o futuro. Vivencia Prática: Aplicação do Modelo de Forças Kurt Introdução AS EQUIPES EFICAZES Equipes com alto desempenho e fatores determinantes na eficácia Composição das equipes eficazes e os processos das equipes Poder, política e ética Introdução TRANSFORMANDO INDIVÍDUOS EM EQUIPES Seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas Processo seletivo: recrutamento e seleção O processo de treinamento e desenvolvimento dentro das organizações Sumário Processos motivacionais baseados em remuneração e outras estraté- gias Gerenciando as diferenças Motivando pessoas diferentes Introdução GESTÃO DA DIVERSIDADE NA EQUIPE Diversidade cultural Diversidade socioeconômica Diversidade étnica e religiosa Processos motivacionais baseados em remuneração e outras estraté- gias Gerenciando as diferenças Motivando pessoas diferentes Introdução GESTÃO DA DIVERSIDADE NA EQUIPE Diversidade cultural Diversidade socioeconômica Diversidade étnica e religiosa Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe! Você já deve ter notado que o mercado de trabalho atual tem se mostrado cada vez mais competitivo. Há um aumento gradativo da concorrência entre as pessoas no sentido de conquistar melhores oportunidades disponíveis. Neste contexto, esta disciplina tem o objetivo de apontar os caminhos para torná-lo um profissional valorizado por qualquer organização, para tanto pretende expandir sua visão tornando-o um planejador de sua carreira profissional. Para alcançar este objetivo, será necessário desenvolver competências e habilidades como planejamento da carreira a partir dos interesses pessoais, necessidades do mercado e estratégias organizacionais, espírito de liderança proativa, atuação como mediador de situações conflitantes referentes às relações interpessoais da equipe e na criação de um ambiente colaborativo. O desenvolvimento das competências será baseado no aprendizado do conteúdo programático elaborado para alcançar o objetivo proposto. Ao longo desta disciplina, serão abordados os seguintes assuntos: Gestão de Carreira - Dilemas, dinâmicas e tendências; Liderança – Conceitos, Mundo Contemporâneo, Comportamento, Estrutura e Paradigmas e Trabalho em equipe – Eficácia, transformação e Gestão da Diversidade na Equipe. Bons estudos! Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Apresentação da disciplina Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira Unidade de Aprendizagem! Nesta unidade você estudaráteorias, contexto e exemplos práticos essenciais para a ampliação de seus conhecimentos referentes ao comportamento humano especificamente voltado a temas como carreira, liderança e trabalho em equipe. Ao término desta unidade você entenderá o conceito de gestão de carreira. Estes conceitos auxiliarão você a “pensar” sua escolha de carreira, em três aspectos: família, organização e sociedade. Além disto, com base nos conceitos aprendidos, será possível traçar um primeiro esboço de sua carreira neste momento. Você sabe como se dá a escolha de uma determinada carreira? Sabemos que para alguns indivíduos, o ato de escolher a profissão causa grande desconforto. Para minimizar este incômodo e alcançar sucesso na escolha profissional, a mente humana processa um complicado cálculo, considerando várias situações subjetivas: necessidade, status, autorrealização, aceitação e reconhecimento. Há uma tentativa frenética para a eliminação do risco de fracasso. Há quem tente transformar as questões subjetivas em questões práticas e objetivas, com a finalidade de tornar menos dolorosa a escolha. Nesta situação, busca-se impor valor numérico a cada variável. Ora, como calcular os custos de mudança de região em relação ao sentimento de saudade e de perda de referência cultural? Ou o índice de ganho financeiro em relação à falta de um amigo? São objetos impossíveis de quantificar, você não concorda? O problema está justamente neste ponto: pensar a escolha a partir do que lhe é externo em detrimento do que lhe é interno, ou seja, sua aptidão, seu dom, seu interesse, suas habilidades. Eis ai o fator determinante do sucesso na escolha da carreira. Esta unidade propõe uma abordagem que lhe conduzirá ao entendimento das variáveis dessa problemática, buscando auxiliá-lo na tomada de decisão mais adequada na escolha de sua carreira. Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Introdução Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe O termo gestão de carreira passou a ser utilizado na década de 1980 e trouxe em sua bagagem o conceito de que a pessoa é responsável pelo desenvolvimento de sua carreira. Até as décadas de 1960 e 1970, as organizações eram as responsáveis pelo desenvolvimento da carreira da pessoa. A necessidade de redução de custos organizacionais levou a eliminação gradativa e redução drástica dos benefícios de aprendizagem, treinamento e desenvolvimento oferecidos pelas empresas, sendo menos oneroso buscar profissionais já desenvolvidos no mercado ao invés de fazê-los internamente. Os indivíduos, portanto, passaram a buscar seu aprimoramento profissional de acordo com os seus interesses pessoais e também por meio da avaliação do mercado, com o objetivo de promover seu crescimento diante das necessidades pessoais e das demandas impostas. Se considerarmos que compete à pessoa desenvolver sua carreira, teremos o conceito de que carreira é uma sequência única de atitudes e comportamentos, relacionados ao conhecimento do indivíduo, e associada as suas experiências de trabalho e de atividades durante a vida (HALL apud VELOSO; DUTRA, 2010). Aprimoramento profissional independente. Gestão de carreira 1.1 Conceito e Evolução 1 As empresas são um dos componentes, um dos possíveis espaços, em que a pessoa poderá desenvolver sua carreira, se assim desejar, porém não é mais o único local onde este desenvolvimento se dará. 1.1 1.1.1 Significado de carreira Desta forma, as empresas passam a ser um dos componentes, um dos possíveis espaços em que a pessoa poderá desenvolver sua carreira se assim desejar, porém não mais o único local onde este desenvolvimento se dará. Você sabe dizer o que significa ter uma carreira? Saiba que é a partir deste entendimento que você direciona seu crescimento profissional. É preciso, portanto, compreender seu entendimento de carreira, para então poder direcioná-la. Uma carreira possui vários significados distintos, os quais estão intrinsicamente ligados ao contexto social e organizacional. De acordo com Veloso e Dutra (2010), é possível entender carreira sob quatro significados distintos. Acompanhe! ▪ Avanço: a compreensão popular pressupõe crescimento vertical hierárquico ascendente dentro da organização. ▪ Profissão: na visão tradicionalista e popular entendemos como carreira apenas as profissões capazes de representar status e que de tempos em tempos renovam esta posição (por exemplo, médicos, professores, enfermeiros e funcionários públicos). ▪ Sequência de trabalhos durante a vida: esta é uma visão comportamental, em que o tipo de ocupação não é relevante. A relevância está na pessoa em sua história e na sequência de posições que ela ocupou, independentemente do nível ou tipo de trabalho. ▪ Série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida: sob a visão da ciência comportamental, carreira é a forma como a pessoa experimentou a série de trabalhos e as atividades que construíram sua história laboral. Visão multidisciplinar da carreira O significado de carreira dependerá do entendimento individual, organizacional e social. 1.2 1.1.2 Tipos e compreensão de carreira Há dois tipos principais de carreira e é a partir deles que as pessoas compreendem a carreira. ( DUTRA, 2010). ▪ Não tradicional: também denominada de carreira sem fronteira, voltada à visão subjetiva quando a ênfase é dada à sequência de trabalhos durante a vida e a série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida. ▪ Tradicional: conhecida como carreira organizacional, voltada à visão objetiva quando baseada no avanço e na profissão, esta última impregnada de juízo de valor, ou seja, ser um médico cardiologista é ter uma profissão mais reconhecida e importante socialmente do que ser um médico dermatologista ou homeopata. Ambos os profissionais são importantes para a sociedade. As sociedades, entretanto, são diferentes entre si, alterando-se de região para região, bairro para bairro e desenvolvendo valores que lhes são peculiares. São as particularidades de cada sociedade e sua cultura que irão torná-la diferente das outras e é também a partir dessas diferenças sociais que os profissionais se movimentam e fazem suas escolhas de carreira. Entenda que a mesma dinâmica acontece com as organizações. Estas são sistemas sociais que desenvolvem cultura de acordo com os princípios de seus fundadores e setor no qual atuam. Logo, a compreensão de carreira a ser adotada é aquela que melhor se adequa às condições individuais, socais e organizacionais do ambiente em que a pessoa se encontra. Múltiplas experiências para a formação da carreira A ciência do comportamento humano entende que todas as experiências de uma pessoa são relevantes para o desenvolvimento da carreira, inclusive aquelas obtidas fora do ambiente de trabalho. Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Você sabe de que forma ocorreu a transformação do significado de carreira? Com certeza você já possui alguma ideia sobre o assunto. Para responder a esta questão com sucesso, continue atento à leitura desta unidade! 1.3 1.2.1 Desafio para a elaboração de plano de Há algumas décadas as organizações buscam harmonizar os objetivos das empresas e as necessidades pessoais de seus colaboradores, uma ação complicada, pois, na maioria das vezes, os interesses pessoais do colaborador são incompatíveis com as necessidades e objetivos da organização. Por exemplo: um colaborador que, quando solteiro, prolongava seu período de trabalho e fazia viagens constantes para a organização, após o casamento e a chegada dos filhos não desejará mais ficar ausente de casa por longo período. Outro exemplo: organizações que exigem escolaridade superior ou especialização, mas que não permitem aos colaboradores readequarem seu horário enquanto participam do curso ou que ao final do curso não tenham vagam disponíveis para promover os profissionais. Ao considerar estes exemplos podemos notar que há dificuldadeem compatibilizar interesses pessoais com interesses da organização, e esta dificuldade é potencializada quando se trata de gestão de carreira, pois para que ela seja desenvolvida é primordial que sejam compatíveis tanto as possibilidades de crescimento oferecidas pelas organizações quanto os projetos de desenvolvimento profissional do trabalhador. 1.2 Carreira organizacional e carreira sem fronteira2 Compatibilidade e alinhamento dos interesses O desafio do plano de carreira é manter compatíveis os interesses pessoais e as necessidades organizacionais por meio do realinhamento dos objetivos comuns. 1.4 1.2.2 Evolução do conceito de carreira Os primeiros estudos referentes ao comportamento humano nas organizações, os quais incluíam questões motivacionais e de liderança, foram realizados no período do pós–Segunda Guerra Mundial, (DUTRA, 2010). sendo voltados à economia industrial. Neste período, as organizações eram administradas com base nas Teorias Clássica e Neoclássica, adotando um modelo de gestão burocrática com níveis hierárquicos rígidos e atuando em uma economia estável. Foi neste contexto que se firmaram as teorias tradicionais de gestão de carreira, também conhecidas como carreira organizacional. Tais teorias proclamavam a inércia do trabalhador em relação ao seu desenvolvimento profissional, uma vez que este deveria se desenvolver unicamente de acordo com os interesses das empresas. Nas décadas de 1970 e 1980 surge uma nova economia e com ela a desaceleração do crescimento das empresas, a consequência foi uma redução nos empregos, que obrigou as pessoas a ingressarem em outras organizações e pôs fim à era da carreira organizacional. O surgimento de uma nova economia impõe uma nova forma de administrar os negócios. É necessário ser flexível para ser competitivo. A noção de flexibilidade se impõe também aos trabalhadores, que cada vez menos serão amparados pelas fronteiras organizacionais e que necessitam planejar suas carreiras de forma proativa e independente. Porém, afirmar que as mudanças de comportamento de carreira surgem somente em resposta às mudanças organizacionais pode resultar em uma visão simplista. A crescente consciência dos trabalhadores sobre suas necessidades pessoais, independentes das organizações também devem ser consideradas (VELOSO, DUTRA, 2010, p. 19). Alcançar a competitividade torna-se crucial para atuar em um mercado aberto o que implica em aprender continuadamente (organização e sociedade), repensando o conhecimento local, tecnologia e qualificação dos trabalhadores. Flexibilidade passa a ser a palavra de ordem, assumindo alto grau de importância, pois concede às empresas e pessoas maior competitividade no mercado em que atuam. 1.5 1.2.3 O movimento intercompanhia e a identificação dos tipos de carreira A redução do tamanho das empresas associada à necessidade de ampliar o conhecimento das organizações acerca de novos mercados ascende o movimento intercompanhia. Em outras palavras, a transição de colaboradores entre companhias diferentes as transformam em organizações sem fronteiras. Surge o movimento intercompanhia. Entenda que o movimento intercompanhia é impulsionado por três fatores: as necessidades pessoais dos trabalhadores; das organizações; e da nova economia, que, globalizada, ampliará o mercado e trará concorrência externa para as empresas, aumentando a necessidade destas de ser competitiva e flexível. Mas pense bem: seria possível processar tamanha mudança de forma rápida e assertiva em uma grande companhia de modelo hierárquico rígido? É certo que não. Desta forma, estas grandes empresas continuam a influenciar o pensamento das pessoas quanto ao emprego e quanto às suas carreiras. Longe dos portões de proteção paternalistas das organizações que até então proveram a ascensão profissional com base em um modelo administrativo burocrático e lento, os trabalhadores são compelidos a buscarem emprego em outras companhias, “interrompendo” sua carreira. Observe, porém, que a mudança de emprego não significa propriamente interrupção da carreira, uma vez que não denota estagnação e desperdício de aprendizagem, mas sim em adaptação e continuidade da aprendizagem. É perfeitamente normal que, ao sair de uma empresa, um trabalhador seja admitido em outra e possa até ser promovido em cargo e salário. O inverso também é possível. Estas possibilidades dependerão claramente das condições da economia e do mercado/setor econômico de atuação da organização naquele exato momento. É com base na situação de necessidade mútua de renovação e atendimento de interesses pessoais e organizacionais, que se desenvolve a teoria de carreira sem fronteiras. A carreira sem fronteiras é uma oposição à carreira organizacional (teorias tradicionais), pois atende aos preceitos das mudanças sociais e da nova economia, adotando um estilo flexível, dinâmico e diversificado de aprendizagem para a pessoa e também para as organizações. Você sabe como identificar se está diante de uma carreira organizacional ou uma carreira sem fronteira? É possível identificá-la através da forma como ela se apresenta. De acordo com Veloso e Dutra (2010), a visão tradicional e não tradicional da carreira apresentam características distintas. Observe a seguir. CARREIRA TRADICIONAL CARREIRA NÃO TRADICIONAL Empreendedorismo corporativo que é opcional. Não é importante para o desenvolvimento da carreira. O seu movimento ocorre entre empregadores distintos. Exemplo: o promotor que também é professor universitário. O empreendedorismo e o empreendedorismo corporativo são competências muito valorizadas no mercado, independentemente de a pessoa ter ou não um vínculo de trabalho. Empregados são parte da organização, enquanto clientes e fornecedores estão à parte (fora das fronteiras organizacionais). Possibilita comercialização do trabalho de forma autônoma ou complementar. Exemplo: o médico que trabalha em posto de saúde e também em sua clínica. No desenvolvimento da carreira, a empresa dirige e predetermina as estruturas de carreira sem a participação do trabalhador. É sustentada por networks ou informações externas. Exemplo: corretor de imóveis. A proatividade da pessoa em relação à própria carreira aguça o olhar para o conhecimento multidisciplinar, experimentando formas novas de fazer as coisas e também novos desafios. As organizações ofertam empregos para a vida toda. A pessoa rejeita ofertas de carreira por motivos pessoais ou familiares. Exemplo: proposta de mudança de país, afastamento dos familiares. CARREIRA TRADICIONAL CARREIRA NÃO TRADICIONAL Empresas e pessoas são interdependentes. Alterações na organização resultam em alterações na carreira da pessoa. O profissional deve estar atento a investir em sua empregabilidade e a desenvolver-se por iniciativa própria, competências estas muito valorizadas pelo mercado e que devem se ajustar ao seu perfil. Na economia os empregos são gerados por grandes empresas. Houve quebra das tradicionais fronteiras de carreira organizacional. Exemplo: profissionais de alto nível que se engajam em comunidades. Ambiente estático e estável A interpretação ou percepção do indivíduo conduz a um futuro sem fronteiras, desconsiderando os obstáculos estruturais. Exemplo: o Físico que faz experimentos em um laboratório improvisado na garagem. Profissionais buscam novas formas de trabalho e novos tipos de vínculo profissional. Quadro 1 - Comparativo entre carreira tradicional e carreira não tradicional Fonte: Elaborado pelo autor, com base em VELOSO; DUTRA, 2010. A carreira organizacional é engessada pelas condições impostas ao trabalhador pela organização, o qual se vê compelido a cumprir com as determinações da empresa a fim de alcançar crescimento hierárquico. Um exemplo deste modelo de carreira são aquelas existentes em instituições bancárias, governamentais e empresas de grande porte. A visão não tradicionale subjetiva da carreira sem fronteiras é flexível, adaptável às mudanças. Permite a pessoa transitar livremente no mercado de trabalho, agregando novas experiências profissionais. De acordo com Veloso e Dutra (2010, p. 25), a gestão da carreira sem fronteira “é permeada pelo papel da pessoa no planejamento da sua vida profissional e pelo papel da organização em sua responsabilidade em definir um sistema de gestão de carreira”. A pessoa no comando do desenvolvimento da carreira A pessoa se apropria de seus conhecimentos e experiências pessoais e desenvolve sua carreira de acordo com seus interesses. As organizações têm como desafio desenvolver um processo de carreira que concilie os interesses da pessoa com suas necessidades e objetivos. Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Você sabe que papel a pessoa deve exercer em relação a sua carreira? E como deve fazer para exercê-lo? Entenda que o primeiro papel é a escolha da carreira, para a qual deve se respeitar seus apelos internos. Sim, deveria. Mas não é assim que a escolha se dá. Há três fatores externos que atuam fortemente nesta escolha: família (atuando de forma positiva ou negativa, direta ou indiretamente, tanto na escolha inicial, quanto nas escolhas futuras para redelinear a carreira); a sociedade (através da influência da classe social e particularidades da comunidade); a cultura (por meio do juízo de valor e a atribuição conceitual que se dá às opções de carreira). 1.6 1.3.1 Identificação das âncoras de carreira Além dos fatores acima, existem ainda as âncoras de carreira. Segundo Shein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p.7), “a maioria das pessoas não está atenta às suas âncoras até o momento que são forçadas a fazer escolhas que se relacionam ao autodesenvolvimento, família ou carreira”. As âncoras de carreira possuem atributos voltados às competências desenvolvidas pela pessoa. Saiba que estas competências podem estar relacionadas ao âmbito técnico, gerencial, comportamental, como independência, estabilidade, criatividade empreendedora etc. 1.3 Papel das pessoas em relação à carreira e marketing pessoal 3 O reconhecimento destas competências é relevante para o planejamento da carreira, o qual é composto de três pontos: ▪ autoavaliação – trata-se da identificação das qualidades, interesses e potencial da pessoa; ▪ estabelecimento de objetivos de carreira - reconhecimento de objetivos para a carreira, pautados na autoavaliação, com posterior desenvolvimento de plano realista de carreira; ▪ efetivação do plano de carreira – capacitação, experiências profissionais que tornem possível criar oportunidades para competir no mercado de trabalho a fim de alcançar suas metas de carreira. Ao planejar a carreira é preciso olhar para si. Desta forma, eliminam-se os desacertos que podem comprometer o seu desenvolvimento. De acordo com Dutra (2010), os conflitos produzidos quando a escolha da carreira é feita priorizando fatores externos irão se apresentar de três formas. Acompanhe cada uma delas! ▪ Olhar para o futuro – Significa olhar para as oportunidades que podem alavancar a carreira e que estão fora das fronteiras das empresas. Referenciar a escolha a partir da organização em que trabalha atualmente, tomando como indicativo o organograma e cargos e salários, é restringir suas oportunidades. ▪ Apelos da posição – A proposta de alta remuneração e status, aliada à pressão social e às vantagens de curto prazo, são armadilhas profissionais que escondem os conflitos internos que virão a partir desta escolha, criando grande sofrimento. Este sofrimento profissional provoca desgaste de imagem e das relações de trabalho, principalmente quando os valores e princípios da organização não são condizentes com o da pessoa e há desprezo dos pontos fortes do profissional. Exemplos: enfrentamento de situações ilegais condenáveis pela sociedade (pagamento de propina, poluição do meio ambiente, sonegação de impostos, alteração de livros fiscais, entre outros) e cargo incompatível com a função (cargo de diretoria ▪ Falta de foco – quando a posição ocupada não apresenta mais desafios de tal forma que seu potencial não é totalmente explorado, causando grande desconforto, liberando sentimento de angústia e desorientação. Em um primeiro momento, a pessoa busca ampliar suas atribuições dentro da organização assumindo responsabilidades maiores e mais complexas, em um segundo momento busca a mudança de posição na empresa ou mudar de organização. Enquanto ele busca a saída para esta condição, seu desenvolvimento profissional torna-se lento ou paralisado, em um período médio de dois a cinco anos. A melhor forma de pensar as coisas: autoavaliação e autoconhecimento A escolha da carreira deve ser feita a partir da própria pessoa, considerando suas aptidões, aspirações, habilidades, competências e interesses. 1.7 1.3.2 Ações para o planejamento da carreira Considere que você paralisou a sua carreira por cinco anos. Que sentimento isto lhe causaria? Certamente sentimentos múltiplos e confusos que atingiriam diretamente sua motivação para o trabalho, certo? É correto dizer que esta motivação poderá ser de tal sorte positiva no sentido de impulsioná-lo a novas saídas. Mas ela tem grande potencial para ser negativa também. Como então eliminar este risco? Olhe para o seu interior antes de optar por esta ou aquela carreira, ou seja, faça sua escolha a partir da autoavaliação (na autoavaliação é possível perceber os pontos fortes e fracos e, principalmente, trabalhar para eliminar suas fraquezas e tornar os pontos fortes mais visíveis). Além disto, é por meio da autoavaliação que podemos enxergar as ameaças (limitações da carreira) e as possibilidades de mercado e do autoconhecimento. Esta prática é um excelente aliado no momento do planejamento, pois evitará que a pessoa “caia em armadilhas de carreira”, mitigando o risco de aceitar uma função ou cargo que não condiz com seu perfil, habilidade e interesses de crescimento. [...] autoavaliação, o autoconhecimento. É a partir daí que devem ser desenvolvidos os objetivos de carreira e o plano de ação para a consecução destes objetivos. Com base neste exercício é que será possível identificar as oportunidades de carreira. Naturalmente, estas etapas são interativas, ocorrendo ao longo do processo de planejamento de carreira uma contínua influência entre elas (DUTRA, 2010, p. 62). Dutra (2010) estabelece ainda um passo-a-passo interessante para a edificação de um projeto profissional. Confira a seguir! 1º - Autoconhecimento: é a parte mais importante do projeto. Deve ser estabelecida a partir da análise das realizações – percepção dos pontos fortes, dos valores pessoais – mapeamento feito com base nos parâmetros de Schein, (1990); Derr (1988), apud (DUTRA, 2010) e da personalidade (teste de Jung e outros). 2º - Conhecimento do mercado: estudar os movimentos mercadológicos dentro e fora da empresa, analisar as opções, tendências, limitações e alternativas. 3º - Objetivos de carreira: nesta etapa, deve- se estabelecer os objetivos a partir da própria pessoa. O referencial interno é mais seguro e sofre pouca modificação em termos estruturais (personalidade, valores e habilidades naturais). Ao traçar os objetivos, é importante questionar-se: Como posso estar mais motivado profissionalmente daqui a X anos? Considere na avaliação os fatores familiares, pessoais, sociais, econômicos e financeiros, e todos aqueles que são importantes para você. 4º - Estratégias de carreira: após a definição do objetivo, desenvolve-se a estratégia para alcançá-lo. Esta estratégia deve considerar: responsabilidades e atribuições variadas e novas, integração de novas ocupações e áreas de trabalho, tanto dentro como fora da empresa, revisar e/ou reduzir esforços para os quais não há real interesse. 5º - Plano de ação: este plano deverá contemplar objetivos de curto prazo, indicadores de sucesso,fatores críticos e análise de recursos (tempo, dinheiro e capacitação). É importante que o plano de ação seja iniciado somente após o desenvolvimento da estratégia. 6º - Checagem do plano e avaliação dos resultados – pode ser desenvolvido utilizando o PDCA planejar, fazer, checar e agir (plan, do, check e action, em inglês). Avaliação contínua dos resultados, com metas e objetivos fixados de curto prazo e que representados por um padrão essencial (tempo, custo, resultados de curto prazo, entre outros). É necessário que o plano seja coerente com a realidade nos seguintes aspectos externos (valores e interesses, demandas das empresas e do ambiente, praticidade, disponibilidade de informações e recursos) e internos (família, interesse pessoal, lazer). Figura 8 - Planejamento Profissional O desenvolvimento do plano de carreira ajuda a reconhecer as âncoras de carreira, os riscos e as oportunidades de mercado. 1.8 1.3.3 Concluindo o plano de carreira De posse do projeto profissional será possível negociar com a organização, sendo necessário observar, segundo Dutra (2010), os seguintes aspectos: ▪ 1º Qual o posicionamento da organização no seu projeto? Ela está dentro ou fora dele? Caso a organização esteja fora do seu projeto, é necessário avaliar as oportunidades fora da empresa. ▪ 2º Você consegue avaliar as oportunidades que a empresa oferece? Nem sempre as empresas conseguem controlar as oportunidades que oferecem. Neste caso, será preciso obter informações a partir de pessoas com as quais você mantenha relacionamento. ▪ 3º Quais são as exigências da organização para a posição desejada? É preciso saber se é possível atender aos quesitos da empresa e se ela atende aos seus. ▪ 4º Você está seguro quanto as suas prioridades de desenvolvimento de carreira? Para negociar carreira, é preciso estar seguro de suas Avaliação do planejamento profissional Para planejar a carreira é preciso olhar para si. Desta forma, eliminamos os desacertos que podem comprometer o desenvolvimento da carreira. 1.9 Referências DUTRA, Joel S. Trajetórias de Carreira nas organizações. In: DUTRA, J. S. (Org.). Gestão de carreiras na empresa contemporânea. São Paulo: Atlas, 2010. p. 59-64. DUTRA, J. S.; VELOSO, E. F. R. Evolução do Conceito de Carreira e sua Aplicação para a Organização e para a pessoa. In:______. ______. ______. p. 4 - 25. Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à segunda Unidade de Aprendizagem! Nesta unidade você estudará teorias, contexto e exemplos práticos essenciais para a ampliação dos seus conhecimentos sobre o comportamento humano, especificamente, voltados à carreira, liderança e trabalho em equipe. Vamos estudar também os dilemas em relação à gestão de carreira. Você, por exemplo, já se imaginou assumindo uma nova identidade profissional e fazendo uma transição de carreira? Pois saiba que muitas pessoas enfrentam, ao longo da vida profissional, dúvidas e desejos de mudança em relação à carreira. Não vamos nesta aula apresentar soluções definitivas, mas apontar caminhos objetivos de como enfrentar este desafio complexo. Ao final, você estará preparado para mapear seu desenvolvimento profissional e identificar os rumos inconscientes de sua carreira. E, se desejar, estará preparado para tomar uma decisão e preparar sua transição de carreira. Vamos começar? Dilemas em relação à carreira Introdução Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Desde o início do século XXI profissionais discutem e participam, intensamente, do processo de transição de carreira, uma mudança profunda no âmbito profissional e pessoal, que muitas vezes causa sentimentos como angústia, incerteza e insegurança. E você, saberia dizer por que a transição causa sofrimento em algumas situações? Por que as pessoas decidem passar de uma carreira para outra? Ou ainda, por que desenvolvemos novos laços sociais, arduamente construídos, e gradualmente os desfazemos? Dutra (2010, p. 103) define transição de carreira quando uma “pessoa efetua um movimento em sua carreira que implica em assumir uma nova identidade profissional”, algo diferente de uma mudança de função ou um novo desafio profissional. Por exemplo: deixar a carreira de advogado para empreender no ramo de alimentos. Ficou curioso? Vale à pena prosseguir! 1.10 2.1.1 Principais motivos para a transição de Para entendermos os motivos que levam uma pessoa a reinventar sua carreira profissional é preciso saber como esta transição acontece. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010), a passagem de uma carreira para outra pode ocorrer de forma objetiva, quando é percebida socialmente, ou subjetiva, a partir da percepção individual do antes e depois da decisão, incluindo como a situação é percebida pela pessoa que está em transição de carreira. 2.1 Transição de carreira e âncoras de carreira1 A transição de carreira pode também ser vista como um processo. Conforme propõe Quishida (2007, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 107), sob a ótica operacional, a transição é um processo marcado por três estágios: ▪ carreira: entrada, avanço, reavaliação, reforço e nova entrada, precedida por uma ruptura do estágio anterior; ▪ pessoa: pré-transição, crescente descontentamento, crise, redirecionamento e reestabilização; ▪ percepção das mudanças comportamentais: na natureza da tarefa, nos relacionamento e autoconceito profissional. Considerando os estágios do processo de transição de carreira não é possível reconhecer um padrão único, sendo assim as pessoas vivenciam este processo de forma diferente. Assim, ao observar os estágios, podemos notar que, em geral, os motivos são de duas ordens. ▪ Por questões pessoais (fator interno): quando a decisão implica em enfrentar novos desafios de trabalho. Exemplo: frustrações com o cargo e a função, esgotamento e insatisfação com a empresa, decepção com a carreira, fazer uso de talento ou aptidão ainda não explorado, entre outros. ▪ Por necessidade de adaptação a uma nova situação (fator externo): inerentes a vontade da pessoa. Exemplo: questões sociais, econômicas, tecnológicas, perda de emprego, proposta de mudança Temos que perceber também que a transição de carreira não é um processo simples, ao contrário, é complexo. O ponto de partida desta experiência são as experiências vivenciadas profissionalmente, tanto as positivas, quanto as negativas. Notem que durante a transição não há efetivamente a mudança, o que há é uma preparação. Neste processo, a pessoa passará por diversas situações, e a mais importante delas é a passagem da antiga identidade profissional, adquirida por meio da carreira atual, para a nova. Os múltiplos caminhos da transição de carreira A transição de carreira é o período necessário para as pessoas processarem as mudanças e a nova identidade profissional. 1.11 2.1.2 Para entender a identidade profissional A identidade profissional é o reconhecimento da pessoa com a função e o cargo que ela ocupa. Normalmente, acontece no momento da escolha da profissão ou da carreira inicial. Uma pessoa que possui uma atividade técnica/funcional e assume uma função gerencial, por exemplo, deve assumir as responsabilidades do novo cargo e tomar decisões a partir de uma visão mais organizacional e menos operacional, alterando assim sua identidade profissional e incorporando-se ao novo papel assumido. Notem que há pessoas que não conseguem realizar esta alteração e, mesmo tendo que efetuar atividades gerenciais, comportam-se como técnicos. Para estas pessoas, a transição é temporária ou até mesmo complementar e, ao final de um período, quando se encerra uma situação de necessidade, elas retornam ao ponto de origem, ou seja, reassumem a identidade profissional anterior. Vocês devem perceber que, dependendo da forma como esta transição é administrada, mudanças na identidade profissional podem acarretar também em problemas para a organização e para a pessoa, uma vez que suas decisões penderampara o lado técnico em detrimento do gerencial, principalmente quando a pessoa não deseja desenvolver competência gerencial ou simplesmente por não possuir este perfil. De acordo com Ibarra (2004, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p.114), reconfigurar a identidade profissional não é algo simples, pois ela foi construída, gradualmente, ao longo dos anos e de forma inconsciente, sendo assim não é possível que esta reconfiguração seja feita de forma planejada e tão pouco por autorreflexão. Para realizar a reconfiguração da identidade profissional é, portanto, imprescindível a ação da pessoa de forma direta. É um experimento por tentativa e erro. Para o autor, para testar uma nova identidade profissional é necessário que a pessoa frequente outros grupos distintos daquele que costumeiramente frequentava. Esta atitude é importante para que a pessoa reafirme seu senso de pertencimento e reforce as características compatíveis com a nova identidade. Nova identidade profissional No processo de criação de uma nova identidade profissional é imprescindível a ação da pessoa de forma direta. 1.12 2.1.3 Reconfiguração da identidade A reconfiguração da identidade profissional é a constatação, o resultado da transição. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p.107), é possível constatar a passagem de uma carreira para outra a partir da identificação e da análise de cinco tipos de transição entre funções. Confira a seguir no Quadro 1 os tipos de transição de carreira entre funções. Tipo de transição Análise Exemplo Entrada e reentrada na carreira. Entrada não caracteriza transição, como não há registro anterior é uma construção de identidade. Reentrada é a reconstrução de uma identidade profissional. Recém-formados, donas de casa. Intracompanhia É transição somente se houver atribuição de atividades e responsabilidades diferentes daquelas assumidas anteriormente. Mudanças entre os departamentos dentro da organização. (tarefas, tecnologia e local físico). Intercompanhia É rara a transição de carreira quando se troca de empresa. É difícil uma organização contratar uma pessoa para assumir atividades e responsabilidades de natureza diferente da assumida anteriormente. Movimento voluntário entre as companhias, em funções parecidas, desemprego Interprofissão É considerada reconfiguração da identidade profissional somente quando a pessoa já consolidou uma identidade profissional e esta mudando. Não é válida para recém-formados. Dentista que se torna advogado, empregado que se torna empresário Saída A aposentadoria formal é uma transição. O afastamento de três a seis meses não produz uma reconstrução de identidade profissional. Afastamento temporário, aposentadoria. Quadro 2 - Exemplos de ruídos na comunicação Fonte: adaptado de VELOSO; DUTRA, 2010, p.107. A partir do Quadro 1 você pode identificar qual é a situação atual da sua carreira. Caso deseje, inicie um pequeno rascunho dos seus passos e procure prever a sua condição para o futuro. É possível que você não se identifique. Neste caso, veja se na organização na qual você trabalha existe a pratica de carreira paralela, comumente conhecida como carreira em Y, e a partir daí trace seu escopo. A seguir, vamos estudar e entender melhor sobre carreira paralela. Uma proposta complexa Ser complexo não significa dificuldade. A transição de carreira é complexa, pois é necessário que a pessoa tenha alguma experiência profissional, seja reconhecida no ambiente em que atua e tenha as competências para executar atividades que incluam múltiplos fatores. O resultado será, impreterivelmente, a troca da identidade profissional. Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Você sabe o que é carreira paralela ou carreira em Y? É bem provável que sim. Mas, talvez, não com esta nomenclatura. No início da década de 1990, com o avanço da globalização, as organizações se viram diante de intensa concorrência. Rapidamente, elas perceberam que era necessário melhorar sua competitividade, modernizar as plantas, melhorar a tecnologia, aumentar a produtividade, criar valor agregado ao produto, atenderá legislação, enquadrara gestão de qualidade, entre outros. Todos estes itens transformaram as atividades organizacionais em atividades de alta complexidade. Simultaneamente, houve o aumento da demanda por profissionais com especialização técnica ou funcional, o que provocou a necessidade da criação de uma carreira para estes profissionais. Algumas organizações desenvolveram um desenho de carreira que permitia a valorização do profissional técnico e funcional, abrindo a possibilidade de que ele pudesse desenvolver uma carreira gerencial. Este novo desenho foi denominado carreira paralela. 1.13 2.2.1 Conceito de carreira paralela A carreira paralela é definida por Dutra (2010, p.118) como: (...) uma sequência de posições que uma pessoa pode assumir no interior da organização, orientada em duas direções, uma de natureza técnica e/ou funcional e outra de natureza gerencial, sendo garantidas em ambas as direções o acesso aos maiores níveis de remuneração e de reconhecimento oferecidos pela empresa. 2.2 Peculiaridades, vantagens e limitações da carreira paralela2 Logo, é um processo que garante acesso aos profissionais técnico e/ou funcionais no mesmo nível das gerências, o que até aquele momento era impossível de acontecer. O desenho utilizado para retratar o desenvolvimento desta carreira é a letra Y. Você pode estar pensando que a carreira paralela é igual à carreira complementar. Certo? Errado. A carreira complementar é uma escolha do profissional que se vê em condições de atuar de duas formas diferentes no mercado de trabalho, como, por exemplo, um engenheiro químico que atua em uma indústria química durante o dia (carreira principal) e que a noite atua como músico (carreira complementar). A carreira paralela é determinada pela organização, desenhada por ela para atender a necessidade interna de desenvolver um profissional técnico e/ou funcional que possa gerenciar profissionais de sua área de origem. É uma alternativa que pode ser usada pelo profissional técnico ou funcional para chegar à carreira gerencial. Além disto, traz a vantagem dos profissionais exercerem a função gerencial sem que seja necessário ocupar posições com as quais não se identifica (identidade profissional). Assim, de acordo com o processo e a intenção da criação da carreira paralela, conclui-se que o conceito de carreira paralela é construído sob a ótica da organização e a ela deve atender, sendo exclusiva e única para cada empresa. (DUTRA, 2010). Carreira paralela: escolha para a transição A carreira paralela permite a valorização do profissional técnico e funcional e cria possibilidades para o desenvolvimento de uma carreira gerencial. 1.14 2.2.2 Evolução do conceito e peculiaridades A partir de 2000, o modelo de carreira paralela rompeu as fronteiras das industriais e passou a ser adotado por organizações de prestação de serviços e, sequencialmente, por diferentes setores da economia. Com a popularização da carreira paralela, houve uma acentuação de alguns problemas decorrentes do uso deste modelo. São questões complexas que envolvem temas subjetivos (sentimentos, ressentimentos, desconfiança, descredito, desrespeito ao profissional, entre outros) e objetivos (alocação do profissional por promoção, profissional de função gerencial atuando em área técnica e ou funcional, realocação de gerentes em função técnica e ou gerencial, diferença dos benefícios e remuneração para gerente administrativo e gerente técnico ou funcional – formado pela carreira paralela). Acreditar que a implantação do modelo de carreira paralela será a solução para harmonizar as necessidades da organização e das pessoas especializadas é uma aposta arriscada e equivocada. (DUTRA, 2010). No Brasil, a carreira paralela apresenta-se em forma de Y, e isto se explica da seguinteforma: a carreira paralela possui uma base comum (técnico ou funcional e gerencial) o que lhe permite alocar pessoas de ambas as áreas, sendo que o especialista poderá optar em permanecer técnico ou funcional ou migrar para a área gerencial. Além disto, a formação em Y legitima a posição e as condições de diálogo entre o braço técnico ou funcional e o braço gerencial. É de acordo com o formato em Y que a carreira paralela apresenta suas peculiaridades. Conforme Dutra (2010, p. 121) a carreira paralela “esta dividida em três partes: base, braço técnico ou funcional e braço gerencial”. O Quadro 2 permite uma melhor visualização destas partes. Vamos conferir? Características Operacionalidade na organização Base - Profissional de natureza técnica ou funcional. Representado pelo período do início da carreira até o momento em que opta por permanecer no braço técnico/funcional ou braço gerencial. A extensão da carreira dependerá da estratégia da organização. No organograma as posições disponíveis atenderão às pressões de mercado. Braço técnico ou funcional A empresa deve manter a estratégia de equidade para a remuneração e os benefícios, tanto para o braço técnico/funcional, quanto para o braço gerencial. As posições podem ser assimétricas em relação ao braço gerencial. É preciso que a organização amplie os horizontes do profissional, a fim de evitar que o profissional técnico/funcional abandone esta área, abrindo condições para que ele possa ocupar um cargo de vice-presidência, por exemplo. Braço gerencial É preciso que haja equilíbrio entre a formação gerencial e as vagas disponíveis na organização. As posições gerenciais ofertadas ao técnico/ funcional devem ser compatíveis com outros postos gerenciais, além disto, o programa de remuneração deve ser bem definido. Quadro 2 – Peculiaridades da carreira paralela Fonte: adaptado de Dutra, 2010. As informações do Quadro 2 referenciam as propriedades da carreira paralela relacionando-as com os itens necessários para a operacionalidade deste modelo, sendo que poderão assumir um caráter limitador ou criar problemas futuros. Carreira paralela, o “y” da questão A carreira paralela carrega uma vantagem, pois é possível exercer a função gerencial sem que para isso seja necessário ocupar posições com as quais não se identifica (identidade profissional). 1.15 2.2.3 Limitadores Os limitadores ou problemas são gerados por falhas na elaboração da carreira paralela. Eles acompanham a implantação do processo e marcam presença na consolidação deste. Os mais comuns encontrados neste modelo de carreira são: ausência de equidade, responsável por gerar sensação de perda para os dois lados (braço técnico/funcional e braço gerencial); falta de igualdade entre as posições alcançadas pelo braço técnico/funcional e o braço gerencial; indefinição dos critérios de ascensão (não são transparentes e iguais, gerando sentimentos de injustiça e ressentimentos); falta de clareza na informação repassada pelas lideranças para que os profissionais possam optar de forma segura. Em relação à carreira paralela há pontos que merecem ser seriamente pensados: ▪ o dilema referente à liberdade de escolha x relevância do projeto para os objetivos e estratégias organizacionais; ▪ o tratamento excludente dado ao profissional técnico ou funcional, quando não lhe é permitido participar das escolhas de alocação de projetos, discussões técnicas do interesse do profissional e não participação das discussões acerca do negócio e das estratégias ▪ algumas organizações obrigam seus melhores técnicos a assumir posição gerencial, mesmo não estando preparados para tal. Apesar destes problemas existem vantagens importantes para a organização e para profissional, que são interessantes para a trajetória de carreira (os caminhos da carreira ao longo da vida) e podem ser alcançadas com a carreira com múltiplo paralelismo, que vem sendo adotada por algumas organizações. Este modelo possui a mesma base da carreira paralela, porém está alinhado à trajetória gerencial, técnica e funcional. (DUTRA, 2010). A carreira com múltiplo paralelismo traz vantagens para a organização: ▪ criação de uma trajetória multidisciplinar (técnica, administrativa, logística e outros) a partir de uma única estrutura de carreira; ▪ diversidade organizacional: maior flexibilidade, com a criação de espaços para o crescimento do profissional especialista de alto nível e também para a área técnica, ponto importante para enfrentar o aumento da complexidade técnica organizacional; ▪ estímulo à formação de equipes multidisciplinares e igualdade entre as trajetórias diferentes, introduzindo pessoas com diferentes habilidades e especialidades para o ambiente organizacional. Esta forma de carreira melhora a performance da organização que, com um time multidisciplinar, aumenta suas possibilidades competitivas Este modelo de carreira também traz vantagens para a pessoa, tais como: aumenta as opções profissionais, permite investir de forma segura na trajetória de carreira e possibilita a mudança da trajetória a qualquer tempo. Estas vantagens são um chamativo para os profissionais técnico/funcional, pois estes se sentem atraídos por posições gerenciais. Esta atração é explicada por Schein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 7-8), que define âncoras de carreira como a “descrição do conjunto de atitudes autopercebidas, valores necessidades, e talentos que são desenvolvidos com o passar do tempo e formam guias e direções”. Todos os limites são autoimposições A organização deve elaborar o plano de carreira de forma cuidadosa e atenta a fim de evitar a criação de limitadores. Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Com os conhecimentos adquiridos até aqui você já pode desenvolver seu mapa de experiências profissionais. Nosso objetivo agora é apresentar os passos para o desenvolvimento do que chamaremos de Mapa de Experiências Profissionais (MEP). Você observará que a cada inserção de conceito ou definição, trabalharemos com exemplos práticos. Vamos começar com um pequeno estudo de caso sobre a vida profissional de Anastácia 1.16 2.3.1 Listando as características e interesses pessoais Anastácia tem 26 anos e sente muita vontade em investir em uma formação acadêmica. Ela trabalha desde os 18 anos, e nos últimos meses sonha com esta nova ideia. A jovem não tem em mente nenhuma profissão específica, pois ela nunca havia pensado sobre o que gostaria de fazer na vida. Ela sabe somente que tem muita facilidade com tarefas técnicas e funcionais. Mais do que se formar, seu desejo é saber fazer a escolha certa para criar empregabilidade. O que Anastácia deseja, segundo Dutra (2010, p. 63) é: “assumir um papel ativo no planejamento de sua carreira”. Para isso, ela precisa desenvolver o autoconhecimento. Saber quais são suas características é importante para encontrar um lugar profissional no mundo. Você pode e deve experimentar situações diferentes, mas precisa antes saber se é capaz de experimentá-las. 2.3 Vivência prática: mapeamento das experiências profissionais e pessoais importantes para o desenvolvimento 3 Anastácia traçou suas características da seguinte forma: ▪ listou as características que vinham a sua mente; ▪ leu atentamente o que havia escrito, quando encontrou características conflitantes. Exemplo: espontânea e conversadora, alegre e triste etc. Estabeleceu uma ordem de grandeza a cada característica, considerando as maiores como as mais expressivas; ▪ analisou a pontuação e permaneceu com aquelas de maiores valores. O parâmetro usado por ela para cada característica foi: (1) Característica Pontos Característica Pontos Analítica 5 Independente 5 Controladora 4 Irônica 4 Atenciosa 3 Diplomática 3 Planejadora 5 Idealista 4 Engraçada 1 Introspectiva 5 Persuasiva 2 Persistente 5 Quadro 3 – Lista de características de Anastácia Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Gráfico 1 –Características marcantes de Anastácia Fonte: elaborada pela autora, 2016. Com a ajuda do gráfico, Anastácia pode visualizar suas características mais marcantes. Mas, em sua opinião, o que ela deve fazer com estas informações? Como estes dados podem auxiliá-la na escolha de uma carreira? Vamos conferir a seguir. Primeiro, é necessário que ela conheça as âncoras de carreira. Segundo Schein (1990, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p.7): A maioria das pessoas não está atenta às suas âncoras até o momento em que são forçadas a fazer as escolhas que se relacionam ao autodesenvolvimento, família e carreira. Em contrapartida, quando essas âncoras, suas escolhas, quando se apresentam, são mais sabiamente feitas. Autoconhecimento O ato de listar as próprias características pode ser considerado um exercício de autoavaliação e autoconhecimento. Mas é preciso realizar esta tarefa de forma séria e transparente. 1.17 2.3.2 Reconhecendo as âncoras de carreira De acordo com Schein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, P. 7) âncoras de carreira são “elementos da realidade de uma pessoa e determinam preferências que resultam em padrões de escolha durante a trajetória profissional”. As âncoras de carreira possuem peculiaridades que, normalmente, podem ser associadas às características da pessoa. Desta forma, é possível escolher a carreira a partir desta associação. Veja como elas se apresentam no Quadro 4, a seguir: Âncoras de carreira Competências Técnica/Funcional • Identifica-se com a aplicação das habilidades técnicas. • Realiza-se quando há forte desafio técnico no trabalho. • Não se interessa por funções gerenciais. Gerência geral • Responsabiliza-se por alcançar e construir resultados. • Realiza-se ao saber que os resultados da organização são fruto de seu trabalho. • Integra o esforço das pessoas para o alcance de resultados. • Somente se interessa pela área técnica se isto representar ganho de aprendizagem. Autonomia/ Independência • Realiza-se definindo seu próprio trabalho. • Busca funções que permitam flexibilidade. • É intolerante a regras e restrições organizacionais. • Não abre mão da autonomia. Segurança/Estabilidade • Objetiva ser bem-sucedido e busca tranquilidade. • Preocupa-se com a garantia de emprego. • Não se importa com a atividade e o cargo. • Sua autoimagem é construída em torno da segurança e da estabilidade. Criatividade empreendedora • Criação da própria organização, a partir de sua própria capacidade. • Busca de oportunidades futuras. • Ganho financeiro é a prova de capacidade. Âncoras de carreira Competências Serviço/Dedicação a uma causa • Não há recusa de nenhum tipo de trabalho, desde que seja útil a alguém. • Mudam de organização, se necessário. • Promoções são recusadas se resultar em desvio deste trabalho. Puro desafio • Tem grande preferência por trabalhos que apresentem problemas aparentemente insolúveis. • Deseja enfrentar excelentes oponentes ou grandes obstáculos. • Buscam trabalhos intelectuais complexos ou competições interpessoais. • São movidas pela novidade, variedade e dificuldades das tarefas. Estilo de vida • Objetiva conciliar família, necessidades pessoais e carreira. • Desejo de que a carreira permita flexibilidade para integrar família e interesses pessoais. • A identidade esta vinculada ao modo de vida. Quadro 4 – As âncoras de carreira e suas peculiaridades Fonte: adaptado de Veloso; Dutra, 201, p. 9. Reconhecer as âncoras de carreira reduz os riscos A associação entre as características da pessoa e as âncoras de carreira auxilia na tomada de decisão. 1.18 2.3.3 Desenvolvendo o planejamento de Agora que Anastácia já conhece as âncoras de carreira e traçou as próprias características, ela poderá perceber que seu perfil é bastante coerente com a âncora de carreira técnico/funcional, cujas competências estão alinhadas com suas características. Mas, e agora, qual o próximo passo? Pois bem, a próxima questão que se apresenta é: existe mercado para este perfil? De acordo com Dutra (2010, p.62), o mercado deve ser observado “dentro e fora da empresa, deve ser sempre analisado observando-se: opções, tendências, limitações e alternativas de desenvolvimento profissional”. Assim, um estudo de mercado deve ser agregado ao mapeamento, e foco deve ser as organizações que estão no mercado e que apresentam modelo de carreira paralela, bem definido e estruturado, ou modelo de carreira de múltiplo paralelismo, que apresenta maior liberdade na escolha dos projetos. Desta forma, Anastácia deverá apontar seus objetivos de carreira, a partir da definição das seguintes premissas: qual é o maior desafio? Quais serão as diretrizes e restrições? Qual o tamanho da mudança? Quais oportunidades o mercado oferece? Quais são as ameaças neste novo mercado? Quem são os seus concorrentes? Só assim, ela poderá desenvolver uma tabela tão simples quanto o Quadro 3, apresentado anteriormente, e responder a estas questões. Para alcançar os objetivos de carreira, Dutra (2010, p. 63), afirma que “o único referencial que não muda é a própria pessoa” Assim, para não haver perda de foco, é preciso que a pessoa pense em onde quer estar no futuro próximo. Neste ponto, as questões a serem respondidas dizem respeito aos interesses pessoais, e busca-se identificar fatores importantes como bem estar, melhoria da qualidade de vida, definição de metas gerais e renovação de hábitos. Observe este exemplo: quais são meus objetivos pessoais e espirituais? Como posso reduzir meu estresse? Como melhorar o meu bem estar? Qual tipo de atividade física desejo praticar com disciplina? Quanto tempo e de que forma desejo utilizar meu tempo com a família? Quais livros eu quero ler? Para onde desejo viajar? Qual o objetivo da viajem? Todas estas respostas devem ser inseridas no mapa. A próxima questão é saber como alcançar os objetivos. É possível desenvolver duas estratégias principais que permitam o crescimento no mercado e na empresa de forma combinada. (ROTHWELLl; KAZANAS, 1988, apud DUTRA, 2010, p. 63). A proposta é o profissional desenvolver a empregabilidade, que permitirá o trânsito no mercado e/ ou na empresa com maior liberdade de escolha, agregando e diversificando o raio de ação de trabalho internamente ou participando de ocupações fora da empresa, com a desaceleração gradual da área atual de trabalho e o reforço da nova área. Assim, as questões que devem constar no mapa de Anastácia são: qual é o maior desafio a ser enfrentado? Quais são as diretrizes e restrições? Qual o tamanho da mudança? Quais os pontos críticos para a mudança? Quais são as barreiras atuais? Quais são os riscos? Quais são os recursos (favoráveis) internos disponíveis? Após descrever esta parte do mapeamento, é importante analisar com cautela os itens referentes aos fatores críticos e risco, pois estes itens são os responsáveis pelo sucesso ou fracasso da transição. Após findar o mapeamento das estratégias, caberá a Anastácia desenvolver um plano de ação. Segundo Dutra (2010, p.63), “após a definição da estratégia, é importante a definição de plano de ação, que deve conter metas de curto prazo, indicadores de sucesso, fatores críticos, avaliação de recursos”. Chegou, portanto, o momento de colocar em prática e as questões mais importantes serão: o que fazer? Como fazer? Quando fazer? Por que fazer? E quanto vai custar fazer? A estruturação do plano de ação, embora seja trabalhosa, permite que a pessoa mantenha-se no foco, percebendo antecipadamente a necessidade de mudança ou ajuste da rota. Este é um fator importante para a transição de carreira e a escolha da carreira paralela ou carreira de paralela múltipla. O trabalho de Anastácia desde o momento em que ela listou suas características é agora o desenvolvimento de sua carreira. Os resultados alcançados dependerão das possibilidades de mudança e da adaptabilidade do plano às possíveis mudanças de mercado e da empresa. Corrigira rota, redirecionar e ajustar são palavras que ajudam a entender a necessidade de acompanhamento do plano e a avaliação de resultados das políticas da carreira. Para Dutra (2010, p. 63), o acompanhamento do plano depende da avaliação contínua de resultados e os objetivos e metas fixados devem representar um padrão de mensuração essencial. Desta forma, Anastácia deverá questionar- se: as ações são consistentes? Os valores e interesses pessoais continuam os mesmos do início do plano? As ofertas no mercado e na organização estão saturadas? A carreira escolhida é compatível com a vida familiar, lazer, interesses pessoais e nível de risco envolvido? O mapeamento permite o desenvolvimento da carreira, mas também o aprimoramento e a prática da visão sistêmica, definida aqui como uma forma de ver o mundo onde as partes são interdependentes e correlatas (VERGARA, 2014, p.122-123). Ao desenvolver o mapeamento para o desenvolvimento da carreira, Anastácia utilizou-se desta visão. Ela criou alternativas e pode perceber o grau de interdependência entre os variados fatores que envolvem a sua vida pessoal e profissional, aumentando as possibilidades de alcançar seus objetivos, por meio da minimização dos riscos e estudo dos pontos críticos. Por fim, caberá a Anastácia definir seu posicionamento, tanto na organização, quanto no mercado, além de avaliar as oportunidades futuras, dentro e fora da organização, e até negociar com a empresa o seu projeto de carreira. Planejamento de carreira. O mapeamento de carreira possibilita a visão futura, pois considera múltiplas variáveis para a tomada de decisão de forma consistente e com menor risco. 1.19 Referências DUTRA, J. S. Trajetória de Carreira. In: ______ (Org). Gestão de carreiras na empresa contemporânea. São Paulo: Atlas, 2010. VELOSO, E. F. R.; DUTRA, J. S. Evolução do Conceito de Carreira e sua Aplicação para a Organização e para a pessoa. In: ______ (Org). ______. São Paulo: Atlas, 2010. VERGARA, S.C. Gestão de pessoas. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Semana 4 Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe 3.1 Mediação: pessoas x organizações Você sabe o que são as organizações? Certamente, sim. Mas, é bem possível, que você tenha alguma dificuldade em explica-las, principalmente se tentar dissociá-las do seu principal componente: as pessoas. Segundo Maximiano (2010, p.3-4), a organização é: [...] um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos). Além dos objetivos e recursos, as organizações têm dois componentes importantes: processos de transformação e divisão do trabalho. As organizações fornecem os meios de subsistência para as pessoas. Logo, podemos perceber que as organizações vivem para as pessoas e para a sociedade, que deve ser entendida também como um sistema social, com cultura, princípios e valores únicos. Mas, é importante notarmos que para as organizações cumprirem seu papel social de “fornecer os meios para a subsistência”, sendo estes meios os salários, abonos, lucros, entre outros, é preciso que nelas existam os trabalhadores. São estes trabalhadores que irão receber uma recompensa ou investimento por seu trabalho, a remuneração ou dividendos, responsável pelo poder de aquisição dos bens e serviços que necessitam. Observe que estamos falando de um sistema vivo, retroalimentável, dinâmico e, em um primeiro momento, equilibrado, onde qualquer elemento novo ou díspar poderá alterá-lo. Você seria capaz de citar quais são os elementos responsáveis por produzir grandes mudanças dentro e fora das organizações? Pois saiba que este desafio cabe às mulheres e aos homens. De acordo com Perrow (apud Maximiano, 2010, p. 74), não é possível separar a vida profissional e os interesses 3 Dinâmicas das relações entre as pessoas e as organizações1 © DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 1 Semana 4 Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe No início da década de 1980, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, os conflitos entre a vida pessoal e profissional dos trabalhadores viraram foco de estudo, e as organizações se viram impelidas a tomar novas atitudes, com a abertura de creches no local de trabalho, horários flexíveis, compartilhamento de tarefas, entre outros. No entanto, embora estas ações satisfizessem as necessidades das mulheres com filhos, outros conflitos foram observados. (ROBBINS, 2002). 3.2.1 Surgimento dos conflitos Com o objetivo de eliminar problemas, como incompatibilidade entre a jornada de trabalho e a convivência familiar, as organizações começaram a oferecer benefícios e horários flexíveis. Confira no Quadro 2 as ações adotadas pelas empresas. As bases da estratégia Programa Tempo Criação de horários flexíveis, compartilhamento de tarefas, implantação de jornada de meio período, licença-maternidade e paternidade. Informação Divulgação de estudo de como equilibrar a vida pessoal e profissional, auxílio na recolocação dos funcionários e lançamento de programas para a terceira idade. Finanças Abertura de convênios com creches e escolas, escolha de benefícios adequados ao trabalhador, assistência em processos de adoção e licenças remuneradas. Serviços diretos Creches, cuidados emergenciais, salão de estética/saúde, academia de ginastica, programas preventivos de saúde e segurança no trabalho. Mudança de cultura Orientação para que os gestores amparem os funcionários em relação aos conflitos profissionais e pessoais, vinculação da satisfação dos funcionários em relação à remuneração dos gestores e foco no desempenho e não no cumprimento de horários. Quadro 2 – Estratégias organizacionais para o atendimento da necessidade dos trabalhadores Fonte: elaborado pela autora, 2016, adaptado de Robbins, 2002, p. 551. 3.2 Alinhamento dos objetivos: pessoais e profissionais2 © DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 1 Semana 4 Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Você sabe de que maneira pode se obter desenvolvimento pessoal por meio do planejamento da carreira? A dinâmica atual do mercado de trabalho impôs ao profissional a responsabilidade sobre o seu desenvolvimento. Em um ritmo acelerado, fez com que as carreiras ficassem mais curtas, as pessoas mais atentas ao próprio desenvolvimento e às ofertas e demandas do mercado de trabalho. Elas estão se preparando para ocupar diferentes carreiras ao longo da vida e, além disto, já não estão mais dispostas a abrir mão da família, dos amigos e das ações que lhes trazem prazer. (DUTRA, 2010). 3.3.1 O novo contrato psicológico Planejar o desenvolvimento pessoal atrelado ao desenvolvimento da carreira é fundamental. Mas, será que as organizações estão preparadas para esta nova condição dos profissionais? Como já vimos, as organizações necessitam das pessoas e as pessoas das organizações. Porém, é certo também que as organizações sofrem os efeitos deste novo posicionamento das pessoas, principalmente durante as contrações de funcionários, pois é nesta fase que vislumbram a possibilidade de agregar ao seu quadro pessoas competitivas em um mercado altamente concorrido. Para despertar o interesse desses profissionais, as empresas terão que manter se atrativas e, diferentemente do que ocorria no passado, necessitam formalizar um novo contrato psicológico e com ele uma revisão das “recompensas” a serem pagas pela contribuição das pessoas para o alcance dos objetivos empresariais, (CHIAVENATO, 2009; DUTRA 2010). Não se trata apenas de aumento de salário ou de promoções, mas de recompensar a capacidade da pessoa em desenvolver trabalhos complexos, refletidas no espaço ocupacional e não mais nas fronteiras do cargo. Por exemplo, pense em um engenheiro 3.3 Desenvolvimento pessoal e planejamento de carreira3 © DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 1 Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à oitava Unidade de Aprendizagem! Nas próximas páginas, vocêestudará teorias, contexto e exemplos práticos essenciais para a escolha de um estilo de liderança que seja adequado à estrutura organizacional e aos cargos nela desenhados. Também entenderá como essa configuração pode criar vantagens e desvantagens na avaliação de desempenho. Ao término desta unidade, você será capaz de identificar o tipo de estrutura de cargos oferecido pela organização e, com isso, optar por um estilo de liderança que produza melhores resultados para você e para a organização. Esperamos que você possa reconhecer rapidamente o desenho de cargos e, a partir disso, desenvolva estratégias de liderança e de carreira que lhes seja satisfatória e possibilitem o alcance de seus objetivos. Você sabe como uma estrutura de desenho de cargos é desenvolvida? E como ela pode influenciar no seu crescimento profissional? Esse é o norteador do poder, atribuições e tarefas que a pessoa deverá cumprir enquanto ocupar um determinado cargo. A forma como esse desenho é feito refletirá o tipo de organização e, consequentemente, o estilo de liderança e as possibilidades de desenvolvimento profissional na organização. Quer entender como isso funciona? Então, vamos estudar juntos! Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe Introdução Carreira, Liderança e Trabalho em Equipe 8. Liderança e a estrutura organizacional1 1.19.1 8.1 Os efeitos do desenho de cargos na escolha do estilo de liderança Para entender os efeitos do desenho de cargos na escolha do estilo de liderança, é preciso primeiramente saber o que é um cargo, o que significa desenho de cargo e como e por quem o desenho de cargo é desenvolvido. Isso é o que veremos a seguir. 1.19.2 8.1.1 Conceito e surgimento de cargo A palavra cargo define um aglomerado de atribuições e rotinas específicas que devem ser executadas. Essa função existe a partir de uma relação de troca e poder entre duas ou mais pessoas, em toda e qualquer situação básica de trabalho na qual o homem esteja envolvido. (CHIAVENATO, 2009). Desenho de cargos O desenvolvimento da administração científica e o movimento das relações humanas, surgidas em meados do século XIX, não foram capazes de eliminar o binômio das relações interpessoais e do poder. Ao contrário, a necessidade de especialização e as monótonas rotinas de trabalho acentuaram ainda mais essas relações, pois aumentou a interdependência entre as tarefas ao mesmo tempo em que fragilizou as relações interpessoais no trabalho. Houve um aumento de poder dos chefes. (CHIAVENATO, 2009; MAXIMIANO, 2010). Foi nessa ocasião que os desenhos de cargos foram instituídos nas organizações, com o intuito de atingir os objetivos organizacionais (produção em larga escala) referentes ao planejamento organizacional e a utilização das máquinas, equipamentos e sistemas tecnológicos e, principalmente, de atender aos regulamentos de trabalho (especificações de produção), ou seja, a ordem em que as tarefas deveriam ser executadas, bem como em qual período de tempo. Com as rotinas mais específicas, era indispensável que as tarefas fossem especializadas. Para atender essa necessidade, foi preciso descrever os cargos de forma a garantir a especificação de cargo (o que a pessoa iria fazer e como iria fazer) e o padrão de desempenho (em quanto tempo ela deveria fazer). Segundo Chiavenato (2009, p. 22), o desenho do cargo é a “especificação do conteúdo, dos métodos e das relações de cargos, no sentido de satisfazer requisitos tecnológicos, organizacionais, sociais e pessoais do ocupante do cargo”. Mas quem é o responsável por desenhar os cargos nas organizações? O gerente é o responsável por alinhar os cargos em pequenas empresas Em empresas de pequeno porte, os gerentes são as pessoas responsáveis por fazer esse alinhamento, dada à estrutura organizacional, sendo essa mais ágil em suas decisões do que as companhias de maior porte. Tenha em mente que esses gerentes podem incluir ou excluir atribuições e tarefas de acordo com o cenário de mercado ou as necessidades do ambiente interno da organização. Se por um lado, desenhar um cargo em empresa de menor porte possui a vantagem de ser mais rápida e prática, por outro, nota-se o uso acentuado do paternalismo, pois os gerentes limitam o desenho do cargo aos acordos feitos entre esses e o ocupante da função. (CHIAVENATO, 2009). De outra forma, em organizações de grande porte existe uma maior formalidade na construção do desenho de cargos. Esses são desenvolvidos por departamentos de engenharia industrial, de estudos de tempo e movimento e de organizações e métodos, enfim por profissionais que não estão diretamente envolvidos nas demandas dos departamentos para os quais estão elaborando o desenho de cargo. Assim, não se observa o paternalismo, mas pode se desenvolver desenhos que necessitem ser ajustados com a realidade prática do departamento. A apresentação do desenho de cargos é feito por meio de organogramas. Esses podem ser encontrados em manuais que descrevem seus conteúdos, padrões e classificações. É por essa condição que o formato do desenho do cargo é exclusivo para cada empresa, pois envolve aspectos específicos de tarefas e atribuições. O desenho de cargos determina a hierarquia de comando da organização, concede direcionamento para o desenvolvimento profissional dos funcionários e é exclusivo de cada empresa, variando conforme o porte. 1.19.3 8.1.2 Significado de desenho de cargo e modelos de desenho de cargo Desenhar o cargo significa limitar as funções que serão desempenhadas pela pessoa, em relação ao conteúdo, métodos e processos de trabalho, responsabilidades, ou seja, a quem a pessoa deve se reportar e a autoridade do ocupante do cargo (subordinação, supervisão e direção). Entenda que para o desenho ser desenvolvido é preciso considerar alguns fatores. Entre eles: ▪ o contexto econômico e as técnicas disponíveis. ▪ o processo (produtivo e administrativo). ▪ o tempo e o espaço onde o cargo será exercido. ▪ habilidades e quantidade de pessoas necessárias para a realização da tarefa. ▪ a tecnologia disponível. ▪ a legislação trabalhista e acordos sindicais. ▪ as questões culturais regionais e locais. Você verá que a forma como o desenho dos cargos são administrados foi estudado por duas escolas administrativas: a administração cientifica (escola clássica) e o humanismo industrial (escola das relações humanas). Os estudos desenvolvidos por essas em meados de 1940, resultaram em três modelos diferentes de desenho de cargo. (CHIAVENATO, 2009). Quer conhecer? Vejamos! ▪ Modelo clássico de desenho de cargo: os cargos eram desen- hados para superespecializar o trabalho, alta simplificação das tarefas e racionalização do trabalho. Os cargos eram desenvolvidos para serem executados e não para serem pen- sados. A parte intelectual cabia aos gerentes e a parte de ex- ecução das atividades eram de responsabilidade dos operári- os, sendo esses comparados às máquinas. Vantagens: aprendizagem rápida da função, pouco trein- amento, cargos podem ser preenchidos por pessoas não qualificadas, baixo salário, minimização de erros por pa- dronização das tarefas, autocontrole e supervisão da ad- ministração sobre os trabalhadores. Resultados obtidos: elevada rotatividade do pessoal, alto índice de absenteísmo (faltas e atrasos) - com elevação dos custos, problemas com a qualidade, alta rotatividade dos funcionários e insatisfação no trabalho. ▪ Modelo de relações humanas de desenho de cargo: difere do modelo clássico apenas quanto ao foco, pois está mais voltado ao cargo e as circunstâncias nas quais ele é desempenhado e menos ao seu conteúdo e execução. Nesse sentido, há maior integração entre os funcionários e seus supervisores e desses em relação aos seus pares. Há um incentivo para que o supervisor ouça as sugestões dos funcionários e incremente as atividades dos cargos, com o objetivo de tornar a função menos repetitiva e aumentar sua importância.
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